Brasil 4.0

O projeto da Saída Digital pelo caminho da Quarta Revolução Industrial

SÓ OS CLUSTERS SALVAM A INDÚSTRIA BRASILEIRA / PROPOSTA DE CRIAÇÃO DA EMBRACLUSTER

Só os clusters salvam a indústria brasileira – Embracluster – uma Embrapa para a indústria brasileira.

… 

Sou Celso Skrabe, Consultor de Empresas, e neste vídeo vou abordar a crise da indústria brasileira, analisar suas causas e explicar por que só os clusters industriais podem salvar a indústria do país. 

Os números mostram que a indústria brasileira está em crise. 

Os números não só estão ruins como vem piorando de modo alarmante. 

Quarenta anos atrás, em meados dos anos 80, quase a metade do PIB brasileiro vinha da indústria.

A partir de então a manufatura brasileira perdeu vitalidade, engatou a marcha a ré e passou a andar para trás. 

A indústria de transformação, o ramo mais diversificado da indústria e que transforma matéria-prima em produtos finais ou intermediários, desabou. 

Caiu de 36% do PIB em 1985 para vexaminosos 10,8% de participação na produção nacional em 2021. 

E em relação à 2023 a CNI – Confederação Nacional da Indústria, informa mais uma queda de 0,5% na indústria de transformação.

Pior foi a queda da participação da indústria brasileira na produção mundial. Em 1995, nossa indústria representava 2,77% da produção industrial do mundo. Hoje o percentual é de apenas 1,28% – ou seja, caiu para praticamente a metade.

E como desgraça pouca é bobagem, a esta altura do estrago, dá para afirmar que, se continuar nesta toada, em diversos setores da indústria corremos o risco de voltarmos no tempo e jogarmos no lixo os últimos 100 anos de desenvolvimento industrial. 

Neste vídeo vou explicar por que só os clusters industriais podem salvar a indústria brasileira e reverter o processo de desindustrialização. E vou sugerir a criação da EMBRACLUSTER, uma empresa publica a ser criada nos moldes da EMBRAPA com a missão de reinventar a indústria brasileira e fazê-la recuperar o protagonismo que já teve – e que é preciso que volte a ter – na economia brasileira.

A natureza da EMBRACLUSTER, no entanto, seria diferente daquela da EMBRAPA porque a principal diferença na obtenção de resultados entre o agro e a indústria é que o campo crítico da competitividade do agro está na produção, enquanto o campo crítico da competitividade da indústria se situa no mercado.

A denominação de “Clusters industriais” é atribuída a aglomerados de indústrias, fornecedores de insumos, prestadores de serviço, empresas de apoio e logística, formadores de recursos humanos e outras atividades de suporte que atuam colaborativamente para suprir e atender a uma determinada cadeia produtiva industrial da qual fazem parte. 

Dada esta diferença, o principal foco de atuação da EMBRACLUSTER deverá ser a melhoria da competitividade mercadológica das empresas clusterizadas. 

A métrica de seu desempenho deve ser o nível de participação e a rentabilidade dos produtos brasileiros nos mercados do Brasil e do exterior, bem como a conquista e a preservação destes mercados.

A EMBRACLUSTER operaria no formato de uma provedora de soluções em todo o espectro das necessidades e demandas dos “clusters”, atuando tanto como consultoria multidisciplinar como na qualidade de parceira no desenvolvimento de inovações, tecnologias, boas práticas e produtos.

O seu escopo de atuação incluiria mediar as demandas dos mercados e o mix de produtos a ser produzido pelos clusters e suas indústrias. Outra estratégia de sua operação seria apoiar acordos de cooperação entre os membros dos clusters, desenvolver mecanismos para facilitar o consórcio, a coordenação e a soma de esforços no âmbito do complexo dos clusters.

Assim como incluiria promover a sinergia e a cooperação via compartilhamentos e padronização, estimular a engenharia de valor, o design, a inovação tecnológica, coordenar esforços para ganhar escala, evitar sobreposições e desperdícios, promover ações para reduzir custos e melhorar a produtividade e, enfim zelar pelo bom funcionamento de toda a estrutura. 

Para mostrar a conveniência da criação da EMBRACLUSTER vou dividir a questão em cinco tópicos:

1.  A real situação da indústria brasileira atual;

2.  O modelo da EMBRAPA e suas lições para a indústria brasileira; 

3.  Como transferir o modelo EMBRAPA para a indústria;

4.  Como criar e empoderar a EMBRACLUSTER;

5.  Os riscos de nada fazer e ficar para trás.

1.  Vamos examinar, então, como está a real situação da indústria brasileira atual.

Como vimos, o setor manufatureiro, que tinha de 36% do PIB em 1985 caiu para 16,5% em 2008 e para vexaminosos 10,8% de participação no PIB em 2021. Foi uma queda de 25 pontos percentuais no conjunto do produto interno bruto do país em 40 anos. Ou seja, a indústria perdeu um quarto do PIB nacional no período. Se não fosse o milagre do agro estaríamos chorando as pitangas junto com a Venezuela e outros perdedores por aí. 

A indústria, antes protegida e beneficiada por incentivos fiscais e juros subsidiados, estava despreparada e mal-acostumada e sofreu com o choque da abertura econômica dos anos 1990, com restrições ambientais mal concebidas, com oscilações cambiais devastadoras, com o custo Brasil na estratosfera e outros infortúnios de nossa insanidade tropical. O efeito foi que perdeu produtividade, ficou tecnologicamente defasada, não conseguiu acompanhar a velocidade das transformações do mundo e nem se adaptar ao ambiente global de alta competitividade. 

A perda se deu em diversas frentes, mas um indicador chave dá a medida do que vem acontecendo: trata-se da chamada produtividade total dos fatores de produção, a PTF, que vem caindo continuadamente. Este indicador mostra o grau de desenvolvimento econômico de um país. Países ricos são ricos porque são altamente produtivos e agregam um alto valor por trabalhador. Um trabalhador norte americano é cinco vezes mais produtivo que um trabalhador brasileiro e, infelizmente, a baixa produtividade do trabalho resulta em baixos salários e em países mais pobres.

E o que faz o governo? Está inerte?

Não, aparentemente até que não está. O que acontece é que o governo está desorientado, atira para todo lado e vem adotando medidas que são ineficazes por não colocarem o foco onde a ação acontece, ou seja, no mercado. E também por desconhecerem a complexidade da indústria 4.0 em um mundo conectado, robotizado, automatizado, globalizado e, agora, “inteligentizado” pelo uso intensivo da Inteligência Artificial.

Ainda no governo Dilma foi criada a EMBRAPII – Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial, uma Organização Social vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações (MCTI).

Já no governo atual, em 22 de janeiro deste ano de 2024 o governo federal lançou o estrepitoso Programa Nova Indústria Brasil (NIB), um programa festivamente apresentado, com muita retórica e cintilantes boas intenções. Mas aí é que a coisa pega.

As medidas preconizadas pelo Programa da Nova Indústria são do tipo que prometem muito, mas entregam pouco.

O Brigadeiro Vicente Faria Lima, o grande Prefeito de São Paulo, um realizador incomparável e que, entre outras obras, iniciou o Metrô de São Paulo, dizia que o Brasil não tem falta de PLANEJAMENTO. Tem falta é de FAZEJAMENTO.

A questão é: diante deste quadro um tanto quanto sombrio, estará a indústria brasileira condenada ao caos de uma décrisis, o tipo da crise fatal que os gregos temiam?

Não necessariamente.

O que temos que fazer é transplantar para a indústria o que está dando certo no agronegócio brasileiro. 

Então vamos ao segundo tópico para examinar mais de perto o modelo EMBRAPA e suas lições para a indústria brasileira.

O sucesso da EMBRAPA mostra que podemos encontrar caminhos brasileiros para sermos competitivos em escala global. Estamos fazendo isto no agro e certamente podemos fazer isto na indústria.

Neste ponto é que o agronegócio mostra o caminho e a Embrapa ensina o método.

A Embrapa hoje é a grande formuladora das estratégias da agricultura brasileira. Detentora de reputação e prestígio inquestionáveis, suas propostas pairam acima das controvérsias e das paixões políticas. Sua inequívoca competência, objetividade e seriedade garantem a ela a independência para atuar na promoção do que é o melhor para a agricultura brasileira.

Graças ao respeito que impõe e ao reconhecimento de sua competência, a Embrapa conseguiu posicionar-se como uma superestrutura sobre todo o conjunto do agro brasileiro. 

Esta condição de supremacia é que lhe permite agir como o principal player e como o principal coordenador estratégico das políticas e iniciativas do mundo agro. 

É esta abordagem, que leva em conta a totalidade dos fatores envolvidos no ecossistema produtivo, que permite que encare de frente tanto os problemas como as oportunidades existentes. 

Além disso, a EMBRAPA se empenha na busca sistemática da SUSTENTABILIDADE de suas ações. O conceito aparece tanto em sua Declaração de Missão como em sua Declaração de Visão e revela a preocupação da empresa com a continuidade das iniciativas e a perenidade dos resultados.

Mas, enfim, como transferir o modelo EMBRAPA para a indústria?

Como vimos no tópico anterior, três dos vetores fundamentais do modelo da Embrapa são 1) sua independência, 2) sua supremacia na formulação das estratégias para o agronegócio e 3) a busca da sustentabilidade em suas iniciativas.

Estes três vetores são os condicionantes para criar uma transferência bem-sucedida do método da Embrapa para a EMBRACLUSTER.

Se o propósito é criar uma empresa que traga para a indústria o sucesso da Embrapa é indispensável ter em mente que é preciso fazer uma transferência efetiva dos fatores que fazem o sucesso da EMBRAPA. 

Só contando com independência para fazer o certo do jeito certo, sem concessões, só contando com autoridade para estabelecer políticas e definir prioridades, assim como buscando sustentabilidade com visão de longo prazo é que a EMBRACLUSTER poderá alcançar resultados de envergadura equivalente àqueles da Embrapa. 

Assim, não dá para fazer meia transferência.

A cautela se justifica porque já vimos este filme antes. A Embrapii e outras Iniciativas pontuais e isoladas do tipo das que propõe o Programa Nova Indústria Brasil (NIB) até podem obter alguns resultados, só que igualmente pontuais e isolados. 

Ocorre que, na atual conjuntura, o que realmente a indústria precisa é de algo verdadeiramente disruptivo, de algo radical, maior e mais ambicioso. 

O Brasil precisa priorizar a indústria, pensar diferente, pensar grande e agir grande. Sem reunir massa crítica não vamos chegar a lugar nenhum. É preciso focar em soluções transformadoras que sejam capazes mudar o ecossistema industrial brasileiro e de tal modo que possamos proclamar a mudança repetindo os versos de Camões nos Lusíadas: “Cesse tudo o que a antiga Musa Canta que um valor mais alto se alevanta”.

Exemplos de políticas de “cluster” bem-sucedidas no mudo são os da indústria de microchips de Taiwan, de carros elétricos na China, de pisos cerâmicos na Itália, e da indústria de software do Vale do Silício nos Estados Unidos

Em síntese, o que nossa indústria precisa é de condições e competência para inovar e avançar nos hipercompetitivos mercados mundiais levando a eles a marca do Brasil. 

Mas, então, como organizar uma instituição que atenda a todos estes requisitos?

Neste quarto tópico vamos ver uma forma para criar a EMBRACLUSTER;

A instituição proposta para impulsionar a indústria haverá de ter semelhanças, mas terá requisitos diferentes daqueles que tem a EMBRAPA em sua missão no agro.

Ainda que tanto o desempenho da agricultura como da indústria dependa da produtividade, o ecossistema de cada setor é diferente em muitos aspectos e, assim o tipo de apoio necessário também. 

São diferentes o ciclo de produção, a cadeia de suprimentos, a dinâmica do mercado, a geração de valor etc. 

Por isto a instituição a ser criada para apoiar a indústria precisa de um escopo de atuação específico, desenhado para alcançar toda a complexidade da sua cadeia de negócios.

É preciso lembrar que uma das principais diferenças entre o agro e a indústria é que o agro produz commodities, o que faz com que seu campo crítico de competitividade se situe na produção, enquanto a indústria produz mercadorias e, portanto, seu campo crítico de competitividade reside no mercado.

Isto significa que, embora tanto o agro como a indústria precisam ser competitivos em toda sua cadeia competitiva, para se manterem sustentáveis, o jogo de cada um dos setores se ganha ou se perde no seu campo crítico.

Ainda para entender a diferença entre o agro e a indústria vale destacar que o agro brasileiro vem sabendo capitalizar as vantagens competitivas que o favorecem no mercado internacional. Além do Brasil possuir vastas extensões de áreas agricultáveis, clima favorável e água abundante, graças à Embrapa e a outras instituições correlatas, o agro conta com tecnologia de ponta e uma geração de empresários e recursos humanos bem-preparados e atuantes. 

A reunião deste conjunto de condições excepcionais não aconteceu da noite para o dia e se deve, em parte, ao fato de que a EMBRAPA nasceu abaixo da linha de radar da política, o que permitiu a ela, mesmo sendo uma empresa pública, se profissionalizar e criar uma cultura interna ética saudável e resiliente sem sofrer interferências.

Já nossa indústria nasceu e sempre se manteve com grandes limitações. A antiga estratégia de substituição das importações sempre foi de horizontes limitados e hoje se encontra esgotada. O custo Brasil é um ônus intolerável. Os produtos evoluíram, os mercados mudaram e a indústria do Brasil se apequenou. Ainda assim temos algumas indústrias que brilham no mercado mundial, como a EMBRAER, a WEG, a TRAMONTINA, a GERDAU, a ALPARGATAS, a JBS e algumas outras. O que estas empresas têm em comum é que estão alinhadas com os novos paradigmas do mercado mundial, são empresas sólidas, bem administradas e com profundo conhecimento de seus mercados. Também contam, na retaguarda, com o apoio de sólidos “clusters” em suas regiões de origem, para os quais contribuem e dos quais se beneficiam. 

Outros exemplos de “clusters” no Brasil são os da indústria calçadista de Novo Hamburgo, no Rio Grande do Sul e o de Franca, em São Paulo, o cluster metalúrgico de Joinville, em Santa Catarina, o cluster da indústria cerâmica na região de Criciúma, em Santa Catarina, o cluster de produção de proteínas na macrorregião do Alto Uruguai gaúcho e  Oeste catarinense e diversos outros. 

No Brasil nossos “clusters” são basicamente informais ou associativos, surgiram espontaneamente e funcionam gerenciando a cadeia estratégica de forma mais ou menos cooperada ou consensual. 

Isto é bom, mas insuficiente para a maioria das empresas nacionais competirem no atual hipercompetitivo mercado mundial, onde vem preponderando os mega-clusters nacionais, com países inteiros operando políticas nacionais centrados em “clusters” como é o caso da indústria de microchips de Taiwan, de carros elétricos na China, de pisos cerâmicos na Itália.

A conclusão, assim, é que o conjunto da indústria brasileira precisa contar com um suporte estratégico e mercadológico maior, mais bem organizado e institucionalizado. 

E como comprova a EMBRAPA, só uma empresa pública independente, capacitada a encarar os ecossistemas produtivos em sua totalidade, e com visão de longo prazo, reuniria as condições para encarar o imenso desafio de organizar os clusters competitivos que podem salvar a indústria do Brasil.

Finalmente, e se o Brasil não fizer nada?

Uma coisa é certa: o mundo não vai parar para esperar pelo Brasil. 

Basta lembrar que por muito pouco não perdemos a EMBRAER para a Boeing. Felizmente, para o Brasil, a Boeing cometeu alguns erros de consequências trágicas e precisou recuar da compra, que já estava fechada. Mas nada impede que logo logo os chineses voltem seu olho gordo para a EMBRAER e tentem levar nossa melhor empresa. 

Os nossos amigos portugueses, sempre práticos e telúricos, tem um ditado irrecorrível: “quem não tem competência não se estabelece”.

O que quase aconteceu com a Embraer vem acontecendo de maneira desalentadora na indústria brasileira. Sem horizontes e sem sólidas perspectivas nossas melhores indústrias, as mais inovadoras e competitivas, vem sendo assediadas pelos conglomerados internacionais e sendo vendidas às dúzias. 

Quando uma empresa é vendida nós perdemos o controle sobre sua tecnologia, sobre seu desenvolvimento e sobre seu futuro.

De modo que, para reverter a debacle da indústria é preciso mais que uma política de apoio perfunctório. É preciso o amparo estratégico de uma organização multifacetada e que se constitua em uma superestrutura proativa, atenta ao mundo e aos mercados mundiais e que não se deixe surpreender pelos fatos. Uma instituição qualificada a fazer a interface entre as empresas brasileiras e seus mercados no Brasil e no exterior. Mais do que isto, uma empresa capacitada a construir futuro, posto que, como dizia o grande Peter Drucker, é certo que não podemos prever o futuro, porém podemos construí-lo. 

Para atender a este escopo é que faço a sugestão de criarmos a EMBRACLUSTER. Uma empresa abrangente como a EMBRAPA e que apoie o conjunto, a totalidade das cadeias produtivas agrupadas em clusters, ainda que sem perder de vista as empresas que os compõe. Em outras palavras, que olhe para a floresta e não para árvores isoladas. 

Esta visão de conjunto é essencial para que os “clusters” sejam bem balanceados e concatenados, uma vez que, como se sabe, todo comboio viaja pela velocidade do barco mais lento.

Para concluir, um recente estudo da Universidade de Harvard revela um paradoxo: no mundo altamente globalizado que vivemos as vantagens competitivas duradouras numa economia global residem cada vez mais em coisas locais – conhecimento, relacionamentos, motivação – que os rivais distantes não conseguem igualar. E é isto, conhecimento, relacionamentos e motivação que sabemos como e onde buscar. 

Felizmente ainda dá para salvar nossa indústria antes que a derrocada industrial nos faça voltar no tempo e nos condene a viver do agro e dos minérios, como nos idos tempos do Império. 

Por fim, gostaria de dirijr à todos os brasileiros que querem ver no país uma indústria pujante e próspera a convocação do grande fazejador Brigadeiro Faria Lima: arregacemos as mangas que temos muito o que fazejar!

E se você gostou da proposta deste vídeo peço que o encaminhe para seus amigos e participe dos debates sobre os temas da indústria nas mídias sociais.

Muito obrigado.

Marketing Sapiens e a Inteligência Artificial

MARKETING SAPIENS e a INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL

O Marketing Sapiens vem a ser o Marketing dotado de processos inteligentes e que agora passa a contar com os novos recursos trazidos pela Inteligência Artificial, uma tecnologia que busca simular a inteligência do Homo sapiens por meio de algoritmos capazes de aprendizado e do desempeno de atividades como o processamento da linguagem humana, a visão computacional, a Robótica inteligente e outras mais.

                  O título de meu Canal no YouTube Marketing Nuts and Bolts vem da expressão norte americana Nuts and Bolts, que significa Porcas e Parafusos e é usada para se referir aos segredos e aos aspectos práticos de uma atividade ou um processo. 

                  Mas então, o que vem a ser MARKETING?

                  A definição oficial mais recente da American Marketing Association, aprovada em 2017, diz que

                  “MARKETING é a atividade e o conjunto das instituições e processos para criar, comunicar, entregar e permutar produtos que tenham valor para consumidores, clientes, parceiros e sociedade em geral.”

                  Philip Kotler, um dos mais conhecidos teóricos do Marketing diz que

“Marketing é a ciência e a arte de explorar, criar e entregar valor para satisfazer as necessidades de um mercado-alvo com lucro.”

                  The Chartered Institute of Marketing define o Marketing como:

“Identificar, antecipar e satisfazer às necessidades do cliente de forma lucrativa”.

                  Eu, se me permitem, acrescentaria uma definição segundo a qual:

“Marketing é a combinação de conhecimentos, ciência e arte que permite identificar e satisfazer as necessidades e desejos humanos por meio do mercado, suas empresas, entidades e organizações.”

                  O fato é que, independentemente de como possamos defini-lo, O Marketing, assim como a esfinge de Tebas na mitologia grega, nos lança o repto milenar: decifra-me ou te devoro!

                  Desvendar os segredos do Marketing, conhecer sua natureza e mergulhar em suas entranhas é um imperativo de sobrevivência para quem quer que se proponha a atuar no mercado contemporâneo em meio a um cenário altamente sofisticado, tecnologicamente complexo e impiedosamente competitivo.

                  Esmiuçar os recônditos do Marketing é o caminho a seguir para quem deseja compreender sua essência e dominar suas potencialidades.

O Marketing é o Sistema Nervoso da Empresa. E tal como no Sistema Nervoso do Homo Sapiens, O cérebro deve ser o centro da própria existência, o órgão que, por definição, deve pautar a vida, ter consciência do mundo ao seu redor e tudo deve saber para poder decidir e comandar com acerto e competência.

                  Uma empresa é um ente social com objetivos econômicos, que atua no mercado e deve viver em constante diálogo com ele, mantendo uma conversação produtiva e proveitosa que aos dois beneficie. 

                  Seu modus operandi constitui-se em um misto de ciência e arte e combina humanidades e técnicas Mercadológicas com refinamentos de artes marciais.

                  O recente advento da INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL empoderou o Marketing ainda mais, adicionando a esta especialidade novas competências e projetando seus horizontes para vastos espaços ainda inexplorados.

                  A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL correlacional já vem contribuindo na busca de informações, na aferição de tendências, na mensuração de vetores, em estudos comparativos,  em análises de Bigdata, no mapeamento de meta-mercados, na avaliação de campanhas publicitárias, além de facilitar a análise e a interpretação de pesquisas de mercado.

                  Um potencial ainda maior de aplicação da Inteligência Artificial no Marketing está surgindo com a nova INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PROFUNDA, a denominada IA CAUSAL, que trabalha não apenas fazendo a correlação de dados, que é o método da INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL hoje prevalente, mas o próprio algoritmo da formação dos dados, e portanto, a cadeia de eventos da relação de causa e efeito.

                  Esta nova modalidade de INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL promete revolucionar o campo da formulação de Estratégias, especialmente a arquitetura de Cenários futuros, permitindo prever resultados que vão transformar não só o Marketing, mas a própria Instituição do MERCADO.

                  Afinal, o Marketing existe porque existe o MERCADO e o MERCADO existe porque existe o Homo emptor – o homem que compra.

                  Neste texto do Marketing Sapiens coloco ao lado do título MARKETING a expressão Sapiens, termo que vem do latim e que significa sábio, astuto, inteligente.

                  O uso mais conhecido da expressão sapiens, obviamente, é aquele associado à designação de nossa espécie, que no sistema lineano, é denominada Homo sapiens, que vem a ser a nomenclatura de nossa espécie humana e designa o homem moderno e quer dizer: “homem sábio, homem que sabe”.

                  O título Marketing Sapiens reúne estes dois conceitos para definir o MARKETING INTELIGENTE, o Marketing estruturado para desempenhar o papel de cérebro da empresa e configurado para utilizar a INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL visando obter uma performance superior e alcançar vantagens competitivas sustentáveis.

                  A civilização inventou o MERCADO porque os indivíduos de nossa espécie Homo sapiens possuem necessidades, aspirações e desejos que ultrapassam vastamente sua capacidade de proverem para si mesmos.

                  Aristóteles, um dos maiores filósofos gregos, 350 anos antes da era cristã, observou que o homem é um ser que necessita de coisas e dos outros, sendo, por isso, um ser carente e imperfeito, buscando a comunidade para alcançar a completude.

                  Aristóteles acrescentava que o homem é um ser social que, por natureza, precisa pertencer a uma coletividade. Somos, portanto, comunitários, gregários, sociais e solidários.

                  O que é fato incontroverso é que a sobrevivência de nossa espécie sempre dependeu da cooperação entre seus membros.

                  Nas savanas da África nossos ancestrais dos grupos de caçadores aprenderam a agir em conjunto e desenvolveram a linguagem humana para combinarem estratégias de caça porque caçar elefantes não era tarefa para caçadores solitários.

                  E foi assim que tudo começou.

                  Em torno de 11 mil anos atrás, após o fim da última Era do Gelo, grandes mudanças ocorreram na região do chamado Crescente Fértil, uma área em forma de lua crescente localizada no Oriente Médio e que incorporava o Egito Antigo, o Levante e a Mesopotâmia.

                  O Crescente Fértil é irrigado por quatro grandes rios, o Jordão, o Eufrates, o Tigre e o Nilo e abrange uma superfície de cerca de 500 000 km2, equivalente à França, na Europa, ou ao Estado de Minas Gerais, no Brasil, e hoje é dividida pelos atuais estados do Iraque, Síria, Líbano, Israel, Palestina, Jordânia e imediações.

                  A região do Crescente Fértil ficou conhecida como o Berço da Civilização do Homo sapiens, pois foi ali, graças as condições favoráveis para a agricultura, que surgiram os primeiros assentamentos humanos permanentes.

                  A atividade agrícola, diferentemente das atividades de caça, pesca ou coleta, exige dedicação integral e continuada.

                  Cuidar da safra é tarefa que não permite esmorecimento.

                  O cultivo do solo exige os cuidados do agricultor ao longo de todo o ciclo da produção, da semeadura até a colheita e, assim, estes assentamentos agrícolas iniciados no Crescente Fértil levaram o Homo sapiens a mudar seu estilo de vida, seus hábitos e sua organização social.

                  Na atividade agrícola o ano é dividido em etapas.

                  Tem o momento de preparar o solo, o momento de plantar a semente, o momento de limpar as ervas daninhas e o momento da colheita.

                  E esta foi a origem da evolução do Homo sapiens no rumo do Homo economicus, o homem racional que toma decisões no campo econômico com base na razão e com foco no seu bem-estar.

                  Ademais, a agricultura favorecia elevar a produção de alimentos e gerar excedentes, o que ensejava o crescimento da população e abria espaços para custear experimentos e inovação.

                  Em paralelo também sofisticava os hábitos de consumo e propiciava tempo livre para o lazer, expressão de origem latina que vem de “licere”, ou seja, algo lícito ou permitido para descanso, distração ou entretenimento. E tudo isto era novidade para o gênero humano e tornava a experiência de vida mais enriquecedora e estimulante.

                  O fato, entretanto, é que as pessoas dedicadas ao trabalho do campo viviam atarefadas, e só ocasionalmente tinham tempo para irem fazer suas próprias trocas.

                  Aí entram as qualidades únicas do Homo sapiens: sua versatilidade, sociabilidade, solidariedade e capacidade de aprender e inovar.

                  Graças à bem-sucedida experiência dos grupos de caçadores no trabalho em equipe, fator decisivo para a sua sobrevivência, o clã aproveita o aprendizado da colaboração e o aplica nas novas lides agrícolas.

                  E em meio as atividades do campo e da vida que segue, os membros das novas comunidades agrícolas se interessam por trocar coisas que tem por coisas que desejam.

                  Para facilitar as trocas surgem pontos de encontro onde os interessados em permutar coisas vão para se encontrar.

                  Mas dado que a maioria dos novos agricultores trabalhavam de sol a sol e só esporadicamente podiam ir aos pontos de troca, a solução prática foi confiar a um dos membros do clã a tarefa de ir fazer as permutas que interessavam aos demais.

                  Esse membro designado agora se converte em um negociador.

                  De tanto trocar e permutar vai acumulando experiências e melhorando suas habilidades negociais. Logo passa a avaliar com perícia quantas medidas de cevada ou de trigo vale um carneiro, quantos carneiros podem ser oferecidos por um jumento e quantos jumentos seria justo pagar por um camelo.

                  Acontece que o bom negociador é a quintessência do Homo economicus.

                  Se ele percebe que seus produtos não são valorizados naquele dado ponto de troca, ele monta em seu camelo, ou seu jumento, e vai em busca de outra PRAÇA.

                  Possivelmente, ao chegar lá, ele irá se dar conta que naquele novo ponto de trocas ele é desconhecido.

                  Para conseguir fazer negócios busca entendimentos com os outros comerciantes locais. Talvez consiga negociar um espaço ao lado da fonte onde todos vão buscar água e possa ali expor seus produtos. Faz arranjos bem vistosos e oferece amostras para permitir que os frequentadores locais experimentem suas mercadorias.

                  Assim, vivendo experiências, testando alternativas e observando com olhar atento o que funciona e o que não funciona na prática do dia a dia, os mercadores pioneiros foram galgando a curva do aprendizado de seu ofício e reunindo os conhecimentos da ciência e arte de conquistar clientes e fazer negócios.

                  São estes conhecimentos, e mais um grande segredo, que estes mercadores pioneiros nos legaram e que hoje formam os fundamentos do Composto mercadológico como conhecemos.

                  Vamos então ver os 4 eixos do Composto mercadológico, ou Marketing Mix, sob a ótica do Marketing Sapiens. O Grande Segredo, contudo, ficará como um teaser a ser revelado no final.

                  O Marketing Mix, ou Composto Mercadológico, divide a ação do MARKETING em 4 eixos de atuação distintos.

                  Estes eixos de atuação são conhecidos como os 4 Ps do MARKETING – PRODUTO, PREÇO, PRAÇA E PROMOÇÃO.

                  Esta divisão foi proposta em 1960 pelo professor Jerome McCarthy e foi amplamente adotada não só por facilitar a compreensão dos fundamentos do MARKETING como por ser de grande utilidade como ferramenta de planejamento e análise das atividades mercadológicas.

                  Vejamos, então, a natureza destes quatro eixos do Marketing Mix:

                  O PRODUTO é o primeiro e o mais importante elemento do Composto mercadológico. Sua primazia se dá pela óbvia razão de que sem PRODUTO não existe MERCADO.

                  E se o PRODUTO é a razão de ser do MERCADO, conseguir compradores para o PRODUTO no MERCADO é a razão de ser do MARKETING.

                  Sinteticamente, pode-se dizer que, para o MARKETING, a expressão PRODUTO define todos os bens e serviços comercializados no MERCADO.

                  O termo “PRODUTO” é formado pela combinação de duas palavras latinas: “pro”, que significa “à frente”, como é o caso em prover, promover ou progredir, e a palavra “dúcere” que significa carregar, levar, conduzir.

                  Assim a expressão “PRODUTO” traz em si a noção de algo que tomou forma, agregou substância, adquiriu identidade e se tornou uma coisa nova, um novo serviço ou uma nova solução, devidamente formatada, e que passa a ter valor no Mercado, que passa a ser valiosa e desejável para o Homo emptor, o homem que compra.

                  Desta forma, para facilitar o entendimento do conceito no âmbito do Composto mercadológico, convencionou-se que PRODUTO, na acepção do MARKETING, abarca toda e qualquer coisa que tenha valor e seja colocada no Mercado para ser vendida ou comprada.

                  A própria ideia do MARKETING MIX pressupõe que o PRODUTO oferecido no MERCADO irá competir pela preferência dos possíveis consumidores ou usuários.

                  Esta competição tende a se dar em volta dos três níveis que formam o PRODUTO:

                  O Primeiro nível é o “NÚCLEO”, o “Core” do PRODUTO.

                  No núcleo temos sua essência, sua substância, sua materialidade.

                  É o que define o PRODUTO em si, seu propósito, sua funcionalidade, sua “raison d’être”, ou seja, sua razão de ser. Por exemplo: uma bicicleta.

                  Sua função básica é permitir que as pessoas se desloquem de um lugar para outro sobre duas rodas. Por definição deverá ter duas rodas, selim, pedais, correia, freios etc.

                  O segundo nível é o ”PERCEPTIVO”.

                  Neste nível figuram os atributos, as características diferenciais e os elementos competitivos do PRODUTO. No exemplo da bicicleta seriam relevantes fatores como o design, as cores, o material de fabricação, a robustez, o acabamento, os acessórios e assim por diante.

                  O terceiro nível do PRODUTO é o “SUBJETIVO” e refere-se aos aspectos emocionais ligados ao PRODUTO, podendo envolver sentimentos, crenças, desejos, aspirações, valores pessoais e perspectivas individuais.

                  Uma evidência da importância emocional da bicicleta para seus donos é que muitos a chamam afetuosamente de magrela.

                  Entre os fatores deste grupo SUBJETIVO estão a reputação, a imagem da marca e o status. Também figuram nele as expectativas projetadas sobre o PRODUTO como seu desempenho, confiabilidade, funcionalidade, durabilidade etc.

                  É oportuno destacar que várias pesquisas mostram que os dois sentimentos mais relevantes para o sucesso de um produto são a lealdade e a confiança.

                  Uma commodity sem marca é só mercadoria, mas um produto com marca carrega compromissos de imagem e porta valores simbólicos e deve conhecer seu papel para manter sua boa reputação não e trair a lealdade de seus consumidores. Uma vez perdida a confiança de seus consumidores dificilmente conseguirá reavê-los.

                  O PREÇO é segundo eixo do Composto Mercadológico.

                  Uma definição simples seria que o PREÇO é o valor monetário de um PRODUTO colocado para vender no MERCADO.

                  Contudo, se formos olhar para o comportamento dos preços no MERCADO veremos que existem muitos fatores que influenciam sua flutuação.

                  Para a economia clássica de Adam Smith, o preço natural corresponde ao somatório dos custos dos insumos, mão de obra e demais fatores de produção necessários para fabricar um produto.

                  Já o preço praticado pelo MERCADO, conforme a Lei da Oferta e da Procura de Adam Smith, é regulado pela proporção entre a quantidade que é colocada no MERCADO (a oferta) e a demanda daqueles que estão dispostos a pagar o preço natural da mercadoria levada ao MERCADO.

                  Muita oferta e o preço cai. Muita procura e o preço sobe.

                  Para entender a questão do preço natural é preciso ter em conta que na natureza nada se cria e nada se perde, tudo se transforma, mas a um custo.

                  Sob um enfoque Cosmológico, o PREÇO dá a medida da entropia econômica.

                  Grosso modo, a Segunda Lei da Termodinâmica explica que a transformação da natureza para fazer um produto ou prestar um serviço requer uma dada quantidade de trabalho e um dado gasto de energia.

                  Nada é grátis no Cosmo. Tudo tem custo e, portanto, tudo tem preço.

                  Os anglo-saxões simplificam o entendimento deste axioma dizendo que “não existe almoço grátis”.

                  Outro aspecto relevante para entender o fator PREÇO é o Princípio da Escassez.

                  Escassez em economia, significa que nunca há quantidade suficiente de um dado PRODUTO para atender a todas as pessoas que o desejariam possuir caso ele fosse gratuito.

                  O lado positivo do papel do MERCADO em relação ao Princípio da Escassez é que o mercado aponta o que se mostra escasso e dimensiona o tamanho desta escassez pela oscilação do preço.

                  O preço alto, então, funciona como um indicador e estimula os produtores a produzirem mais e a aumentarem a oferta.

                  Outro ponto a destacar é que o PREÇO, em MARKETING, deve ser entendido como o total do valor do desembolso necessário para a aquisição do bem ou serviço.

                  Frequentemente o valor monetário nominal não expressa o real custo do item, já que existem outros custos associados, tais como taxas e impostos, armazenagem, transporte e outros.

                  Assim, para concluir este tópico, o preço é uma referência que permite ao comprador saber o valor do desembolso necessário para adquirir a posse do produto ou receber a prestação do serviço, assim como permite ao vendedor estimar o valor que receberá pela venda do bem ou pela prestação do serviço.

                  A PRAÇA é o terceiro componente do MARKETING Mix.

                  PRAÇA, em MARKETING, vem a ser o local no ambiente do MERCADO em que se dá o encontro entre o vendedor e o comprador. É o local em que se situa o Ponto de Venda de um produto ou serviço.

                  O termo PRAÇA foi adotado para designar de forma genérica os pontos de venda, tanto físicos como virtuais, dado que durante milênios era na praça da aldeia que nossos ancestrais se encontravam para fazer trocas ou permutar coisas que tinham por coisas que desejavam.

                  Hoje o conceito de PRAÇA se alargou de tal modo que abarca o mundo todo e a PRAÇA tornou-se global.

                  O MERCADO ficou tão pervasivo, tão onipresente, que transformou o Planeta numa colossal Business-sfera.

                  Tanto que é difícil encontrar um só recanto de nosso planeta onde não se façam negócios ou não se compre ou se venda alguma coisa.

                  A diversidade dos Pontos de Venda é imensa, variada e fascinante.

                  Os Pontos físicos vão desde a mala sofrida do mascate, a cesta perfumada da vendedora de flores, o carro buliçoso de sorvetes, o sonoro vendedor de pamonhas, os acolhedores quiosques de praia, as brilhantes “vending machines”, os singelos mercadinhos do interior, aos movimentados mercados dos grandes centros, os coloridos bazares do Oriente, a Galeries Lafayette Champs-Élysées em Paris, os sortidos supermercados, os opulentos shopping  centers e, enfim, uma infindável miríade de locais onde os consumidores podem se deixar encantar por produtos maravilhosos e serem tocados pela magia da compra que move a economia e faz prosperar a sociedade.

                  Mas como a humanidade não para e o mundo evoluiu espetacularmente nos tempos mais recentes, o Homo sapiens colocou uma nova camada de tecnologia sobre o orbe terrestre, fazendo surgir a era digital e o ciberespaço.

                  Assim nasceu a PRAÇA na sua dimensão digital.

                  Neste mundo conectado, cada celular, cada tablet, cada computador e até mesmo cada sistema automatizado de compras que opera por meio da Internet das coisas, como a geladeira que encomenda no supermercado o leite e os ovos que precisam ser repostos, virou uma extensão da PRAÇA.

                  Nesta PRAÇA online existem milhões de Pontos de Venda abertos e pulsando 24 horas por dia, sete dias por semana

                  São portais, sites e Lojas Online, Marketplaces, Plataformas de e-commerce, Aplicativos dedicados e uma infinidade de outros canais de compra.

                  Apesar do número estelar de pontos de venda que a Instituição do MERCADO coloca hoje ao dispor do Homo Sapiens, o que a ciência nos diz é que o homem moderno, ainda que detentor de cultura, saber e possibilidades jamais antes alcançadas, no seu âmago, continua, biologicamente falando, o mesmo Homo sapiens de 5, 10, 100 mil anos atrás.

                  Seus conhecimentos se ampliaram de modo inimaginável, sua qualidade de vida lhe oferece conforto e bem-estar jamais sonhados, sua expectativa de vida já promete futuras gerações centenárias, e seus horizontes se projetam para o cosmo, mas no seu âmago o homem ainda é movido pelos mesmos instintos, sonhos, alegrias e tristezas de seus ancestrais.

                  E o Homo Economicus, em sua versão de negociador de nosso tempo continua interessado em comprar, vender e negociar no MERCADO e, igualmente, anseia valer-se dos benefícios e das benesses que este lhe proporciona.

                  O quarto componente do Composto de MARKETING é a PROMOÇÃO.

                  O propósito da PROMOÇÃO é divulgar, dar visibilidade e tornar o PRODUTO conhecido, enaltecendo suas qualidades e atributos para fazê-lo desejado pelos clientes de seu MERCADO alvo.

                  A publicidade é uma das formas mais conhecidas de anunciar e promover um produto. Mas não é a única. Ao componente da PROMOÇÃO incumbe colocar o produto sob luz favorável e existe uma imensa variedade de meios e maneiras de chamar a atenção, gerar interesse, estimular o desejo e conduzir à conclusão da venda.

                  Existem aquelas técnicas de promover voltadas ao grande mercado, a exemplo da publicidade e da propaganda nos meios de comunicação de massa como jornais, revistas, rádio e televisão, outdoor ou a exemplo dos patrocínios.

                  Outra forma de promover é aquela realizada pelo pessoal da empresa em contato direto com o público ou com clientes. Nesta modalidade de promoção o contato é feito com os clientes em estandes de promoção, quiosques ou estandes de vendas em eventos, feiras e exposições.

                  O Merchandising é uma ação de Marketing realizada no Ponto de Venda com a finalidade de promover a venda de um produto ou serviço.

                  Pode se limitar a cuidar da reposição e arrumação das gôndolas em supermercados, da exibição de cartazes e displays ou pode ser a demonstração ou degustação de produtos. O Merchandising tem a missão de colocar o produto diante do cliente e dar o empurrão final no ciclo da venda, posto que, como diz a sabedoria popular, o que não é visto não é lembrado e aquilo que os olhos não veem, o coração não sente.

                  A Promoção pelos canais digitais também é de grande importância. Notadamente os ligados à Internet. A começar pelos sites corporativos e Lojas virtuais seguidos pelos sites de busca, como o Google e o Bing, as Redes Sociais, sites e aplicativos de conexão entre os usuários como Facebook, Youtube, Instagram, WhatsApp e outros.

                  Ferramentas como o Telemarketing e o chamado Inbound Marketing, ou marketing de atração, usam intensivamente os canais on-line para atrair, persuadir, converter e encantar clientes.

                  Existem também as atividades de apoio, que não são menos importantes, como a Pesquisa de Mercado, as relações públicas, a assessoria de imprensa, o Serviço de Atendimento ao Consumidor e outros.

                  No grupo das atividades complementares a Pesquisa de Mercado tem a incumbência de obter informações sobre a realidade do mercado e contribuir para o Planejamento Estratégico, para o posicionamento do produto, para a definição do Público-Alvo e para orientar o conjunto das demais atividades Mercadológicas.

                  A Assessoria de Imprensa faz a intermediação entre a empresa e os veículos de Imprensa e de comunicação.

                 A Gestão das Mídias Sociais coordena as atividades de Marketing e de relacionamento na internet e associadas às redes sociais.

                  As Relações Públicas organizam o relacionamento com os formadores de opinião do Mercado e fazem a ponte com os –  stakeholders –  ou seja, com os públicos de interesse da empresa e que englobam desde o público interno, formado por colaboradores e funcionários, passa pelos os clientes e consumidores e vai alcançar o grande universo de investidores, acionistas, parceiros, legisladores, agências reguladoras das três esferas de governo, Organizações Não Governamentais e similares.

                  Enfim, para resumir, a PROMOÇÃO tem como missão principal conquistar os corações e mentes do público-alvo a levá-lo a preferir o PRODUTO que promove. Contudo a PROMOÇÃO não pode descuidar de outra frente vital para o sucesso continuado do produto no Mercado: o Pós Venda.

                  No Pós Venda duas atividades devem merecer atenção e cuidados:

                  Primeiro: O Serviço de Atendimento ao Consumidor e o Suporte ao Usuário. Hoje este serviço conta com forte presença dos Chatbots que facilitam dar apoio a clientes e usuários e podem atuar como canais de complementares pesquisa de satisfação dos consumidores. Outra tarefa que podem desempenhar é a de servirem como canais complementares de informações aos clientes potenciais.

                  Segundo: o atendimento à Garantia e a Assistência Técnica.

                  A Importância do Pós Venda não pode ser minimizada. O Cliente compra um produto para atender uma necessidade ou um desejo.

                  E para que ele fique satisfeito com o produto, este deve cumprir o que promete, funcionar bem e sem defeitos. Hoje, com as mídias sociais, eventuais problemas com o produto correm o mundo e significam baixa avaliação e problemas com o Mercado.

                  Uma última observação sobre este tópico relativo à PROMOÇÃO: do ponto de vista ético a PROMOÇÃO de bons produtos é um propósito eticamente legítimo, do mesmo modo como é ético alertar o consumidor sobre os eventuais riscos oferecidos pelo seu uso ou consumo.

                  O escritor Bernard Shaw dizia que quem confia em seu produto não deve envergonhar-se de tocar bumbo na porta da loja.

                  Assim PRODUTO, PREÇO, PRAÇA e PROMOÇÃO formam os quatro eixos em que se assenta o Marketing e em que se apoia o relacionamento da empresa com os consumidores que compram, usam e consomem seus produtos e serviços colocados na grande business-esfera do Mercado.

                  E agora, para concluir, vou revelar qual o GRANDE SEGREDO que nos foi legado pelos maiores mercadores de todos os tempos e capaz de alavancar o sucesso do marketing tanto das pequenas empresas como dos maiores conglomerados, e que pode garantir o seu sucesso e o de sua empresa.

                  Esse grande segredo guardado a sete chaves foi, certa feita, revelado aos filhos por um mercador que por muito tempo viajara com suas caravanas pelo deserto:

Filhos, a coisa mais importante para o sucesso de um mercador é simples como o ar, que está sempre à nossa volta e pode impulsionar os navios que cruzam os mares, mas também pode causar grandes tormentas que provocam destruição e morte: filhos saibam que a força mais poderosa que um mercador pode usar é a PALAVRA!

Usem bem a palavra e vosso sucesso será certo.

                  É pela palavra que vendemos, é pela palavra que argumentamos, é pela palavra que agradecemos ao criador e é pela palavra de nossos fregueses que o boca a boca vai na nossa frente para fazer nossa reputação e falar bem de nossa honestidade e promover nossa mercadoria. A palavra pode ser a benção ou a maldição do mercador. E o boca-a-boca do mercado é o nosso aroma que o vento leva e que chega antes de nós. Mas cuidado, as palavras más voam como os falcões, enquanto as palavras benignas são como sementes de tâmaras plantadas ao longo do caminho. As tamareiras demoram para produzir frutos, mas nenhuma fruta é mais doce ou mais apreciada.

                  Assim, caras amigas e caros amigos, sabemos que o maior segredo do marketing é mesmo o nosso velho conhecido boca-a-boca, agora ampliado pela internet, pelo celular, pelos aplicativos de mensagens e pelas mídias sociais

                  Sucesso e que os bons ventos do mercado enfunem suas velas!

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O MARKETING Inteligente agora com os recursos da Inteligência Artificial.

PORQUE O AGRO 4.0 VAI MUDAR O FUTURO DO BRASIL

“Cesse tudo o que a antiga musa canta que um valor mais alto se alvanta” – Camões.

O Agro está mudando o Brasil. A Onda do Agro 4.0 vem como um tsunami avassalador que vai romper os muros do atraso, mudar história do campo e colocar o Agro no centro do futuro do Brasil.

O Agro brasileiro tem DNA de primeiro mundo.

O Agro 4.0 é o agro das inovações, da automação, da tecnologia, da Internet das coisas, da Inteligência Artificial, mas é também o agro de brasileiras e brasileiros bem-preparados, de empreendedores com visão de futuro e que tem aspirações de progresso e prosperidade que não cabem mais nos moldes mesquinhos dos arranjos políticos que manietam o agronegócio.

O Brasil é um país complicado!

É verdade! O Brasil é um país complicado. Tem tudo para ser o paraíso da abundância. Tem riquezas naturais incomparáveis, território imenso e generoso, uma natureza invejada pelo mundo. Tem tudo para ser rico, próspero e sem miséria, mas teima em brigar com os fatos, ignorar o bom senso e mandar a lógica às favas.

Subdesenvolvimento não se improvisa. É obra de séculos! (Nelson Rodrigues)

Nelson Rodrigues, frustrado pelo atraso endêmico que assola o Brasil desde o descobrimento, afirmou que “Subdesenvolvimento não se improvisa, é obra de séculos”. O que Nelson Rodrigues queria dizer é que o povo brasileiro vinha sendo espoliado e esbulhado pelos coronéis, pelos governantes e pelos açambarcadores do poder desde que as caravelas de Cabral aportaram por aqui. Mas a sabedoria popular diz que não há mal que sempre dure nem bem que não se acabe. E nossa gente sempre manteve a esperança. E sempre acreditou que um dia um novo futuro iria raiar no horizonte do Brasil. E esse futuro está agora batendo em nossa porta. O fato novo que agora surge no horizonte é Agronegócio que se agiganta, se torna uma força irresistível e forma um novo país dentro das fronteiras do Brasil.

O Agro brasileiro é disruptivo!

E esse novo país do Agro tem natureza disruptiva e vem com ímpeto para romper com as velhas crenças e com os velhos paradigmas do nosso triste passado patrimonialista e corrupto. E a transformação a ser produzida pelo Agro 4.0 é uma certeza porque as mudanças seguem a inexorável Lei de Camões, “Cesse tudo o que a Musa antiga canta / Que outro valor mais alto se alevanta” Mas a mudança não se limitava aos versos do poeta. As novas descobertas daquele tempo alargaram os horizontes da civilização. Mostraram o caminho para as Índias; encontraram as Américas, descobriram o Brasil, fizeram surgir novos países. E, por fim, mudaram o eixo de poder no mundo. Pois bem, é exatamente este efeito da “Lei de Camões” que o Agro vai produzir no Brasil. A Onda Agro 4.0, na verdade, já começou. No plano econômico, o Agro é que vem pagando as contas e trazendo os dólares para custear a bagunça que reina em Brasília.

Os números não mentem jamais (Malba Tahan)

Os números do Agro são eloquentes. E como os números não mentem jamais, como dizia o matemático Malba Tahan, estes número provam que não é o carnaval, é o Agro que está salvando o Brasil. … Os ventos continuam soprando ao favor do Agro Brasileiro. Hoje ninguém mais põem em dúvida de que o Agro é a vocação natural do Brasil. Mas ainda nos falta uma verdadeira Mentalidade Agro. Ainda carecemos daquilo que os americanos chamam de “mindset”, uma disposição para escolher um rumo, para agir e superar obstáculos na conquista de um objetivo e a determinação de fazer acontecer, / de buscar avanços e resultados de forma consistente e sistemática. Possuímos a terra, a água, o clima, os empreendedores, os recursos humanos e a tecnologia. Ainda precisamos melhorar a infraestrutura e a logística, mas depois de cinco séculos de altos e baixos, de dúvidas e desconfianças, está claro para nós e para o mundo que, finalmente, encontramos o caminho.

Os indicadores do Agro brasileiro são convincentes.

Os indicadores impressionam. Segundo o IPEA, a Produtividade total dos fatores – ou seja o aproveitamento dos insumos que se convertem em produto – cresceu 400% na agricultura brasileira. Hoje nossa produção é suficiente para alimentar 1/6 da humanidade e, no mais bem vindo dos índices para o povo brasileiro, desde os anos 70, o preço da cesta básica no Brasil caiu para a metade. Outra coisa: A produtividade cresceu quatro vezes mais que a área plantada. A expansão do agronegócio é o fato mais importante da história econômica recente do Brasil mas a continuidade do sucesso do Agro pressupõe uma estrutura decisória descentralizada. As decisões precisam ser tomadas perto da ação, nos clusters e polos produtivos espalhados pelas vastas extensões do país. As necessidades do Sul são diferentes daquelas das do Centro Oeste ou do Norte ou Nordeste.

O modelo descentralizado é vacina contra a ditadura, porque só funciona em ambiente de liberdade e democracia.

Acontece que este modelo descentralizado só consegue funcionar em um ambiente de liberdade e democracia. O mundo em que o Estado centralizava tudo e se via como patrão e padrinho morreu. Hoje é tão anacrônico como os antigos lampiões de gás que precisavam de um acendedor público para alumiarem as ruas e becos.

O Brasil está pronto para a metamorfose 4.0

Em síntese, o Brasil está pronto a se transformar em uma nação capaz de voar alto, ir longe e brilhar entre as nações para proporcionar aos brasileiros tanto a prosperidade que merecem como o autêntico protagonismo no mundo contemporâneo a que legitimamente aspiram. …

APUNHALADO / O BRASIL APUNHALADO COM UMA PENA DE OURO!

(Clque para saber mais)

GOIO-EN, O CAMINHO E TEMPO. (Link com a Editora Viseu)

O Brasil apunhalado com uma Pena de Ouro.

O presidente Lula, ao que parece, está um tanto deslumbrado com os rapapés que recebe em seus entendimentos com a Argentina, mas deve tomar muito cuidado para não se tornar um novo Quintino Bocaiuva. 

Os presidentes Lula, do Brasil, e Alberto Fernandez, da Argentina, anunciaram estudos para uma nova moeda sul-americana compartilhada. Segundo disseram à imprensa, “esta moeda binacional teria a finalidade de reduzir a vulnerabilidade externa dos dois países em transações comerciais e financeiras.”

Quem conhece a história das tormentosas relações entre o Brasil e a Argentina ficou com a pulga atrás da orelha. 

Começa que o Brasil não tem vulnerabilidade externa com que se preocupar.

Assim fica claro que este arranjo tem o único propósito de levar o Brasil a assumir o risco do crédito com a Argentina, já que é este o país que convive com uma escassez crônica de dólares.

O indigitado Quintino Bocaiuva era senador e virou Ministro do Exterior da recém proclamada república brasileira em 1889. República essa cuja primeira providência, após abater a monarquia brasileira, foi embarcar o embasbacado ministro no encouraçado Riachuelo, o maior navio da marinha brasileira de então, para levá-lo com toda a pompa e circunstância até o Prata para apunhalar o Brasil pelas costas!.

E o fez em grande estilo. Vaidoso, sedento de glórias, como o descreveu o Barão de Ladário, foi recebido com mesuras, adulado, bajulado, paparicado com festas e banquetes e, por fim, não de se pejou de assinar, faceiro e pampeiro, o tratado que dava de mão beijada aos Argentinos um pedaço dos atuais estados do Paraná e de Santa Catarina. 

E não só apôs sua rebuscada assinatura de Calabar no tratado, como o fez com uma esplendorosa pena de ouro. Peça única, ornada de pedras preciosas e trabalhada pela mais refinada ourivesaria, num gesto fútil de reverência que o Plenipotenciário Quintino Bocaiuva concedeu ao presidente da República Argentina Miguel Juarez Celman. 

O Jornal o Estado de S. Paulo de 26 de janeiro de 1890 revelava na primeira página aquela perversidade:

Trocaram-se ante-ontem as últimas notas entre os srs. Bocayuva e Zeballos sobre a questão de Missões.

Zeballos oferecerá em nome do governo argentino a Bocayuva, para assinar o tratado, uma artística pena de ouro, assinando aquele tratado com a pena que o presenteou Juarez Celman. 

Certa vez o Papa Argentino observou que Deus é brasileiro. Ele haverá de saber melhor do que ninguém, pois foi só graças aos céus que esta despudorada manobra não prosperou e acabou anulada pelo congresso brasileiro.

É certo que a rivalidade do Brasil com a Argentina foi herdada da rivalidade entre Portugal e Espanha e, portanto, vem desde os tempos coloniais, mas no episódio da Questão de Palmas ou, Questão das Missões, como queriam os argentinos, os eventuais entendimentos coloniais serviram só como pretexto para maquinações e pleitos muito além dos acordos estabelecidos entre as matrizes Europeias. 

A verdade é que Argentina sempre viu o Brasil com olhos gulosos. 

O Brasil é um oponente grande e simplório. Um colosso amórfo, dominado por um desmesurado complexo de inferioridade, o famoso “complexo de vIra-latas”, de que falava Nelson Rodrigues. 

O efeito desse complexo é que tem governantes brasileiros, ávidos do glamour fugaz e de uma pitada de aplauso, bem no espírito da canção Folhetim do Sérgio Buarque de Holanda, que estão sempre prontos à fazer concessões e entregar o ouro por uma coisa atoa.

 A Argentina, por seu lado, trata de defender seus interesses, o que seria mesmo de esperar. 

A questão, porém, é que o país vizinho frequentemente se conduz de forma sobranceira e egoísta, sendo useira e vezeira em menoscabar nosso país. 

Esta relação tóxica é parte de nossa tragédia latino-americana. Tragédia, aliás, que alcança todo o continente. Vale lembrar que o ex-presidente Mexicano Porfírio Diaz, reclamando dos americanos, exclamou:

“Pobre México. Tão longe de Deus e tão perto dos Estados Unidos”.

De nossa parte aqui, seria o caso de exclamarmos “Pobre Brasil, tão longe dos Estados Unidos e tão perto da Argentina”. 

Mas voltando à tentativa Argentina de se apossar de parte dos territórios do Paraná e Santa Catarina, que originaram a momentosa Questão das Missões, pode-se afirmar que este foi um embate emblemático. 

O território dos Campos de Palmas estava pacificamente nas mãos do Brasil. 

Os bandeirantes paulistas tinham circulado por ali desde o século XVI. Em 1839, com a substantiva participação do Cacique Victorino Condá ajudando a pacificar os Kaingang, estabeleceram-se no Campo de Palmas 37 fazendas, as quais, em 1850, já tinham cerca de 36.000 cabeças de gado. 

Vale lembrar que os Kaingang, também chamados de coroados e bugres, que habitavam a área, sempre se afirmaram brasileiros. Eles haviam se relacionado bem com os portugueses até porque eram inimigos dos Guarani, índios aliados dos espanhóis. 

Em 16 de março de 1837 a Assembleia Legislativa de S. Paulo criou um destacamento de Policiais Permanentes para o fim específico da ocupação daqueles campos.

Em 1845, Manuel da Fonseca de Lima e Silva, o Presidente da Província de São Paulo, com visão e descortino de estadista, tomou a iniciativa da construção do Caminho de Goio-En, o caminho de tropas entre os Campos de Guarapuava e as Missões de São Pedro do Rio Grande do Sul, como informa em seu Relatório para a Assembleia Legislativa de São Paulo no dia 7 de janeiro de 1845: 

“Compartindo o interesse que vos inspirou a ideia de abertura de uma nova comunicação entre esta Província e a de S. Pedro do Sul pelo território situado a sudoeste do Campo de Palmas, encarreguei esta comissão ao Cidadão Francisco Ferreira da Rocha Loures, homem empreendedor e ativo e que, pela circunstância de residir naquelas imediações me parece para isto precisamente habilitado.” 

Manuel da Fonseca de Lima e Silva, que seria o futuro Barão de Suruí, se encarregou ainda de arregimentar o apoio do Presidente da Província vizinha de São Pedro do Rio Grande do Sul, Luiz Alves de Lima e Silva, o então Conde de Caxias, que vinha a ser seu cunhado e sobrinho. 

A esse respeito o Conde de Caxias, informa em seu relatório a Assembleia Provincial gaúcha de 1846 que:

Por este meio tempo veio ter a esta Província o Tenente Francisco Ferreira da Rocha Loures, encarregado pelo Governo Provincial de S. Paulo de explorar o terreno e abrir uma nova estrada por conta daquela província… 

Mas voltando ao relatório de 1845 do Presidente de São Paulo, este informa que vai fazer mais uma estrada naquela região, agora ligando os Campos de Palmas com a Argentina. 

Na justificativa ele esclarece: 

“Aberta essa estrada, ela pode sobretudo melhorar a posição do Brasil acerca da solução das antigas questões de limites naquela parte do Império.”

Observem que ele, ao falar das questões de limites naquela parte do império se antecipa em décadas as futuras reinvindicações dos argentinos sobre os Campos de Palmas.

Tanto é fato que cinquenta anos depois, o Barão do Rio Branco, ao defender os direitos do Brasil aos Campos de Palmas, reconhece a importância da iniciativa do Presidente da Província paulista:

Em 1845, por ordem do presidente de São Paulo, general Manuel da Fonseca Lima, depois barão de Suruí, se deu começo à abertura da comunicação com o Rio Grande do Sul, pelo passo do Goio-En e por Nonoai. 

O general Caxias, então presidente do Rio Grande do Sul (outra província brasileira), animou e auxiliou esses trabalhos.

Foi na segunda metade do século XIX que cresceram os olhos dos argentinos. Especialmente ao se darem conta que a ausência de uma fronteira bem demarcada na região lhes dava oportunidade para turvar as águas e criar confusão. 

Conjeturaram que uma artimanha bem bem-sucedida lhes daria um naco de 30.621 km2 de uma das regiões mais férteis e promissoras de todo o continente. 

Ou seja, valia o esforço! 

Os limites territoriais das possessões de Portugal e Espanha na América Meridional haviam sido definidos pelos tratados de Madri de 13 de janeiro de 1750 e pelo de Santo Ildefonso, de 1º de outubro de 1777

Nos tratados consta que a divisa entre o Brasil e Argentina / no trecho entre os rios Uruguai e o Iguaçu seria feita pelos rios Peperi-Guaçu e Santo Antônio. 

Na condição de herdeiros destes tratados, tanto o Brasil como a Argentina tinham que aceitar estes rios como limite entre os dois países. 

Acontece que os mapas daquela época eram pouco precisos e a Argentina se aproveitou deste pretexto para, com base em mapas de encomenda e argumentos especiosos, questionar a localização dos rios que fariam a divisa e passou a alegar que o rio brasileiro de nome Chapecó é que seria o verdadeiro rio Peperi-Guaçú e o de nome Chopim é que seria o verdadeiro rio Santo Antônio daquele tratado de fronteiras.

Em 1882 a Argentina tentou dar uma de joão sem braço. Fez uma lei dividindo o Território das Missões argentino em cinco departamentos administrativos e incluiu na divisão o território brasileiro dos Campos de Palmas. Na lei são designados como limites os rios Peperi-Guaçu e Santo Antônio, porém acontece que a Argentina atribuiu estes nomes aos rios Chapecó e Chopim, que ficam no meio dos Campos de Palmas. 

Ora, a falsificação era flagrante e o governo imperial se recusou a aceitar os mapas falseados que a Argentina apresentava. 

A Argentina, por seu turno, usava sua representação diplomática na capital do império para obter apoio e tentar convencer o governo imperial a abrir mão daquele território. 

Apesar de seus esforços, contudo, estava cada vez mais evidente que sua narrativa não convencia e seus argumentos não seriam aceitos pelo império do Brasil.

Uma evidência é a notícia dada pelo Jornal O Estado de São Paulo publicando em 6 de setembro de 1882 um despacho de seu correspondente em Buenos Aires: 

Diz La Pátria Argentina, que o dr. Avellaneda comunicou ao seu governo que o gabinete imperial não estava disposto a submeter a arbitramento a questão das Missões por considerar que não admitem dúvidas os direitos que têm o Brasil sobre aquele território.

Mas a Argentina não dava trégusas. Em 7 de setembro de 1889, o governo imperial, buscando apaziguar os ânimos e confiante em seus direitos, aceitou um acordo baseado em dois pontos:

1.               Seria feita uma nova expedição para verificar se os rios Chapecó e Chopim corresponderiam, de fato, aos rios da divisa descritos nos tratados originários, e

2.               Caso o Brasil não aceitasse estes rios como divisa a questão seria levada para a arbitragem do presidente norte-americano.

O prazo para a expedição trazer provas seria de 90 dias, contados a partir da ratificação do tratado, o que ocorreu em 5 de novembro de 1889.

Para o Brasil a questão parecia resolvida. Seus geógrafos, astrônomos, demarcadores e especialistas sabiam que a missão de reconhecimento seria feita nos rios errados a Questão das Missões iria para a arbitragem.

Já os argentinos tinham pressa. O tempo estava correndo contra eles, e eles também sabiam que a missão de reconhecimento era um embuste, assim como sabiam que, salvo a improvável hipótese de convencer o presidente Cleveland a decidir em favor de um embuste, estavam perdidos. 

Desse modo, a última esperança que lhes restava residia na mudança do regime de governo no Brasil.

E eis que então acontece o mais chocante. 

É difícil avaliar influência dos agentes argentinos na derrubada da monarquia brasileira, 

O que é sabido, no entanto, é que o golpe republicano que derrubou a monarquia se deu em 15 de novembro de 1889. 

E havia mais coisas sórdidas entre o céu e a terra: 

A começar pela suspeitíssima certeza dos Argentinos de que, no final, ganhariam uma “província à nossa custa”, como havia dito Bocaiuva quando que ainda era tido como o “príncipe dos jornalistas”, com como relata o Barão de Ladário nos artigos publicados no jornal A Tribuna e encaminhados aos senadores no final de 1890.

Por exemplo, no grupo da comissão demarcadora que explorava os rios Chapecó e Chopim, um oficial argentino disse em um jantar “que seus patrícios muito desejavam que o Brasil se constituísse em república, porque então seria fácil anexar o Rio Grande do Sul à Confederação Argentina.”  

Vejam, os argentinos não somente queriam tomar 30.621 km2 dos atuais estados do Paraná e Santa Catarina, como pensavam criar uma cunha separando o Rio Grande do Sul do restante do país e, assim, facilitar a anexação do Rio Grande do Sul ao seu país. 

Um outro oficial superior argentino afirmou, referindo-se aos Campos de Palmas:

“Isto será nosso, ou por bem ou pelas armas”.

Ademais, é preciso reconhecer que, naquela conjuntura, os argentinos avaliavam melhor do que os cosmopolitas republicanos do Rio de Janeiro a importância do território em jogo e qual o potencial futuro dos Campos de Palmas. 

De toda forma, o governo republicano fez o que a Argentina esperava. Em sua primeiríssima iniciativa internacional, atropela o tratado de arbitramento assinado pelo império, aceita sem pejo as demandas argentinas e manda o Ministro Quintino Bocaiuva dividir com os argentinos o território dos atuais estados do Paraná e Santa Catarina. 

E foi o que ele fez!

Vejam a linha de tempo da ignomínia republicana: 

Em 7 de setembro de 1889 o governo imperial assina o Tratado de Arbitramento que leva a Questão das Missões para decisão do Presidente dos Estados Unidos;

Em 05 de novembro de 1889, 58 dias depois, o congresso brasileiro ratifica o tratado de arbitramento;

Mais 10 dias e chegamos ao fatídico 15 de novembro de 1889. Nesta data os ativistas e militares dão o golpe, derrubam a monarquia e proclamam a república. O Marechal Deodoro da Fonseca assume a presidência e Quintino Bocaiuva se torna Ministro do Exterior.

Vem dezembro, Festas, Natal e Ano novo. Já em 14 de janeiro de 1890 o Encouraçado Riachuelo leva Bocaiuva ao encontro de seus parceiros argentinos para assinar o tratado de cessão do território. 

Outros 10 dias e em 25 de janeiro, o plenipotenciário é recebido com banquete em Montevidéu, onde assina com a tal aparatosa pena de ouro o infame tratado em que o Brasil cede para a Argentina metade dos territórios dos atuais estados do Paraná e Santa Catarina.

Em seguida viaja ao encontro do presidente argentino.

O jornal O Estado de S. Paulo, na edição de 6 de fevereiro de 1890 publica um despacho vindo de Buenos Aires informando que Quintino Bocaíuva tinha sido homenageado com um banquete pelo presidente Juarez Célman, na noite de 3 de fevereiro. 

Segundo o despacho, “houve durante o banquete a máxima alegria e expansão fraternal, levantando-se muitos brindes ao Brasil e a República Argentina, firmando-se assim um acordo tácito para a manutenção da paz e a prosperidade das duas poderosas nações sul-americanas.”

Não surpreende que tenha havia máxima alegria e muitos brindes fraternais. A argentina estava conseguindo barato uma nova província formada com metade do território dos estados do Paraná e de Santa Catarina arrancados do Brasil por intermédio do homenageado, Quintino Bocaiuva, que é de se supor, não estava lá de graça.

O inacreditável é que esse recém-empossado Ministro de Relações Exteriores nada mais útil tivesse a fazer além de ir sabujar os vizinhos do Prata por mais de um mês, circulando entre Montevidéu, Buenos Aires, Córdova Tucumán e outras paragens do Prata em que foi homenageado por banquetes, eventos, convescotes e festas variadas. É ridículo registrar que o plenipotenciário viajou em 14 de janeiro, assinou o tratado no dia 25, em Montevidéu, viajou 700 quilômetros para ir visitar o presidente Argentino em sua residência em Córdova, voltou a Montevidéu em 16 de fevereiro para ali passar o carnaval e só então, feliz e pampeiro, regressar ao Rio de Janeiro em 25 de fevereiro, onde, para, estupefação geral, resolve deixar o posto de Ministério do Exterior, conforme noticiou o Jornal Estado de S. Paulo do dia 26 de fevereiro.

O país estava atordoado. A notícia da desfaçatez fazia ferver o sangue dos brasileiros.

O Barão de Ladário, em seus artigos no Jornal a Tribuna condenando o tratado, conta que o dito plenipotenciário teria asseverado: 

que não se podia atender, ao liquidar-se o litígio, à questão pura e simples dos direitos a certas linhas de fronteiras, mas e preferentemente à que se prendia aos interesses momentosos da nova situação do país.

Trocando em miúdos: Quintino Bocaiuva, com espantosa cara de pau, revela que a república ia dar metade dos estados do Paraná e Santa Catarina aos Argentinos porque era do interesse momentoso do novo governo republicano. 

O Barão do Rio Branco, o defensor da causa brasileira em Washington informa que: 

“Na República Argentina esta solução foi festejada com grande entusiasmo. No Brasil, porém, ela produziu o mais profundo sentimento de dor e levantou unânimes e veementes protestos.” 

Mas é claro que haveria alegria e festejos na argentina com um presente deste tamanho,  mas graças a mobilização do povo e aos protestos da imprensa, o Congresso Brasileiro rejeitou o tratado Bocaiuva por 142 votos contra 5 em sessão de 10 de agosto de 1891.

O passo seguinte foi o envio da Questão das Missões para o arbitramento do presidente dos Estados Unidos, Grover Cleveland. 

Lá, em Washington, mercê do Deus que é brasileiro, como reconhece o citado Papa argentino, a defesa da causa brasileira coube ao nosso mais insigne diplomata, o Barão do Rio Branco.

E enquanto o Rio Branco buscava fundamentar as razões brasileiras reunindo documentos e provas, os Argentinos, sob a liderança de Estanislao Zeballos, faziam intensa campanha de relações públicas tentando ganhar a questão na base do tapetão. 

As vésperas da decisão do presidente Cleveland, a Argentina ofereceu um banquete de gala para a alta sociedade norte-americana e, num gesto de insólita soberba, mimoseou cada uma das damas presentes com uma joia de ouro e diamantes posicionada em frente ao seu lugar na mesa do banquete.

Mesmo assim não adiantou.

Em 6 de fevereiro de 1895 o presidente dos Estados Unidos Grover Cleveland emitiu sua sentença, dando ao Brasil a posse definitiva dos atuais territórios do Paraná e Santa Catarina. Foi a primeira grande vitória de nosso maior diplomata, o Barão do Rio Branco.

Um pequeno documentário mostrando a documentação reunida por Rio Branco é mostrado no vídeo Oeste Fértil, o Legado do Barão do Rio Branco, no canal Goio-En do Youtube.

E se você quiser conhecer mais histórias sobre a conquista do Oeste Fértil brasileiro e sobre o desenvolvimento do Alto Uruguai Gaúcho e dos oestes de Santa Catarina Paraná, conheça o meu livro Goio-En o Caminho e o Tempo da editora Viseu. É uma boa pedida.

Muito obrigado.

GARIBALDI E ANITA SOB O DOSSEL DOS PINHEIRAIS.

(Clique para assistir ao vídeo)
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Foi no ano de 1837 que o jovem italiano Giuseppe Maria Garibaldi chegou à Província de São Pedro do Rio Grande e foi visitar na cadeia o líder farroupilha Bento Gonçalves que estava preso pelos imperiais por ter sido escolhido presidente da República Rio-Grandense que queria se separar do Brasil.

Giuseppe Garibaldi tinha 30 anos e havia sido condenado à morte na Itália por ter participado de uma insurreição em Gênova que queria a unificação do país. Como a revolta deu errado ele adotou um nome falso e foi ser marinheiro no Mediterrâneo até decidir vir para o Brasil.

Quando visitou Bento Gonçalves Garibaldi se disse “cansado de arrastar uma existência inútil”, de dispôs a lutar pelos farroupilhas e pediu uma “Carta de Corso”, que era uma autorização para atacar e pilhar navios do governo imperial, que era o governo inimigo.

Foi dessa forma que o futuro general italiano e herói da guerra da unificação da Itália entrou na história farroupilha e acabou envolvido na história do Sul do Brasil.

Antes de continuar e para dar uma ideia da importância que o chamado herói dos dois mundos adquiriu na Europa de seu tempo, vale citar a visita que o agora General Italiano Giuseppe Garibaldi foi convidado a fazer à Londres em 1864.  

Já famoso e respeitado, especialmente depois de ter reunificado a Itália em 1861, Garibaldi foi recebido por uma multidão como nunca tinha sido vista na capital londrina. Basta dizer que carruagem que transportava o general precisou de cinco horas para percorrer a distância de quatro quilômetros entre a estação ferroviária de Nine Elms e a Residência Lancaster, onde era o convidado de honra do duque e da duquesa de Sutherland. (Saderland)

Em 1837, ao chegar no Brasil, Garibaldi se encantou com a natureza e, especialmente, com as esplêndidas araucárias das nossas matas. Relatou em suas memórias que

“Só quem já viu as imensas florestas que cobrem os cimos do Espinhaço, com seus pinheiros seculares, que parecem destinados a sustentar o céu, e são as colunas deste esplêndido templo da natureza…podem delas fazer uma ideia”.

Na visita ao presidente farroupilha Garibaldi recebeu também a incumbência de circunscrever o bloqueio ao porto de Rio Grande. Depois de aprisionar um navio imperial e sua carga, Garibaldi percebeu que ações isoladas não iram compensar a falta de um porto. O que os farrapos precisavam era de uma saída para o mar.

A essa altura, no delta do Rio Camaquã, existiam alguns galpões de uma velha charqueada. Ali Garibaldi fez construir embarcações de fundo chato para controlar a Lagoa dos Patos – um imenso corpo de água com 260 quilômetros de comprimento e 60 de largura em seu ponto mais largo. Sua principal característica, porém, é que suas águas têm em média, 3 metros de profundidade. E além de rasa, a lagoa tem muitos bancos de areia, de modo que os navios do império não podiam navegar ali sem o risco de encalharem.

A organização do estaleiro foi entregue a John Griggs, o João Grandão, um marinheiro irlandês que juntou-se aos revoltosos. Era homem de grande estatura, corpulento e imensamente forte, estava sempre bem-humorado e era um incorrigível otimista. Ainda assim, sem conhecer a carpintaria naval e com os poucos meios de que dispunha, não podia fazer grande coisa.

João Grandão soube de Luigi Carniglia, um mestre carpinteiro naval italiano estabelecido no Uruguai. Garibaldi conseguiu a ajuda do seu compatriota, que veio com suas ferramentas e uma equipe de profissionais tarimbados.

Trabalhando dia e noite, em dois meses, conseguiram construir dois veleiros lanchões. O maior, com 18 toneladas, era o Rio Pardo. O segundo lanchão, de 12 toneladas, era o Seival. No começo de maio de 1839 os barcos circularam pela Lagoa dos Patos à procura de presas. Na altura de Cristóvão Pereira deram com a sumaca Mineira que se rendeu após um único tiro.

Em resposta os imperiais mandaram quatro navios de guerra caçar os dois lanchões farroupilhas. Os rebeldes se sentiram acossados, logo descobriram um meio de se safar. Seus lanchões eram mais leves, rápidos e manobráveis. Além disso, os marinheiros rebeldes conheciam bem a lagoa e reconheciam os bancos de areia. Quando eram perseguidos pelos navios imperiais, se dirigiam a um banco de areia próximo e avançavam até o lanchão encalhar.

Assim que ficavam presos na areia, o comandante gritava com toda a força:

“À água, patos!”.

Dada a ordem, todos a bordo pulavam na água, inclusive Garibaldi. Enquanto alguns puxavam com cordas, os demais empurravam o barco de fundo chato sobre a areia, de modo a cruzarem para o outro lado. De volta na água, todos reembarcavam e impulsionavam o barco usando varas que se apoiavam no leito do lago.

Daí que rapidamente se safavam e os pesados navios da Marinha imperial ficavam, literalmente, observando impotentes a artimanha dos rebeldes.

Acontece que essas escaramuças náuticas podiam ser bastante divertidas, mas traziam poucos resultados práticos.

Garibaldi então sugeriu ao Governo Farroupilha que tomasse a cidade de Laguna, em Santa Catarina, e por lá conseguissem o tão necessário acesso ao mar.

Mas como atacar Laguna se toda a Marinha dos farrapos se resumia aos dois lanchões que estavam na Lagoa dos Patos?

Garibaldi explicou sua ideia: os dois barcos deveriam seguir por terra os 80 km até Tramandaí, lá entrar no Rio Tubarão, descer por ele e atacar Laguna pela retaguarda.

Para fazer a ideia funcionar era preciso colocá-los sobre rodas. Então fizeram duas enormes carretas. Cada uma tinha quatro rodas imensas, que mediam 3,20 metros de diâmetro. Para puxar todo aquele peso os revolucionários conseguiram pela região cerca de 200 bois de canga.

Finalmente, foi com enorme alegria e grande estardalhaço que começou a incrível jornada de levar por terra os barcos farroupilhas.

Imagine o espanto daquela gente ao ver aqueles dois veleiros completos, com seus mastros projetando-se para o céu, navegando em plena campina verde dos campos gaúchos.

Era um espetáculo de dimensões épicas, que incluía o alarido de cavaleiros, a algazarra dos condutores incitando os bois e a constante necessidade de improvisar pranchas para evitar que as rodas afundassem no terreno alagado. Foram seis seis dias para chegar, abaixo de chuvas torrenciais e vencendo metro a metro.

Ao chegar foi preciso mais três dias de trabalho para preparar os barcos e, por cruel ironia do destino, mal os barcos entraram na água soprou um fortíssimo vento pampeiro que pegou todos sem aviso e afundou o Rio Pardo. Agora só sobrava o Seival.

Por sorte, navegando rio abaixo, encontraram e apresaram o lanchão Lagunense, que vinha subindo o rio. O novo lanchão não se comparava ao barco perdido, mas era um reforço muito bem-vindo.

Ao chegarem em Laguna viram que a Marinha imperial estava bem instalada e equipada. Contava com diversas embarcações armadas e tinha sentinelas no alto do Morro da Glória, todos atentos à entrada da barra pelo lado do mar. Por sorte não havia sentinelas voltadas para o Rio Tubarão, afinal, ninguém poderia imaginar um ataque pela retaguarda.

No entanto, de repente, no dia 22 de outubro, coisas inesperadas começaram a acontecer. O Catarinense, que estava posicionado para defender a entrada do mar sofreu, um ataque de surpresa, pela popa. O comandante José de Jesus, vendo que perderiam o navio mandou que os marinheiros pusessem fogo na embarcação e fugissem para a terra.

O comandante imperial ordenou aos demais barcos que saíssem para o mar aberto, porém  a escuna Itaparica e o lanchão Santana não conseguiram escapar e acabaram encalhados. O problema, para Garibaldi, é que a escuna Cometa conseguiu sair para o mar. Ela levaria a notícia da queda de Laguna aos imperiais e era certo que logo eles viriam com todas as forças.

Então, os farrapos buscaram se preparar dentro das suas limitações.

Foi neste interregno que Garibaldi, que estava à bordo da escuna Itaparica e seguia com uma luneta as casas da barra de Laguna, observou em terra um grupo de moças e viu, em meio delas, uma donzela que se distinguia pelo porte e beleza e que, num átimo, atraiu sua atenção.

De imediato, fez descer um escaler e remou, alucinado, até a margem. Uma vez em terra, correu até o local onde tinha visto a moça, porém não mais a encontrou.

Suspirou desolado e perdeu a esperança de encontrá-la.

Mas o cupido tem lá suas artimanhas. Mais tarde um morador local o convidou a ir até sua casa para um café e Garibaldi aceitou. E ao entrar nessa se deparou com a jovem que tanto o encantara ao vê-la pela luneta.

Em suas memórias, Garibaldi conta seu encontro com Anita:

“Entramos, e a primeira pessoa que se aproximou era aquela cujo aspecto me tinha feito desembarcar. Era Anita! A mãe de meus filhos! A companhia de minha vida, na boa e na má fortuna. A mulher cuja coragem desejei tantas vezes. Ficamos ambos estáticos e silenciosos, olhando-nos reciprocamente, como duas pessoas que não se vissem pela primeira vez e que buscam na aproximação alguma coisa como uma reminiscência. A saudei finalmente e lhe disse:

‘Tu deves ser minha!’.

Eu falava pouco o português, e articulei as provocantes palavras em italiano. Contudo fui magnético na minha insolência. Havia atado um nó, decretado uma sentença que somente a morte poderia desfazer. Eu tinha encontrado um tesouro proibido, mas um tesouro de grande valor”.

A jovem Ana Maria de Jesus Ribeiro, que viria a ser mais conhecida como Anita Garibaldi e se converteria na “Heroína dos Dois Mundos”, por ter lutado ao lado dos farroupilhas e, depois, pela unificação da Itália, estava com 18 anos quando foi vista por Giuseppe Garibaldi, que tinha 32 anos.

A jovem aceitou unir-se a Garibaldi e recebeu seu batismo de fogo já na batalha naval de Laguna. A armada imperial chegou com força avassaladora e a Marinha dos farroupilhas foi simplesmente trucidada. Anita entrou nessa batalha sem temer pela própria vida e, num frágil bote a remo, cruzou diversas vezes a área de combate levando munições a Garibaldi.

Vendo a situação perdida, Canabarro, o comandante farroupilha, ordenou a retirada e, dias depois, enviou Garibaldi no rumo oeste, com a difícil missão de subir a Serra Geral e tentar recuperar Lages, que havia voltado para as mãos dos imperiais.

Na retomada de Lages Garibaldi viveu sua primeira experiência de combate como cavaleiro. Foi ainda em Laguna que aprendeu a cavalgar e a combater montado. Sua professora foi Anita, aquela moça encantadora que agora era sua companheira inseparável.

Anita, que era uma amazona de grande traquejo, teve em Garibaldi um aluno talentoso e aplicado. Sobre seu aluno de equitação escreveu ela para sua irmã e confidente:

“Querida irmã: (….) pela primeira vez eu o via em ação a cavalo. (…) Felizmente, ele aproveitou bem as minhas aulas de equitação. Eu não conseguia tirar os olhos de cima dele, cheia de admiração pelo modo como conseguia prever os movimentos dos adversários. Era tão bom nisso que conseguia mandar os seus homens para os lugares certos, surpreendendo a todos com a rapidez de suas ações e indo de um lugar para outro com muita velocidade, deslocando-se sem parar, como um perfeito guerrilheiro(…)”.

Regista a história que, naquele memorável dia 14 de dezembro de 1839, 500 soldados republicanos, entre os quais lutou a destemida Anita Garibaldi, enfrentaram e derrotaram os 2.000 soldados imperiais comandados pelo brigadeiro Xavier da Cunha.

Quatro dias depois, em 18 de dezembro, Garibaldi, Anita, Rosetti e Teixeira Nunes, com seus farroupilhas, entraram triunfalmente em Lages e ali reinstalaram os comandos militares e o governo da recém proclamada República Catarinense.

Anita e Garibaldi, desfrutaram, então, de alguns dias de paz e tranquilidade e cultivaram o amor que sentiam um pelo outro. Em meio às paixões políticas e à emoção das conquistas, viverem, com enlevo, momentos de mútuo abandono como só o amor conhece. Aqueles dias de romance e ternura ambos iriam lembrar para sempre.

Por coincidência, Anita era originária de uma família de Lages e ali ainda vivia seu Tio Antônio, que os acolheu afetuosamente. Em sua casa hospedaram-se e puderam compartilhar o mesmo teto pela primeira vez. Anita escreveu para sua irmã:

“(…) Nos dias que se seguiram àquela luta, chegamos a Lajes sem maiores dificuldades e fomos acolhidos alegremente pela família e pelos amigos. Já encontramos uma casinha bonita, toda de madeira. Não consigo acreditar que estou vivendo sozinha com José. Estamos muito felizes, rimos e brincamos de donos de casa, quando os nossos amigos vêm nos visitar. Tio Antônio e José logo simpatizaram um com o outro. Quando eles se encontram, passam horas discutindo sobre a liberdade dos povos. Mas devo confessar que, às vezes, começo a duvidar de que um dia o mundo será realmente diferente. Talvez ele melhore para os nossos filhos, pelo menos é o que espero. Mas o tempo passa e tudo fica como antes. Evito dizer isso aos nossos fervorosos sonhadores, que, por mais que discutam, não sabem dizer por quanto tempo resistiremos em Lajes. Ninguém se arrisca a fazer previsões. As patrulhas falam de tropas inimigas, organizam-se várias expedições. Com certeza José vai ter que patrulhar nos próximos dias, e eu vou com ele. Ficou decidido que ficarei encarregada de reabastecer as tropas de munições, o que me parece uma tarefa útil. Levarei comigo um grupo de companheiros fortes, que estou aprendendo a conhecer, para garantir os transportes. Quero organizá-los da melhor maneira possível (…).

Anita deixara um casamento de conveniência e uma vida de mediocridades para fazer parte das grandes lutas do mundo de seu tempo. E o destino lhe dera o companheiro a que fora destinado pelas estrelas. Sem pensar por quanto tempo a felicidade lhe seria pródiga, vivia momentos de arrebatamento indizíveis.

O Natal chegou e Anita e Giuseppe comemoraram juntos pela primeira vez a grande festa da cristandade. A Missa do Galo, em 24 de dezembro de 1839, foi um momento de profundas emoções para ambos e, ainda mais, para Anita, que aos 18 anos, via desabrochar a grande paixão à qual entregava sua vida sem medos e sem reservas.

A igreja, na Vila de Lages, estava enfeitada com um presépio que tinha uma manjedoura como a contada no Evangelho. À noite, a cena era iluminada por lamparinas que bruxuleavam, inquietas, como os corações do casal que as observava. No centro, o bambino Jesus, esculpido em madeira, tinha os braços abertos, um sorriso angelical e as faces rosadas. Envolto com musgos e ramos de pinheiro, pouco parecia se importar com a modéstia de seu berço. Embevecido, o casal esqueceu o tempo e ali ficou, de mãos dadas, se deixando encantar por aquela atmosfera de fé e esperança que os unia ainda mais. Um sentimento de carinho sem limites os amalgamava em um amor maior do que a vida, enquanto fortalecia seus sonhos para um futuro que desvendariam juntos.

Subitamente, fazendo ecoar sua voz de tenor, limpa e cristalina, naquela pequena igreja de Lages, Garibaldi principiou a cantar a mais linda e a mais italiana das músicas de Natal, Tu scendi dalle stelle, uma canção natalina de simbolismo incomparável que unificava seu país pelo inexcedível amor a Gesù bambino, ainda antes que a Itália tivesse se unido politicamente:

Tu scendi dalle stelle, o Re del Cielo,

e vieni in una grotta, al freddo al gelo.

O bambino, mio divino, io ti vedo qui a tremar.

O Dio beato!

Ahi, quanto ti costò l’avermi amato!

A te, che sei del mondo il Creatore,

mancaron panni e fuoco, o mio Signore!

Caro eletto pargoletto, quanto questa povertà più m’innamora!

Giacché ti fece amor, povero ancora!

(Tu desces das estrelas, ó Rei do Céu,

e vens para uma gruta, ao frio, ao léu.

Ó menininho, meu divino, eu te vejo aqui a tremer.

Ó Deus abençoado!

Que preço tu pagaste por ter-nos amado!

A ti, que és do mundo o Criador,

faltaram roupa e calor, ó meu Senhor!

Querido pequenino eleito, como esta pobreza me faz amá-lo ainda mais!

Porque, por amor, agora te fizeste pobre.)

Como presente de Natal, Teixeira Nunes, o comandante farroupilha, deu a Anita um vestido de musselina, um xale de seda, sapatos de marroquim e um chapéu da moda. Garibaldi ganhou um poncho claro, ricamente trabalhado.

Dias depois a luta recomeçava tão dura e angustiante como antes. Garibaldi e Anita continuaram vencendo mil entreveros pelas plagas do sul nos três anos seguintes, de 1839 a 1841, ano em que Garibaldi despediu-se dos farroupilhas e, ao lado de Anita e de seu pequeno Menotti, seguiu para viver o extenso caminho de conquistas que ainda lhe reservava o destino.

Para saber mais sobre o conteúdo do livro Goio-En, o Caminho e o Tempo, vou apresentar neste canal um punhado de casos e histórias ligados à conquista do Alto-Uruguai gaúcho e das regiões dos Oestes de Santa Catarina e do Paraná, a região que forma o rico Oeste Fértil Brasileiro.

E se você tiver folego para uma maratona de 900 páginas de leitura sobre fatos e histórias de um tempo que merece ser lembrado, Goio-En, o Caminho e o Tempo, da editora Viseu, é uma boa pedida.

Obrigado.

(Clique para acessar a Editora Viseu)

Presidencialismo, a Pedra de Sísifo que nos desgraça

Ninguém aguenta mais
Ninguém aguenta mais este castigo.

Um mau sistema destrói uma boa pessoa todas as vezes. Todas as vezes.(Edwards Deming)

O que explica que o Brasil, um país de proporções continentais, dotado de imensas riquezas minerais, uma natureza exuberante e a maior área agricultável ainda não explorada do planeta viva imerso em crises intermináveis, corrupção endêmica e pobreza acachapante? A praga endêmica que desgraça o Brasil tem um nome: presidencialismo. 

O presidencialismo é a nossa condenação de Sísifo. Sísifo, como sabem, vem a ser aquele personagem da mitologia grega que foi amaldiçoado pela eternidade a repetir a penosa tarefa de empurrar uma pedra até o topo de uma montanha, sendo que, toda vez que estava prestes a alcançando o topo, os deuses a empurravam de volta, montanha abaixo. E Sísifo tinha que começar tudo de novo. Segundo a mitologia, este destino maldito o perseguiria pela eternidade.

Nosso presidencialismo, como a pedra na lenda de Sísifo, é o nosso castigo pelo desapreço que temos com a seriedade e nosso pendor pela demagogia. Nosso presidencialismo chinfrim nunca deu certo e nem vai dar. Trata-se de um sistema de governo que é defeituoso por concepção. É ruim por design. Foi adotado por pura imitação do sistema americano, que, como salta aos olhos, também lá não funciona direito. E, para piorar as coisas, o copiamos mal.

O teste da boa árvore.

De tantas causas possíveis, como saber que o nosso problema maior é, de fato, o presidencialismo? Não seria o excesso de partidos? Não seria o voto proporcional? Não seria nossa cultura? 

O presidencialismo é um arranjo de governo que concentra poder demais em uma só pessoa. O Presidente é, ao mesmo tempo, chefe de Estado e Chefe do Executivo, funções que o Parlamentarismo divide exatamente para evitar a tentação de arroubos do tipo “quem manda sou eu”. É frequente, no presidencialismo, a ascensão de políticos “personalistas” que tentam desmontar os arranjos democráticos de forma a acumular mais poderes e continuar no poder. A respeito deles advertia Lorde Acton: “O poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente”.

A Bíblia, ainda que uns tantos questionem sua validade como livro religioso, é reconhecidamente um compêndio do conhecimento humano milenar. Em Mateus 12:33 se encontra uma destas pérolas do saber universal: pelo fruto se conhece a árvore. (Segundo o texto bíblico: “Ou fazei a árvore boa, e o seu fruto será bom; ou fazei a árvore má, e o seu fruto será mau; porque pelo fruto se conhece a árvore.”) Ora, basta olharmos para a tristemente conturbada história do presidencialismo brasileiro para concluir que estamos diante do pior tipo de árvore existente no rol das democracias. 

A verdade é que o presidencialismo à brasileira é um queijo…Suíço!. Tem buracos e brechas de todos os tamanhos e tipos. O dito “presidencialismo de coalisão” outra coisa não é que um “presidencialismo de corrupção”, um “presidencialismo de rapina”. Um bando de bucaneiros da política que se mancomunam para negociar seu apoio e assumir cargos onde possam “meter a mão”. Nada explica melhor este propósito de fazer tudo como arremedo que a célebre afirmação do Delúbio Soares, o ex-presidiário que chefiou as finanças petistas de 2000 a 2005. O finório, respondendo aos que queriam que publicasse na internet a demonstração financeira do partido, disse: “transparência assim é burrice”. Pois é na mesma linha que os corruptos fogem de um sistema democrático transparente, imunizado contra a corrupção:  “DEMOCRACIA ASSIM É BURRICE”!

E, claro, um sistema tão vulnerável aos assaltos dos “pais da pátria” tende a viver em um clima de divisão de botim permanente. Tanto que, no Brasil do século passado, este rocambole institucional nos trouxe 22 grandes crises e rupturas, entre golpes, revoltas, revoluções, movimentos militares, impeachment e congêneres. E foram sete constituições diferentes. Neste século XXI, que até começou auspicioso, com o primeiro governo Lula seguindo as pegadas do governo de FHC, a obtusa ambição petista de perpetuar-se no poder logo descambou para a corrupção mais desenfreada. Produziu Dilma e seu impeachment, desencadeou a Lava Jato, levou a uma crise permanente durante o Governo de Michel Temer, promoveu a inédita “eleição por facada” de Bolsonaro e agora nos condena a viver uma cruel multipandemia que mistura coronoavirus, economia e segurança. Tudo em frangalhos. 

E como desgraça pouca é bobagem, o atual presidente Bolsonaro tem o perfil do tipo político mais nefasto para assumir a presidência no presidencialismo.

O General Douglas MacArthur, o comandante americano que venceu o Japão na II Grande Guerra  e depois supervisionou a ocupação do país de 1945 a 1951, promovendo sua reconstrução e o conduzindo para uma espetacular expansão econômica, política e social, revelou, de certa feita, que o segredo de seu sucesso é que adotava o método de Sun Tsu para avaliar seus oficiais.  Segundo explicou, cada novo oficial que vinha servir em suas tropas era pessoalmente entrevistado por ele. Na entrevista, ele classificava o oficial em uma de quatro categorias: Categoria 1 – Inteligente e ativo; Categoria 2 –  Inteligente e preguiçoso; Categoria 3 – Burro e preguiçoso; Categoria 4 – Burro e ativo.

Segundo MacArthur, a primeira categoria é a dos que ganham a guerra. Devem ser colocados nas posições chave e onde se dá a ação. Infelizmente, são poucos. A segunda categoria não serve para o front. São lentos e elucubrados demais para comandar tropas.  Mas podem ser utilizados na inteligência ou no estado maior. A terceira categoria, a dos burros preguiçosos, é a mais numerosa. Agem burocraticamente, evitam riscos e preferem o conforto à ação. O melhor é colocá-los em posições de retaguarda ou em posições de baixo risco. Vão criar problemas, mas, sendo preguiçosos, farão poucos estragos. Todavia, segundo MacArthur, o perigo está no quarto grupo, o dos burros ativos. Destes ele tratava de se livrar na primeira oportunidade. O grande general, como seu mestre Sun Tsu, tinha pavor dos burros ativos. Estes, além de néscios, são incontroláveis, atropelam tudo e todos, sempre se acham com razão e se acreditam mais espertos que os outros. E sendo descombulados e hiperativos, produzem burradas em série, espalham o caos e destroem, por dentro, qualquer exército.

Pois, pode haver melhor descrição de atual ocupante do Planalto?

Pode-se argumentar que a Lava-Jato mostrou que existem caminhos para o combate à corrupção no Presidencialismo. Mas os fatos mostram que episódios heróicos não sobrevivem por muito tempo. Deve ter sido por compreender que, sem transformar o combate à corrupção numa ação sistemática, os políticos corruptos logo encontrariam meios de o impedir, foi que o Juiz Sérgio Moro, patrioticamente, decidiu abrir mão de 22 anos de magistratura e aceitar o Ministério da Justiça. Ele sabia, melhor que ninguém, que o milagre da Lava-Jato só vingou pelo destemor dele e de uma plêiade de heróis, como o do Procurador da República, Deltan Dallagnol, e de um núcleo de outros heróis – quase todos de uma nova geração e sem compromissos com as oligarquias. Moro haverá de ter percebido que ele e a Lava-Jato foram favorecidos por atuaram em um ecossistema jurídico, social e político que corre por fora dos tradicionais centros da corrupção. O Sul teve suas instituições menos contaminadas pelo patrimonialismo e pela predação de Estado do que as do Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e das capitais nordestinas, centros mais antigos e onde a corrupção é endêmica. Uma nova Lava Jato, contudo, dificilmente voltará a ser possível no atual presidencialismo. O pântano político e o “Centrão” já trataram de interpor os bloqueios e barreiras para impedir outra “ousadia” do tipo no futuro. A título de exemplo, pode-se suspeitar que o tal “juiz de garantia” foi criado precisamente para “garantir” que nunca mais apareça um Moro para atrapalhar os “negócios” dos vendilhões da pátria. 

. O Brasil tem solução?

Pode parecer um exercício de futilidades discutir se o Brasil quer, de fato, encontrar uma solução realista para seus problemas. Mas as mudanças virão, por bem ou por mal. A crise monumental que se avizinha, possivelmente a maior da história do país, vai produzir mudanças disruptivas. Vai ser um período conturbado, mas, no final, a saída será mais democracia. Os vetores que se observam na sociedade indicam que existe uma massa crítica da opinião pública que não vai aceitar retrocessos. Acredito, portanto, que a sociedade brasileira vai exigir um novo modelo de democracia e não este faz-de-conta meia-boca que está aí.

Acredito até que, depois de tanto sofrer, a nação irá se lembra de Rui Barbosa e decida emendar-se: 

“De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

Ora, o chacoalhão que vamos enfrentar vai fazer todo mundo botar a mão na consciência. E, depois, nada levanta mais rápido um traseiro do que fogo embaixo do banquinho. 

Dado que a crise que estamos vivendo é uma “decrisis”, que é como os gregos definiam o tipo de crise que tende a ir piorando, com caos e desorganização crescente, até se dar o colapso do sistema, não vai demorar para o Brasil buscar em profundidade as causas que criam e alimentam a disfuncionalidade do governo da república e se decida a mudar. Tudo indica que o país está mais maduro e preparado para adotar um solução comprovada e baseada em evidências para consertar de uma vez por todas o sistema que o infelicita e empobrece. 

O presidencialismo à brasileira tem sido a casamata dos privilégios. O espaço do “me engana que eu gosto”. Demagogos e malandros se passam por democratas para tomarem o poder e se apoderarem do estado. O atual sistema presidencialista e o voto proporcional foram inventados pelo diabo para facilitar a tarefa de enganar eleitor tonto. Trata-se de uma combinação embusteira concebida para fraudar os objetivos da democracia.

Os velhacos da política aprendem logo a primeira lição da canalhice: “quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é bobo ou não tem arte”. Com coronavirus, ou sem coronavirus, o negócio desta ralé moral é meter a mão. Se é dinheiro para comprar respiradores ou ajudar os pobres, não faz diferença. O que interessa é enricar. Desviar a grana. É a lei do pirão: “Se a farinha é pouca, meu pirão primeiro”. Foi esta lei que inspirou os “direitos adquiridos” contra o povo! Os tais “imexíveis” “direitos adquiridos” são sempre contra o povo. Em sua maioria são, na verdade, “abusos adquiridos”. E, de tanto esfolar o povo, precisam acabar.

Agora, tirar os tais “direitos adquiridos” da privilegiatura não será um processo indolor. 

Fernão de Lara Mesquita escreve que “Não ha inocentes na tragédia brasileira. O Sistema não muda porque ninguém está pleiteando que mude. Ninguém admite perder nada. A divergência que essa polarização burra traduz circunscreve-se à disputa pelo comando da coisa. Não é o Brasil que está em discussão. O Brasil é só o prêmio dessa disputa.”

Em outro trecho Fernão de Lara Mesquita diz que “Não haverá arrumação fiscal sem o fim desse regime de escravização de 99,5% do país aos “direitos adquiridos” dos 0,5% da privilegiatura. (Aliás, em minha opinião, devíamos fazer uma emenda à Constituição que dissesse simplesmente: “Não existem direitos adquiridos contra o povo” e “Revogam-se as disposições em contrário”.)

. Democracia Baseada em Evidência – O método para buscar uma Democracia de Qualidade.

Segundo Einstein, “Insanidade é fazer sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes.” Portanto, o primeiro pressuposto para obtermos melhores resultados é mudarmos nosso modo de fazer política e eleger nossos governantes.

Somos o país da jabuticaba, do besteirol, do carnaval e do presidencialismo de corrupção. Aos poucos o país vai entendo que Sérgio Porto tinha razão quando dizia: “Ou nos locupletamos todos ou implante-se a moralidade”. E, como há de parecer óbvio até ao mais obtuso dos viventes, não dá para toda a nação se locupletar. Para implantar a moralidade, por outro lado, é preciso criar um sistema que mude a lógica do atual sistema e crie mecanismos que empoderem a sociedade. E é motivo de alento observar que nossa sociedade tem mostrado que quer acabar com a corrupção e quer mudanças. Mas para sair da retórica e ir para o fazejamento, a dificuldade está em definir quais mudanças devem ser feitas e como gerar um consenso sobre elas.

Infelizmente nossos políticos, salvo exceções, são carreiristas profissionais. Entram na política não para servir o país, mas para se servir dele. Destes não se pode esperar nada. Falam em “mudança”, mas são adeptos da filosofia de Alphonse Karr: “plus ça change plus c’est la même chose”. Quer dizer, “mais se muda, mais fica a mesma coisa”… 

Se, por um lado, é difícil obter um consenso sobre como formatar um novo modelo de governo, talvez seja menos difícil obter consenso sobre a metodologia para buscar este modelo ideal. E existe uma metodologia consagrada de fazer o certo do jeito certo e prevalente no meio médico: a Medicina Baseada em Evidência. A MBE reúne as melhores evidências científicas e indicadores de bons resultados para orientar o tratamento dos pacientes. A metodologia revolucionou a medicina, empoderou os protocolos e passou a fazer valer as melhores práticas. E esta técnica de reunir as melhores evidencias também pode ser aplicada na área política. Para começar, poderíamos abrir a discussão elencando o que não funciona a contento no Brasil e comparar com os métodos e resultados obtidos nos diferentes países e nos diversos sistemas de governo dos países avançados. O método permitiria considerar os prós e os contras de cada alternativa, o que melhor se ajusta à nossa cultura e aí definir a mudança e gerar um consenso. Obviamente, no final do processo, será preciso escrever uma nova Constituição. Chamar uma nova Constituinte capaz de usar os meios modernos de participação da sociedade para elaborar uma nova Carta Magna. Uma constituição pensada para o Brasil do Mundo 4.0 e que seja, de fato, debatida por toda a sociedade e não apenas por um grupo de políticos da velha política, interessados, sobretudo, em promover os interesses da privilegiatura e seus inconfessados interesses político-eleitorais.

Acredito que a maioria dos brasileiros está cansada de tanta bandalheira e tanto atraso. E, diante de um chamamento para repensar a desorganização crônica do país, concordaria em debater a mudanças de seu governo segundo as regras da Democracia Baseada em Evidência. E em desenvolver consensualmente um projeto para o país do século XXI.

De minha parte, tenho a opinião de que o debate nos iria encaminhar para um governo parlamentarista com voto distrital e não obrigatório.  

O sistema parlamentarista é o adotado por todos ao países desenvolvidos, com a notória exceção dos Estados Unidos, que compensa o poder do presidente com uma eleição indireta e com uma câmara de deputados eleita a cada dois anos por voto distrital. Vale ressaltar que, mesmo assim, o presidencialismo de lá é sempre fonte de problemas e questionamentos. Quanto ao presidencialismo, este é sistema majoritário no mundo do atraso. Prevalece na América Latina e tem forte presença na África, o que já deve levar à reflexão. 

O segredo do sucesso dos governos parlamentaristas está na virtude intrínseca do sistema que é equilibrado por um mecanismo de pesos e contrapesos bem mais sofisticado do que o nosso, que funciona sempre no limite, na base da confrontação permanente . Em um parlamentarismo bem ajustado, este mecanismo funciona promovendo a “síntesis”, ou a “crise boa” dos gregos, agindo preventivamente e acomodando situações antes que se tornem contenciosos. Por esta via de “parlamentarisar” as disputas, que são decididas no voto, o sistema de freios e contrapesos abrange todas as instâncias. A começar pelo centro de comando do país, que divide o poder em duas funções: a Chefia do Estado e a Chefia de Governo.

No parlamentarismo, o Chefe de Estado não se envolve diretamente no dia a dia da administração do país, tarefa que cabe ao Chefe de Governo, o Chanceler ou Primeiro Ministro. 

Um aspecto interessante é que, por ser um sistema versátil, os poderes do Chefe de Estado variam de país para país. Em monarquias, como nos países nórdicos, na Holanda, na Bélgica, no Reino Unido, ou no Japão, onde o monarca é Chefe de Estado, este tende a ter funções mais simbólicas, mas, na maioria dos regimes parlamentaristas, o Chefe de Estado concentra algumas funções legislativas, como assinar, ratificar e até vetar leis e projetos vindos do congresso, dissolver o legislativo e demitir Chefes de Governo. Além disso, ele é o comandante máximo das forças armadas, dispensando um Ministro da Defesa, como no Brasil. 

A administração do dia-a-dia do país, porém, é da alçada do Chefe de Governo, a quem cabe tomar as decisões e prestar contas aos representantes do povo, eleitos pelos distritos. 

Todavia, para o sistema parlamentarista funcionar à contento é preciso que os parlamentares tenham condições de contribuir para a administração do país e não apenas fazerem pronunciamentos perfunctórios e votarem iniciativas do executivo. Portanto, o parlamentarismo requer um perfil diferente de representantes do povo.  

O voto distrital cria um elo de confiança e um comprometimento claro entre cada representante e seus representados. Os candidatos disputam o voto majoritário em seu distrito. Cada distrito elege um só deputado. E os eleitores daquele distrito podem vigiar e cobrar o seu representante o tempo todo. Esta proximidade do eleitor com seu representante promove a depuração do parlamento. Maus deputados não são eleitos ou são afastados. Veja-se o exemplo do voto distrital nos Estados Unidos. Mesmo em um regime presidencialista, o voto distrital faz uma enorme diferença. Os eleitores de cada distrito tem encontros periódicos, com seus respectivos deputados. Nos encontros, realizados em espaços como prefeituras, salões ou escolas, os eleitores ouvem o que seu representante tem a dizer, discutem suas posições, suas posturas e votos no parlamento. Caso ele insista em se comportar de forma inadequada, os eleitores podem fazer o chamado “recall”. Por meio de um abaixo-assinado que atenda determinados requisitos, os eleitores do distrito podem convocar uma nova eleição distrital. A qualquer tempo. Os eleitores locais poderão, então, decidir por maioria, se mantem ou elegem um novo representante. 

Para assegurar que o voto de cada cidadão tenha igual peso eleitoral na formação do parlamento, os distritos eleitorais são divididos por áreas com um número semelhante de habitantes. Isto acaba com o arremedo de democracia que hoje faz um cidadão paulista valer apenas 1/11 avos de um eleitor de Rondônia. (Pelo atual arranjo eleitoral, um eleitor de Rondônia vale por 11,3 vezes mais do que um eleitor paulista, o que é um absurdo.)

Mas, enfim, a resposta é que sim, o Brasil tem solução. Contudo, resta saber quando o Brasil vai abandonar sua histórica mediocridade política e passar a se comportar como um país adulto e responsável.

O que é certo é que logo o Brasil vai ter que fazer mudanças em escala nunca vista. Querendo ou não. Com a monumental crise econômica que se avizinha e sob um presidente despreparado, destrambelhado e boquirroto, um autêntico “burro-ativo” na definição de MacArthur, as mudanças virão por bem ou por mal. O colapso das atividades econômicas, os 20 milhões de desempregados, a pior recessão dos últimos cem anos, são desafios que requerem uma nova postura diante da realidade. O Brasil sairá desta, mas em novas bases. O Brasil velho morreu. E o futuro do Brasil será decidido por uma nova geração, mais bem informada e preparada e pela atitude de seu povo frente aos desafios que logo engolfarão a nação.

A Democracia por Evidência para fazer um Brasil decente. 

Finalmente, para encerrar, penso que chegou o momento de o Brasil abandonar essa mania de querer reinventar a roda. O melhor que podemos fazer é adotarmos as melhores práticas políticas do mundo. Com critério e bom senso. Doa a quem doer. Reconstruirmos nossas instituições com equilíbrio e equidade. Criarmos anticorpos institucionais para acabar com a malandragem rampante que tira dos pobres para dar aos ricos. Um país que valorize a meritocracia, em que os méritos valham mais que o nepotismo e os compromissos partidários. E acreditar que vale a pena. Afinal, temos boas razões para fazermos do Brasil uma nação mais decente e melhor. Afinal, vivemos aqui.

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O Brasil sem susto

Um símbolo para o Alckmin inspirado no encanto da "pá e a rosa" do Brig. Faria Lima.
Um símbolo para o Alckmin, inspirado no encantamento da “pá e a rosa” do Brig. Faria Lima.

Para o bem ou para o mal, daqui a poucos meses vamos definir o Brasil que queremos. Aliás, o Brasil que teremos. E são duas as alternativas: um Brasil com juízo ou sem juízo. Um Brasil com sustos ou sem sustos.

De minha parte, depois de sofrer em meio ao maior festival de corrupção da história humana, depois do vendaval de aberrações reveladas pela  Lava-Jato, depois da escabrosa desfaçatez da JBS, da obscena transformação do BNDES no banco financiador da corrupção internacional e de outras tantas perversões, depravações e decepções, prefiro um Brasil sem aventuras. Um país com o juízo no lugar. Sem sustos. E isto significa escolher o mais sensato, provado e preparado entre os candidatos.

E, no meu entendimento, os nomes são os que estão na mesa. Dado que as regras vigorantes impedem que surja um candidato vindo do nada, vamos ter mesmo que escolher entre os candidatos que estão postos. E entre eles, Alckmin pode não ser o mais celebrado ou o mais carismático, mas é a escolha do bom senso.

Agora, aqui entre nós, o eventual candidato Alckmin precisa fazer sua parte. Tenho acompanhado sua presença no Twitter. Eu e mais um escasso punhado de seguidores. O conteúdo é substancial. Alckmin é um realizador. Seu trabalho é, de longe, o mais produtivo e articulado entre os governadores. Mas a abordagem de sua mensagem é ineficaz e insossa. Seu mote “Preparado para o Brasil” é ruim de doer. Vindo de um paulista, soa arrogante e gera ressentimentos em muitos estados. Falo como profissional de marketing que conhece o assunto. Alguém precisa dizer ao governador que ele precisa inverter a polaridade de sua mensagem. Não adiante ele estar “preparado para o Brasil”. A questão é: o Brasil está preparado para ele?

E para não ficar na divagação estéril, acho que duas coisas precisam melhorar no atual posicionamento “utilitário” de sua mensagem: (1) faz falta em sua mensagem uma visão que encante – um “projeto” para o Brasil – que transcenda o valioso trabalho de “zeladoria”, que é de qualidade inquestionável, mas não empolga, e (2) falta em sua mensagem um toque humano. O governador Alckmin precisa de uma “marca” que gere empatia e simbolize seu lado humano, hoje muito apagado para ser notado. Afinal, não temos como fugir da semiótica: se não é “percebido”, não existe.

Neste sentido, lembro que o Brigadeiro Faria Lima, um realizador do calibre do governador Alckmin e, como ele, um “fazedor” que também precisava “humanizar” sua imagem pública, adotou como símbolos a “pá e a rosa” e fez com eles uma marca que o ajudou a se tornar imensamente popular e querido da população paulistana.

A  “pá de pedreiro” representava a obra de transformação urbana que o prefeito realizava na cidade; a “rosa” representava o eixo de humanidade que lhe servia como fonte de inspiração permanente, um “leitmotif” que marcava toda a sua obra.

Trazendo estes símbolos para a atualidade, sugiro uma marca que mostre o Brasil na tecnologia digital e resgate a rosa do brigadeiro Faria Lima como símbolo de humanidade. A obra que o Brasil precisa é sua modernização tecnológica. A inclusão do Brasil na era da Inteligência Artificial e a preparação dos brasileiros para a quarta revolução industrial. Todo brasileiro que tem um celular sabe que o futuro está na tecnologia. E sabe que precisa ganhar oportunidades de melhorar de vida no novo mundo da Inteligência Digital (ID) que vem aí. Então, a rosa seria o símbolo deste futuro que todos sonhariam juntos. Sonho de uma revolução tecnológica que mudaria o Brasil, liderada por um presidente competente, um médico com visão humana e preparado para melhorar a vida e o destino do Brasil e de sua gente.


Ceska – o digitaleiro

A Cabala para desvendar o Brasil

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Eureka! Eureka! O Brasil tem solução: é só implantar a moralidade. (Só que vai ter que ser na marra!)

Eureka!, Eureka!, gritava um desvairado Arquimedes correndo nu pelas ruas de Siracusa, na antiga Grécia. O grande matemático tinha acabado de descobrir porque os barcos flutuam sobre a água. E, ao se dar conta do fenômeno que depois se transformou no “Princípio de Arquimedes”, instantaneamente entendeu que aquela revelação transformaria o mundo. Por isto, tomado por uma alegria delirante, não se conteve: pulou da banheira e saiu proclamando a notícia do jeito que estava.

Três milênios depois, cá no Brasil, vemos nosso país navegando às tontas e correndo o risco de ir a pique. Este nosso país, tão lindo e cheio de potencialidades, infelizmente continua cheio de cretinices e boçalidades e se recusa à racionalidade com a teimosia de um jumento empacado.

A luta do país para sair do enrosco é a velha luta do bem contra o mal. Do Brasil velho e curvado de vícios, que ainda se comporta como colônia, contra o país vibrante e moderno da tecnologia e do agronegócio, o Brasil 4.0, que vem aflorando e vai acabar por se impor.

Por felicidade, em 2018 teremos eleições gerais. O país vai poder se repensar. E, quem sabe, reavaliar seus erros e acertos e adotar um novo modelo de política. Oxalá, por meio do voto, possamos nos valer de nosso momento de “Eureka”, um lampejo de clarividência que nos foi legado por Sérgio Porto, o imortal Stanislaw Ponte Preta, quando formulou seu enunciado de como evitar que o Brasil afunde. Seu enunciado é tão óbvio que ulula: “ou nos locupletamos todos ou implante-se a moralidade”. Traduzindo: ou afundamos no mar de lama ou adotamos regras de comportamento civilizado em nossa sociedade.

O que Sérgio Porto diz é que não dá para todos os milhões de brasileiros se locupletarem ao mesmo tempo. Simplesmente, não dá. É uma impossibilidade matemática. Então, o único jeito da manter o país flutuando é adotarmos a moralidade. Algo que só conseguiremos fazer se adotarmos uma nova política.

Em um primeiro momento parece difícil. Mas tudo é uma questão de timing. O muro de Berlim não foi “derrubado”. Caiu de maduro quando os alemães orientais decidiram, coletivamente, que não o aceitavam mais. E agora, parece que cansamos do muro de atraso que nos impede de avançar para a modernidade. Estamos fartos da roubalheira desenfreada; estamos fartos desta politica de compadrio, da mistura do público com o privado e da “economia da corrupção”. Cansamos de assistir o rodízio de ladrões que nos assaltam dia e noite. Então a alternativa é botarmos abaixo o anacronismo e adotarmos a civilização. Passarmos a crer na moralidade e abrirmos as portas para a decenciocracia. Para e equidade e para um sistema de pesos e contrapesos para controlar os políticos e o governo.

O sentimento de probidade e retidão deve passar a prevalecer. Não por virtude pela virtude, mas porque um país assentado na malandragem nunca será próspero, nem viável. A cada um segundo sua contribuição, a cada um segundo seu merecimento. A nova ordem dever ser: ninguém mais mete a mão. Ninguém mais fura a fila. É proibido roubar e deixar roubar. E, para cada político corrupto a eleição deve mostrar a porta de saída como serventia da casa, acompanhada da exortação: “Vai trabalhar, vagabundo”.

  • A democracia disruptiva

A democracia à brasileira tem sido a casamata dos privilégios. O espaço do “me engana que eu gosto”. Demagogos e malandros se passam por democratas para se apossarem do estado e tomarem o poder. O sistema presidencialista e o voto proporcional foi inventado pelo diabo para facilitar a tarefa de enganar eleitor tonto. Trata-se de uma combinação embusteira concebida para fraudar os objetivos da democracia.

E, obviamente, como diz a sabedoria popular, “quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é bobo ou não tem arte”. Os donos do poder fazem as leis para favorecerem a eles mesmos. É o caso da lei do pirão: “Se a farinha é pouca, meu pirão primeiro”. Foi esta lei que inspirou os “direitos adquiridos” contra o povo! Os “Direitos adquiridos” são contra o povo. Em sua maioria são, na verdade, “abusos adquiridos”. E precisam que acabar.

E enquanto não se resolve a revogação destes famigerados “direitos adquiridos” em causa própria, e não se expurga a respectiva “cláusula pétrea” (a pedra?) do meio do caminho, que ao menos se decida que os privilégios devem ser pagos por último. O direito a hospitais, escolas e segurança, deve ter prioridade. O sibilino “direito” à privilégios e mordomias deve vir depois.

A esta altura seria bom perguntar: você quer mesmo sobreviver no Brasil? Sério? Então tá, e parabéns por sua coragem, mas saiba que o Brasil não é para amadores. E, para escapar incólume nesta aventura um tanto quanto insana, é bom ter em mente que o Brasil é desafiador e inóspito. Especialmente para os incautos e desavisados.

Ademais, sem subestimar o distinto público – e tirando uma suculenta nata de marajás e privilegiados que vivem as delícias das tetas do governo, – a verdade é que mesmo os iniciados se enroscam em grandes dificuldades para sobreviver no Brasil contemporâneo.

Contudo, os ventos estão mudando. E se você quer ampliar suas chances de dar a volta por cima aqui mesmo, vale a pena desvendar alguns segredos desta esfinge chamada Brasil. E, para este exercício, vamos visitar algumas práticas da Cabala.

A Cabala, vale esclarecer, não é panaceia. O uso de suas técnicas pode ajudar a entender o Brasil profundo e evitar muitas das ciladas que ficam à espreitam. A Cabala pode ajudar a navegar em meio as brumas e desafios do conturbado presente e incerto futuro. Mas o resultado vai depender da sua disposição para olhar os fatos com isenção, acuidade e equilíbrio.

As técnicas da Cabala que vamos utilizar se constituem em um filtro da realidade. O seu uso sistemático ajuda a entender a dinâmica das forças que se movem no ambiente de nosso entorno e a dar relevo aos vetores que se formam no seu interior. Forças que se entrechocam, se amplificam e se anulam em um embate permanente até se tornarem dominantes e aflorarem como tendências que influenciam ou até determinam o rumo dos acontecimentos. Identificando estas forças e monitorando sua evolução é possível identificar riscos e ameaças, assim como perceber oportunidades, no contexto social, político e econômico. Detectar oportunidades e ameaças precocemente pode contribuir para melhores decisões no presente e mais acerto na antecipação do futuro. Sempre ressalvando, porém, o que dizia Drucker, “Prever o futuro é impossível. Tudo o que podemos fazer é construí-lo”.

Antes de por a mão na massa, uma última admoestação, este agora de Ortega y Gasset: “Eu sou eu e minha circunstância, e se não salvo a ela, não me salvo a mim.” Resulta então que, posto que nossa circunstância se realiza no Brasil, ou o salvamos ou afundamos todos juntos.

De maneira que é nesta tarefa de desvendar os enigmas do Brasil profundo e penetrar nas entrelinhas de nosso futuro que as técnicas da Cabala vem a calhar. Reitero que a Cabala não substitui uma bola de cristal, nem eu sou o Mago Merlin, mas não custa a gente tentar dar uma espiada nos desvãos do presente e nos pendores do futuro, não é mesmo?.

A cabala, o que é?

Para começar pelo início, a Cabala é uma escola de pensamento esotérico criada na idade média por judeus e formada a partir de uma raiz mística, de conotação religiosa, e que compreende um lado, digamos, telúrico, eminentemente prático e objetivo, com a missão de prestar atenção no entorno social, político e econômico visando a sobrevivência da comunidade. De fato, alguns estudiosos até sugerem que a Cabala religiosa teria sido concebida mais para servir de cobertura ao trabalho dos iniciados que se reuniam para investigar e discutir os riscos a que a comunidade judaica estava exposta naqueles tempos perigosos do que como uma escola de pensamento esotérico alternativo.

De toda forma, o que vamos aplicar em nosso exercício de análise da realidade brasileira é a metodologia que busca desvendar os segredos da realidade.

No processo para entender a realidade circundante a cabala se vale da análise da realidade em quatro diferentes dimensões. Em geral vemos a realidade como um todo, mas assim como um organismo parece único, mas é formado por camadas, órgãos internos e sistemas ocultos, o conjunto da realidade aparente reúne um infinidade de componentes que interagem entre si. Cada uma delas possui características próprias e cabe ao interessado focar cada uma das dimensões de maneira a captar aspectos, detalhes e nuances que irão se revelando ao olhar atento e acabarão por formar um mosaico revelador do conteúdo de cada uma delas. Será a combinação dos diversos quadros que abrirá frestas na realidade aparente, deixando entrever movimentos, sinais e alertas relevantes. A leitura do cenário que resultar desta análise é que irá permitir desvendar o contexto, ensejando compreender o que se torna aparente com suas causas e motores. Em certo sentido, estas técnicas da Cabala permitem examinar a realidade com lentes de aumento.

As quatro dimensões

As quatro dimensões a serem examinadas, uma de cada vez, são as seguintes:

Primeira dimensão: o “Aparente do Aparente”,

Segunda dimensão: o “Oculto do Aparente”,

Terceira dimensão: o “Aparente do Oculto”

Quarta dimensão: o “Oculto do Oculto”.

  • O Aparente do Aparente.

A primeira dimensão, o Aparente do Aparente, vem a ser realidade visível, o mundo aparente, a coisas que estão à nossa volta e compõe a realidade de nossa vida cotidiana. Nesta etapa o escopo da análise é observar e analisar a composição da realidade em que estamos imersos, ou seja, a realidade material, visível, palpável. Aquela realidade material que percebemos por meio de nossos cinco sentidos. Portanto o somatório de tudo o que é visível e perceptível, incluindo os objetos, as pessoas e suas circunstâncias, os elementos e fenômenos naturais, os eventos e seu encadeamento, as instituições, a cultura, o ordenamento social, as causas e seus efeitos, enfim, tudo o que vemos, tocamos, ouvimos e sentimos diretamente.

  • O Oculto do Aparente.

Como se sabe, as “aparências enganam.” Como sugere a definição, existem muitos  elementos que estão aparentes mas passam desapercebidos. Figuram no cenário, ambiente ou contexto, estão diante de nossos olhos, de nossos sentidos, mas estão dissimulados, estão mimetizados. O mimetismo é um tipo de “oculto do aparente”, sendo uma “estratégia” ou um “truque” da natureza para dissimular e enganar a percepção daquilo que não deseja que se destaque no cenário aparente. O mesmo artifício de esconder-se em meio a paisagem vale no contexto social, onde o engodo e a mentira são parte do processo de disfarçar intenções e encobrir a verdade. Em certas circunstâncias, o disfarce é uma defesa, em outras uma cilada, um golpe, um logro. Formam entre esses elementos interesses, situações, eventos, coisas fora do normal, que intencionalmente ou não,  se escondem no panorama. O exame do Oculto do Aparente é mais eficaz se  incluir os “ciclos” da natureza, a exemplo da idade, as estações, a maturação e demais fatores que são causa e efeito da vida. Especialmente os atrelados ao um grande processo vital que submete a todos, ou seja, o nascimento, vida e morte.

O jogos de sete erros em ilustrações e o popular “Onde está Wally” são exemplos do Oculto do Aparente, assim como o são as “entrelinhas” de muitos contratos e acordos. Assim como os efeitos perversos de muitas políticas ditas “sociais” e vendidas como “humanitárias”.

No Oculto do Aparente podem se esconder grandes perigos, sendo os mais perigosos precisamente aqueles que se passam por coisas desejáveis.

  • O Aparente do Oculto

A terceira dimensão  – o Aparente do Oculto – engloba tudo o que se encontra oculto, mas pode ser encontrado por uma pista, indício ou sinal que fica aparente. Muitos atributos, qualidades e fenômenos que existem no plano real podem ficar ocultos e não ser percebidos a menos que se observe um sinal ou evidência perceptível. A parte visível de um iceberg é aparente, mas a parte oculta, a parte submersa, é muito maior e mais perigosa, fato que quem conhece, quem sabe a natureza de um iceberg, sabe que abaixo da linha d’água haverá uma massa muito maior de gelo. Para desvendar a parte oculta de um Aparente do Oculto é preciso dispor de conhecimentos sobre a sua natureza e saber decifrar seus sinais. Reconhecendo sinais ou evidências é possível desvendar muito do que se esconde longe dos olhos. Um outro exemplo simples, mas ilustrativo, seria a forma de decodificar o atributo “gelado” de uma dada garrafa de água. Vendo-a pela janela de um freezer não dá para saber se está gelada o não. Mas, caso estiver gelada, este atributo logo vai se revelar se for retirada da geladeira. Ao ser colocada na temperatura ambiente uma camada de condensação irá se formar em sua volta, denunciando sua condição gelada.

  • O Oculto do Oculto

A quarta dimensão, o universo do Oculto do Oculto, reúne o contexto do invisível e a imensa massa do que não se pode ver, do que não pode ser percebido de forma direta ou por meio de sinais aparentes, mas que, ainda assim, exerce influência sobre a realidade. Por exemplo, a força da gravidade não é fenômeno visível, mas o efeito de sua presença é universalmente notado. O fato do universo do Oculto do Oculto não estar aparente não quer dizer que seja pequeno ou insignificante. Ou, ainda, que tenha pouca influência. Muito pelo contrário.

Se tomarmos como referência o sempre fascinante fenômeno da simetria da Natureza, então podemos considerar que a extensão do Oculto do Oculto representa mais de 90% de todo o conjunto de qualquer realidade que estudarmos. No caso do Universo, a parte oculta representa 95% de toda a matéria existente no cosmo. A “energia escura” representa 74%, enquanto a “matéria escura”, representa 21%. De modo que o somatório de todo o universo visível, todas as galáxias e constelações existentes, perfazem não mais de 5%.

Bem, podemos agora fazer um giro pelas quatro dimensões da Cabala para desvendar o Brasil.

O ideal seria que pensássemos em conjunto, buscássemos eixos de análise e chegássemos a conclusões compartilhadas, mas como este artigo é obra pessoal, vou apresentar o meu ponto de vista, mas sinta-se convidado a concordar, discordar e a apontar sua visão pessoal.

  • Fase 1 – Análise do Aparente do Aparente

O cenário do Aparente do Aparente no Brasil é desolador.

O Brasil continua atordoado. Continua perdido. Tentando levar a crise com a barriga. Não tem um projeto nacional. Não tem uma visão de futuro. Não formou um consenso sobre o que é disfuncional ou está errado e, assim, não compartilha de um programa sobre o que precisa ser mudado, ou que reformas devem ter prioridade. O mundo político brasileiro é de uma mediocridade acachapante. Desalentadora. Poucos políticos se dispõe a enfrentar os problemas reais e a maioria, os cabeças de bagre, acham que os problemas se resolverão sozinhos. A reforma da previdência é um caso de chorar na sarjeta. Como pode o país aceitar que os trabalhadores rurais precisem esperar os 70 anos para s aposentar com um salário mínimo enquanto muitos marajás se aposentam aos 50 anos de idade, ganhando salários integrais de 30, 40 ou 50 mil reis mensais, vezes 13?!!! Aliás, outra “esperteza” bem tupiniquim é publicar o salário nominal mensal e esconder o seu verdadeiro montante, sem incluir os benefícios, 13º salário, etc. e etc. Nos Estados Unidos se divulga sempre o valor anual dos ganhos, devidamente totalizados.

Um país que aceita esta desigualdade não tem um eixo moral claro. Vivemos em uma situação bucaneira, um salve-se quem puder, onde cada um pega o que pode. A devassidão, que não nasceu no governo petista, mas foi aperfeiçoada por ele, nos levou para a maior crise de nossa história. Entramos em um atoleiro onde ainda permanecemos. Momentaneamente existe um certo alívio e uma sensação de que teríamos chegado ao fundo do poço. O país até dá alguns sinais de lenta recuperação. Mas é um sentimento ilusório. Sem consertar o problema fiscal, em especial a previdência, a rainha do buraco das contas públicas, não vai demorar para voltarmos à queda livre, posto que o problema fiscal continua a puxar o país para o despenhadeiro. O lado dos números são eloquentes. A meta para o déficit primário do governo para 2017, bem como para 2018, é de R$ 159 bilhões. O desemprego tem 12 milhões de desempregados, 5,1 milhões de empresas estão inadimplentes (das 7 milhões existentes), o país registrou em 2016 61.619 mortes violentas, o maior número de homicídios da história. A piora do Brasil foi dramática nos últimos três anos. Em 2016, 24,8 milhões de brasileiros viviam na miséria, espantosos 53% a mais que em 2014, segundo revela o IBGE. Após o início da crise econômica, 8,6 milhões de brasileiros adicionais passaram a viver com menos de um quarto do salário mínimo por mês. A população com renda de até meio salário mínimo chegou a 36,6 milhões de pessoas. É muito sofrimento e miséria para um país com o potencial do nosso. E tudo por burrice pura, por teimosia e desvios inescrupulosos criminosos. E por insistirmos em requentar falsas soluções que jazem no cemitério dos fracassos comprovados.

Contudo, para uma análise equilibrada, em meio ao desastre que nos assola, o país mostra que tem um lado positivo: a inflação caiu a 3% ao ano; a balança comercial tem tido superávits significativos; também nossas reservas são altas. E, o mais importante, temos áreas de excelência. Um agronegócio robusto e crescente. Muitas de nossas empresas industriais mostram que somos capazes de engenho e arte. Algumas se mostram altamente competitivas no mercado internacional, a exemplo da Embraer, Tramontina, Fanem, Weg e outras.

O Governo Temer?

A questão do Governo – Tudo indica que o Presidente Temer vai terminar seu mandato, ainda que com algumas turbulências. Existe disposição dos brasileiros de aguentar este governo porque ele acaba em um ano e não está piorando as coisas. Ao contrário, mostra coragem em promover algumas reformas indispensáveis. Seu índice de aprovação dificilmente vai passar do 10 ou 15%, mas para um país que sobreviveu a Lula e Dilma, o presidente Temer é um alívio.

O Congresso?

A Câmara dos Deputados – A câmara ainda não decidiu se vai tomar vergonha. O projeto da reforma de previdência ficou para 2018. Ano de eleição. O presidente da Câmara, Rodrigo Maia está surpreendendo pelo bom senso e equilíbrio. Poderia ter se aproveitado das denuncias de Janot para tentar sentar na cadeira presidencial. Tinha chances e bons pretextos, mas sofreou seus instintos políticos. Agiu com espírito público, pensando no país. Vai sair da crise como uma nova liderança confiável e consolidada. Tem grande futuro.

O Senado – Sem o carbonário Renan Calheiros, que perdeu de vez a confiança do país naquela manobra medonha para salvar a elegibilidade de Dilma na sua cassação e não tem mais cacife para criar problemas, parece que vai dar guarida para as reformas necessárias. Nada espetacular, mas um mínimo de sobrevivência.

O Judiciário?

O Judiciário – O Juiz Moro é a grande figura do judiciário. Mas não esta só. A decisão de marcar o julgamento do recurso apresentado por Luiz Inácio Lula da Silva no processo do tríplex em Guarujá para 24 de janeiro de 2018, dá ao Tribunal Regional da 4ª Região (TRF4), em Porto Alegre um relevo especial e indica que a justiça compreendeu que o Brasil não pode mais ficar paralisado no aguardo de decisões que vão definir seu futuro. O STF, por seu turno, tirando um ou outro indigitado que eructa mofo no dia a dia, vem dando para o gasto. E no STF muito do mérito cabe à sólida presidência da Ministra Carmen Lúcia.

A Polícia Federal e o Ministério Público Federal tem, igualmente, contribuído para que o país ainda se mantenha confiante nas instituições. Vivem disputando poder, mas se o  usarem para o bem do país, menos mal.

A sociedade empoderada: O fato novo de 2017 é que a sociedade percebeu que pode se mobilizar e ir para a rua para pressionar pelas mudanças necessárias. Se o governo “pisar no tomate” ou sair dos trilhos, a sociedade da internet não precisa mais do que 24 horas para bater panelas ou encher as ruas e encurralar o governo. É possível prever que vamos ter muitos panelaços e manifestações em 2018. A sociedade já deixou claro que não tem vocação para ser bom cabrito.

Por tudo isto, o sentimento dominante na sociedade é o de moderada expectativa para 2018. Um sentimento que pode não resistir se o congresso aprontar trapalhadas na questão da reforma da previdência em fevereiro de 2018. Um fracasso na reforma fará a economia desandar e uma nova onda de desanimo poderá ter consequências desastrosas.

  • Fase 2 – O Oculto do Aparente

O que está claro é que vamos ter um monte de candidatos a presidente em 2018. Passado o Carnaval vão surgir as candidaturas. Em janeiro se saberá se Lula estará concorrendo. Duvido. A data escolhida para o julgamento, dez dias antes do “tríduo de Momo”, já indica como foi bem arquitetada a operação “Saca Lula”. Nota 10, com louvor, para os Juízes da 4ª Região (TRF4).

Vetores do atraso:

Dado que, no Brasil, a diferença entre esquerda e direita tem sido sempre a maneira de roubar, com a esquerda ganhando disparado nos quesitos mistificação e volume roubado, o povo se vê indefeso. Prefere a democracia direta. Gosta de votar, mas hoje reconhece que o governo que menos roubou foi o militar. Aliás, o governo militar foi combatido pelos mal intencionados precisamente por não deixar roubar. Felizmente o país tem mostrado maturidade para perseguir opções democráticas e não precisa recorrer aos militares.

A velha política, travestida de esquerda e direita, ainda vai tentar voltar em 2018. Não sei se notaram, mas pela esquerda, o lado que promete que o estado vai ser o provedor de tudo grátis, Lula, o ogro dos cafundós, está em campanha. É irregular, mas e daí? O Ogro tem feito o circuito dos grotões vociferando com a mais esganiçada eloquência que sua voz espectral ainda consegue. Mas tudo o que vem mostrando é que virou gagá. Está velho demais para liderar no grito. O tempo em que ganhava no gogó se foi. Aliás, líderes que se apoiam no intelecto, como FHC são mais longevos. Lula, ao contrário, sempre foi um líder do tipo “vamo que vamo”. Hoje, parece um arremedo, um cartum do que era. Sua liderança agora é do tipo “vão indo que eu já vou”. Falta a ele o tônus vital. É patético vê-lo como caricatura de si mesmo, escalafobético, tentando empinar um carisma que não lhe pertence mais. Que não passa de um resquício da que teve um dia. É verdade, o candidato ainda rosna e tenta gesticular no estilo “Eliscóptero”, mas seu balanço desengonçado está um bagaço. Possivelmente terá ainda votos de seus eleitores vetustos sobreviventes. É triste, mas muitos deles estão morrendo aferrados a uma ilusão que lhes logrou por décadas. As novas gerações, contudo, não se deixarão empolgar por um líder encanecido, que se apresenta trôpego e demagógico, além de pendurado num histórico de corrupção. Isto se for candidato, o que é bem provável que não seja.

Vetores de Modernidade:

Quando Temer indicou Raquel Dodge para o cargo de Procuradora Geral da República ele fez o que estava ao seu alcance para responder ao ímpeto acusatório de Janot, uma figura maquiavélica que era leal ao regime petista e que tentara todos os truques e malvadezas para desestabilizar o governo que sucedera o de sua musa. Acontece que a nova Procuradora, a escolha possível nas circunstâncias, tinha sua própria agenda. E Temer vem descobrindo que está sendo forçado a dançar pela música da nova Procuradora Geral. Dado que o propósito da Procuradora está alinhado com a agenda da parte civilizada da sociedade, a PGR pode ser uma fonte de energia a somar no vetor modernizador da sociedade.

  • Fase 3 – O Aparente do Oculto

Vamos começar pela figura dos “laranjas”. O sítio de Lula em Atibaia, como todo mundo sabe, é do ex-presidente, mas está em nome de dois “laranjas”: Fernando Bittar – filho do amigo de Lula e ex-prefeito petista de Campinas Jacó Bittar – e Jonas Suassuna, ambos sócios de um filho de Lula,

De fato, todo o “laranja” pode ser definido como um “Aparente do Oculto”.

O Brasil tomou gosto pelo oculto nos tempos coloniais. Hoje apreciar o oculto, entender o oculto, se incorporou ao DNA brasileiro. Sobreviveu trezentos anos ocultando tudo o que podia da metrópole. No Brasil colonial nada se podia produzir às claras, nem sabão. Daí, para sobreviver, desenvolveu uma tecnologia insuperável para lidar no campo do oculto. E sabe ocultar melhor do que ninguém. O governo, claro, sabia disto e respondia com a “derrama”, que era um confisco aplicado em Minas Gerais para desovar o ouro oculto e assegurar o teto de cem arrobas anuais na arrecadação do quinto. (Aliás, o “quinto”, como se sabe, era chamado de “quinto dos infernos” pela população e correspondia a um imposto de 20% do ouro encontrado e que devia ser enviado diretamente para a Coroa Portuguesa).

A contrapartida é que nosso sistema jurídico aprendeu a desencavar o oculto. O instituto da “denúncia premiada”, por ironia aprovado no governo da Dilma, tem sido extremamente eficaz neste mister. Fato reconhecido pelo saudoso Ministro Teori Zavascki ao definir o “fenômeno das penosas”: “a gente puxa uma pena e vem uma galinha”.

Agora, o que tem de corrupção “oculta” no Brasil é uma grandeza. Onde quer que se jogue luz, ali se encontra um galinheiro.

  • Fase 4 – O Oculto do Oculto

O Oculto do Oculto é o contexto que não temos como tocar, mas que nos toca sem mesmo sentirmos. Ele é imenso e insidioso e nos cerca como uma atmosfera cujo ar respiramos sem nos darmos conta. No espaço do Oculto do Oculto opera a “flecha do tempo”, a inexorável marcha da vida que obedece à segunda lei da termodinâmica.

O Oculto do Oculto encobre o rio da existência que segue, impávido, sua corrente e, em suas águas, seguem nossos destinos. O Oculto do Oculto nos oferece as circunstâncias e o tempo para nele vivermos buscando superar nossos desafios e aproveitar nossas oportunidades, enquanto o tic-tac de nossos dias vão sendo contados e cada momento desperdiçado se perde na entropia para não voltar mais.

Imenso e insidioso, seu principal conteúdo é constituído de energia invisível e das forças em movimento. Assim como o mundo em que vivemos é constituído por uma natureza que pode ser, a um tempo generosa ou hostil, nos oferece um meio-ambiente feito de solo, água e ar, assim o mundo do Oculto do Oculto é constituído por elementos desta mesma natureza e aos quais se soma a humanidade e os elementos da cultura, valores, crenças e expectativas para formar grupos humanos que compartilham destinos comuns e se desdobram em um ambiente que nos abraça e determina muito das nossas circunstâncias a que aludia Ortega e Gasset.

No caso da atmosfera em que estamos imersos, ela nos permite sobreviver graças ao ar e, especialmente ao oxigênio, enquanto nos protege do vácuo e estabelece o clima em que vivemos, ditados pela umidade, o calor e o frio. Esta atmosfera, entretanto, também pode ser afetada pela poluição e pela pestilência de elementos químicos e biológicos indesejáveis. Similarmente, no espaço humano do Oculto do Oculto, a cultura é o oxigênio. O tempo e a temperatura nos são dados pela civilização, sua moral e ética, seus conhecimentos e tecnologia, enquanto seus poluentes são a bestialidade, a selvageria, o medo, o ódio e a inveja. Na luta sem fim entre o bem e o mal, que nos acompanha desde os primórdios dos tempos, o propósito do mal é, e sempre foi, se dar bem praticando o mal para sobreviver às custas do bem.

Embora o Oculto do Oculto pareça ser predominantemente esotérico, já vimos que muito de seu conteúdo é dado pelos aspectos da materialidade da vida.

Somos seres sociais e não temos como escapar de nossa condição humana. Para Hobbes a existência humana é balizada por dois impulsos fundamentais: o medo da morte violenta e da falta das coisas necessárias para uma vida decente. São estas duas as necessidades que levam ao contrato que cria o estado, posto que o homem entende que é do seu interesse dividir e compartilhar a vida social para chegar ao bem comum, o que implica aceitar regras sociais de convévio e exercer o autocontrole.

Mas uma coisa é aceitar a necessidade do estado para organizar a vida social e outra é aceitar a predisposição de muitos para “tirar vantagem” do estado em proveito de si próprios e dos seus comparsas, segundo o velho adágio bem brasileiro: “para os amigos, tudo; para os outros, a lei”.

Para botar ordem na casa, então, existe o tal “estado de direito”, que seria o império da lei, a que todos estariam submetidos, mas que, segundo o Ministro Gilmar Mendes, se explica por quem manda mais, se o rabo ou o cachorro.

Para interpretar as forças e tendências do Oculto do Oculto num dado momento da sociedade é preciso ter uma visão do inconsciente coletivo e do conjunto dos inconscientes pessoais, representado pelos sentimentos e ideias reprimidas, desenvolvidas durante a vida dos indivíduos. O inconsciente coletivo é um conjunto de arquétipos ou conceitos  primordiais, que cada pessoa herda de seus ancestrais. Por exemplo, o medo de aranhas pode ser transmitido por meio do inconsciente coletivo. Mesmo no primeiro contato o medo de aranhas pode se manifestar de modo irracional, com falta de ar e até desmaio. Felizmente a “aracnofobia “(medo de aranhas), assim como a “catsaridafobia” (medo das baratas), podem ser vencidas com o aprofundamento dos conhecimentos sobre como lidar com elas. Na verdade, a pessoa não tem consciência de porque age de uma ou outra forma, mas herda uma predisposição para reagir ao mundo da maneira como que seus ancestrais reagiam. Este reservatório de ideias e sentimentos primitivos pode ficar adormecido por muito tempo, mas nas circunstâncias certas pode ser despertado e produzir estragos bem significativos, inclusive o preconceito, o fanatismo e o temido “efeito manada”.  Um político sem escrúpulos pode soltar e instrumentalizar estes sentimentos. No Brasil, Getúlio Vargas, o “pai dos pobres”, e Lula, o molusco dos Cafundós, se mostraram os mais hábeis manipuladores destes sentimentos obscuros que solapam a viabilidade de uma boa ordem social.

Colocadas estas preliminares, no mundo atual civilizado, os seres humanos vivem em ambiente social, politico e econômico que passa por grande transformação. Hoje a prosperidade é uma escolha ao nosso alcance. Quem quer que caminhe pala lógica e pelo bom senso pode aspirar satisfazer as suas necessidades e alcançar a realização plena. Como o atendimento destas necessidades não vêm ao homem prontas e acabadas, o psicólogo Abraham Maslow organizou uma hierarquia, a “Pirâmide de Maslow”, para demarcar uma sequência, um ordem, na conquista dessas necessidades do ser humano.

A Pirâmide de Maslow é dividia em cinco níveis de necessidades. Na base estão as necessidades fisiológicas e de sobrevivência, como a respiração, a sede, a fome, o sexo. Um degrau acima está a segurança e a defesa, depois as necessidades sociais, amizades e família. No quarto degrau estão a estima, a autoestima, a confiança e as conquistas. No quinto e ultimo degrau estão a auto-atualização, a criatividade, a autenticidade, a espontaneidade, a expressão artística

Vivemos em uma época em que, graças ao progresso, aos avanços da tecnologia e do conhecimento humano, seria possível a toda a humanidade sobreviver e progredir e, mais do que isto, subir aos mais altos degraus de sua realização pessoal desfrutando de abundância, sem necessidade de praticar o mal, piratear, tirar dos outros ou escravizar alguém; sem matar, nem roubar, enfim – o que é uma situação inédita da história o homem. O que é frustrante é observar que, no Brasil, ainda teimamos em trilhar os caminhos da ignorância, em cultivar valores bárbaros de uma sociedade de predadores. Enquanto os chineses seguem o ensinamento de Deng Xiaping, que diz que “ser rico é glorioso”, nós abominamos os ricos e fazemos a opção pela pobreza. Ora, ser pobre é fácil: basta ser indigente contumaz, basta agir com desprezo pelos conhecimentos da civilização e fazer como se faz em Cuba ou na Venezuela. Ou seja, pensar com pobreza e agir com pobreza faz a gente acabar pobre. Mas nossos “líderes” políticos, com algumas exceções, pouco estão se lixando em mudar o destino dos pobres. Eles não pensam em abrir caminhos que criem riqueza. Muitos tem pavor de que os pobres fiquem ricos e descubram a mediocridade de seus “líderes”, uma cambada de ignorantes de meia tigela, e lhes deem um merecido pontapé nos fundilhos. Como patifes que são, corruptos, bandoleiros e salteadores por alma e vocação, muitos se acumpliciam com o fim de enriquecer por pilhagem. Este o pano de fundo da realidade oculta com que temos de lidar. E por isto, no Brasil, é preciso ficar com os olhos bem abertos. Nesta terra onde canta o sabiá, os tontos estão ferrados e os bobocas vão se “daná”. Aqui a credulidade aleija e a ingenuidade mata. Não temos escolha. Precisamos educar nosso povo e criarmos defesas para nos protegermos dos vendilhões do templo.

Mas, então, estamos condenados a correr atrás do rabo séculos afora? Estamos condenados a esta vida miserável de criminalidade incontrolável, de corrupção sem peias, de mortes por atacado que vemos crescer à nossa volta e a tomar conta das franjas de nossa sociedade?

Não. De modo algum. Se nos unirmos todos, se voltarmos a empunhar nossas panelas, se sairmos em defesa da civilização como saímos para combater o petismo que nos afundou e enchermos as ruas com nossa determinação, venceremos o atraso.

O desafio está em desvendar a esfinge e compreender a natureza e o peso do Oculto do Oculto em nossa sociedade.

  • Precisamos identificar o inimigo para saber contra o que e contra quem lutar.

Talvez seja o caso de dizer como Pago, o personagem dos quadrinhos:  “Encontramos o inimigo e ele é nós”…

Na verdade, o maior dos inimigos que enfrentamos são os que Hobbes identificou: o medo da morte violenta e da falta das coisas necessárias para uma vida digna. Somos uma sociedade acuada pelo medo. E o medo é mau conselheiro. O medo leva ao desespero, leva ao pânico, leva ao salve-se-quem puder. O medo leva à debandada, ao estouro da boiada. E sem um mínimo de ordem, estamos perdidos.

Lula, o grande mistificador, o mestre das trevas e ignorâncias, enganou o país dizendo que a “esperança venceria o medo”. Mentira, não foi a esperança que venceu o medo, foi o embuste. Foi o logro. Foi a enrolação. E por culpa de sua má fé e da arrogância de sua pretensão o Brasil, o Brasil mergulhou na maior tragédia de sua história. A pobreza, que nunca foi debelada, apenas mitigada por esquemas artificiosos e sem sustentação, volta ainda mais cruel. A desesperança volta a apertar os corações de nossa gente. Contudo, os brasileiros não querem abandonar a esperança e nem querem abandonar seus sonhos legítimos. Então cabe a cada brasileiro que tenha percepção de nossa tragédia e de suas causas, ajudar a mostrar que existe um caminho para a prosperidade. O que não existe é um paraíso instantâneo, uma solução mágica. É chegado o momento de fazer escolhas difíceis. De plantar as sementes de futuro, de adubar o solo com trabalho, com denodo e com justiça.

Os milhões que perderam seus empregos, os milhões que se vem abandonados nas filas dos hospitais, que perderam sua dignidade e que caminham pelas sombras da desesperança merecem destino melhor.

E então, que podemos esperar do Oculto do Oculto para 2018?

Considerando os fatos que preparam o cenário político e econômico para 2018 é possível olhar para as energias acumuladas e as frustrações e especular algumas possibilidades.

O cenário político, em especial, pode ter uma previsão sem erro: dificilmente as multidões, especialmente os desempregados e os mais jovens, vão aceitar serem jogadas ao relento. Especialmente depois de terem sentido o sabor das ruas e terem feito valer o peso de sua opinião no impeachment da Dilma.

  • O novo papel da Internet

Na década de 70, no século passado, Marshal McLuhan cunhou uma expressão que adquiriu nova atualidade com a Internet: “O meio é a mensagem”.

Ele queria dizer que a forma de como uma mensagem era transmitida criava uma linguagem própria e gerava uma relação simbiótica que influenciava a maneira como a mensagem é concebida e percebida.

O modo instantâneo como as mídias sociais “aceitam” ou “recusam” uma ideia permitem que as coisas aconteçam de forma também instantânea.

E neste processo de endosso ou recusa de uma ideia, elas acabam funcionando como um filtro do que as pessoas querem. Neste sentido o Vice-Primeiro Ministro de Singapura, Tharman Shanmugaratnam, acredita que as mídias sociais e a Internet estão criando uma “Mão Invisível Social”, com impacto equivalente à “Mão Invisível da Economia” de Adam Smith.

http://www.digitaleiro.com.br/a-saida-digital/a-mao-invisivel-social-do-ministro-tharmam/

Cinco coisas decorrem desta nova mídia:

  1. – O alcance da mensagem, que tem uma amplitude incomparável;
  2. – A velocidade com que impacta os acontecimentos;
  3. – A dispersão dos comunicadores por todo o universo de usuários. Quem quer que queira comunicar algo tem como fazê-lo de forma direta
  4. – O usuário desta mídia aprende a separar a notícia boa do “Fake News”;
  5.  – O custo irrisório desta mídia faz com que esteja ao alcance de milhões de pessoas, permitindo alcançar massa crítica de comunicação rapidamente.

Conclusão: a eleição de 2018 deverá ser uma montanha russa de emoções. Fatos novos deverão surgir e mudar o cenário em curtos intervalos. Mas o grande quadro do “Oculto do Oculto” continuará como um oceano de conteúdo que acabará por fazer prevalecer suas tendências mestras. A volta do pensamento conservador é um fato. Se vai, ou não, empolgar o voto jovem depende da forma como vai ser apresentado. Se vier a bordo de um projeto de país alinhado com a Revolução 4.0, que mostre um caminho de prosperidade com as novas tecnologias, vai ser como um tufão que empolgará a imaginação do país, como aconteceu com o governo de Juscelino, que se tornou invencível com a lançamento da indústria automobilística e de Brasília. E aqui não faço análise de seu valor ou conveniência.

  • E os temas?

Os temas para a eleição de 2018 ainda não foram colocados. Assim, as escolhas ficam na dependência de muitas incógnitas. Especularia com alguns cenários possíveis:

Primeiro: – Lula condenado

A escolha de 24 de janeiro para o julgamento de Porto Alegre prenuncia disposição para a condenação. Se Lula for condenado, vamos assistir ao maior espetáculo de esperneio da história. Mas janeiro é o mês de morte da política. O pessoal de férias, as praias cheias, o carnaval se avizinhando, tudo isto significa repercussão morna, qualquer que seja o resultado.

Para o país, Lula fora do páreo significa arejar o ar e mudar o disco. Fecham-se as cortinas do passado petista e encerra-se a agenda de conceitos medievais em que se baseava. Significa abrir uma nova senda, introduzindo o retorno par o futuro no debate. Caso não seja condenado ou, mesmo condenado, conseguir manobrar para continuar candidato, o debate seria dominado pelo mofo de um retorno a um passado que não deu certo, Pior, as forças contra o petismo iriam correr atrás dos galinheiros que existem ao montes por aí. E voaria pena para todo lado. Uma nova leva de revelações da Lava Jato se encarregaria de cortar as asas do candidato. Não tem erro. Ainda tem muita falcatrua a ser descoberta e muita corrupção a aflorar. O país sofreria um novo abalo.

Segundo: A reforma do previdência passa?

No atual quadro, dificilmente. Os deputados teriam que ser confrontados pelas forças vivas da sociedade. Empresariado, especialmente, que é o grupo com visão estratégica e que tem noção de onde vamos parar seguindo nesta loucura. Mas nosso empresariado não é do tipo confrontador. Do setor financeiro, que tem desfrutado de opulência e lucrado mesmo na crise, não deve vir nada.

Mas, e a economia aguenta? Os políticos parecem dispostos a pagar para ver. Se a reforma da previdência não passar, esta tímida recuperação da economia vai ser um voo de galinha adoentada. Lembrem-se: a economia não se defende. Ela se vinga. E sua vingança será maligna. Imaginem uma nova onda de crise, nova queda de avaliação das agências de rating, nova queda de investimentos, um aumento do desemprego, uma inflação em retomada em plena campanha. Existe, contudo uma compensação para alegria dos sádicos: uma demora maior vai significar um rombo maior e, quando a sociedade decidir cortar de vez os privilégios, mergulhada na bagunça e no descontrole, o corte será mais profundo e radical. Se os privilegiados tiverem bom senso vão preferir perder os anéis para salvar os dedos. Melhor mudanças sob controle do que com a faca no pescoço. Hoje, a mudança seria pacífica e ainda asseguraria alguns privilégios. Mais à frente, poderá não ser.

Terceiro: Ressurge o anseio por um governo “forte”, militar.

Bolsonaro é o nome dele. Mas Bolsonaro tem perfil de um sargentão. Dificilmente sua política de “prendo e arrebento” vai conquistar a maioria. E outra coisa, Bolsonaro é um rústico em economia. Sua visão de manter o estado presente na economia é igual a do PT, e é nas estatais que começa a corrupção.

Quarto: Surge um movimento pelo novo.

Existe um grande anseio pelo diferente, pelo novo. Mas poucos se dispõe a um salto no desconhecido. A melhor prova disto foi o que aconteceu com o Dória. Se ele, que tem o melhor perfil entre todos os possíveis candidatos “novos” não decolou (acho que ele não seria candidato para valer, dado seus compromissos de lealdade com o Alckmin e com a Opus Dei); e nem o Luciano Huck, que seria o “outsider”, é pouco provável que venha a ser a vertente dominante.

Quinto: A opção pela continuidade

Temer tem zero chance, mas Henrique Meirelles até poderia ser a continuidade, caso o governo Temer virasse a economia. Foi a economia e o Plano Real que elegeu FHC pela primeira vez. Infelizmente, as chances de uma reversão econômica para valer já estão comprometidas. O congresso liquidou com as reformas e uma reforma meia boca em março não irá produzir grande mudança. Meirelles parece acreditar em suas chances, no que faz muito bem, contudo ele precisaria de um “banho de loja” radical para ser visto como competitivo.

Sexto: A escolha segura

Depois de tantas reviravoltas o eleitorado cansou de girar feito pião. E o candidato que melhor veste o figurino da segurança é o Governador Geraldo Alckmin. Se for capaz de neutralizar a rejeição a uma “solução paulista” de parte do eleitorado “dor de cotovelo” que tem por todo o país, e se for capaz de articular um projeto de país que aponte para o futuro, ganha fácil.

  • O “timing” vai escrever o roteiro

A campanha, que já está iniciando, entra em banho-maria até março. O Brasil nunca se mobilizou antes do carnaval. Nenhuma revolução, ou grande evento político, teve impacto antes do “Triduo de Momo” no Brasil. O julgamento de Lula vai mexer apenas com seus seguidores mais fiéis. A maior parte do país nem vai tomar conhecimento.

Ele lidera as pesquisas? Sim. Neste momento, como seria de esperar, ele concentra o apoio da esquerda e do pessoal do pântano. Só que as pesquisas já mostram todo o seu potencial politico. E não é suficiente para ganhar um eleição em segundo turno. Ponto.

O evento mais importante do primeiro semestre será a votação da reforma da Previdência. Dela vai derivar todo o desdobramento a ser observado na economia, com reflexos na política. Se for aprovada, criará um clima de otimismo que vai dar uma lufada de ar fresco na economia e no humor do país. Se for recusada, ou adiada para o dia de “São Nunca”, o clima de desalento pode gerar turbulência e, aí, será bom por as barbas de molho.

Faço votos de que 2018 seja auspicioso para todos.

Chega de atraso, que ninguém merece.

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Ou viramos a página de uma vez ou sofreremos a maldição de Sísifo*

De onde menos se espera, de lá é que não sai nada mesmo. (Apparício Torelly, o “Barão de Itararé”)

O fato é que o Brasil é um país único. Um país sui generis, que dá um tiro no pé e depois reclama que está difícil de caminhar.

Em certo sentido, somos especiais. Temos uma natureza privilegiada e um potencial inigualável. Somos o quinto maior território e a quinta população do mundo; temos 200 milhões de hectares de terras agricultáveis e mecanizáveis; somos campeões no agro negócio; fabricamos aviões como gente grande; nossa economia é a nona do planeta (mas já foi a sétima). Em contrapartida, gostamos do atraso. Somos afeiçoados mesmo. Basta dizer que ocupamos um obsceno 80º lugar no Ranking Mundial de Produtividade. (E olha que melhoramos uma posição em relação ao ano passado!). É vergonhoso dizer, mas o crescimento da produtividade no Brasil foi, segundo a CNI, de 0,6% ao ano, entre 2002 e 2012. Na Coréia do Sul, no mesmo período, o crescimento foi de 6,6% ao ano. O que o Brasil levou 10 anos para crescer a Coréia do Sul cresceu a cada ano. Em compensação, nosso salário real continuou a subir muito acima da produtividade – cresceu 1,8% ao ano – e como desgraça pouca é bobagem, tivemos a maior apreciação da moeda doméstica – o Real valorizou-se a uma taxa de 7,2% ao ano, jogando água em nossa competitividade.

  • E bota anacronismo nisso!

Em resumo, somos um fenômeno de anacronismo. Grande porção do país ainda vive mergulhada no atraso. Temos regiões onde grassa o coronelismo  colonial e onde ainda vicejam crenças da idade média. Quarenta anos depois ainda somos um “Belíndia”, como definiu Edmar Bacha em seu ensaio de 1974, referindo-se a um Brasil com áreas de desenvolvimento Belga convivendo com outras de pobreza indiana.

O que assombra é que aceitemos um sistema que favorece os trapaceiros da política. Nosso regime político foi desenhado como um queijo suíço, com buracos para facilitar a corrupção. Os privilégios e as mordomias são espantosos. A desfaçatez é escandalosa. É assombroso que aceitemos engolir este presidencialismo de “coalisão”, que cheira a quadrilha e que nos mantém em crise permanente.

Infelizmente, somos presa fácil dos demagogos e charlatães da política. O propósito de enricar com dinheiro público, desviando do erário, sempre foi a grande motivação de grande parte dos políticos brasileiros, notadamente os dos grandes grotões do norte e nordeste, regiões em que a política é a maior atividade econômica. E é nelas que reside a grande reserva nacional de atraso. É contando com elas que Lula e sua trupe de bucaneiros, aventureiros, corruptos, saltimbancos e malabaristas sonha em voltar ao poder. Ameaça vã, que o país rejeita, como os rejeitou com o impeachment da Dilma, mas que ainda move suas mentes peçonhentas.

  • Seremos, como Sísifo, condenados a combater a corrupção por toda a eternidade?

Nossa leniência nos faz vítimas recorrentes. A cada geração os brasileiros tem precisado mobilizar-se contra os piratas da política em nosso país. Jânio, em 1960 prometia varrer a corrupção. Seu símbolo era a vassoura. Os versos de seu jingle “Varre, varre, varre, varre vassourinha / Varre, varre a bandalheira / Que o povo já ‘tá cansado / De sofrer dessa maneira” empolgaram o país. Era o que o povo queria ouvir. Mas ele avaliou mal, preferiu dar um golpe no congresso acreditando que o povo ficaria do seu lado e se deu mal. Veio Jango e os comunistas se assanharam. O povo pediu e os militares botaram os comunas para correr. O governador Brizola, genro de Jango, o mesmo que, depois, institucionalizou a criminalidade nos morros do Rio de Janeiro, fugiu para o Uruguai vestido e mulher. Coisa de “coração valente” e vergonha pouca. Tivemos ainda o Collor, que prometia acabar com os “marajás”. Pilantra e sacana, até hoje, se refestela com dinheiro público. Pouco tempo atrás se descobriu que sua mansão em Brasília, a “Casa da Dinda” é mantida com verbas do senado. Se bem que é coerente: é preciso bem conservar a frota de carros de luxo, um Lamborghini Aventador (R$3,2 milhões); uma Ferrari 458 (R$ 1,4 milhão) Uma Bentley Flying (R$ 975 mil), e um Range Rover (R$ 570 mil), que a PF diz terem sido pagos com recursos de propina, e que, mesmo assim, estão sob a “guarda” do senador por Alagoas, o mesmo estado do notório senador Renan Calheiros.

Enfim, não fosse nossa leniência, de que outro modo explicar a resignação com que engolimos 13 milhões de desempregados e 5 milhões de empresas sufocadas e inadimplentes neste país fantástico onde jorra leite e mel? Tínhamos que estar indignados. Tínhamos que estar enfurecidos. Tínhamos que estar na ruas.

Acontece que nossa índole é de povo manso. De povo dócil. Acostumado a engolir desaforos sem piar. A ser açoitado no tronco sem gemer. Esta passividade é nosso mal. Os políticos corruptos e os habitantes do pântano do planalto contam com ela. Eles, os políticos corruptos que pululam em Brasília, estão agora mesmo  planejando um novo golpe na decência. Pensam em enfiar goela abaixo do país uma nova legislação para dificultar o combate à corrupção. Os paspalhos acham que vai dar. Que não estamos atentos. Acham que o impeachment de Dilma foi uma exceção causada pela inabilidade da dita cuja, cujos erros foram além da conta. Erros que eles, mais ladinos, mais malandros, mais “espertos”, não tencionam repetir.

Penso, entretanto, que laboram em erro crasso. Querem continuar mamando e corruptando. Desafiam a paciência da nação. Brincam com fogo e com o país e vão sofrer as consequências.

  • Exorcizando o erro

O que entristece é que temos tudo para dar certo. Ainda assim nossos políticos teimam em cometer desatinos, em perseverar em erros históricos, em flertar com os desacertos que são a razão de nosso atraso.

  • Mas, então, por que insistem em fazer errado?

A razão é simples: fazem errado porque fazer errado tem sido um bom negócio. Porque a ocasião faz o ladrão. Porque preferem se locupletar sem esforço.

  • E por que não mudamos o regime e passamos a fazer o que é certo?

Bom, aqui podemos voltar ao perspicaz Barão de Itararé, “Tudo seria fácil se não fossem as dificuldades”.

Para começar, o que está errado no Brasil é que as elites do atraso é que comandam o país. E estas não querem mudar. Fingem que mudam, mas só de mentirinha. Felizmente, para as gerações jovens, estão envelhecidas e no seu ocaso. Infelizmente, delas não se pode esperar mais nada.

Vejam o governo Temer. O presidente está mais para um caricatura do que para um estadista. Seus ministros são mais sinistros do que ministros. O congresso é mais um convescote de predadores do que uma instituição a serviço do país.

Mas ainda assim, não duvide, o Brasil vai mudar. Afinal, nada levanta um traseiro mais depressa que fogo em baixo do banquinho!

O tsunami que o governo do PT/PMDB produziu no Brasil apresenta números de estarrecer. Após três anos andando para trás, o brasileiro ficou 10% mais pobre. E o estrago ainda perdura: 7 mortes violentas por hora (por hora!), bilhões desviados por corrupção, criminalidade nas alturas, angústia e sofrimento generalizados. Até nossa proverbial fleuma tropical vem perdendo a paciência. E os brasileiros, chamuscados, cansaram das labaredas queimando sob seus banquinhos. Até porque, convenhamos, a pilantragem que nos esfola passou dos limites.

  • Bem, mas o que fazer?

Deixar como está para ver como é que fica não é opção. Precisamos reconhecer que nossa democracia não é funcional. E que temos que mudar nossa forma de fazer politica.

Três passos fundamentais para desatar o nó que prende o país ao atraso:

1. Mudar a eleição da Câmara de Deputados do sistema proporcional para o distrital. Parece pouco, mas o efeito é mágico. 80% destes deputados não se elegeriam no sistema distrital. Os partidos se reduziriam naturalmente a três ou quatro. O sistema distrital muda a forma e a lógica da escolha. A eleição em um distrito mobiliza as forças locais. Os candidatos saem da comunidade e são escolhidos e apoiados por gente que os conhece. Pode ser um professor, um empresário, um clérigo, um médico. Mas dificilmente será um rufião, um safado, um corrupto, um palhaço. A comunidade saberá distinguir entre um candidato sério e um pilantra.

2. Mudar para o sistema parlamentarista. Um parlamento eleito pelo voto distrital tende a agir pensando no melhor para suas comunidades e para o país e não no melhor par si mesmos. Este compromisso com seu país e seu povo pode ser observado na maioria dos países do primeiro mundo. Todos parlamentaristas, exceto os EUA, onde o presidencialismo também vive em crise permanente. Engraçado que esta gente que tanto detesta os americanos foi copiar exatamente o que os EUA tem de errado.

3. Reequilibrar a representação na Câmara dos Deputados. Não é democrático que o voto de um roraimense valha dez vezes o voto de um paulista. Esta desproporção afeta a representatividade do sul e desequilibra o parlamento, onde a maioria do norte e nordeste se especializou em tirar proveito dos estados do sul. Isto não é saudável e não se sustentará no longo prazo. Infelizmente este desequilíbrio foi produzido no governo militar por um general metido a gênio, mas nada democrata, o “bruxo” Golbery do Couto e Silva, que dizia: “São Paulo já tem o poder econômico, então não pode ter o poder político”. Esta tese é antipatriótica ao extremo. Ela pressupõe que os outros estados estão condenados a serem pobres eternamente. Ademais, esta aberração, além de antidemocrática é preconceituosa e precisa ser corrigida.

Estas correções sistêmicas vão ocorrer. Por bem ou por mal. A mudança de gerações no Brasil sempre foi traumática, dado que os mais jovens sonham com uma revolução, mas o que recebem é a conta deixada pelos mais velhos. Os déficits colossais do atual governo vão ser empurrados para os jovens. E eles serão sacrificados na crença de que “bom cabrito não berra” ao ser morto e esfolado. Será? Os jovens brasileiros vão se deixar esfolar sem berrar? Duvido.

E de distorção em distorção, nossa política insana construiu um sistema político perverso, aberrante, concebido e desenhado para não dar certo.

  • Somos uma obra prima do atraso

O resultado é que temos hoje uma obra prima do atraso, uma obra prima do compadrio. Um regime feito sob medida para favorecer a corrupção. Não temos uma democracia de verdade. Os brasileiros não se sentem representados. O que temos é um arremedo de fancaria, uma alegoria que acoberta um balcão para negociatas.

Só que os tempos mudam. O tempo das ilusões acabou. As novas gerações não vão aceitar pagar a conta das estripulias das gerações perdulárias que as antecederam. E vão querer mudar as regras do jogo, por bem ou por mal, como outras o fizeram antes. Cansaram dos piratas de cara de pau, dos políticos incompetente e corruptos, dos idiotas, patetas, palhaços e trapalhões que o voto proporcional elege.

A sociedade mobilizada e o povo nas ruas começaram por demolir a república petista. Mas não se mobilizou para entregar o poder a Temer e seu bando de espertalhões. Não foi para isto não!

Outra coisa: muito se engana quem pensa que o povo enfiou a viola no saco e sossegou. O povo agora tem a internet e está equipado com as mídias sociais. O burburinho online mostra que está mais atento e mais bem informado do que nunca. O povo pode ainda não saber bem o que quer, mas sabe com clareza o que não quer. O povo cansou de estripulias e vem rejeitando os demagogos e rufiões. E não quer mais do mesmo. Cansou de ser o bode que não berra e engole a corrupção, a indecência e a grossa burrice do regime que temos.

O debate está apenas começando. E a internet vai ser a nova ferramenta de mudança. A mão invisível da mídias sociais vai fazer a diferença.

Ano que vem tem eleições. Preparem-se porque vai ser um vendaval. E aposto que vamos debater e esconjurar a corrupção. Chegou a hora de virar a página. Chega de atraso, que ninguém merece.

Ceska – O digitaleiro


(*)PS. – Como se sabe, Sísifo, na mitologia grega, foi condenado, por toda a eternidade, a rolar uma grande pedra de mármore até o cume de uma montanha, sendo que toda vez que estivesse quase alcançando o topo, a pedra rolava montanha abaixo novamente até o ponto de partida, invalidando todo o esforço despendido.

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A metamorfose do Brasil

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A eleição de 2018 vai dizer se o crime vai deixar de compensar no Brasil

“Queremos ir ao Céu, mas não queremos ir por onde se vai para o Céu” – Padre Vieira

Uma metamorfose mudou a natureza da crise brasileira. Saímos da décrisis e agora estamos em uma sincrisis. Resta ver se esta metamorfose vai também mudar o Brasil.

Como se sabe, os gregos dividiam a crises em dois tipos: a décrisis e a sincrisis.

Por décrisis entendiam o tipo de crise em que as coisas vão piorando até colapsar ou explodir de vez. Até que se dê a ruptura do status quo. É a crise dominada por forças desagregadoras que se entrechocam, rompem a coesão interna e, por fim, dilaceram o organismo ou a sociedade onde se instalam. Foi o que aconteceu com o regime do PT e o “governo” da “Presidenta” Dilma. A queda da Dilma foi o ponto da inflexão. Foi o momento em que se deu a metamorfose e a décrisis se transmudou para sincrisis.

O PT havia se convertido na intersecção da corrupção, do acesso ao dinheiro sujo e ao poder político desvirtuado. Abandonou seus propósitos moralistas quando se deixou tomar pela ganância sôfrega, pela ambição sem peias, enfim, quando mandou os escrúpulos às favas. Ao decidir “comprar” tudo e todos entrou numa aventura doida demais. Apostou contra o Brasil e perdeu o jogo. Convém lembrar, entretanto, que os comunas e a esquerda profunda desprezam a moral burguesa e acham que o capitalismo é ilegítimo, o que justifica tirar dos que tem e do governo. Acreditam que não se trata de roubo, posto que, para eles, os fins justificam os meios. Quanto ao povo, nosso ingênuo e crédulo povo, este se tornou vítima da espoliação e foi escalado para cobaia da tal “nova matriz econômica”, um experimento grotesco de “moto perpetuo” na economia.

  • A economia não se defende. Ela se vinga!

Foram desmandos e mais desmandos, mas o fato é que o PT, ébrio de cobiça, inescrupuloso e sem noção, não aprendeu que a economia, assim como a natureza, não se defende. Ela se vinga. Não tem discurso que anule a melancólica realidade: não existe “almoço grátis”. O PT, contudo, deu de ombros. Continuou a gastar sem limites e a agir como o selvagem de Montesquieu, aquele que derruba a macieira para comer a maçã. Só o despreparo, a imaturidade basbaque e a cretinice rotunda da mal informada Dilma para achar que “fazer o diabo” para ganhar a eleição não teria consequências. Teria e teve.

A farra da gastança desregrada, a roubalheira desenfreada, a corrupção sistemática, o voluntarismo inconsequente, a arrogância e a prepotência foram ingredientes que entraram na décrisis petista e tornaram o Impeachment da Dilma um fato irreversível. A implosão final de seu governo era prenunciada pelo cheiro de enxofre no ar. Quem tinha um mínimo de pudor se afastava. E o crescimento do tumor da décrisis ia assustando todo mundo. No final os estertores do governo petista foram um espetáculo dantesco. Formou-se uma unanimidade anti-Dilma. Todos, menos um “resti di galera”, um grupelho de debilóides, perceberam que era questão de vida ou morte. Ou tiravam Dilma ou afundariam todos.

O mais notável é que a nação em si não correu o risco de colapso. A economia sofreu, e ainda sofre, claro. É sempre mais fácil destruir do que construir. Mas as instituições, bem ou mal, funcionaram, funcionam e vem dando conta do recado. Por seu lado, a sociedade civil se mobilizou, enchendo as ruas e cobrando providências. Os milhões na rua davam clara demonstração de que estavam atentos e tinham reservas cívicas para encaminhar o fim da crise. Outro ponto positivo é que as forças armadas não precisaram entrar no processo de colocar ordem na casa. Mas seu silêncio sinalizava que estavam alertas e prontas. Se as coisas fugissem ao controle, agiriam. Não tenham dúvida.

  • E agora, o que vai ser?

Estamos em uma encruzilhada e a eleição de 2018 vai dizer para onde vamos.

Pela definição dos gregos, a fase da crise em que estamos mergulhados agora tem os contornos de uma sincrisis.

E toda a sincrisis começa com uma catarse, a purgação ou purificação por que deve passar a sociedade para reencontrar seu eixo moral. Trata-se do processo de contrição e expiação que abarca políticos, servidores e empresários corruptos, mas não se resume a eles. Os brasileiros que votaram para eleger Lula e Dilma (e que, de contrabando, também elegeram Temer) igualmente precisam fazer o mea culpa. Este processo catártico é doloroso e requer grande dose de equilíbrio para que não se jogue fora o bebê com a água do banho. É preciso punir os culpados e rever procedimentos, mas deve ser depurado e aproveitado o que possa ser recuperado.

  • A grande incógnita: o comportamento dos eleitores em 2018.

Eleições tem a ver com escolhas. E com propostas.

E como sabem os que lidam com pesquisas de opinião, a escolhas em uma eleição tendem a ser guiadas pelos vetores dominantes no debate social.

O debate, a rigor, já começou. As mídias sociais são o fator novo no grande debate e terão peso decisivo. Os vetores do debate tendem a cristalizar-se em volta das opiniões dominantes e vão balizar as alternativas disponíveis. Os grupos sociais, estimulados pelo debate, vão fazer sua escolhas e apoiar as propostas mais em consonância com seus interesses. As mídias sociais vão filtrar e sedimentar o sentimento nacional. E vão apoiar a economia de mercado e respaldar o sentimento anti-corrupção. Aliás, já vem fazendo isto…

  • Dois temas dominantes: a economia e a corrupção.

A questão da corrupção vai ser importante, sem dúvida, mas a economia deverá ser o mais importante dos temas da eleição.

O eleitorado, hoje mais amadurecido, parece ter aprendido uma lição com a degringolada do governo petista. A lição é que, no final, nós é que pagamos a conta. E que governar não é fazer mágica. Governar é agir pesando as consequências e pensando no bem geral.

Mas sabemos que ainda tem muita gente que vai apoiar os demagogos. Ainda tem gente que acredita em Papai Noel e que existe um jeitinho malandro de obter benefícios sem pagar a conta.

E, ao fim e ao cabo, todo o debate vai, mais uma vez, girar em volta do dilema proposto pelo saudoso Stanislaw Ponte Preta: “Ou nos locupletamos todos, ou implante-se a moralidade.

Se der a lógica, se decidirmos ser um país sério, o melhor candidato para a presidência deverá ser um político experimentado, comprovado, bem intencionado, sério e bem avaliado. Hoje, em minha opinião, o melhor nome que o país tem é o do Governador Geraldo Alckmin. Afinal, é consenso de que o estado melhor governado do país é o de São Paulo. E seria lógico, portanto, imaginar que o país todo desejasse ser como São Paulo. Mas não tenhamos ilusões. Vai ter quem prefira a mediocridade. Vai ter quem prefira turvar as águas para continuar tirando vantagens e nadando na malandragem.

É doloroso reconhecer, mas nosso debate político ainda vem patinando em ideias dos anos cinquenta do século passado. Ainda assim, o movimento pendular de nossa história nos dá esperanças. Jânio prometeu varrer a sujeira e sua vassourinha. Empolgou a nação, conquistou o imaginário nacional e ganhou a eleição. (Sua renúncia foi uma traição ao seu eleitorado…). O movimento militar veio apoiado pela maioria da sociedade e prometeu um governo sério. (Em 20 anos acabou desgastado, mas hoje todos reconhecem que foi sério e fez muito pelo país.). Collor ganhou prometendo acabar com os Marajás. (Revelou-se um engodo. Ele virou o Rei dos Marajás. Teve sua décrisis, foi impichado, mas foi seu vice, o Itamar Franco, que assumiu e fez o Plano Real.). Fernando Henrique Cardoso se elegeu prometendo fortalecer o Plano Real. (Cumpriu o que prometeu e entregou um país arrumado ao Lula.). Lula, que parecia ser gente boa, foi nossa recaída no populismo. (Sua “carta aos brasileiros” foi apenas mais uma mendacidade de um mentiroso contumaz.). Quanto a Dilma, ela não passou de uma pedra no caminho, de um poste eleito por um marketing charlatão.

Resumo da ópera: sim, dá para ter esperanças. Mas, no fundo mesmo, o que vamos decidir na eleição de 2018 será se aqui, na Terra de Santa Cruz, o crime ainda vai compensar ou se, de uma vez por todas, vai deixar de compensar para sempre!

Acredite. Faça sua parte. Depende de Nós!


Ceska – O Digitaleiro

Plano Real 2.0 – A decência

Arte popular na Avenida Paulista.
Arte popular na Avenida Paulista.

O Plano Real 1.0 – A Estabilidade – Promoveu a estabilidade da moeda e livrou o Brasil de uma inflação crônica que parecia invencível. O êxito inconteste deste plano deu novo alento ao país e assegurou mais de uma década de prosperidade, além de ter vacinado o país contra a inflação. Os efeitos do Plano Real 1.0 vem perdurando e abarcam toda a sociedade. Hoje o Brasil é unânime em dizer: “Inflação Nunca Mais”.

Agora precisamos de um Plano Real 2.0 – A Decência – para vencer a corrupção. Este mal chegou a um nível de infecção generalizada e compromete todas as instituições do país. O executivo está atolado em escândalos e o presidente só escapou de ser processado por negociar no congresso apoios despudorados e por exercer o presidencialismo de cooptação em sua plenitude mais viciosa. O congresso, para juntar o insulto à injúria, vêm com esta proposta que o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF), considera um “desaforo”: a criação de um fundo público com R$ 3,6 bilhões para financiar campanhas. Os escandalosos salários e vantagens de altos dignitários do executivo, do legislativo e do judiciário são um escárnio diante das dificuldades e carências do país e mostram que os escrúpulos simplesmente desapareceram do três poderes. Desalentado, o país se vê vitima de absoluto desrespeito, sofre com seus 13 milhões de desempregados e vê milhões de cidadãos lutando para sobreviver em meio a maior crise da história, enquanto enfrenta carências de toda a ordem, na saúde, na segurança pública, nos transportes, na educação e em tudo o mais.

Em paralelo, o congresso, de composição medíocre, da qual se salvam alguns poucos, se mostra incapaz de oferecer qualquer perspectiva para o país. Mergulhado em profunda perplexidade, parece caminhar às tontas.

  • A Indignação em ponto de erupção

Existe um nível elevado de indignação na sociedade brasileira. E se a população não está nas ruas isto não significa que está aceitando o atual estado de coisas. Não está. E não se enganem, se a população não está nas ruas é porque não quer protestar só por protestar. Uma vez afastado o perigo mais imediato, que era o desvario da ex-Presidente Dilma, a população está se guardando para sair em apoio a uma causa que valha a pena. Poderá ser uma ideia. Poderá ser um líder. Mas é no vazio de alternativas que mora o perigo. Assim, antes que as multidões se deixem seduzir por algum maluco ou aprendiz de incendiário é preciso oferecer um projeto de moralização do Brasil. Um plano bem estruturado e bem orientado, que una e motive as pessoas. Um Plano Real 2.0, que continue a transformação virtuosa do Plano Real 1.0 e agora se oriente para a moralização do país. Um plano que tenha as virtudes do Plano Real 1.0, como bom planejamento e implementação equilibrada. Um plano, enfim, que tenha o sincero propósito de implantar uma nova cultura de decência no Brasil.

E assim como o Plano Real 1.0 trouxe para o Brasil as boas práticas da gestão monetária adotadas no primeiro mundo, o Plano Real 2.0 deveria se espelhar nas melhores práticas políticas dos países democráticos do primeiro mundo. Chega de jabuticabas. Está na hora de acabarmos de uma vez com esta mania de tentar reinventar a roda a golpes de parvoíce.

  • Plano Real 2.0 – FHC deve ser o líder.

Precisamos vencer o dilema que nos amarra à mediocridade: “Somos corruptos porque somos atrasados ou somos atrasados porque somos corruptos?”

Vencer e afastar a corrupção é a tarefa prioritária da nacionalidade. Chegou a hora de ouvirmos o que Sérgio Porto, o imortal “Stanislaw Ponte Preta”, dizia ser a nossa escolha: “Ou nos locupletamos todos ou implante-se a moralidade.” E alertava para o fato de que, se fizéssemos a primeira opção, o planeta não teria dinheiro suficiente para saciar a voracidade de nossos corruptos.

Felizmente o Brasil tem o homem certo para liderar a formulação de um Plano de Moralização e produzir um consenso na sociedade brasileira. O Presidente Fernando Henrique Cardoso já provou que sabe conduzir com bom senso e equilíbrio um plano capaz de mudar fundamentos equivocados do país. FHC já prestou muitos serviços ao pais, mas o Brasil deve pedir mais este serviço ao Presidente do Real. Ao líder que resgatou nossa moeda, que acabou com nossa inflação alucinada, pediríamos que formulasse as diretrizes para o Plano Real 2.0, o plano que teria a finalidade de encaminhar as mudanças no rumo da moralização e da modernização de nossas instituições.

Evidentemente, uma vez feito o plano sob liderança de Fernando Henrique Cardoso, caberia a sociedade apoiar as mudanças constitucionais necessárias e ao eleitorado escolher o executor da grande transformação do país.

De minha parte, acredito que o político mais provado, experiente e capaz de liderar a implementação do plano seja o governador Geraldo Alckmin. Sua administração em São Paulo é evidência de sua capacidade como realizador. E sua liderança firme e de pés no chão é o tipo de liderança que um plano como este precisaria para ser bem sucedido. Um plano sólido, implantado com base no bom senso e em práticas comprovadas nos países de referência democrática, seria capaz, finalmente, de nos livrar da praga da corrupção e de levar o Brasil a cumprir, finalmente, seu destino de grande país. E que teria orgulho em proclamar: “Corrupção no Brasil, nunca mais”!

PS. Diversos comentários questionam como um Plano Real 2.0 poderia se contrapor às mudanças da tal “reforma política”, ora em gestação no congresso. A resposta está na “Lei de Camões” (Como escrita em “Os Lusíadas”):

Cesse tudo o que a musa antiga canta, que outro valor maior alto se alevanta” 

Se houver apoio popular suficiente, o mundo político encontrará os mecanismos legais para fazer valer o Plano. Uma nova musa que se levante sempre irá deslocar a antiga.


Ceska – O digitaleiro

Os Correios eram assim, nos dias do Coronel Botto

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Cerimônia de Assinatura do Convênio entre a SUDELPA e a ECT. Na foto: 1- Governador Laudo Natel; 2- Cel. Adwaldo Botto; 3- Antônio Castilho; 4- O autor (Celso Skrabe); 5 – Secretário do Governo (Não tenho o nome)

Era uma vez um país que tinha um correio.

Era o melhor correio do mundo. O povo todo confiava. Tudo funcionava como um relógio. O presidente da instituição, um sergipano “porreta”, tinha uma máxima que virou um mantra: “correio é horário”.

Os outros países, acostumados com a malemolência brasileira, no começo ficaram pasmados com a transformação daquele correio vira-latas. – Seria o “super-homem”?  – Depois, ainda incrédulos, se perguntavam como podia existir um correio daquele calibre no país das maracutaias, da selva amazônica, do sertão profundo, do pantanal intransponível, das estradas intransitáveis? Finalmente, se renderam. No Correio do Brasil, o homem que mandava sabia das coisas. Não demorou e a surpresa virou admiração. O respeito internacional cresceu tanto que logo chamaram aquele mago das cartas e encomendas para mostrar como se faz um correio funcionar.

Em 1984, no Congresso de Hamburgo/Alemanha, o Presidente da ECT, Coronel Eng. Adwaldo Cardoso Botto de Barros foi eleito Diretor Geral (Presidente) da UPU – União Postal Universal. A UPU é o órgão da ONU, com sede em Berna, na Suíça, que regula e organiza os correios de todo o planeta. Era o reconhecimento do mundo pela competente transformação nos Correios do Brasil. E tão operosa foi a gestão do Coronel Botto na UPU que a entidade lhe garantiu a reeleição por mais 5 anos, em 1989.

De minha parte, conheci bem o Coronel Botto. Tudo começou quando ele ainda dirigia o Correio de São Paulo, conduzido ao cargo por indicação pessoal do Presidente Castelo Branco.

Eu, em meus verdes vinte e sete anos, trabalhava na antiga AEG Telefunken, onde atuava na área comercial de equipamentos de rádio comunicação em SSB. Estes rádios funcionavam em ondas curtas e usavam apenas meia banda, o que os tornava mais leves (para a época…) e podiam ser instalados em estações fixas ou em veículos, como caminhonetes, ônibus e embarcações. Também podiam ser usados para fonia ou para telegrafia sem fio. Neste último uso, combinando diversas frequências para compensar variações de propagação, eram tão confiáveis quanto a telegrafia tradicional, com fio de cobre.

Um dia, acho que foi em agosto de 1971, logo cedo, ao chegar no escritório que ficava junto ao parque industrial da empresa, instalado em grandes prédios na Avenida Nossa Sra. do Sabará, em São Paulo, a secretária me passa um telefonema:

   – Está no telefone uma pessoa que se diz diretor do Correio e quer falar com alguém da área comercial.

   – Ok, pode passar a ligação.

Do outro lado da linha ouvi o Coronel Botto, embora naquele momento não soubesse de quem se tratava.

   – Bom dia. Sou Celso Skrabe, consultor da área de rádios SSB.

   – Bom dia. Meu nome é Adwaldo Botto, mas todos aqui me conhecem como Coronel Botto. Sou o diretor dos Correios aqui em São Paulo e gostaria de saber se vocês teriam condições de nos emprestar dois rádios SSB no período das férias de verão. Podem ser rádios usados ou de demonstração.

Eu fiquei intrigado. Sabia que o correio não usava rádios para seus serviços de telégrafo. Era uma coisa que já me havia chamado a atenção e que eu atribuía ao nosso atraso tecnológico. Na verdade, eu já tinha fornecido rádios para a Funai, para a FAB e outras instituições que os usavam para comunicação na selva e que, frequentemente, faziam o envio de mensagens da população local. Estas instituições, contudo, reclamavam, já que não tinham infraestrutura para entregar as mensagens aos destinatários. Para fazer o envio precisavam repassar os telegramas para o Correio, acarretando demora desnecessária em mensagens urgentes e ônus para as instituições.

Enfim, fui em frente:

   – Bem Coronel, se eu entendi certo, o que o senhor quer é que emprestemos dois rádios SSB no final do ano, de novembro a março. Seria isto?

   – Sim. Eu gostaria de instalar um dos rádios em Ubatuba, no litoral, e outro aqui em São Paulo para fazermos um teste para nossa área de telegrafia. Hoje não temos um único telégrafo instalado no litoral paulista. Em nenhuma cidade. E, durante as férias, a população cresce muito e reclama da falta de comunicação. E, para piorar, as cidades do litoral também não tem telefone. Ubatuba tem apenas uns poucos telefones públicos e a espera de uma linha para uma ligação, nos meses de verão, pode levar horas. Ir de ônibus é mais rápido do que telefonar. Na alta estação demora duas, três, as vezes quatro horas.

Era verdade. Quando iniciou o governo militar, em 1964, as comunicações no Brasil eram uma coisa medieval. Este estado de coisas ainda perdurava no início da década de 70. Me pareceu, desde logo, que meu interlocutor queria fazer algo para amenizar isto.

Respondi então:

   – Posso verificar se temos equipamentos disponíveis e preciso consultar nossa diretoria para saber se podemos atender. – E lembrei de um detalhe – Se eu conseguir os rádios, o correio já tem as frequências? – No caso, os rádios precisavam de cristais para fazer a modulação. Estes cristais eram feitos sob medida para cada usuário e dependiam de licença do DENTEL.

O Coronel Botto, então, confidenciou:

   – Olha, eu preciso que vocês me emprestem também as frequências. O correio não tem frequências autorizadas pelo DENTEL para uso em telegrafia e eu, como diretor regional, não tenho autoridade para solicitá-las. Minha ideia é que, se conseguirmos fazer uma conexão de telégrafo sem fio bem sucedida, talvez eu possa quebrar a resistência contra o uso de radiotelegrafia no correio e argumentar para a liberação de seu uso com nossa presidência. Se conseguir demonstrar que a radiotelegrafia funciona acredito que possamos comprar rádios para todas as localidades do litoral paulista hoje sem telégrafo. Talvez possamos comprar rádios até para outras praças não atendidas.

Esta questão das frequências me parecia mais complicada do que conseguir os dois rádios. Duvidava que o Dr. Cardoso, nosso presidente, fosse aceitar que instalássemos frequências de teste em rádios que seriam usados para telegrafia pelos correios. A empresa era alemã e seguia normas estritas do que se podia, ou não, fazer. E como o empréstimo de frequências não estava previsto nas nossas autorizações do DENTEL, dificilmente seriam autorizadas. Não era formalmente proibido, mas ficava no limbo legal e eu teria que consultar nossa assessoria jurídica. Traduzindo: era proibido tudo o que não estivesse formalmente permitido.

Aí resolvi pedir uns dias para verificar meios de atender ao que o coronel me solicitava. E, como estávamos em pleno regime militar, me atrevi a perguntar:

   – Coronel, o senhor, com seus contatos no governo, não teria meios de liberar umas duas ou três frequências junto ao DENTEL, mesmo que em caráter provisório?

A resposta do coronel foi direta:

   – Exatamente aí é que está o problema. Falar em telegrafia por ondas curtas aqui no Correio é tabu. Não é que eles desconheçam uma tecnologia que, desde antes da guerra, está em uso em todo o planeta. Mas tem muito dinheiro envolvido nas redes telegráficas de cobre. E tem muita gente lucrando com elas. Assim, jamais eu conseguiria formalizar um pedido de frequências ao DENTEL. Eu não consigo autorização nem mesmo para pedir frequências provisórias. Ao contrário, seu eu mexer errado, posso por tudo a perder e ser proibido expressamente de testar o uso dos rádios. Aí meu projeto vira fumaça e você perde a chance de vender rádios para o Correio. Venha me fazer uma visita eu explico o que está acontecendo.

Caramba, pensei com os meus botões, aí tem algum mistério da “mão invisível do mercado”. Não a mão invisível descrita por Adam Smith, claro, mas aquela outra, bem brasileira, inventada pelo capeta!

Foi a esta altura que tive um estalo e liguei as pontas. Ocorre que, por uma destas coincidências que mostram que Deus ainda não tinha desistido do Brasil, eu havia acabo de fechar a venda de uma rede de rádios SSB para a Sudelpa, a Superintendência de Desenvolvimento do Litoral Paulista. Precisamente a agencia estadual criada para fomentar o desenvolvimento do litoral de São Paulo, onde, claro, se situa a cidade de Ubatuba. Não era preciso ter o QI do Einstein para perceber que havia uma coincidência de interesses: o Correio queria instalar um telégrafo em Ubatuba e a Sudelpa ficaria muito feliz se contribuísse para a instalação do telégrafo em Ubatuba. Afinal, o que mais poderia contribuir para o desenvolvimento da região a curto prazo se não instalar o telégrafo dos correios na época das férias que se avizinhavam? E, ainda mais, a um custo praticamente zero?

Ademais, a Sudelpa tinha as frequências de SSB já concedidas e até já tinha recebido alguns dos rádio comprados. Todos, entretanto, da versão móvel, instalados nas caminhonetas, que foi a prioridade solicitada. A conclusão lógica saltava aos olhos: se o governo do estado cedesse os rádios e emprestasse uma ou duas das suas frequências teríamos resolvido o problema. Ubatuba teria telégrafo funcionando na alta estação e o Coronel Botto poderia mostrar que a solução funcionava.

Por um momento pensei em consultar informalmente o superintendente da Sudelpa, Antônio Castilho, sobre a ideia, mas achei que deveria antes saber como o Coronel Botto veria esta alternativa de solução. Liguei marcando uma visita e, no dia seguinte, na hora marcada, (sete da manhã!) fui vista-lo em seu escritório, no antigo prédio dos Correios, no início da Avenida São João.

Na manhã friorenta do dia seguinte o Coronel me recebeu em sua sala e, após uma conversa introdutória, foi direto ao assunto:

   – A direção nacional dos Correios fica no Rio de Janeiro. E lá, na alta direção, existe uma máfia dos fios de cobre. O presidente é um militar da reserva, mas de patente maior que a minha, e só posso supor que ele também está envolvido no esquema. O pessoal lá do Rio sabe que se ficar provado que os rádios de ondas curtas em SSB podem atender nossa necessidade com telegrafia sem fio, na mesma hora acaba todo o negócio deles e, junto, terminam as propinas milionárias que eles recebem. O esquema é perverso porque o custo de implantar o serviço de telegrafo com fio tradicional é astronômico. Para qualquer localidade são quilômetros e quilômetros de fios e milhares de postes a serem instalados. Além do sistema depender de conexões e triangulações intermináveis, com o repasse de telegramas. Chega a ser ridículo o número de erros nas mensagens repassadas. Sem falar no roubo constante dos fios, fato que requer reposição constante e consome todos os recursos de expansão. E sem dinheiro expansão não há. Desde que estou aqui não implantamos nenhuma nova estação no estado. Por isto, pelo sistema tradicional, o litoral paulista vai levar ainda muito anos para receber o serviço de telégrafo. Infelizmente, para os dirigentes da estatal nada disto importa. Daí meu cuidado em tentar uma operação discreta. Precisamos mudar este estado de coisas, mas se o pessoal da máfia do cobre descobrir o que estou tramando, me impedem ou me demitem na hora.

Ainda retruquei:

   – Mas coronel, sendo o senhor indicado para a Superintendência dos Correios em São Paulo pelo presidente não seria o caso de recorrer a ele?

   – Eu fui indicado pelo Castelo Branco. Tenho bons amigos no governo, mas não tenho a mesma intimidade com o presidente atual. E depois, a situação não é tão simples. Esse pessoal da máfia tem controle sobre a empresa e seus projetos e existem muitos interesses envolvidos. O sistema de telegrafia sempre foi a vaca leiteira da corrupção aqui nos Correios e tem muita gente mamando. Eles não vão largar o osso assim fácil. Sei que tenho a confiança do governo, fui colocado aqui pelo Presidente Castelo Branco, mas prefiro agir de modo a criar fatos consumados e usar a evidencia para forçar as mudanças. Seria desperdiçar a janela de oportunidade que temos se abrir uma guerra interna, um conflito em que a causa maior dos correios e das comunicações pode ser sacrificada em meio a uma luta politica.

Agora dava para entender o dilema do Coronel Botto. Em resumo, se ele tentasse furar o bloqueio da máfia do cobre de peito aberto, possivelmente seria demitido. Mesmo com o ministro e o presidente da República desejando ficar ao seu lado, a realidade é que havia todo um jogo de interesses políticos e militares conspirando contra ele.

A solução imaginada pelo Coronel Botto, assim, era estrategicamente brilhante. Se fizesse funcionar satisfatoriamente uma estação de radio telégrafo no litoral paulista, uma só que fosse, abriria uma brecha na represa da corrupção e a pressão da demanda iria forçar a mudança na política e alterar o jogo. De fato, como alguém iria se colocar no caminho de uma solução que custava menos de 1% do método tradicional, era muito mais versátil, tinha implantação rápida (dias ao invés de anos) e era altamente lucrativa?

O Brasil do início dos anos 70 ainda estava em lua de mel com o governo militar. Os velhos cabides de antes da revolução, como os Correios, esperneavam e resistiam tanto quanto podiam, mas, no caso dos correios, o fim do empreguismo e da corrupção estava à vista e a era de ouro estava em marcha. O coronel Botto era um destes homens providenciais, o homem certo na hora certa. Engenheiro, bem preparado, íntegro, patriota, ansiava por melhores comunicações para o país e sabia que os correios precisavam dos recursos a serem gerados pela expansão dos serviços de telégrafo. O ponto chave de seu plano, contudo, era fazer as evidências falarem por si sós. E para conseguir isto era preciso, como repetia sempre, “navegar abaixo da linha do radar”.

O coronel, a esta altura da nossa conversa, me convidou para ir tomar um café em uma padaria ao lado. O café aos funcionários fora reduzido e só seria servido as dez horas. Enquanto sorvíamos o café cheiroso daquelas máquinas “Monarca”, típicas dos bares paulistas da época, expliquei a ideia de falarmos com a Sudelpa e o governo paulista para atendermos seu plano de conseguir o empréstimo de dois rádios SSB equipados com as frequências. O coronel ouvira falar da Sudelpa, a Superintendência do Desenvolvimento do Litoral Paulista, mas não tinha conhecimento exato de sua função. Quando terminei de explicar o que aquela instituição fazia e como poderia se associar ao seu plano para levar telegrafia sem fio ao litoral de São Paulo, ele virou um dínamo de entusiasmo. Seus olhos brilhavam:

   – Se a Sudelpa ajudar os correios a operação está garantida. Ubatuba vai ter telégrafo e, depois, vamos conectar todo o litoral.

Em face da manifestação de entusiasmo nem precisei perguntar: a autorização para falar com a Sudelpa estava concedida.

A confiança do Coronel Botto era uma coisa contagiante. Em geral comedido nos gestos, no entusiasmo do momento ele tirava e colocava os óculos sem parar e gesticulava como um napolitano na Festa di San Gennaro.

Assim que nos despedimos peguei meu fusca azul, estacionado ali nas imediações, e subi a Avenida Angélica, onde ficava a Sudelpa.

Me dirigi direto à secretária e pedi para falar com o Dr. Castilho.

A moça me olhou com se eu tivesse chegado de Marte.

   – O senhor tem hora marcada? O Dr. Castilho deve estar chegando e já tem um pessoal esperando por ele para uma reunião.

Eu nem precisei argumentar. O superintendente estava entrando e, ao me ver, veio me cumprimentar com aquele ar de pressa educada. Estava esbaforido e em cima da hora.

Antes que me descartasse fui logo falando:

   – Dr. Castilho, sei de sua reunião e não quero atrapalhar, mas o assunto que tenho é uma oportunidade única e eu precisaria dois minutinhos de sua atenção reservada.

Achei que ele me mandaria voltar mais tarde, mas eu ainda devia estar sob a influência do entusiasmo do Coronel Botto, que era uma coisa contagiosa, e o Dr. Castilho resolveu me conceder os dois minutinhos.

Fomos a uma sala contígua e eu expliquei resumidamente o que tinha a dizer. Os olhos do Dr. Castilho quase saltaram das órbitas.

   – Mas esta é uma oportunidade fantástica! Eu estava precisamente procurando maneiras de mostrar serviço lá na região. Vamos topar com certeza. Pode contar comigo.

Eu me apressei a marcar um próximo passo:

   – O senhor estaria disposto a ter um encontro pessoal com o Coronel Botto para conversar?

   – Sem dúvida nenhuma. E gostaria que fosse o quanto antes. Acontece que eu tenho uma reunião com o secretario nos próximos dias e gostaria de levar a ele esta ideia já mais elaborada.

   – Se o senhor me autoriza, ligo agora de seu gabinete e falo com o Coronel e vejo quando podemos marcar.

Enquanto o Superintendente entrava em sua reunião liguei para o Coronel. Expliquei o resultado do contato e o desejo do Dr. Castilho de fazer a reunião o mais rápido possível.

O coronel respondeu sem titubear um segundo:

   – O mais rápido possível é agora, mas vamos deixar para depois do almoço. Se ele puder me receber, podemos marcar aí as duas horas da tarde.

   – Se o senhor puder esperar na linha, vou confirmar com o Dr. Castilho.

Fiz um bilhetinho e pedi para a secretária levar na reunião e confirmar o horário com o superintendente. A resposta veio escrita em maiúsculas no bilhete: “ESTÁ MARCADO”.

Voltei ao telefone:

   – Coronel, a reunião está confirmada para hoje, as duas horas da tarde.

   – Ótimo, ótimo. Vou cancelar umas coisas que tinha marcado por aqui e chego aí as duas horas.

Acabei ficando por ali. Precisava fazer hora. Comprei um jornal, fui almoçar em alguma espelunca da Angélica, que meu tíquete refeição era igual ao da peãozada da fábrica, e voltei cedo ao escritório do presidente da Sudelpa.

Dez para as duas chegou o Coronel Botto. Vinha acompanhado de um engenheiro a quem incumbiria cuidar dos aspectos técnicos.

Na reunião os dois homens de ação se entenderam de imediato. Sem delongas inúteis, debateram as alternativas. Castilho disse que, caso fossemos usar o rádio das caminhonetes, ele poderia ceder até umas quatro ou cinco para o período das férias daquele ano. Além de Ubatuba poderiam ser atendidas outras cidades. Inclusive Registro, cidade pela qual Castilho tinha grande consideração. Para a estação no correio central eu prometi antecipar a entrega de um rádio fixo e instalar a antena no telhado da agencia central. A reunião do Superintendente da Sudelpa com o Secretário se daria em uma semana e o Dr. Castilho queria um teste do funcionamento da solução para que o assunto pudesse ser levado ao Governador Laudo Natel.

Ao que eu lembro, a reunião se daria na quarta feira da semana seguinte. Então combinamos fazer um teste logo na segunda feira, com uma caminhonete com rádio posicionada próximo a agencia dos correios em Ubatuba e a estação fixa instalada em uma unidade de Assistência Técnica da Telefunken localizada na Avenida Pacaembu, a uma quadra da Avenida São João e a uns dois quilômetros em linha reta da agencia dos correios. Dada a precariedade do tempo, a antena seria fixada provisoriamente do lado de fora, estendida entre duas janelas.

Tudo pronto, uma caminhonete instalada em Ubatuba e o rádio na Barra Funda instalado, as nove horas começa o teste para valer. Os dois pontos já tinham feito contatos bem sucedidos, mas agora era oficial. Estavam na sala, em São Paulo, o coronel Botto, seu engenheiro, o Dr. Castilho, um engenheiro da Polícia Militar de São Paulo especialista em comunicações, eu e meu chefe na Telefunken, Wayland Coats além, obviamente, de um operador do rádio e do telegrafista do correio. Nove em ponto, o rádio ligado, entra a voz do operador de Ubatuba, falando da caminhonete.

   – QRA Ubatuba – QAP (Estação na escuta).

O sinal vinha claro e límpido, tanto quanto era possível, considerando que o SSB aproveita só meia banda. Mas a emoção tomou conta da sala.

O operador de São Paulo responde:

   – QRA estação São Paulo. Sinal com clareza cinco. Repito, clareza cinco.

Nem precisava repetir. Óbvio que, se era clareza cinco é porque era clareza cinco. A comunicação era limpa e perfeita.

Em seguida São Paulo inicia o teste para valer:

   – Segue QTC em Morse.

E ambos os telegrafistas fizeram a troca de mensagens em condições tão boas quanto o fariam no telégrafo com fio. Bastou uma tentativa. E até houve espaço para o humor:

   – Favor QRQ (transmita mais depressa…)

Terminada a troca de mensagens, todos na sala sentiram a mesma emoção que devem ter sentido os cariocas que testemunharem a iluminação do Corcovado, em 12 de outubro de 1931, quando, numa cerimônia organizada pelo jornalista Assis Chateaubriand e presidida pelo Cardeal do Rio de Janeiro, Dom Sebastião Paes Leme (filho de Espírito Santo do Pinhal) e pelo Presidente Getúlio Vargas, o cientista italiano Guglielmo Marconi, inventor do rádio, e o Papa, acionaram um dispositivo que enviou um sinal de rádio que iluminou o Cristo Redentor. A iluminação que brilhou no céu aconteceu no início da noite, as 19 horas e quinze minutos e assim foi relatada por Marconi, em sua biografia escrita por Filippo Garozzo:

“Então todos ficaram olhando para o morro, esperando o milagre a ser produzido pelo homem. E o milagre aconteceu pontualmente. O Papa e Marconi, em Roma, apertaram uma chave de transmissor e um sinal partiu rápido da Cidade Eterna, deslizou sobre o Atlântico mais velozmente que o relâmpago, e atingiu o Cristo Redentor, construído sobre o Morro do Corcovado, na Baía de São Sebastião do Rio de Janeiro, a Cidade Maravilhosa. E o Cristo, de repente, ficou tão resplandecente e brilhante de luz que mais se assemelhava a uma festa! Parecia até outro Cristo, risonho e mais bonito, agora que estava iluminado e inaugurado pela mão do Santo Padre e pelo gênio de Marconi.”

O espantoso desta história é que o corrupto Correio brasileiro da época, mesmo depois de atravessar quarenta anos e uma guerra mundial, ainda enfiava a cabeça na areia, ainda parecia não ter tomado conhecimento das ondas de rádio e se aferrava aos fios de cobre.

De toda forma, após o teste entre o litoral e a capital, estava resolvida a questão técnica. Faltava, agora, resolver a questão política.

O Dr. Castilho levou os laudos do teste para o Secretário, que, junto com o Superintendente da Sudelpa, os levou ao Governador Laudo Natel. Esta reunião não assisti. Mas soube dos resultados depois.

Segundo o relato do Dr. Castilho, o governador ouviu todo o relato e deu uma olhada nos laudos para então dizer:

   – Os senhores devem estar brincando comigo. Como eu posso justificar para a opinião publica que vamos beneficiar apenas uma cidade em detrimento das outras?

O secretário e o Dr. Castilho tentaram justificar:

   – Desculpe, governador, mas nossa proposta é emprestar os rádios para atender um pedido do Correio e começar fazendo um teste. Primeiro seria Ubatuba, mas depois o correio nos assegurou que vai poder estender o serviço para as demais localidades…

O governador teria ficado impaciente:

  – Quanto custa cada estação? – Quis saber o governador.

  – Metade do custo de um fusca, foi como o Dr. Castilho teria respondido.

  – E quantos postos de correio existem no litoral?

  – Cerca de vinte localidades.  – Teria sido a resposta do Dr, Castilho.

Laudo Natel, então, teria resolvido a questão:

   – Se este é o número vamos fazer nossa parte. Vamos formalizar logo um convênio doando os rádios ao Correio e oferecermos telégrafo no litoral paulista ainda neste verão. Vamos comprar os rádios e fazer uma festa nas vinte localidades logo que começar a alta temporada.

   – Mas será que teremos tempo? – Quis saber o Secretário.

   – Os senhores já devem conhecer minha frase preferida: “fazer o possível agora e o impossível depois.” Se precisar, o senhor empresta suas caminhonetes.  Então vamos logo adquirir os tais vinte rádios e providenciar imediatamente o convênio para oficializar a doação da Sudelpa para os correios.

E assim foi feito. O governo de Laudo Natel celebrou o convênio entre a  Sudelpa – Superintendência do Desenvolvimento do Litoral Paulista e a ECT – Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, formalizou a doação dos rádios – como ficou registrado no flagrante acima – e inaugurou os novos pontos de telégrafo naquela temporada de praia com uma grande festa. E todos foram felizes até quando uma nova geração de corruptos ressurgiu nos governos Lula e Dilma e passou a meter a mã0 e novamente avacalhar com os correios. 

PS.

1) – Os rádios foram entregues a tempo mas as frequências estavam demorando perigosamente. O governador, por seu turno, queria que os rádios fossem instalados já com as frequências definitivas. Acontece que o Dentel estava criando problemas. Contaram-me que o governador, em raro momento de irritação, teria ligado diretamente para o Presidente da República, o General Médici. Como por encanto, as frequências vieram rapidinho e a tempo.

2) – Quando a máfia do cobre e a alta direção dos correios soube do “golpe baixo” do Coronel Botto ficou espumando de raiva e foi reclamar com o presidente. Pensaram que iam tosquiar o coronel Botto mas saíram tosquiados. A solução foi típica do governo militar: a diretoria corrupta foi demitida sem delongas e – surpresa! – sabem quem foi escolhido como o novo presidente da Empresa Brasileira de Correios? Ele mesmo, o Coronel Adwaldo Cardoso Botto de Barros, o sergipano porreta, o Coronel Engenheiro do Exército Brasileiro que mais entendia de comunicações e um personagem que nos enche de orgulho e que marcou seu nome na história como o responsável pela criação do serviço de SEDEX, pela criação do POSTALIS e pela era de ouro do correios do Brasil. De sobra, ainda dirigiu a renovação tecnológica dos correios de todo o planeta. O resto da história vocês já conhecem.

3) – Muitos anos depois reencontrei o Coronel Botto no Aeroporto de Guarulhos. Ele já era, então, presidente da UPU – União Postal Universal. Ao me ver, o coronel Botto veio ao meu encontro e fez questão de me convidar para um café. Nos quinze minutos que faltavam para seu horário de embarque, relembramos o episódio dos rádios e dos “telégrafos de férias”, episódio que ele lembrava com carinho e via como “a mudança da maré” de sua carreira nos Correios, que presidiu por 12 anos, e, por extensão, de seu papel como líder mundial dos correios por oito anos. Fez-me um convite para visitá-lo na Suíça, mas vai ter que ficar para uma outra vida. Nunca mais o vi, porém tampouco o esqueci. E foi com grande tristeza que li a notícia de sua morte em janeiro de 2015, quando nos deixou, aos 90 anos de idade.

Homens como ele temos poucos e nos fazem muita falta. Que seu legado de competência e integridade frutifique e que Deus o tenha.


Celso Skrabe


Lula e o Vaso Chinês

 

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Lula mesmo disse que é agora só um “Vaso Chinês”. Ele elegeu um poste e acha que agora elege um vaso? Tá tudo muito doido.

  • Lula e o Vaso Chinês

O Lula é finório de papo e, de prosa, muito bom,

tanto que garante, na conversa vaidosa, que o país não tem “alma mais pura”,

só que o maroto de sempre fez do Brasil sua troça e de nosso futuro sepultura;

Moleque, comia calango cozido no ensopado de jerimuns,

depois, já em “Sum Palo,” tomou gosto em usar o gogó e tapear o povo sofrido,

se fazendo de grande amigo nos discursos de paletó;

Competente prometedor de vício antigo, prometeu tudo de baciada.

Promessa fez de montão, mas era tudo fantasia

de uma falador que se fazia de Patativa do Garanhuns;

Demagogo caviloso e muito esperto, um jagunço redivivo,

sempre foi imbuído da mais pura desfaçatez.

Enganou gente com fome e deixou amargurado quem pensou que teria vez.

Rei da “istripolia”* tenebrosa, foi um presidente comodista.

Querendo, tudo podia, posto que tinha o poder da nação,

mas todo dia mentia e, por sua gente, não se atrevia nem um tiquinho não;

Homem tosco e de pouca cultura, à beber sabedoria ele preferia uma boa pinga,

o cabra tinha medo de livro e do saber corria feito o diabo da cruz,

porém lábia tinha muita sobrando e ludibriava o povo como ninguém;

Com seu talento maneiro e um traquejo verbal colosso,

tivesse sido homem digno, ou mesmo um poeta de tabuleta,

teria enricado e virado santo só fazendo rima e caçando “barbuleta”.

Mas sendo um insensato que pela ambição foi picado,

vendeu fiado sua alma ao capeta e logo trocou tudo e fez errado:

meteu os pés pela mão e, aloprado, “Cantou cá” o que devia “Cantar lá”.

Tivesse sido fiel a seu berço, ao seu povo e sua nação,

tivesse refreado, só um pouquinho, sua insana ambição,

teria sido, se fosse bom e honesto, o grande presidente da redenção.

Mas, qual nada, era fraco de caráter e gostou do encosto macio.

Se cercou de puxa-saco e zuniu de avião a jato, movido à corrupção.

Virou um “bon vivant”, liso como quiabo, esperto como o diabo e malandro como o tiziu.

Lula, cabra indomado, vaidoso e arrogante, se deixou cair em tentação.

Deu uma banana malvada, rasteira e desalmada, ao seu povo sofrido,

que só teve consolo num bolsa família de ralas migalhas de humilhação.

Mascate de ilusões tarimbado, Lula pegou na mão o que pode,

enricou ainda mais os ricos e mandou dinheirama até para outras nações,

mas o Brasil, pobre coitado, além de pagar a conta, ficou na pior condição.

E diferente do Patativa do bem, que cantou as mágoas de quem pouco tem,

esse embusteiro terrível só queria mesmo levar vantagem

e, para dizer a verdade, nunca foi leal a ninguém.

Agora, o país lastima o tanto de dinheiro roubado no governo dele e da Dilma,

enquanto falta hospital e falta tudo mais na sofrida “classe matuta”,

“que nem em sonho mais desfruta as riquezas do Brasil”;

Lula, se acaso fosse mesmo verdade que ele nada sabia,

como repete, com monotonia, o seu surrado refrão,

seria pior que um mau vigia que abre a porta da casa para deixar entrar o ladrão;

Todos sabem que um corno só é enganado se for frouxo ou bobalhão.

Se roubaram nas suas barbas fortunas de muito milhão,

além de ser condenado, merece uma surra de vara do sofrido povo do sertão.

E nosso triste nordeste, ainda mais empobrecido e calcinado,

outra vez foi logrado sem a menor contemplação,

e, decepcionado, ficou ainda mais “nordestinado” depois deste sonho de verão.

E se pensa, este traíra, viver de luxo no bem bão,

o velhaco se engana total e completamente. Que bote as barbas de molho

que desta vez não escapa das grades da prisão.

E agora, desmascarado, que sabe não ser mais nada,

que desceu do pedestal, que é réu na Lava Jato da Justiça Federal,

ainda vive se iludindo com o poder que já não tem mais;

Quer de novo, este tratante, voltar a ser presidente,

dizendo, na cara dura, que vai arrebentá e prendê. Mas ele está muito enganado,

pois seu prestígio é do passado, tal como foi do passado sua força e seu poder;

Ao povo brasileiro, este sujeito matreiro, nunca mais engana não.

E se ainda tivé povinho prá acreditá na sua enganação,

o santo padinho Ciço vai mandá todinho ele para a eterna danação.

Mas pretensão é pior que bicheira prá apodrecê coração.

Esta vontade traiçoeira de mandá no povo de novo e que faz coceira na sua língua,

só precisa um gole de pinga prá desandá em falação.

Mas a um povo inteligente só se engana uma só vez;

Lula, por isso, disse ao Moro, falando de sem pulo, sem saber bem o que fez:

Eu já não sou mais presidente. Agora eu só sou um “Vaso Chinês”!.


 Ceska – O digitaleiro


(*) As expressões e frases em itálico foram inspiradas em poesias de Antônio Gonçalves da Silva, poeta e trovador cearense conhecido como “Patativa do Assaré” (1909 – 2002).


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Vamos nos alinhar ao mundo que deu certo, para variar?

O mundo contemporâneo, este que emerge da Quarta Revolução Industrial, o chamado Mundo 4.0, gira em volta da Inteligência Artificial (IA). Este mundo em transformação, revolucionário e disrruptivo, vem quebrando todos paradigmas. Para começar, o mundo já não se divide mais entre esquerda e direita. Ele se divide em digital e analógico; em funcional e disfuncional; em veloz e capenga. Este novo mundo é conectado ao universo digital e vai se distanciando cada vez mais das partes velhas, desarvoradas, sem eira e nem beira, perdidas na poeira das nações de ponta.

A diferença entre as nações bem sucedidas e as fracassadas se acentuará de modo irreversível à medida que a Quarta Revolução Industrial for mudando a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. A Primeira Revolução Industrial utilizou água e vapor para mecanizar a produção. A Segunda se valeu da energia elétrica para criar a linha de montagem e a produção em massa. A terceira usou a eletrônica e a tecnologia da informação para automatizar a produção. Agora, a Quarta Revolução Industrial vem no bojo da Inteligência Artificial. Mais do que nunca, será o novo contra o velho; o múltiplo contra o monocórdio; o inteligente contra o obtuso.

O Brasil, felizmente, tem núcleos que já ingressaram no Mundo 4.0. Empresas como Embraer, Tramontina, Fanem, para ficar apenas em algumas que atuam no cenário mundial, já estão neste mundo novo. O agronegócio brasileiro figura entre os mais avançados do planeta. Nele a IA – Inteligência Artificial – vem sendo adotada intensivamente. Tratores e colheitadeiras dispensam operadores e trabalham com piloto automático, orientadas por GPS. Drones supervisionam do ar rebanhos e lavouras e fazem pulverização de fertilizantes e inseticidas. O gado é rastreado com chips de RFID. Isto tudo da porteira para dentro, claro, porque da porteira para fora caem no Brasil meia-boca de sempre. Armazenagem insuficiente, estradas imprestáveis, ferrovias por construir, portos limitados e subdimensionados. Um Brasil imensamente rico em potencial, mas contaminado pela corrupção, dirigido por incompetentes e pilhado dia e noite por bucaneiros da política, salvo as honrosas exceções, que existem e são fonte de esperança e alento.

Agora, porém, em meio a maior crise de nossa história, chegou a hora de repensarmos o Brasil. E de reformarmos este arremedo de democracia que tem se mostrado uma madrasta para o país.

Para fazermos nossa democracia alinhar-se aos requisitos da Quarta Revolução Industrial precisaremos que atenda três exigências:

  • – Deve ser digital, conectada, inteligente, online e funcionar em tempo real;
  • – Deve ser aberta ao cidadão, criar espaço para o debate permanente das questões mais importantes, e permitir que de todos os interessados na política do país tenham acesso a canais de transparência com todas as áreas do governo;
  • – Ser capaz de integrar os cidadãos no processo de tomada de decisão, oferecendo suporte decisório baseado em “evidências” sobre tudo o que diga respeito a vida da sociedade e as boas práticas.

Em princípio, não é difícil, havendo vontade. Mas temos que entender que a democracia Brasileira enfrenta um desafio de vida ou morte. Se não transformar-se radicalmente, continuará vulnerável ao assalto de demagogos e populistas. Se vierem demagogos populistas, com desclassificados padrão Lula, a crise não se resolverá nesta geração. Tomada por desalento, a democracia será dissolvida no ácido de seu fracasso e de sua inépcia. E termos uma ditadura no horizonte.

Mas sejamos otimistas. A oportunidade que o Mundo 4.0 nos abre, com as novas tecnologia e a Inteligência Artificial, permite que venhamos a ter uma democracia inovadora, vibrante e alinhada com a cibernética, para substituir a atual que é burocrática, caduca, lenta e fenecente.

A chave, contudo, para o êxito de uma democracia digital no Mundo 4.0 não se limita à velocidade nas decisões, por exemplo, mas em ser capaz de azeitar o funcionamento da sociedade para que esta possa cumprir seu papel e atender as expectativas de seu povo, operando com eficiência, eficácia, equidade, precisão e qualidade. Sua arquitetura deve articular as melhores decisões possíveis. Decisões bem informadas, provadas e comprovadas, baseadas nas melhores “evidências” disponíveis.

  • O mundo digital já está entre nós

No Brasil já está todo mundo na orbita digital. Nem que seja ao assistir televisão.

Os brasileiros, especialmente os das novas gerações, já vivem na era digital. Segundo o Jornal O Estado de SP, com dados da 28ª Pesquisa Anual de Administração e Uso de Tecnologia da Informação nas Empresas, realizada pela Fundação Getúlio Vargas de São Paulo (FGV-SP), de março de 2017, o Brasil terá um smartphone em uso por habitante até o final de 2017. Com crise ou sem crise, ainda de acordo com a pesquisa, até outubro a base de smartphones no País será de 208 milhões de aparelhos.

Hoje, o País tem 198 milhões de celulares inteligentes em uso, crescimento de 17% na comparação com o ano passado. Um número que continua crescendo. A expectativa é de que, nos próximos dois anos, o País tenha 236 milhões de aparelhos, um crescimento de 19% em relação ao momento atual. Sem esquecer que o Brasil tem também 162,8 milhões de computadores (entre desktops, notebooks, e tablets) em funcionamento, um crescimento de 5% na base instalada com relação ao levantamento de 2015. Até o final do ano serão 166 milhões de computadores em uso, sendo cerca de 33 milhões de tablets.

O mudo digital também já chegou aos bancos brasileiros e ao imposto de renda. Como seria de esperar, para cobrar juros e cobrar impostos já estamos na era digital. Falta chegar na democracia.

Agora, achar que vamos ficar encalhados numa democracia “carro de boi” é tolice. Os jovens já vivem em outra dimensão e vão simplesmente passar por cima dos que ficarem no caminho. Os políticos do antigamente, do tempo do onça (eita!), podem não gostar, mas a transformação digital vai jogá-los ao relento. O país está pronto para fazer as reformas transformadoras e abrir as portas do século XXI, um século que ainda não alcançamos.

  • A Democracia fascinante

Brava gente brasileira, já podemos antever os contornos desta nova democracia de perfil digital. Como em outros campos transformados pela Inteligência Artificial, a nova democracia digital tende a funcionar em volta de uma grande “nave mãe” virtual, aberta para a participação cidadã, tendo à sua volta os “c-pods”, os “civic-pods”, núcleos de opinião e grupos de interesses específicos, organizados por áreas e temas, aos quais os cidadãos poderão aderir usando seus títulos de eleitor eletrônicos para ter amplo acesso à transparência, as informações e as decisões dos três níveis de governo.

Estes aplicativos permitirão participar de debates e de decisões, votar e cobrar resultado de seus eleitos. Organizar e encaminhar projetos de lei de iniciativa popular e muitos outros. Essa democracia digital será infinitamente mais inclusiva, mais participativa, mais transparente e mais equitativa. Até muito mais alegre e divertida. Além disso, como o mundo digital está ainda em formação, a nova fronteira é território aberto, pronto para ser desbravado e conquistado.

De uma coisa, contudo, já podemos ter certeza: a era da Quarta Revolução Industrial, a era da IA – Inteligência Artificial – vai mudar profundamente as práticas democráticas e, com elas, as formas de governar e prestar contas aos eleitores.

Basta imaginar qual seria o impacto da adoção de “câmaras testemunhas” em obras públicas. O cidadão interessado em uma determinada obra poderia, ele mesmo “fiscalizar” sua evolução. Um fórum associado permitiria opiniões e críticas. E, acreditem, nada levanta um traseiro mais depressa que fogo em baixo do banquinho!.

Ademais, pode-se prever que nosso titulo de eleitor será a senha aplicativos pessoais, para acesso a informações sobre indicadores democráticos, bem como para o exercício de votos online em consultas públicas e assinaturas pré-validadas para abaixo-assinados e projetos de lei de iniciativa popular. A senha servirá, ainda, para contato autenticado com autoridades e representantes no legislativo. Nós, o povo, vamos ter muito mais força, muito mais direitos, mas também muito mais responsabilidades. A democracia que teremos será menos distante e mais inteligente; menos perfunctória e mais funcional. Além de menos vulnerável a fraudes e a manipulações.

Apenas para ilustrar, uma boa “evidência” sobre como os cidadãos querem acompanhar as coisas que lhe dizem respeito são os 222.086.385 de visitantes que foram ao site da SABESP conferir os níveis dos reservatórios da capital paulista entre maio de 2014 a 01 de março de 2017. Ou seja, deixa só este povo tomar gosto pela democracia digital. Vai ser a maior limpeza das teias de aranha de nossas instituições já registrada em nossa história.

  • Democracia Inteligente

A Democracia Inteligente  do Mundo 4.0 vai colocar o cidadão no centro do processo político. Não será só na hora de votar que o cidadão terá voz e vez. O chamamento à participação será permanente e dinâmico, o que significa que o cidadão deverá também saber mais em relação aos assuntos do governo. Para tomar posição em temas como a reforma política, na economia, nas questões sociais, nas leis e decretos, o cidadão precisará de boas informações e bons comparativos sobre os efeitos das decisões que vai tomar. Saber qual o custo social a pagar e quais os resultados a esperar.

De maneira que, para melhor exercer sua cidadania, precisará dispor de “evidências” sobre o que funciona e o que não funciona.

O movimento mundial em favor de decisões baseadas em evidências começou com a Medicina Baseada em Evidência (MBE). Em pouco tempo revolucionou a prática médica e mostrou-se um instrumento de enorme valia para orientar boas decisões na medicina. O sucesso levou a enfermagem a logo adotar sua versão por meio das “Práticas Baseadas em Evidência”. Outras áreas a adotaram na sequência, como Nutrição e Fisioterapia. Hoje é difícil encontrar uma área da saúde que não tenha a sua versão da metodologia. Campos de atividades correlatas logo também abraçaram a experiência, a exemplo da Arquitetura e do Design Hospitalares. Em pouco tempo surgiu um movimento mundial para acabar com o “achismo” e que tornou as decisões com base em evidência em um conceito multidisciplinar. Hoje, este método de basear decisões numa sistemática de evidencias já foi adotado por áreas como Administração, Economia e dezenas de outras.

Dado o êxito destacado desta metodologia, tudo indica que seus princípios seriam aplicáveis a uma Democracia Baseada em Evidência no Brasil.

Seguir as “evidências” nos ajudaria a evitar equívocos e erros dolorosos, como o nosso presidencialismo imperial e as eleições proporcionais com desequilíbrio na representação na Câmara. Ocorre que há uma distorção no modelo atual. As regiões mais povoadas e avançadas, sul e sudeste, têm uma representação proporcionalmente menor que as menos povoadas.

Entre os benefícios, desde logo a DBE nos auxiliaria na tarefa de exorcizar essa nossa mania de adotar políticas jabuticabas, que só existem aqui. Esta insistência em inventar políticas “heterodoxas” tem uma explicação: fica mais fácil encobrir a corrupção e a incompetência quando se adota um modelo politico turvado e opaco. Tal é o caso da estapafúrdia “Nova Matriz” econômica”, um conceito destrambelhado adotado pelo duo Lula e Dilma. A explicação é rasa: com adoção de uma falsa democracia, o que temos é um mero arremedo democrático, os indicadores tradicionais passam a ser rejeitados sob o argumento de que “não são aplicáveis”.

Qualquer sociedade precisa de uma organização e uma disciplina interna para funcionar. Disto não há dúvida. Consequentemente, é preciso que exista uma autoridade que atue sistematicamente para manter o conjunto funcionando. Está implícito no significado de sociedade que seus membros compartilham interesses ou preocupações mútuas visando um objetivo comum.

O principal objetivo comum de um país, supõe-se, seria o bem estar de seus cidadãos. Mas, no Brasil, o deposto governo de Dilma já não tinha mais este objetivo. Seu propósito se tornou ter e manter o poder. O sonho petistas era chegar a um poder ditatorial, como em Cuba e na Venezuela. Ditadores, como Raul Castro, em Cuba, ou Maduro na Venezuela, ditam as ordens e o povo ou se submete ou é reprimido. No Brasil, porém, já existe uma sociedade suficientemente bem informada e articulada para torpedear este tipo de pretensão totalitária. Este tipo de ameaça já foi vencido mais de uma vez, mas sempre a custo de muita angústia e sofrimento.

Como sabemos, foi para evitar o trauma das revoltas populares e limitar o poder absoluto dos monarcas que a civilização criou a democracia. Este regime, mesmo que imperfeito, é, no dizer de Churchill, “o pior dos regimes, exceto todo os outros”. De modo que nada temos de melhor ou mais civilizado para organizar a sociedade e dar voz e vez aos cidadãos. Mas sempre será possível aperfeiçoar a democracia e seus mecanismos de empoderamento dos cidadãos.

O que precisamos aceitar, no entanto, é que uma democracia é, por natureza, um sistema de permanentes tensões e disputas. Precisamente por esta razão precisa de mecanismos rápidos de ajustes e de acomodação de interesses.

O homem sempre quer mais e nunca está satisfeito. Talvez esta ambição ilimitada explique porque o homem saiu das cavernas para conquistar o espaço. Decorre daí que as demandas nunca acabam. As sociedades se formam e existem em um contexto dinâmico, insertas que estão na natureza e competido umas com as outras. Portanto, vivem em um mundo de cotidiana tensão. O que equivale dizer que em nenhuma sociedade moderna os dias são sempre iguais. São estas disputas que produzem as mudanças e fazem a história. O pressuposto é que, se nada é permanente e tudo é fluído, a conclusão é que o bem estar geral irá refletir a qualidade das decisões. Estas vão moldar o momento e as circunstâncias. Tempos de vacas gordas e de vacas magras sempre acompanharam a história do homem. A escassez sempre foi um inimigo a ser combatido. Aliás, é bom lembrar que a disciplina da economia foi criada para lidar com o fenômeno da escassez.

Os povos bárbaros sofriam as crises de escassez e a elas se conformavam sob a crença de que sua penúria vinha dos deuses. Os povos subdesenvolvidos acreditam na lorota de que suas agruras venham dos inimigos externos. O esquerdistas de Cuba e na Venezuela culpam os Estados Unidos. Já os povos civilizados aprenderam que a pobreza não vem da maldição divina, mas das decisões equivocadas de seus governantes. Ao evoluírem, passaram a exigir bons governantes e querem ser consultados naquilo tudo que tenha a ver com seu destino. Os povos civilizados querem resultados e por isto querem votar e influir nas em suas sociedades.

Ocorre que o processo democrático, sendo obra dos homens, é passível de distorções, vícios e imperfeições. Sem falar, claro, da demagogia, da irresponsabilidade e da mais destilada hipocrisia.

No mundo civilizado acredita-se em valores como equidade, igualdade e justiça. Algo que os gregos, desde Clístentes, chamavam de “isonomia”. Modernamente, este conceito abarca a noção de cidadania, sendo o cidadão, por definição, membro ativo da sociedade e partícipe da construção de sua história. E foi para proteger o cidadão, seus direitos e deveres, que a civilização engendrou a divisão dos poderes entre executivo, legislativo e judiciário.

Norberto Bobbio, que era socialista, mas temperava seus pecados com um vigorosa defesa da democracia e acreditava na separação de poderes, indicou pelo menos três fatores que dificultam um projeto democrático efetivo nas sociedades contemporâneas: a especialidade, a burocracia e a lentidão do processo.

O primeiro obstáculo seria derivado da complexidade da vida contemporânea, que demanda competências técnicas de “especialistas” para dar solução a inúmeros problemas públicos, notadamente em economias altamente reguladas e planificadas. A complexidade dos problemas dificulta o entendimento das soluções por parte do cidadão comum e abre espaço para “especialistas” que usurpam o poder político ao tomar decisões contrárias ao interesse da maioria. As ditas “soluções técnicas” dificultam a hipótese democrática de que todos podem decidir a respeito de tudo.

O segundo obstáculo resulta da expansão exagerada da burocracia, um aparato de poder sem mandato, ordenado hierarquicamente de cima para baixo, em direção totalmente oposta ao sistema de poder democrático.

O terceiro obstáculo vem do desejo equivocado das esquerdas de fazer com que o Estado tome o lugar de Deus e se torne o grande provedor da sociedade. Políticos demagogos se valem do desejo legítimo das pessoas de obterem renda e se sentirem seguras e prometem que o estado oferecerá estas duas benesses a troco do voto. Prometem o que não existe: o almoço grátis. Com sua demagogia irresponsável estimulam demandas irrealistas dirigidas ao Estado. Um povo dependente do estado é mais propenso a ser seduzido pelas promessas populistas. Ocorre que o Estado não produz riquezas, apenas se apropria daquela produzida pela sociedade. O resultado prático é que, ao invés de atuar para equalizar as oportunidades, o estado cria privilégios, benefícios e benesses para os grupos mais influentes, favorecendo corporações e grupos específicos. Esta tendência s torna ainda mais aguda no voto proporcional. Neste modelo os candidatos representam corporações e grupos e são facilmente seduzidos pela corrupção. Ao usar o estado para favorecer aos “amigos”, tirando dos que produzem para dar aos aliados, acaba criando descontentamento e minando as bases em que se assenta democracia. Quando a Democracia se desfigura e não tem mais legitimidade para encaminhar o debate político, uma crise é inevitável. Sem confiar nos seus ditos “representantes” fica comprometido o convívio democrático e esgarçada a coesão social.

  • Sincrisis “versus” décrisis.

Se, eventualmente, a perturbação do equilíbrio é corrigida por algum mecanismo homeostático, como eleições periódicas que permitam a mudança do poder, a crise pode se limitar a uma “síncrisis”, uma crise que se resolve de forma não traumática. Por exemplo, em um governo parlamentarista, uma crise do governo dificilmente evolui e se resolve com um voto de desconfiança e a substituição do primeiro ministro. Se, porém, a democracia não possui os instrumentos de defesa e de reequilíbrio ágeis para conter a erosão das instituições, as características da crise podem levar a impasses e ao esgarçamento de sua coesão. Neste caso sobrevém uma “décrisis”, um processo de falência múltipla das instituições democráticas. O exemplo das crises do presidencialismo brasileiro ilustra bem os efeitos das “décrisis”. Quando uma crise aguda se instala, dificilmente se tem um bom prognóstico. O ambiente politico vira um “salve-se quem puder” e os acordos e os mútuos compromissos do arranjo social, que implicam em concessões em nome do bem comum, deixam de valer.

A piora gradativa leva à desordem, ao descontrole e, finalmente, desemboca no caos. Para impedir a evolução de uma “décrisis” é preciso interromper o processo de desagregação. Na atual “décrisis” brasileira, que continua sem uma solução definida, a saída da ex-presidente Dilma permitiu um alívio momentâneo. Seu desfecho, contudo, ainda é uma incógnita. As mudanças estão no rumo certo, mas se mostram tímidas demais para o porte da catástrofe em curso. Para reverter a situação política do país e estabelecer um círculo virtuoso que converta a “décrisis” em uma “síncrisis”, é preciso mais do que parar de piorar. É preciso que sobrevenham fatos novos.

  • A oportunidade que vem da “décrisis”

Em uma sociedade que conta com uma escassa “massa crítica” de bom senso, como a brasileira, resta o instinto de sobrevivência como antídoto para uma “décrisis”. Os milhões de brasileiros que saíram às ruas no “fora Dilma” evidenciam que a sociedade está alerta e disposta a tomar posição. As multidões deixam claro que não vão aceitar um destino e segunda classe.

A lamentar, contudo, é que não se pode esperar muito deste congresso ou do governo Temer. A maioria dos atuais políticos no governo e no congresso estão implicados e tem contas a prestar.

Mas podemos encontrar um lado bom neste cenário de crise e de obtusidade política. A necessidade é a mãe das soluções. Então, a mesma sociedade que se mobilizou nas manifestações poderá se mobilizar para acertar as coisas no Brasil. Vamos precisar de muito jogo de cintura e, talvez, fechar os olhos para muita coisa errada, mas não adianta chorar o leite derramado. Transformar o Brasil é imperioso, posto que de crise já cansamos. Multidões na rua podem ajudar a encontrar um novo caminho. Multidões nas mídias sociais também podem. Mas que caminho? Corrupção e mentiras não queremos. Engodo nem pensar. Sim, é verdade que ainda estamos imersos em perplexidade, mas não será por muito tempo.

  • O jeito de mudar certo

Confúcio nos dizia que há três métodos para ganhar sabedoria: primeiro, por reflexão, que é o mais nobre; segundo, por imitação, que é o mais fácil; e terceiro, por experiência, que é o mais amargo.

Como não aprendemos pelos dois primeiros métodos e hoje sofremos com mais de 14 milhões de desempregados (e crescendo…), estamos acumulando uma divida colossal e regredimos com uma recessão por dois anos seguidos, com uma queda, segundo a Folha de S. Paulo, de 9,1% do PIB “per capita” desde 2014, tudo o que nos resta é engolir seco e aproveitarmos as lições mais amargas que nos vem da experiência que estamos vivendo.

  • Encruzilhada da ação

O que temos claro é que nos encontramos diante de uma encruzilhada. Ou abraçamos as mudanças necessárias ou vamos avançar rumo a um despenhadeiro de empobrecimento e mediocridade. O caminho que escolhermos agora vai definir o que seremos como nação no restante do século XXI.

  • Aprendendo a transformar com base em evidência

Recapitulando, já sabemos que nossa democracia é um arremedo. Que nossos políticos, salvo exceções, são uma lástima. Despreparados, desinformados, superados, isto quando não mal intencionados. Uma parcela deles são apenas e tão somente “picaretas”. Mas o povo brasileiro tem alma democrata. Gosta de votar. As eleições o Brasil são uma festa. Pena que os candidatos sejam uma lástima.

  • Mas por quê?

Dá para deduzir que alguma coisa está errada no processo. Certamente, o presidencialismo e voto proporcional tem boa parte da culpa. O voto distrital traria outro perfil de candidatos. Mas não temos voto distrital. Nem parlamentarismo. Estas duas mudanças já seriam um avanço, mas elas não virão sem um movimento popular que as respalde. E mesmo sendo fundamentais, não esgotam as transformações possíveis e desejáveis para uma democracia do século XXI. E neste ponto é que viria a calhar uma nova metodologia de transformação democrática para o Brasil. Uma nova forma de examinar e diagnosticar os nossos males, de reunir e comparar as alternativas, de escolher as melhores soluções e de trazer a sociedade, a cidadania e o povo para ter participação 24/7 nesta tarefa que é de todos e de cada um.

Em todos os campos da atividade humana vem sendo adotada a busca sistemática de melhores resultados com base no conhecimento, nas experiências e no comparativo entre performances, ou seja, nas “evidências”. Hoje, além da “Medicina Baseada em Evidência” já existe uma enfermagem com “Procedimentos Baseados em Evidência”, uma “Arquitetura Baseada em Evidência” uma “Administração Baseada em Evidência” e inúmeras outras similares. O que podemos fazer para curar nossa democracia é sermos os pioneiros de uma “Democracia baseada em Evidência”.

  • Um pouco da História do Movimento pela adoção das Evidências como método de acertar

O movimento da “Medicina Baseada em Evidências” foi inspirado no livro “Eficácia e Eficiência”, escrito pelo médico Archibald (Archie) Cochrane e publicado em 1971. A obra criticava acerbamente os métodos nos cuidados de saúde de então. O livro criticou o “achismo” e a falta de evidência confiável por trás de muitas das intervenções de saúde comumente aceitas na época. Suas críticas provocaram um terremoto nas práticas médica e estimularam a adoção de “evidências” confiáveis na medicina. O movimento levou a McMaster University, de Ontario, no Canadá e a University of York, do Reino Unido, a estruturarem a “Medicina Baseada em Evidência”. A nova abordagem obteve ampla aceitação porque era evidente que muitos pacientes morriam ou sofriam sequelas por não terem sido tratados com as melhores práticas existentes. E isto era moralmente inaceitável. Ainda mais tendo em conta que, na era digital, era possível organizar as informações sobre as boas práticas e sobre pesquisas científicas de modo a encontrar “evidências” sobre o melhor procedimento para tratar cada caso. Visando reunir uma acervo de evidências foi criado o Cochrane Database of Systematic Reviews (CDSR), um banco de pesquisas científicas e publicações médicas que podem ser acessadas por médicos de todo o mundo na busca das melhores terapias disponíveis para tratar a doença de seus pacientes.

Ao médico canadense David Sackett se atribui a definição clássica da MBE: “uso consciencioso, explícito e sensato da melhor evidência disponível na tomada de decisão sobre o cuidado a pacientes, acrescida da experiência do médico e das preferências do paciente”.

Se viermos adotar um método análogo para a “Democracia Baseada em Evidência” no Brasil, poderíamos começar com uma definição inspirada na definição da MBE: “adoção conscienciosa, explícita e sensata da melhor evidência disponível sobre o regime e as práticas democráticas, a escolha de representantes, a elaboração de leis, a transparência, a governança e a participação continuada dos cidadãos nas decisões que afetem a sociedade e o povo”.

Optar por uma democracia com método seria um fato novo, uma alternativa ao debate estéril, pirotécnico, impregnado de ideologias arcaicas e falsas premissas que vemos ser feito por partidos políticos de aluguel, alheios a realidade e aos anseios do país.

  • Um Futuro, Já!

Como transformaremos o país se não temos um plano de ação coerente e nem vislumbramos um destino desejável? Sêneca dizia: “nenhum vento sopra a favor de quem não sabe onde ir”. Como empolgar a nação, em especial a juventude, se não definirmos onde queremos chegar e como faremos para chegar lá?

Talvez um dos poucos momentos de nossa história em que tivemos uma clara visão de um projeto nacional foi na construção de Brasília. O país se jogou no projeto proposto por Juscelino Kubistchek e o realizou. Juscelino também se lançou na criação da indústria automobilística, levou a nação junto e o fez acontecer. Foram bons projetos? A discussão hoje é supérflua. Não há dúvida de que houve muita corrupção e desvios na época. Uma peça de teatro do impagável Sérgio Jockyman, “Boa Tarde, Excelência”, produziu gargalhadas homéricas na décadas de 60 e 70 ao contar as trapalhadas e as maracutaias daquele período. A disputa da concessão dos clips de papel e do papel higiênico é tão hilária que chega a ser perigosa para quem sofre de falta de ar. Mas fica o exemplo de que sabemos realizar bons projetos, embora precisemos mudar os métodos.

Portanto, debater um projeto nacional é da mais alta prioridade. E esse debate deve ser da sociedade, da cidadania, como foi a manifestação das ruas.

O que é certo é que podemos ter uma democracia melhor e mais funcional. Uma democracia para o mundo 4.0. O Brasil não aguenta mais retórica vazia e precisa partir para as transformações. Ou, como dizia, com espírito, o ex-prefeito de São Paulo, Brigadeiro Faria Lima, “precisamos de menos planejamento e mais fazejamento”.

  • Método para fazer uma Democracia 4.0

O primeiro passo é assumir que queremos uma democracia alinhada com o futuro. Claro, esta democracia deve ser imune à contaminação corruptogênica. Para chegar a esta imunização será preciso dotá-la de defesas e dar a ela total transparência digital. O espírito desta Democracia 4.0 deve ser capaz de coragem para iluminar-se na lógica de Camões, nos Lusíadas, nos versos em que canta as descobertas lusitanas que transformaram o mundo de seu tempo: “Cesse tudo o que a musa antiga canta, que outro valor maior alto se alevanta!”. Ou seja, diante do novo, dos novos valores e novas descobertas; dos novos conhecimentos e saberes, cessa a influência da antiga musa. O velho cede o passo para o novo. A velha musa murcha e perde o encanto, eis que surge, resplandecente, uma nova e bela musa. O novo brilha com um novo encanto e remete ao obsoletismo as velharias superadas e manda para o ostracismo os seus velhacoutos.

Se dermos boas vindas a uma nova musa democrática, esbelta e glamorosa como todas as musas recém chegadas, precisamos ajudá-la a firmar-se entre nós. Um cuidado preliminar é afastá-la dos zumbis delirantes, um grupo de bocós políticos que teima em acreditar em fantasmas marxistas, encostos bolivarianos, abdução por seres extraterrestes, mau olhado e sortilégios, mas não acredita em coisas prosaicas e burguesas como matemática, lógica cartesiana, causa e efeito e que tais. Também convém proteger nossa musa dos corruptos profissionais de plantão, o bem aparelhado bando de rufiões que obra com engenho e arte, como prova o mal afamado “Departamento de Operações Estruturadas”, da Odebrecht. Esses são até mais perigosos do que aqueles. Nossos corruptos são afamados mundo afora, atuam com método e disciplina. Tem faro para o dinheiro público e seguem objetivos estratégicos. Para obterem acesso ao erário se fantasiam de democratas e se camuflam de esquerda, direita, centro e o escambau. Estes calhordas nefandos são os que pilham o Brasil e condenam seu povo a uma vida de sofrimentos e necessidades. Nas mãos pecadoras destes bucaneiros nossa política deixou de servir à democracia e passou a ser mera e escassa alegoria. A triste verdade é que nossa democracia sempre foi palco de engodo e foi usada para a encenação de simulacros eleitorais. Uma nova democracia teria que ser imune a estes mercenários e mistificadores.

  • O esgotamento da locupletação autossustentável

Stanislaw Ponte Preta nos deu o caminho da redenção: “ou nos locupletamos todos ou implante-se a moralidade”. Não temos mais dinheiro e nem condições para mantermos a locupletação desenfreada que tivemos até o esboroamento dos governos petistas de Lula e Dilma. Em outras palavras, a locupletação deixou de ser autossustentável no Brasil. Portanto, chegou a hora de implantarmos a moralidade. Mas temos uma dificuldade: não temos experiência em lidar com a moralidade. Nossa democracia ou foi manietada, no governo militar, ou sempre foi corrupta.

Este é outro motivo para adotarmos uma “Democracia Baseada em Evidências”. Esta DBE nos ajudaria a reunir boas evidências é a usá-las na formulação de nosso projeto democrático. Precisamos conhecer o que funciona e o que não funciona nas democracias do mundo. E, ainda mais importante, precisamos isolar nosso contingente politicamente subdesenvolvido. Um grupo de chupins culturalmente limitado e emocionalmente ressentido. Nelson Rodrigues dizia: “subdesenvolvimento não se improvisa. É obra se séculos.” Ora, sendo o subdesenvolvimento, a um só tempo, causa e efeito da corrupção que nos assola, pode-se ampliar o significado: “Corrupção também não se improvisa; é também “obra de séculos”. Sabemos que nossa corrupção é endêmica e está arraigada a nossas práticas políticas desde a carta de Pero Vaz de Caminha, em 1500, na qual o escriba que revelava à corte a “descoberta do Brasil”, aproveitava para pedir favores pessoais ao Rei.

E, além disto, controvérsias à parte, quer De Gaulle tenha dito, quer não tenha dito que “Lê Brésil n´est pas um pays sérieux”. A verdade é que o Brasil não era mesmo um país sério. Aliás, até agora continua não sendo. Mas vai ter que mudar. E não por moralismo ou decência cívica, que seriam bons motivos, mas porque o custo da corrupção ficou alto demais. Nossa corrupção já consumiu tudo o que podia na saúde, na educação, na infraestrutura e onde logrou meter a mão. Finalmente estamos cruzando o limiar da moralidade.

  • Da Prática de uma Democracia Baseada em Evidência

A DBE só teria sentido em um novo ambiente que crie um mundo paralelo que seja uma reprodução digital do mundo real. Neste ambiente paralelo podem ser reunidas informações e realizadas simulações ao infinito. Com o uso desta tecnologia a vida institucional do país vai deixar de ser este marasmo medieval para se transformar numa atividade online, com os acontecimentos fluindo como flui a vida. A mudança implica em fazer uma mudança do sistema e não no sistema. Trata-se de uma nova lógica e não de uma mudança limitada ou cosmética. Ainda que a prioridade seja neutralizar o sistema corruptocêntrico, a mudança de paradigma é que vai determinar se vamos mesmo escapar deste buraco negro político.

Em síntese, mudar do jeito certo significa fazer as coisas funcionarem direito. A corrupção colossal, os 13 milhões de desempregados e os déficits monumentais do governo indicam que nossa política e nossa democracia não estão funcionando direito. E precisam ser consertadas. Ou melhor, nós mesmos precisamos consertá-las.

A viabilização da DBE no Brasil vai depender das novas gerações. Elas é que viverão nesta nova democracia. Caberá a elas delinear um projeto que cresça por dentro e que, quando pronto, descasque esta velha carcaça política e permita ao país sair deste casulo de ideias medievais que o oprime.

Como o sistema político atual não é representativo da nação e como os atuais partidos não acolhem o debate aberto e não se prestam para o exercício de uma militância inovadora, a renovação democrática no Brasil precisa encontrar um novo tipo de entidade sem ligações partidárias. Movimentos como o MBL e o Vem Para a Rua tem esta característica, mas nasceram para lutar “contra” o projeto corrupto de pode do PT. Cumpriram seu papel de forma brilhante, mas agora é preciso abrir uma nova luta. Quem sabe desenvolver a DBE – a Democracia Baseada em Evidencia – em volta de uma nova entidade, de uma “nave mãe”, permitiria que se formassem miríades de núcleos filiados, cada um com uma vocação, cada um com uma missão, cada um dedicado a um projeto específico. Todos unidos por uma causa: transformar a Democracia Brasileira em uma democracia inteligente, alinhada com o Mundo 4.0 e, ainda que com atraso, pronta para os desafios do século XXI.


Ceska – O digitaleiro

 

Brasil, tome juízo.

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Operação “Pelo em Ovo” e churrasco onírico em Brasilia.

Brasil, tome juízo.

Parece que este país perdeu o juízo. O nível de desatino que aflora nos mais diferentes setores do país é de estarrecer. Para onde quer que olhemos vemos uma nação mergulhada na estultícia. A corrupção generalizada associada à irresponsabilidade, à inconsequência e a arrogância vem derretendo as instituições e transformando o país num ente desmoralizado e em desagregação.

Tivemos nossa imagem internacional tisnada pelos escândalos da Lava-Jato, cujos eventos de corrupção foram solidamente comprovados e, de repente, em contra-ponto, vemos agora uma imitação canhestra querendo a ribalta. Na Operação “Carne Fraca”, que, pela falta do que procurar devia ter sido chamada de “Operação Pelo em Ovo”, um delegado da PF, despreparado e destrambelhado, decidiu jogar na sarjeta a coisa que melhor funcionava neste país, o agronegócio. Se não eram as luzes do proscênio o que queria a Polícia Federal ao detonar a tal operação “Carne Fraca”?

A Polícia Federal declarou que se valeu de um laudo próprio – um único laudo! – referente à empresa Peccin Agroindustrial Ltda., uma empresa insignificante para o setor, sendo o outro laudo fornecido pelo Ministério da Agricultura. Também haviam mal explicadas denúncias de um auditor do Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), sobre o frigorífico Souza Ramos. Em cima destes dois “laudos”(?) e da tal “denúncia”, a PF atacou com mais de 1.100 (!) policiais federais todo o setor produtivo do maior exportador de carnes do mundo. Mais de 1.100 agentes federais saíram país afora procurando pelo em ovo. Na operação foi investigado um dito “esquema de fraude” na produção, fiscalização e comercialização de carnes, envolvendo pagamento de propina a fiscais do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). Segundo a PF, a investigação teria encontrado “indícios” de adulteração de produtos e venda de carne vencida e estragada.

Agentes que nada entendem da produção de carnes, nem de como funciona a extensa e complexa cadeia produtiva de que dependem milhões de brasileiros, entrou estabanadamente em frigoríficos e empresas do setor falando bobagens, acreditando em “salsichas com papelão”, e espalhando acusações com a ligeireza dos inconsequentes. Quer dizer, então, que vamos acabar com milhares de empregos e todo um setor da economia do Brasil só porque um fabricante de salsichas trocou carne de peru por carne de frango?

Se queriam afundar ainda mais o Brasil, conseguiram. Se queriam criar mais desemprego, conseguiram. Se queriam produzir mais crise, se queriam envergonhar ainda mais o país, se queriam jogar gasolina no incêndio que queima as entranhas brasileiras, conseguiram com louvor.

A falta de juízo com que as coisas vem sendo feitas nesta terra maluca não tem paralelo. Nunca antes neste país, – aliás, nunca antes neste mundo! – se viu tanta insensatez. Os exemplos de hipocrisia e de mau comportamento que vem de cima, e que continuam agora com esta “reforma política”, com a tal “lista fechada”, desenhada para proteger políticos de vergonha escassa e cara de pau espessa, só podiam prosperar e nos jogar na lama.

Consertar o país, agora, ficou um pouco mais difícil. O Brasil vai ter que juntar os cacos da nossa indústria de carnes e sair peregrinando humilde por nossos clientes pedindo clemência. Tentando explicar que somos um país de doidos. E dando mais descontos. Nossa imagem internacional já andava abalada com a lava-jato, de modo que uma acusação de corrupção no sensível setor de carnes, por mais descabida que fosse, encontrou terreno favorável para prosperar e se espalhar mundo afora. E, como desgraça pouca é bobagem, para gáudio de nossos concorrentes do mercado de carnes de exportação, como a Índia e Austrália (carne bovina) ou Turquia (aves), nosso caricato presidente, mais perdido que cego em tiroteio (ou seria mais correto dizer “deficiente visual” perdido em meio aos projéteis de uma saraivada de tiros”?), agindo da mais paspalha maneira, resolve convidar os embaixadores dos países que importam nossa carne para um churrasco. E os leva justo para uma fina churrascaria de Brasília que se orgulha de servir…carnes argentinas!!! É ou não é uma Chose de loc?

Infelizmente, como seria de esperar, as consequências já começaram. As vendas despencam. As exportações desabam. Os mercados mundiais se fecham. Uma empresa de Curitiba, uma das “investigadas”, acusada sem defesa, mas já devidamente denegrida, demitiu 280 pessoas dia 22 de março. E, acreditem, muito mais demissões vem aí.

Pode ser que tudo tenha acontecido por “acidente”. Mas pode ser que tudo tenha sido feito de caso pensado. Para aparecer na mídia ou para obter algum tipo de ganho político. Só que, ao que tudo indica, o feitiço virou contra o feiticeiro. Afinal, como justificar uma operação tão desastrada que, como diz a PF, vinha sendo “preparada” há dois anos? Já daria para suspeitar de algo “contaminado” (na operação e não na carne) a partir daí. Então quer dizer que a PF “sabia” que os alimentos vinham sendo “adulterados” há dois anos, em tese “comprometendo” a saúde da população ao longo de dois anos, e só agora resolveu agir?

Ainda na terça-feira a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF) divulgou nota afirmando que as conclusões da Operação Carne Fraca referentes aos danos à saúde pública não têm embasamento científico. A entidade diz que peritos foram acionados uma única vez e não comprovaram os danos.

Segundo o Jornal Folha de S. Paulo, o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, afirmou que a “narrativa” da PF ao divulgar as ações da Carne Fraca está cheia de “fantasias” e “idiotices”. Nesta quarta-feira, o ministro disse que os prejuízos para o setor são estratosféricos.

Nem nos tempos bíblicos, nem nos rocambolescos tempos da idade média, uma nação padeceu de tanta falta de juízo. E vai tudo ficar por isto mesmo?

Deus do céu, por caridade, dê um pouco de juízo ao Brasil.


Ceska – O digitaleiro

2017 – O retorno à lógica, antes que seja tarde.

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O Brasil parece um trem sem maquinista banguela abaixo.

  • Cadê a lógica?

Depois de longa diáspora, está na hora de irmos buscar a lógica de volta. E já é mais do que tempo.

Parecia que o Impeachment da Dilma nos tiraria da “decrisis”, onde prevalece o círculo vicioso desagregador, e nos conduziria para a “sincrisis”, onde um círculo virtuoso começaria a amainar a tempestade.

Mas as coisas não estão caminhando como deviam. O Temer vem decepcionando. Mostra-se titubeante. E temeroso. E o titubeante temeroso Temer tem se mostrado incapaz de entender o contexto de fundo e de enfrentar a crise que o país enfrenta. Concordo, estamos melhor com Temer do que com a Dilma dos tempos escarlates, mas isto é pouco. A crise não cede, antes rescede, e continuamos cruzando terrenos pantanosos. Ainda vivemos em brumas nebulosas.

Os emblemáticos episódios das matanças dos presídios de Manaus e Roraima mostrou um novo Temer: o presidente avestruz. Não só enfiou a cabeça na areia como a tirou titubeante. Segundo seu falar vetusto, cheio de volteios gongóricos, a revolta de Manaus foi “acidente”. Tal e qual a queda do avião da LaMia. Aí não dá. O mordomo de Brasília subestima o povo brasileiro e não só titubeia temerosamente como demonstra estar perdido e perplexo diante dos desafios da crise sem precedentes em que estamos imersos.

“Acidente”, convenhamos, é estarmos sendo governados por Temer e por políticos medíocres. Nós os elegemos, é verdade. Mas o modelo presidencialista com voto proporcional é um fiasco. Estamos patinando no pântano da mediocridade. Sem uma liderança que aglutine o país e o conduza com segurança, vamos continuar patinando…

Temer, o titubeante temeroso, já mostrou que não está a altura. Mas quem está? O único líder com arcabouço moral, experiência e força política seria o governador Geraldo Alckmin. Mas seu estilo é mais do tipo “devagar e sempre” e não exibe o ardor do líder revolucionário que o país precisa agora. Fernando Henrique é uma reserva moral, mas já passou seu tempo. Aécio e Serra estão chamuscados pelas labaredas das denúncias da Lava Jato. Tá difícil.

  • A Inconsequência galopante

Nesta formosa terra que tem palmeiras onde canta o sabiá tem também um monte de gente que acredita nos poderes de uma galinha preta com uma pinga e duas velas na encruzilhada, mas não tem a mínima fé em matemática. Desconfia das ciências exatas e, ainda com mais razão, de ciências exóticas, como economia. Hão de preferir as ciências ocultas.

O que somos é inconsequentes. E imprevidentes. O Brasil, para nossa desdita, está encastoado em  uma América latina convictamente, teimosamente e recorrentemente inconsequente. E frequentemente irresponsável. Desde o descobrimento e das cartas de Pero Vaz de Caminha, vivemos às turras com a lógica e desprezamos raivosamente o dito “bom senso”. Bom senso quer dizer capacidade para ver além das aparências e entender as razões e os motivos, as causas e os efeitos. E agir com equilíbrio. Um elenco de coisas abomináveis para os que preferem crer em mandingas, bruxedos e “amarrações” de cartomantes. O bom senso, enfim, é tido e havido pelas esquerdas como um mofado convencionalismo burguês, ainda que venha da Grécia de Aristóteles.

O problema é que quem briga com a lógica não escapa da sua vingança. De tragédia em tragédia estamos preparando uma hecatombe. Os “acidentes” do Temer são da mesma natureza irresponsável da recente queda do avião da LaMia. Este acidente, típica tragédia desnecessária, foi resultado de um desafio à lógica. O capitão, um inconsequente dotado do voluntarismo que implicou com o império da lógica, entendeu que não precisava seguir as normas de segurança. O comandante, tomado da empáfia besta do voluntarismo latino-americano, preferiu jogar roleta russa com a vida de seus 72 passageiros e 9 tripulantes. Com uma pane seca anunciada continuou voando para a morte. Pode-se supor que continuava o voo esperando um milagre. Tanto que, ao se dar conta de que o avião iria mesmo espatifar-se no solo, ainda cobrou o milagre que não vinha: “Jesus”!.

  • A praga latino americana que pegou

A inconsequência, esta praga latino-americana que está na raiz da nossa atual crise e de nosso subdesenvolvimento é doença antiga. Um espécie de herpes-crisis cujo vírus se recolhe, mas volta a se manifestar de tempos em tempos. Fugimos da lógica como o diabo da cruz. Somos avessos a normas, desafiamos as regras e enxotamos a razão. Não acreditamos em fazer contas, como, aliás, não acreditamos em planejamento, ou melhor, não acreditamos é em fazejamento, que “planejamento” por estas bandas, é biombo para “consultorias” suspeitas e, por isto, dá como capoeira em mato. Tem muito mas não serve para nada. Também não respeitamos nenhuma destas disciplinas burguesas que foram criadas para “explorar os pobres”. E para quem interessar, não esqueçam que agora somos livres e independentes. Não precisamos dar satisfações à metrópole e somos “capazes” de fazer nossas próprias leis. E, orgulhosamente, tem mais: revogamos as leis de que não gostamos ou que nos oprimem. Um exemplo: a Lei de Newton. Ainda não conseguimos acabar com a lei da Gravidade, mas não desistimos. Mesmo sendo uma lei “cláusula pétrea” da natureza (Ah, bom!), sua revogação continua sendo proposta em reiterados projetos de lei. Qualquer dia conseguimos.

Para ilustrar, alguns anos atrás o Estado de São Paulo noticiou que o Prefeito de Palmeira dos Índios, das Alagoas, propôs revogar a lei da gravidade por uma decisão da Câmara Municipal: “Informado pelo engenheiro da Municipalidade que a lei da gravidade impedia a construção de uma caixa de água na praça central de Palmeira dos Índios, devido a um forte declive,” o prefeito da cidade não se conformou. Chamou seu líder na câmara e mandou que conseguisse maioria “para derrubar a lei da gravidade, pois era preciso construir uma caixa de água na praça”. Ainda bem que o edil tinha um mínimo de noção do ridículo e foi hábil em não afrontar o alcaide:

“Senhor prefeito, não se sabe se esta lei é municipal ou estadual. E, depois, pode ser federal. É melhor não mexer no assunto, para não criar problemas. É melhor não desobedecer ao engenheiro, que é especialista no assunto”.

O monitor das besteiras que assolam o país aponta outra recente tentativa de revogar a lei da gravidade. Desta feita veio no bojo do episódio (“acidente”…?) de Mariana. Por pouco o Ministério Público Federal não vira motivo de chacota global: ele “ordenou” que a Samarco “impedisse” que o material argiloso que chegou pelo rio à foz do Rio Doce entrasse no mar. Os desavisados procuradores confundiram a argila, que se mistura com a totalidade da água, com uma mancha de óleo, que não se mistura e fica na superfície, e sapecaram a “ordem”. Ora, impedir que a argila entrasse no mar exigiria “apenas” represar o rio inteiro. Uma estupidez descomunal. Ainda bem que um juiz providencial, Thiago Albani, titular da 3ª Vara Civil de Linhares, no ES, veio salvar a face do Brasil e da MPF: “autorizou” que a água do rio desaguasse no mar!

De tanto ver prosperar estultícia Nelson Rodrigues dizia, rouco de desespero, que, toda a vez que via um brasileiro “ligar causa à efeito, tinha um orgasmo“. Os teve poucos.

Segundo Confúcio, “três são os caminhos pelos quais chegamos à virtude: pela reflexão, o mais nobre; pela imitação, o mais fácil; pela experiência, o mais doloroso”. E já que teimamos em não aprender nem pela reflexão e nem pela imitação, vamos ter que aprender pelo sofrimento. O consolo é que, por cruel que seja nossa sina, sofrimento produz lógica. Ao menos entre os sobreviventes, claro. A dor leva a busca das causas. E estas, no caso da atual crise, apontam para a inconsequência aguda de nosso socialismo capenga de cepa petista. E, sendo a crise sintoma da grande enfermidade que padecemos no Brasil, qual seja a ilusão socialista de que o estado teria os poderes que os socialistas negam a Deus, o poder de acabar a pobreza por ato de vontade, certamente podemos lembrar Margareth Thatcher que dizia: “o socialismo acaba quando acaba o dinheiro dos outros”.

  • A opção pelo despenhadeiro

Dilma Rousseff queria enfraquecer a posição do ministro da Fazenda Antônio Palocci no governo. Ela era, na época, a ministra da casa civil do Lula. Palocci, que era corrupto mas não era burro, tinha um plano de ajuste fiscal de longo prazo que vinha sendo elaborado pela equipe econômica. Em síntese, Palocci defendia que o gasto público não podia subir mais que o crescimento do PIB. O mesmo princípio que levou o atual Ministro da Fazenda de Temer, Henrique Meirelles, a propor o teto de gastos por vinte anos.

O plano de Palocci estabelecia que o ideal seria que tivéssemos um superávit fiscal de 4,25% pelos próximos dez anos.

Dilma, a guerrilheira, que se imaginava audaz, de coração valente e cabeça de vento, em entrevista ao “Estado de S. Paulo”, desqualificou os autores da proposta, dizendo que Palocci e seu grupo estavam se baseando “em planilhas” e classificou o plano de “rudimentar”, afirmando que nem o encaminharia ao presidente Lula porque não tinha as condições mínimas para um início de discussão dentro do governo. E aí deu sua imortal contribuição para o rol das frases insanas: “gasto público “é vida”!.

Daí em frente abriu-se a porteira dos gastos sem freios. Estabelecido como preceito pela grande líder que gasto público era “vida”, todo mundo desandou a “viver”. “Viveu-se” a mais não poder. Nunca antes se tinha visto tanta “vida” neste país. E até disparamos a ensinar outros países a “viver”: Cuba, Bolívia, Venezuela e outros deste e do outro lado do Atlântico.

O PT, alegremente convertido ao catecismo dilmista, não só pregava “a vida em abundância”, aqui e “urbi et orbi”, como praticava com fervor franciscano a boa nova. O que se viu foi uma maré de “vida em abundância”, com os pixulecos escalando as estrelas. Parecia descoberto o moto-contínuo da prosperidade. Só que não. De repente caiu a ficha: quando termina a “vida”, o que vem depois? Estava na cara que esta aventura irresponsável só podia acabar mal.

E agora, o que temos diante de nós?

Quando os gregos dividiam as crises em “decrisis “e “sincrisis” eles buscavam entender como as forças internas dos processos de crise evoluíam. Decrisis eram as crises “ruins”, que tinham como característica a desagregação, enquanto as sincrisis, ao contrário, eram as crises “boas”, aquelas que se encaminhavam para uma solução por força dos mecanismos corretivos e dos equilíbrios de pesos e contrapresos que atuavam no seu interior.

Nossa crise, uma “decrisis” crônica, sob a estarrecida batuta da Dilma “presidenta”, evoluiu para uma crise aguda e resultou no impeachment. Com o impeachment tivemos uma sangria e a crise aguda foi momentaneamente debelada, mas os desequilíbrios financeiros que alimentam a cronicidade da crise continuaram a minar o organismo da nação.

A partir do impeachment, a sociedade deu um crédito de confiança ao governo Temer. Mas o prazo está se esgotando e as medidas de rearrumação da economia tem se mostrado insuficientes. O congresso continua com óculos cor de rosa. O que vemos é que as condições objetivas da economia e do meio social não se modificaram e continuamos vivendo em meio a um impasse social muito perigoso.

  • Um barril de pólvora social

Doze milhões de desempregados são um barril de pólvora social. Os desempregados estão encurralados e não veem saída. O governo se mostra perdido. E a crise pode piorar rapidamente e descambar para uma nova etapa de “decrisis”.

  • Um PROER  para o povo

O ponto critico mais importante é que a sociedade está endividada e não tem como resolver seu endividamento com a crise torpedeando a atividade econômica e os empregos. E enquanto os milhões de endividados não conseguem voltar a ter crédito, a economia fica travada.

Os juros dos cartões de crédito e cheque especial são um crime de lesa pátria. E os bancos estão insensíveis. A saída seria o governo atacar o problema de maneira a desatar o nó. Criar um PROER para o povo. Criou para salvar os bancos, não foi? E que tal fazer a mesma coisa para salvar o povo? Mas os bancos mandam no país e não vão aceitar de bom grado que o governo tire deles o filão que os mantém indecorosamente lucrativos, mesmo numa crise sem precedentes.

Acontece que as “decrisis” não tem bom prognóstico. Se as forças desagregadoras que as formam não são neutralizadas, a caldeira continuará a acumular vapor até o ponto de explosão. O país é um trem despencando ladeira abaixo, com o maquinista olhando para a paisagem. E estamos próximos, perigosamente próximos, de um grande desastre. Perdão, de um grande “acidente”, como definiria o tateante e temeroso Temer.


Ceska – O digitaleiro

No meio do caminho tem eleição. Tem eleição no meio do caminho.

 

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Dia 02 de outubro tem eleição no meio do caminho; Tem eleição no meio do caminho dia 02 de outubro.

Estamos no rumo certo, mas cuidado: tem uma eleição no meio do Caminho!

No meio do caminho tem um eleição

Tem uma eleição no meio do caminho

  • Desde já aviso aos amigos que vou votar em João Dória. Quero ter a “convicção” (a palavra está na moda) de que voto na continuidade do caminho.

Ainda que aos trancos e barrancos, o Brasil vai avançando e entrando nos eixos. (Ainda com muitos trancos: a receita da União voltou a decepcionar em agosto). Enquanto isto, o barulho dos pinos caindo no strike do boliche anticorrupção da Lava Jato continua. Os corruptos desabam como carreiras de dominós enfileirados. Caiu Dilma. Caiu Cunha. Lula caiu na Lava-Jato.

E ainda tem muito gaiato pendurado se agarrando para não cair. Mas a sociedade está vigilante e a nova ordem vem se afirmando como uma vitória do Brasil. Um triunfo que vem sendo obtido com o espírito e as armas do século XXI. Mas é preciso lembrar Tancredo Neves: Estamos apenas na metade do caminho. Não podemos nos dispersar.

Um ano atrás, quem diria? Estávamos nas ruas. Tínhamos a indignação. Tínhamos a esperança. Tínhamos a determinação. Mas os petebas do poder grudavam em suas benesses e sorviam privilégios com a gula insaciável dos sanguessugas. A corrupção estava institucionalizada e parecia invencível. Vivíamos em uma “propinocracia”, na definição de Deltan Dalagnol, da força tarefa da Lava Jato. E os cabras que haviam tomado o governo viviam à larga, refestelavam-se em um luxo de nababos, voavam pelos céus do Brasil e do mundo na frota VIP da FAB, enquanto se lambuzavam com as delícias, as benesses e o néctar do poder.

Por um momento pareceu aos crédulos que os petistas tinham – heureca! –  encontrado a fórmula do roubo perpétuo, do moto contínuo da propina forrando a burra dos larápios. Os brasileiros decentes, por outro lado, coçavam a cabeça se perguntando como era possível tanta patifaria dar certo por tanto tempo. E muitos se questionavam, diante do êxito aparente da esbórnia escancarada, se ainda valia a pena se manterem honestos.

Mas desafiar a lógica é como afagar um tigre: raramente dá certo. E o PT devia saber: roubar e deixar roubar não é uma ideologia, é uma patifaria. E ao adotar a patifaria como estratégia de manutenção do poder e em escala jamais vista no planeta, seria de se esperar que o fim fosse um fiasco desastroso. E não deu outra. Foi tanta a sofreguidão, tanta a ganância, que sobreveio o descontrole e o caos. Claro, a desatinada da Dilma, perdida em suas mandiocas, deu o empurrão final. Mas o que se roubou neste país foi coisa nunca vista. Um mega rombo para não se esquecer jamais.

  • Vencendo a hidra de mil cabeças

O fato é que, para livrarmos o país do projeto de poder do PT foi preciso vencer a hidra petista de mil cabeças, de mil línguas bífidas venenosas. Foi preciso encetar uma luta árdua, enfrentar chiliques, esperneio e chorumelas, mas o Brasil que tem ambições, que quer um lugar decente na história, combateu o bom combate com a admirável galhardia verde e amarela. Ao chegarmos ao meio do caminho podemos nos orgulhar de que juntos lutamos e juntos vencemos. E é uma alegria congratular-me com você, que esteve aos milhões nas manifestações, que amassou suas panelas para fazer o Brasil ouvir seu clamor, que protestou, incansável, nas mídias sociais. Parabéns a você que foi para o enfrentamento corajoso e sem esmorecimento, que disse a que veio na pugna crucial entre o passado caquético da esquerda corrupta e o ansiado futuro que todos queremos para nosso Brasil. E que só depende de nós.

Com o país ainda se debatendo na maior crise de nossa história, não tínhamos mesmo escolha. Não queríamos um destino cafajeste. Um futuro de bagre chafurdando na lama rasa. Era preciso reagir. Era preciso demolir o Carandiru ideológico com que Lula e os seus asseclas aprisionavam o Brasil; em que prendiam os brasileiros por meio de um emaranhado de mentiras, demagogia, e engodos.

  • Definindo o país que queremos

Não podemos morrer na praia. Seria uma pena esmorecermos agora. Podemos lembrar Tancredo Neves quando dizia “Enquanto houver neste país um só homem sem trabalho, sem pão, sem teto e sem letras, toda a prosperidade será falsa”.

Existe muito a ser feito, é verdade. Há montanhas de entulho para limpar. Bobalhões desfilando asneiras. Desocupados atrapalhando o trânsito. Mas, sem recear o lugar comum, todo começo começa pelo princípio.

O mais importante é nos entendermos sobre o Brasil que queremos. E definirmos o que, como sociedade, queremos fazer do país.

O que sabemos, desde logo, é que qualquer organização – e um país é um tipo complexo de organização – se apoia em um triângulo com três vértices:

  1. – Recursos Humanos
  2. – Recursos Materiais
  3. – Sistemas.

Os Recursos Humanos, as pessoas, vem em primeiro lugar. E elas é que se valem dos recursos materiais e dos sistemas para fazer o país funcionar. Os recursos materiais, ao contrário do que muitos pensam, não fazem a riqueza de uma nação. Nossa maior riqueza não é o pré-sal. Não é o ferro, ou o ouro ou os diamantes. Nem mesmo a Amazônia, o cerrado, o sertão, o pantanal, os pampas do sul. Nossa maior riqueza é a gente brasileira. É nosso povo. Com ele, tudo será possível. Sem ele, seremos tribos perdidas, grupos erantes, confusos e quebrantados.

Mas os recursos materiais contam muito. E nossos recursos naturais contam muito mais. Nossa prosperidade haverá de voltar muito pela generosa mão da natureza com que o Brasil foi abençoado. Os recursos naturais que temos são superlativos. Temos muito e temos em abundância, tanto temos que podemos sermos ufanos de nosso país. Mas lembrando sempre que, sem a atividade produtiva de nossa gente, nossos recursos naturais são apenas paisagem. Se não forem tocados pela mágica transformadora do homem, continuarão ali, inertes, pelos tempos afora, sem gerar riquezas e sem contribuir para melhorar a vida do povo ou para enriquecer seu futuro.

A propósito, o Brasil tem dois exemplos do que pode ser conseguido fazendo certo as coisas certas: o agronegócio, que prosperou graças aos empreendedores que vivem no campo, longe dos predadores de Brasília, e a Embraer, que é até “brasileira” (note as aspas…), mas que soube escapar do alcance da burocracia rapinante que esculhamba tudo o que toca neste país e foi progredir lá fora.

  • Tudo depende de nós. 

Um país não se faz apenas amontoando pessoas em um território. Países existem que acumulam seres e vidas, mas que são lástimas, que são catástrofes. Temos vizinhos como a Venezuela, a Bolívia e o Equador nesta categoria de paspalhões fracassados.

Sem bons governos e bons sistemas não existem bons países. Sem bons governos, as nações se desorganizam, ficam improdutivas e sofrem os efeitos deletérios da desordem. O resultado é que seus povos vivem vidas desgraçadas, vidas sem perspectivas, vidas miseráveis.

O que vai fazer a diferença é a educação. Segundo Sydeny Harris, o principal propósito da educação é transformar espelhos em janelas. É facultar às pessoas uma visão capaz de abarcar o mundo e permitir que compreendam os fatos elementares da vida e da natureza. Desta compreensão nasce a sabedoria. E da sabedoria de um povo surgem bons governos e bons países.

A sabedoria permite compreender que não se pode viver de mentiras e engodos. E que a nossa condição humana nos impõe a crueldade da matemática: nenhuma nação se poderá sustentar de pé se seu povo não tiver juízo. Se gastar mais do que tem. Infelizmente é possível, sim, usar o cheque especial para viver uma fantasia passageira, gastando por conta. Alimentar um sonho demagógico, uma ilusão aberrante, por algum tempo. Mas a ilusão passageira cobrará bem caro na hora da conta. E a conta sempre vem: a economia não se defende, ela se vinga.

Confúcio, que viveu 500 anos antes de Cristo, explicou existirem três métodos para adquirir sabedoria: Primeiramente, pela reflexão, que é a mais nobre; Em segundo lugar, pela imitação, que é a mais fácil; e terceiro, por experiência, que é a mais amarga. E tudo leva a crer que nós, brasileiros, preferimos a última. Acho que temos uma queda para o sofrimento. Affêe!!!

Conclusão I: A sabedoria de um povo é que define seu destino. Todos conhecem a fábula de Esopo que narra a história de uma cigarra que canta durante o verão, enquanto a formiga trabalha acumulando provisões em seu formigueiro. No inverno, desamparada, a cigarra vai pedir abrigo à formiga. Esta, a formiga, pergunta o que a outra fez durante o verão. “Eu cantei”, responde a cigarra. “Pois então agora, dance”, rebate a formiga, deixando-a do lado de fora. A fábula de Esopo é um ensinamento que vem da sabedoria da experiência. E permite concluir que um povo operoso será recompensado com a prosperidade. Um povo de tolos terá o destino dos tolos: as carências, a miséria e o sofrimento desnecessário.

O terceiro vértice corresponde aos “Sistemas”. Estes determinam o que fazemos, como fazemos, quando fazemos e porque fazemos. O governo está neste vértice e seu papel de líder e organizador equivale ao do cérebro em nosso organismo. A gente até deveria saber disso, posto que nossa sabedoria popular sempre ensinou que “quando a cabeça não pensa o corpo padece”…

Em síntese, um governo inteligente organiza os sistemas de modo a formar um todo coerente, bem balanceado e holístico, capaz de funcionar e ser eficiente. Até aqui, salvo os eventuais misantropos, suponho que todos estejamos de acordo. Deste ponto em diante, contudo, é que as divergências começam a separar a humanidade em dois grupos irreconciliáveis: os “fazedores” e os “tomadores”.

  • A divisão do mundo em dois grupos: Os “fazedores” e os “tomadores”

Os “fazedores” são os românticos da ação. Para estes, o mundo é como um pomar. Entendem que sua tarefa no mundo é plantar, adubar, regar, combater as pragas, colher e distribuir a colheita para que todos possam se saciar. Para os “fazedores”, um país rico é cheio de pomares (e fábricas, lojas, escritórios; óbvio, né mesmo?) onde os laboriosos colhem frutos em abundância. Os fazedores acreditam que fazer um país se tornar rico é fácil. Basta que todos se disponham a plantar pomares e obedeçam as regras da natureza. Como são sábios, compreendem que existe um tempo para plantar e um tempo para colher. E que é preciso saber semear, esperar que as sementes germinem, que as plantas cresçam, que as flores se convertam em frutos. Que os fruto amadureçam. Daí que sua maior aspiração é poderem plantar e colher sem obstáculos. Sua crença: a produção transforma o mundo. Sua fé: se muito for produzindo, muito haverá para todos e não haverá ninguém com fome.

Já os “tomadores” acham que o mundo é um galinheiro onde eles são as raposas.

Existem “tomadores” à esquerda e à direita. Os da direita são os folgados, os vagais, os parasitas. Sabem o que deve ser feito, mas não estão a fim de trabalhar. Ponto.

Já na esquerda, petistas inclusos, os “tomadores” acham que seu papel é “redistribuir” a riqueza que os outros produzem. Se pensam os justiceiros da humanidade.

Esses boçais vivem olhando ao redor. Onde alguém criar um caminho, eles tratam logo de colocar uma pedra, “regulando” e taxando a atividade. Esta fúria arrecadatória não começou com a indústria da multa do Haddad, embora, devo reconhecer, este a tenha refinado para o padrão da tortura chinesa. A fúria arrecadatória já era assim nos tempos coloniais dos tropeiros e no “Caminho de Viamão”. O tropeiro suava sangue para trazer do extremo sul gaúcho uma tropa de muares ou gado, vindo por trilhas intransponíveis, cruzando os Campos de Vacaria cheio de obstáculos, enfrentando os índios Xokleng e os Coroados Kaingang e quando, mil quilômetros depois, chegava em Lages, tinha que pagar um “pedágio” para cada cabeça de boi ou lombo de mula que houvesse sobrevivido.

Essa obsessão de tudo controlar e regular chega a ser uma patologia. Acredito tratar-se de uma compulsão atribuível a uma fixação freudiana na fase anal. Parece humor escatológico, mas não é, pois, como se sabe pela psicologia, a fixação na fase anal leva ao desejo compulsivo de controlar tudo e todos. Explico: o sujeito que não conseguia controlar sua evacuação na infância, que se abraçava ao vaso sanitário pedindo “cocô, volta aqui”, enquanto chorava ao vê-lo ser levado pela descarga, agora quer compensar controlando a vida de quem trabalha e produz. É o fim da picada. E como para o pirado esquerdista-anal vale tudo, dá-lhe discurso apelativo, demagogia, mentiras, engodos e enrolação.

O cúmulo, contudo, é que o esquerdista brasileiro pensa que o país lhe deve uma cornucópia. Para quem não sabe, a cornucópia, na mitologia grega, era um dos cornos do bode Amalthea, o qual seria dotado da propriedade mágica de prover quantidades ilimitadas dos mais variados e deliciosos manjares e guloseimas. Do corno vinha mel, doces, frutas, e, seria de supor que, para atender ao surpreendente paladar petista, viriam também fantásticos sanduíches da melhor mortadela. E sendo que nada neste mundo é mais parecido com uma cornucópia do que um emprego público no Brasil, o sonho do petista padrão é uma sinecura ou uma boca no governo.

  • O Brasil merece bons sistemas 

Apesar dos pesares, no Brasil já somos um país. (Que bom!). Mas somos latino-americanos. (Que mau!). E, portanto, somos disfuncionais. Acreditamos em coisas que não existem, como na capacidade do governo criar riqueza. Ou na capacidade de funcionários púbicos resistirem à tentação. Em compensação, não sabemos ligar causa com efeito. O arguto e saudoso Nelson Rodrigues dizia que toda a vez que via um brasileiro ligar causa ao efeito tinha um orgasmo. Acho que os teve poucos.

O ponto chave é entender que, no século XXI, um governo deve ser um maestro. Em sociedades amadurecidas, os cidadãos não precisam da tutela do governo. E um governo deveria ter sua avaliação de forma automática. Se seus indicadores mostrassem incompetência, o sistema acionaria a ejeção e pimba: o governo seria mandado para o espaço.

O maior dos indicadores seria a qualidade do gasto público. Quando o governo começasse a gastar mais nas atividades meio do que nas atividades fim, tocaria o alarme da ejeção. Se um governo começa a enriquecer os amigos e a mandar as contas para o povo receberia um aviso de alerta e, se insistisse, seria demitido pelo computador. Estamos chegando a um tempo em que ninguém mais aceita ser escalado para ser trouxa a vida inteira.

Os governantes deveriam ser servidores do povo. Com crachá. O presidente deveria fazer como o Papa e lavar os pés do povo ao menos na páscoa da ressureição. Mas no Brasil, os membros dos três ramos do governo ainda se acham no direito de desfrutar das glórias imperiais. Vivem em palácios, voam nos tapetes voadores da FAB e desfrutam da coisa pública como se vivêssemos em um reino das arábias. É uma pouca vergonha daquela muito sem vergonha. Mas temos que nos curvar ante a dura verdade, a doída verdade: nenhum país pode ser latino-americano impunemente.

O que precisamos cultivar no Brasil é um pouco de bom senso. É lutarmos para criarmos sistemas balanceados com um mínimo de equilíbrio ganha-ganha. Sistemas feitos com uma beirada para incluir o povo e em que os dois lados ganhem.

Talvez venhamos a concluir que isto implica em refundar o Brasil. Fazer um nova constituição para o novo século. Todavia, só um imbecil anacéfalo irá acreditar que estes políticos mentecaptos, ou os políticos da velha ordem, sejam capazes de largar o osso que roem desde o descobrimento. Que se disponham a criar sistemas isentos da velha sacanagem patrimonialista nacional que os fazem marajás. De modo que, para mudar mesmo, precisamos, antes, reinventar a participação moderadora da sociedade no desenho de nosso destino.

Como as mídias tradicionais tem se mostrado limitadas é preciso contar com a mobilização das mídias sociais e, especialmente com as ruas. A estas cabe mostrar força e união. Às ruas cabe neutralizar os esforços bucaneiros dos piratas de nossa política.  Sem uma presença massiva desta nova forma de mobilização social seria repetir a velha história: “quem parte e reparte e não fica com a melhor parte ou é bobo ou não tem arte”. Lamento dizer, mas penso que apenas se, e quando, a sociedade ficar de olho e contar com pesos e contrapesos eficazes, os políticos e agentes públicos se portarão com a devida decência. Por exemplo, é impossível esperar reformas do atual congresso, formado por compadrio entre 28 partidos que repartem o mando. O resto é devaneio de noite de verão.

Conclusão II: Um bom sistema é como a virtude, que só é boa quando a serviço de uma boa causa. Como lembrava Santo Agostinho, “uma virtude a serviço do vício agrava o vício!”. Carlos Lacerda, ao dar um exemplo sobre esta frase da tribuna da câmara, disse, certa feita, que “a pontualidade é uma virtude, mas se for usada para ir ao bar para beber com pontualidade, vai agravar o vício da bebida.”

De maneira que redesenhar o sistema político precede outras providências. É preciso redesenhar os canais pelos quais fui a democracia. Hoje o sistema é uma enganação. As elites fingem que mudam mas, mudar mesmo, não mudam nada. A habilidade com que os políticos “espertos” manipulam as leis e normas em seu favor nesta grande pátria tropical ficou cabalmente demonstrada no arranjo inconstitucional sobre os direitos políticos da Dilma.

  • Fórmula para arrumar a casa

Se fosse para consertar de vez, não seria preciso reinventar a roda: o mundo desenvolvido já mostrou claramente que os mecanismos que melhor funcionam são aqueles baseados em dois princípios:

  1. – Voto distrital – A experiência demonstra que o distrito tende a eleger o melhor candidato de sua área. O conjunto de distritos tende a eleger um congresso com compromissos claros com suas comunidades, o que resulta em um congresso melhor.

(A dificuldade: Os políticos profissionais fogem dessa discussão porque, na hora de se discutir o tamanho dos distritos, o povo de São Paulo vai querer saber porque, para a câmara federal, o voto de um cidadão de Roraima vale 10 vezes mais do que o de um cidadão paulista. E não vai gostar de ficar na segunda classe. Nem de saber que é o que mais paga e é o que menos recebe.

2. – Parlamentarismo – Os mecanismos do parlamentarismo favorecem a governabilidade e ajudam a neutralizar os vícios e as inevitáveis crises do presidencialismo.

(A dificuldade: o presidencialismo de “coalisão” é o regime das melhores negociatas. Vender o voto é um excelente negócio. Somado aos lucros da corrupção, tem sido melhor do que encontrar ouro no quintal.)

  • Pedra à vista: estamos no meio do caminho 

Estamos no meio do caminho. Mas no meio caminho já estávamos quando conquistamos as eleições diretas. Parecia, naquele tempo d’antanho, que havíamos de seguir em frente. O governo de Fernando Henrique Cardoso, sobretudo, foi auspicioso e parecia indicar um tendência pela prosperidade autossustentada. Mas, ledo engano: nossa natureza de sul-americanos não demorou a aflorar e a nos submeter. O Belzebu colorado que jura ao povão que dá para viver de milagre, de efeitos sem causa, voltou com seu tridente para nos afastar da lógica e do bom senso. Caímos novamente na tentação das delícias grátis. E agora, no fundo do poço, devemos enfrentar uma penosa e lenta recuperação. Ou, pior, descambarmos de vez, seguindo no destino dos rebotalhos do mundo, a exemplo de Cuba, da Venezuela e de outros fracassados deste e do outro lado do Atlântico.

Mas haveremos de vencer, certo? Vamos enfrentar nossa realidade de frente, esconjurar nossos pecados, cortar as asas da corrupção, ficar de olho no desejo de nossas “zelites” picaretas de meter a mão e de misturar o público com o privado. Temos que acreditar que o impeachment de Dilma, a cassação de Cunha e o indiciamento de Lula no Lava-Jato são sinais de um provir mais promissor.

Uma saída, mais à frente, possivelmente será uma nova constituinte para o século XXI. A Atual constituição é desbalanceada e conduz a uma instabilidade permanente. Até seria muito bom se nosso dinheiro desse, mas o Brasil não tem como manter todos os privilégios, regalias, direitos e benesses contemplados na atual carta. Esta constituição está além de nossas possibilidades. É triste reconhecer, todavia, que enquanto esta perdurar, vamos viver em crise permanente.

  • E a eleição no meio do caminho?

Escolher mal agora pode desperdiçar toda a caminhada já feita. E recolocar as pedras que conseguimos tirar do caminho.

Por isso, como revelei com candura, vou votar em João Dória para prefeito de São Paulo.

Conheço o candidato pessoalmente e já trabalhei com ele em uma parceria internacional. Sei, de primeira mão, que é preparado, competente e trabalhador. O mais importante: acho que, com ele, vamos poder contar com São Paulo para continuar a caminhada no rumo do Brasil decente que queremos.

Que me desculpem os petistas e os vermelhos em geral, mas, com o entusiasmo da esperança, não posso deixar de bradar: Viva o Brasil verde e amarelo.


Ceska – O digitaleiro

Fim dos ratos

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O Flautista de Hamelin reencarnou no Juiz Moro: a Lava Jato está desentocando os ratos que habitam o poder e vai levá-los todos para Curitiba.

Os ratos estão em polvorosa. Pressentem que o fim está próximo. Nunca a confraria dos roedores deste país se sentiu tão acuada. Nunca enfrentou inimigos tão implacáveis, nem tão letais, como o Juiz Sérgio Moro e a Força Tarefa.

Nada a estranhar, portanto, na estridência de seu esperneio.

De todas as bocas de lobo, de todos os antros corruptos, de todos esgotos escancarados, de todos os quadrantes comprometidos com a roubalheira ouvem-se impropérios, ranger de dentes e ataques à Lava Jato e, em especial, contra o juiz Moro.

Todos os ratos que pilharam a pátria sem dó agora se juntam nos rompantes guturais do coral da cloaca. Vendo o cutelo zunindo em sua direção, vociferam a cantilena de golpe que ecoa pelos porões putrefos daquele que foi o mais perverso dos governos que o Brasil conheceu.

Segundo disse à Folha de S. Paulo o Procurador Dalton Dallagnol, coordenador da Força Tarefa de Curitiba, “nossa única defesa é a sociedade.”

Fica claro, portanto, que, se queremos um país decente, precisamos nos unir e mostrar que estamos com a Lava Jato e apoiando o Juiz Sérgio Moro, para o que der e vier.

O sentimento majoritário da sociedade brasileira é que chegou a hora de dar um basta. De desratizar o país. De eliminar os ratos para acabar com a roubalheira desenfreada, despudorada, desavergonhada, de uma vez por todas.

Ainda que muitos políticos pensem o contrário, não somos um país de tolos. Somos tolerantes em demasia, é verdade, mas tudo tem limite. Cansamos de tanto bandido, cansamos de tantos roedores.

Fora ratos Já!

“Você sabe o que acontece quando um navio tem ratos demais? Ele afunda. É isto o que acontece.” (David Wong).

Bem, um país com ratos demais também afunda. Que é precisamente o que vemos acontecer com o Brasil.

A verdade sobre os ratos, tanto os rattus rattus, de quatro patas, como os homo rattus (teria mulher rattus?) de duas pernas, é que são insidiosos. E prolíficos: quando encontram condições favoráveis, os ratos se multiplicam como ratos. O que, convenhamos, era de esperar! E, ainda, sendo os ratos roedores incansáveis, roem tudo o que podem. Daí os rombos colossais que vemos à nossa volta no Brasil.

Por isso, a luta contra os ratos não tem fim e o homem vem, desde sempre, tentando se livrar destas pragas.

No combate aos ratos, é mais fácil eliminar o animal de quatro patas, o rattus rattus, como registram diversos episódios do passado.

Por exemplo, em 1508, na pacata Autun, uma pequena cidade da França, cerca de 300 km ao sul de Paris, o vigário acionou o tribunal eclesiástico da localidade para processar os ratos que haviam devorado as plantações de cevada da região.

Naquele tempo era comum este tipo de processo que o direito eclesial e medieval considerava dentro de suas atribuições. Hoje, na igreja católica, ainda existe a benção dos animais, mas nos idos do século XVI, os líderes religiosos acreditavam que os animais poderiam ser possuídos pelo demônio e, portanto processados e condenados pelos tribunais da igreja.

Só para ilustrar, houve um Papa, Leão XIII, que preconizava o exorcismo de animais. Em outro exemplo, o bispo de Lausanne, certa feita, tratou de amaldiçoar oficialmente as criaturas que desobedeciam as ordens eclesiais.

Na França, chegou a existir alguma jurisprudência penal animal, como evidencia uma tapeçaria na antiga cidade de Falaise, referindo-se ao assassinato de um bebê por um porco, em 1386.

Assim é que, em 1508, a pequena cidade de Autun decidiu que haviam evidências suficientes para processar os ratos das redondezas. Os bichos tinham passado de todas as medidas. Pois não é que os desgraçados haviam dizimado a plantação de cevada local?

O crime já era grave por si, pelas perdas econômicas, mas, para piorar as coisas, haviam privado a cidade da matéria prima para a produção local de cerveja. (Não entenda mal: em certas épocas, a cerveja chegou a ser mais popular do que a água, já que, na Idade Média, as práticas sanitárias deixavam muito a desejar. Assim, ainda que servisse com uma boa desculpa, era mais seguro beber cerveja do que água.)

O fato é que, então, o Tribunal Eclesiástico de Autun, solenemente presidido pelo dito vigário, emitiu uma citação convocando os ratos a comparecerem perante o Tribunal. Em deferência à importância dos réus, a corte seria instalado na célebre Catedral de Autun, uma magnífica construção ainda imponente, concluída em 1.146.

Como rezavam as boas regras do direito, um advogado local foi indicado para ser o defensor “pro bono” dos ratos. A atribuição coube a Barthélemy de Chasseneuz, personagem que se tornou conhecido e respeitado pela forma engenhosa como defendeu as ratazanas de Autun.

Os autos do processo registram que, no primeiro dia do julgamento, os ratos não compareceram.

Chassenez argumentou ao Tribunal que a intimação fora inválida. A intimação, feita dos púlpitos, não teria como chegar aos acusados, que tendiam a viver sozinhos. O advogado insistiu que cada um de seus clientes devia receber uma intimação individual.

Depois de acalorado debate, o juiz decidiu que Maitre de Chassenez tinha levantado uma questão relevante e foi decidido que uma intimação fosse devidamente afixada nas igrejas de toda a cidade e das cidades vizinhas. (Consta que perto do chão, na altura dos olhos das criaturas endiabradas, para facilitar a leitura por parte dos réus).

Mas os ratos continuaram em desobediência e não se deram ao trabalho de aparecer na segunda citação.

Foi a esta altura que Chassenez ganhou a reputação que o tornou famoso e o enriqueceu como grande advogado: argumentou que, na medida que o tribunal não tinha proibido a presença dos gatos no caminho, simplesmente não era seguro para seus clientes comparecerem nas audiências em Autun.

Ora, o Estado de Direito já fazia sentido na França em 1508: se um acusado não pode ter assegurada sua segurança pessoal para comparecer diante de um tribunal para responder às acusações, poderia ser dispensado de obedecer à citação. E assim foi que, por decisão da corte, os ratos continuaram vivos e soltos.

Outro episódio medieval, desta feita com um desfecho menos favorável aos ratos, exige que recuemos ainda mais 250 anos na história.

Conta-se que, precisamente no dia 26 de junho de 1284, um “caçador de ratos” se apresentou com uma proposta ao prefeito de Hamelin. A cidade, que estava tão infestada de ratos como o Brasil hoje, queria se livrar da praga que a assolava. O caçador se propunha livrar a cidade dos ratos mediante uma recompensa. Haveria um alta conta a ser paga pela população, mas a cidade se veria livre da praga para sempre.

O mencionado “caçador de ratos”, um personagem que entrou para a história como o “Flautista de Hamelin”, pôs-se a trabalhar. O “caçador de ratos”, que era, na verdade, um músico que tinha uma flauta cujo som atraia os ratos, saiu pelas ruas da cidade tocando seu instrumento. A população viu, assombrada, que os ratos, enfeitiçados pela música, seguiram o flautista até o Rio Wesser, onde foram caindo e morreram afogados.

Todos festejaram e ficaram muito felizes: o fim dos ratos prometia uma nova era para o povo da cidade de Hemelin.

Mas e agora? O que esta história da Alemanha Medieval tem a ver com o momento que vivemos no Brasil?

Simples: O Juiz Moro é o nosso “Flautista de Hemelin”. A flauta á a Polícia Federal e a música é a lei. Os ratos, como estamos vendo, são todos da espécie homo rattus, bípedes corruptos que estão sendo desentocados e tendo que se explicar diante da lei.

De nossa parte, o que devemos fazer é apoiar de todas as formas possíveis a Força Tarefa da Lava Jato e o Juiz Sérgio Moro.

E aproveito para enviar um recado ao Temer e seu grupo da velha guarda (e velhos hábitos) que assumiram o plantão: a Lava Jato vai acabar quando acabar. A limpeza vai ser geral e irrestrita.

Segundo o Ministro Teori, “A gente puxa uma pena e vem uma galinha“. Portanto, enquanto houver pena solta por aí, o povo vai continuar mobilizado. Podes crer. Assim, que fique claro para todos os efeitos: a Lava Jato vai acabar quando tiverem acabado as galinhas e eliminados todos os ratos que infestam o Brasil.

Se você é também desta opinião anota aí: dia 31 de julho próximo vamos todos para a rua participar da próxima megamanifestação de apoio à Lava Jato e ao Juiz Moro.

E lembre-se: país rico é país sem ratos!

Em tempo: este post já estava na internet quando o Youtube publicou o público de Curitiba aplaudindo o Juiz Sérgio Moro, em um teatro, durante show da Banda Capital Inicial, dia 25 de junho.

Ceska – O digitaleiro


O Ano do Orangotango

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O Brasil vai sempre lembrar 2016 como um ano insólito

O Ano do Orangotango

A fuzarca assola o país. É tanta zica que só pode ser castigo cósmico.

No horóscopo chinês, 2016 é o Ano do Macaco. No Brasil, pelo tamanho da encrenca, só poderia ser o Ano do Orangotango.

Nossa atual crise, uma esculhambação jamais vista antes neste país, tem o jeito mal encarado de um Orangotango, só que bicéfalo.

Numa das cabeças temos um presidente “vintage”, que se vira com status de substituto e pose de primeiro mordomo e, no outro crânio, um recipiente agora oco, posto que descerebrado, remanesce a dita “afastada”, uma quase “ex-presidenta” desidratada, ranzinza e cada dia mais furibunda, agora que a deixaram sem avião.

Esta bizarra criatura de duas cabeças – refiro-me ao orangotango, óbvio – começou o ano atazanada e resolveu que pagaríamos todos os nossos pecados de uma só vez. A partir desta disposição, nada que tenha o dedo do coisa-ruim tem escapado da faxina ampla, geral e irrestrita.

A Lava Jato vem usando o ventilador em sua capacidade máxima.

As instituições, por seu turno, balançam sob abalos de proporções sísmicas, provocadas por gravações insólitas, que desnudam, fáticas, algumas das figuras mais herméticas da república. Figuras caricatas, toscas, fétidas, pilhadas em eventos sórdidos, assás nauseantes, reais arquétipos de corrupção explícita. (Ufa!…)

Algumas destas figuras, ademais, não escondem estar dispostas a se aventurarem em esquemas e maquinações malucas na desesperada tentativa de escaparem de Curitiba.

Suas excelências, antes bem falantes e fagueiras, agora catam desculpas gaguejantes, atarantadas, aparvalhadas. É um espetáculo patético. É triste, mas impagável, ver os digníssimos, sempre tão empertigados, demonstram temer mais o juiz Moro, em Curitiba, do que temeriam o Conde Drácula, na Transilvânia.

E ainda, o mais atroz vaticínio neste Ano do Orangotango, horrendo e insopitável, que insiste em espalhar paranoia em Brasília: eis que todas as conversas foram gravadas; eis que todos farão delações premiadas; eis que todas as trapalhadas serão reveladas; eis que todas as bandalheiras serão punidas; eis que toda a roubalheira deverá ser devolvida.

Para complicar, o exemplo de Lula e Dilma fez escola. E, dado que o mau exemplo é mais corrosivo que o ácido, o país, que já não era sério, que sempre foi amigo do jeitinho, parou de acreditar no bom senso.

Segundo o catecismo petista, bom senso é bobagem antiga. Muito antiga. De antes do Lula. É coisa do tempo de um tal Aristóteles, um cara que falava grego. Funcionava assim: para alcançarmos uma vida próspera e feliz. devemos utilizar como instrumento a frônesis (já imaginou?), que significa “justa medida”, uma combinação de comedimento e equilíbrio que resulta no tal “bom senso”.

O velhote da Grécia dizia ser esta uma sabedoria prática, acessível a todo o povo pelo uso do cérebro (uso do quê? abusado o Tóteles, hein?). Por exemplo, um guerreiro, com pouca coragem, se torna um covarde; com muita coragem, se torna temerário e pode se dar mal. Alguém que tem a obsessão de poupar dinheiro vira sovina; em contrapartida, aquele que nunca guarda nada, torna-se esbanjador e vai à falência. Assim, pregava Aristóteles, o caminho correto para uma vida boa e feliz está no equilíbrio e na ponderação.

De modo que, descartado o citado “bom senso”, devidamente xingado de neoliberal, nenhum petista queria ouvir falar em mérito e decência. Havia uma “ética” do partido: era nossa vez de “enricar”, de “meter a mão”. E nem as “zelite”, nem ninguém mais tasca.

Tanto fizeram que instalou-se a crise e a sociedade cansou. E, repetindo Rui Barbosa, “de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto”.

Por consequência, com a adoção generalizada do “gasta que eu gosto”, hoje vivemos o efeito desta onda produzir o colapso em série nos estados e municípios. São dezenas de estados e centenas de municípios que estão na bancarrota, sem dinheiro até para pagar salários.

E foi nesta toada, ao se espalhar pelo país a seita petista, avessa às boas práticas de gestão da coisa pública, que o festival de gastança tirou os calços. Por exemplo, criaram-se milhares de cargos públicos. Acontece que cada novo emprego público gera compromissos de salário, aposentadoria e pensão por TRINTA ANOS. São trinta anos de despesa engessada. Grande número comprometida em manter funções obsoletas, como os ascensoristas do congresso nacional, que recebem mais de R$ 12 mil mensais.

E com Dilma, como mãe do PAC, e Lula et caterva com a mão no PAC, para qualquer lado que se olhe, depara-se com o desperdício. Vê-se uma profusão de obras inacabadas. Muitas delas, aliás, criadas só para gerar propina. Como Lula e Dilma acreditam que dinheiro dá em árvore, bilhões foram gastos sem controle. Podemos começar pela transposição do São Francisco, ou pela Refinaria Abreu e Lima, mas a lista é tão extensa que não cabe num só post.

Nestor Cerveró, um dos delatores “premiados”, contou que muitos políticos reclamavam do “pequeno” percentual destinado à propina nos contratos da Petrobras. “Tem muito político que pensa… Isso funciona muito em obra estadual, aí a comissão é 10%. Tinha político ali (na Petrobras) que ficava revoltado: ‘Porra, só isso que vc pode pagar? Fiz uma estradinha e levei 20%'”…

A propósito, Cerveró acusou Dilma de ferrá-lo. E deu o troco. Pelo que disse, Lula e Dilma sabiam de tudo desde o princípio. E apontou a responsabilidade de Dilma na compra da Refinaria de Pasadena, com 700 milhões de dólares pagos a mais.

O fato é que, sendo 2016 o Ano do Orangotango, tudo pode acontecer. Inclusive a volta da Dilma. Mas parece pouco provável. E por uma razão muito simples: político vende a mãe, mas não vende o cargo. Convencer senadores a escolherem o suicídio político é uma verdadeira missão impossível.

Dilma, ainda na cadeira, não conseguiu nem mudar os votos dos deputados, sendo que um deputado, eleito por voto proporcional, ainda poderia pensar em se reeleger com o que sobra de votos petistas. Ainda os haverá em pequena escala.

Já um senador, votando contra o impeachment e, assim, traindo a maioria dos seus eleitores, teria que enfrentar a fúria do eleitorado em uma eleição majoritária. Moral da história: não se reelegeria nem a pau.

Outras manobras de concepção sibilina, como esta proposta matreira que propõe a volta da Dilma com base numa promessa de renúncia e na convocação imediata de eleições diretas, simplesmente afrontam a inteligência da sociedade. Fazer um plebiscito para, depois, se for o caso, convocar eleições gerais, é enrolação da boa. Sem falar que promessa da Dilma tem credibilidade zero. Ninguém acredita.

Em todo o caso, só para ver o tamanho da bobagem, vamos imaginar a sequência destas tais “eleições gerais”: isso exigiria reformar a Constituição de uma hora para outra, com um rito complicado e maioria de dois terços. Mesmo que houvesse apoio de dois terços de ambas as casas e Dilma voltasse ao cargo à bordo desta “promessa”, isto só ocorreria em fins de agosto.

Em seguida, seria preciso começar a votar o projeto em meio às eleições municipais: o primeiro turno das eleições municipais de 2016, que elegerão em todo o país prefeitos e  vereadores, será realizado em 2 de outubro, primeiro domingo do mês. O segundo turno, em cidades com mais de 200 mil eleitores, está marcado para 30 de outubro, último domingo do mês. No congresso, durante a campanha, não se obterá nem quórum simples, quanto mais qualificado.

Passado o pleito, estaríamos no final do ano. Mesmo que as discussões iniciassem em novembro, as decisões pulariam as festas e as férias e seria retomadas depois do carnaval de 2017, que será em 28 de fevereiro. Com todas as chicanas e manobras protelatórias, uma eventual aprovação só ocorreria em meados de abril, na melhor das hipóteses. Então, a menos de dois anos do término do mandato, a eleição não seria por meio do voto popular, seria no plenário da Câmara dos Deputados. Sempre lembrando, claro, que, antes, seria preciso combinar com os russos: o Temer deveria concordar em renunciar junto.

E agora, José?

O Ano do Orangotango tem sido cruel de muitas formas. A roubalheira perene e os eflúvios etéreos estão nos dando uma surra merecida. Para a sociedade, não existe punição mais sádica do que assistir os noticiários. Milhões para cá, milhões para lá, milhões em profusão, milhões de contribuição, milhões no exterior, milhões em grana viva, milhões em espécie, milhões em maletas, em mochilas, em sacolas. São milhões, muitos milhões, mas nenhum, nenhunzinho, na sua mão. (São mais de 60 milhões de brasileiros inadimplentes, somando dívidas superiores a 250 bilhões)

Estamos vendo, de modo palpável, que no governo a irresponsabilidade é mais contagiosa que o sarampo. Que é mais fácil roubar do que ganhar. Que é mais fácil destruir do que construir.

O momento é de suspense. Dilma afastada é um alento. Mas é pouco. Tudo em nossa volta ainda segue se desmanchando. Estamos vendo as coisas continuando a  se complicar. Temos a cada dia uma nova agonia.

Mas, por outro lado, a catarse antipetista, antisafadeza, e anticorrupção está transformando o ano de 2016 em um ano que será lembrado séculos afora. Enquanto houver Brasil, enquanto houverem brasileiros, 2016 será lembrado como o ano insólito, o ano da grande faxina, como o ano da inflexão, como o mais cabal e Orangotango de todos os anos.

Ceska – o digitaleiro


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A Petrobrás e o diabo

A Petrobrás e o diabo

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Lula e Dilma fizeram o diabo com a Petrobrás

A Petrobrás é uma benção ou uma praga para o Brasil?

Relata o apóstolo Mateus, no evangelho, (4:8-9), que Jesus, após o batismo, teria vencido a três grandes tentações. Se cedesse em qualquer das três, teria frustrado sua missão na Terra.

Na terceira tentação, Jesus teria sido levado pelo diabo a um monte muito alto. Do cume do monte o diabo teria mostrado todos os reinos do mundo e a glória deles e teria dito ao Messias: “Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares”.

O preço a pagar para receber a ajuda do diabo na conquista do poder sobre as coisas materiais é prostrar-se diante do dele e adorá-lo. Esta passagem do evangelho fala em traição.

Para obter o poder absoluto, para fazer e desfazer das coisas deste mundo, sem dar satisfações, é preciso trair. E é preciso vender a alma, é preciso “fazer o diabo”, como, aliás, confessou com candura a afastada Dilma. E, neste processo, é preciso trair o povo e mandar seus interesses para o inferno.

Visto do alto do monte, no cenário brasileiro, a maior das glórias e o mais rico dos orçamentos é o da Petrobrás.

E cada governante deste país, desde que a empresa foi criada, em 1953, tem sido submetido à mesma tentação. A cada um deles, o diabo oferece a Petrobrás. E todos tem sucumbido à ela. Alguns mais, outros menos.

Os presidentes militares caíram em tentação por um dos sete pecados capitais: a soberba nacional, que se expressava pela manifestação de orgulho e arrogância. Ainda assim, mantiveram-se com algum pudor.

Quando chegou a vez do Lula, o diabo o levou ao cume da montanha e mostrou a Petrobrás. Foi amor à primeira vista. “Tudo isto vai ser meu”? quis saber Lula, os olhos brilhando.

E o capeta, esfregando as mãos, já antevendo a esbórnia que ia dar, respondeu: “tudo isto vai ser teu, desde que tu me entregues tua alma e pagues religiosamente as propinas do PT, do PMDB, do PP e caterva”.

Para o tinhoso, estava tudo dominado. Para Lula, era a glória! Exultante em botar a mão na Petrobrás, nem titubeou. Fechou negócio no ato. É de se imaginar que seus olhos aboticaram e, sem se conter, saltitava de cá prá lá, girando os braços no estilo que copiou da Elis Regina. Só podia estar radiante. Amigo do demo ele já era de muito tempo, mas agora iria ser parceiro!

Há quem diga que, neste dia, a estátua do Padinho Cícero verteu lágrimas que, de tão abundantes, resvalavam pelos botões de sua batina de pedra caiada. Mas Lula não era cabra de fazer pela metade. Então, sem titubear um segundo, partiu para a ação, implantando a transposição do dinheiro da Petrobrás para seu projeto de poder.

Para operar a safadeza, que era muita e opulenta, estabeleceu a parte que cabia a cada um. De início, nomeou os diretores que representariam o diabo na diretoria da estatal. Mas, nem com todo o enxofre vertendo pelas ventas, foi coisa fácil.

Relata, em sua delação, o ex-deputado e ex-presidente do PP, Pedro Corrêa, que houve alguma resistência corporativa ao avanço da diretoria do “Projeto Satanás”. Segundo o delator, o partido havia indicado Paulo Roberto Costa para a diretoria de abastecimento, mas a nomeação emperrou.

Lula, então, teria ligado à José Eduardo Dutra, na ocasião presidente da estatal, para saber que diabo estava atrapalhando.

Dutra, tolo que era, ainda tentou argumentar:

Mas Lula, eu entendo a posição do conselho. Não é tradição da Petrobrás assim, sem mais hem menos, trocar um diretor”.

Qual o quê! Acordo com o diabo é como sentença do Supremo: tem que cumprir e acabou.

Lula, possesso e enfezado, mandou passar por cima da tal alegada tradição, ameaçando demitir os conselheiros teimosos que havia nomeado. Segundo Corrêa, o ex-presidente teria dito: “Se fossemos pensar em tradição, nem você era presidente da Petrobrás e nem eu era presidente da República”.

Assistindo tudo aquilo, o diabo se estrebuchava de tanto rir.

Em outro episódio da série, que seria hilária se não fosse trágica, um grupo do Partido Popular foi ao Palácio do Planalto falar com Lula e reclamar da “invasão”. Corrêa relata que o, à época, presidente, passou uma descompostura nos deputados.

Lula foi logo dizendo que eles “estavam com as burras cheias de dinheiro” e que a diretoria era “muito grande” e tinha que atender a outros aliados”. Segundo o relato, os caciques do PP se conformaram quando Lula lhes garantiu que a maior parte das “comissões” seriam dirigidas para a sigla.

E a Petrobrás, sob o comando satânico, foi se desfazendo. De maior empresa brasileira para a empresa mais endividada do mundo. Nunca antes neste país, tanto dinheiro foi pelo ralo tão depressa: a empresa registrou a maior perda em valor de mercado, em números absolutos, desde o ápice no Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores, em 2008, Segundo a consultoria Economatica.

A petroleira, que tinha chegado a um valor de mercado de 510,3 bilhões de reais em 21 de maio de 2008, em janeiro de 2016 não valia mais que 73,7 bilhões de reais, uma perda de R$ 436,6 bilhões, em queda de 85,55%.

O mais insano é que, se de fato, a corrupção respondeu por apenas 6 bilhões de reais, como diz a Petrobrás, para meter a mão nesta quantia o PT e aliados queimaram 430 bilhões. Há que se reconhecer que as diabruras do PT foram mesmo infernais. O belzebu estará orgulhoso do bom negócio que fez com o Lula e, por extensão, com a Dilma.

Mas e agora, o que vai acontecer daqui para a frente?

Com o Lula fora e a Dilma afastada, o diabo precisa sair para uma nova rodada de negociações. Vai tentar o Temer. O Temer tem uma figura com toques mefistofélicos que deixa o diabo com o pé atrás. Mas negócio é negócio. A Petrobrás vai continuar na parada da corrupção? Continuará a ser parte do botim eleitoral? Continuará a ser sangrada para enriquecimento dos políticos e safados de plantão?

Um antigo e sábio ditado diz que “quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é bobo ou não tem arte”. Onde tiver dinheiro público, onde tiver dinheiro “sem dono cuidando”, lá estará o diabo obrando tentações e lá haverá gente metendo a mão.

Os liberais defendem o estado mínimo porque acreditam que lutar contra a natureza humana, contra a cobiça e contra o patrimonialismo que mistura o público com o privado, apenas com base em prédicas moralistas, é enxugar gelo ou, pior, é criar uma cortina de fumaça para que a corrupção prospere camuflada.

Mecanismos de governança e transparência podem ajudar a controlar a roubalheira desenfreada, mas serão sempre impotentes diante da criativa malandragem tupiniquim. No Brasil, não dá para facilitar. Medidas ditas de “prevenção” sempre serão vencidas pelos truques e maracutaias engendradas pela turma formada na melhor escola de corrupção do mundo, a brasileira.

A resposta, portanto, é de clareza meridiana: privatiza. Enquanto a Petrobrás for estatal, ela será alvo da cobiça dos políticos e burocratas. E ela será a grande aposta do diabo para fomentar a corrupção e, de quebra, infernizar a nação.

Agora, privatizar a vaca leiteira dos milhares de parasitas que mamam em suas tetas não vai ser bolinho. Como, então, convencer a sociedade brasileira que o melhor a fazer é privatizar a Petrobrás?

Essa daí é uma questão deveras complexa. Após anos de lavagem cerebral, na base do discurso do “Petróleo é Nosso”, muita gente ainda confunde petróleo com Petrobrás. O petróleo é nosso porque está em nosso subsolo e ninguém vai levar o petróleo embora.

Já a Petrobrás, ao contrário do que apregoa, não é “nossa”. Ela é um polvo tentacular que opera em pelo menos 35 países: Brasil, Bolívia (lembram que tomaram nossas refinarias e perdemos investimentos de 6 bilhões de dólares?) Paraguai, Peru, Colômbia, Uruguai, Argentina, Chile (A Petrobras informou, recentemente, que concluiu a negociação da venda de ativos na Argentina e no Chile, como parte de seu plano de arranjar dinheiro para cobrir o rombo da corrupção)Equador, Venezuela, Trinidad e Tobago, EUA (lembram da Refinaria de Pasadena?), México, Cuba (claro!), Senegal, Líbia, Argélia, Portugal, Inglaterra, Noruega, Guiné, Nigéria, Angola, Tanzânia, Madagascar, Moçambique, Turquia, Iraque, Japão, China, Paquistão, Índia, Cingapura (lembram da Venina Velosa da Fonseca, aquela gerente da área do Paulo Roberto Costa que denunciou as falcatruas milionárias da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco? Ela foi mandada para chefiar o escritório da petroleira nesta cidade-estado por Graça Foster, outra que anda sumida, ), Iêmem e Iraque.

Assim, a Petrobrás virou uma multinacional que negocia suas ações na bolsa de N. York e, como se sabe, aliás, vai ter que pagar bilhões de dólares em indenizações nas 28 ações que são movidas nos Estados Unidos  por acionistas que se sentiram ludibriados pela corrupção e consequente desvalorização das ações.

(Anote: O julgamento dos processos contra a Petrobrás está marcado para iniciar dia 19 de setembro próximo, conforme determinou o Juiz Jed Rakoff, da Corte de Nova York)

Portanto, de brasileira mesmo, a Petrobrás hoje só tem a corrupção. Ela é de seus acionistas, ela é do mercado. Hoje a empresa defende mais o interesse de seus acionistas do que algum eventual interesse do povo brasileiro. Por exemplo, pagamos a gasolina mais cara das Américas. Se a empresa é “nossa”, e deixamos que nos explore, somos os maiores trouxas do mundo.

Os ventos estão mudando. A sociedade vem amadurecendo em seu entendimento de que precisamos nos desvencilhar de arcaísmos que nos seguram no passado.

O Brasil precisa de educação, saúde, segurança, uma matriz energética inteligente, habitação, instituições contemporâneas, um mercado livre e integrado, uma infraestrutura de logística e transportes. O país não precisa de monopólios, estatais anacrônicas, cabides de empregos, uma burocracia cara, antiquada e prepotente.

Quando estivermos preparados, saberemos fazer escolhas alinhadas com o Século XXI e nos livraremos do peso de velharias ideológicas do século dezenove. Então a Petrobrás será privatizada, retornando aos cofres públicos parte do dinheiro que já custou ao país, pagando impostos e tirando de nossos ombros a maldição do petróleo.

Quando isto acontecer, vamos produzir mais petróleo do que nunca, vamos ter mais produto a preços menores e o diabo, aleluia, vai ter que achar outro caminho para financiar a corrupção no Brasil.

Ceska – o digitaleiro

Dilma, a sopa de pedra e o sapo

 

Dilma, a sopa de pedra e o sapo

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Dilma fez uma sopa indigesta. Misturou pedra com sapo e lula. Temperou com PT ao gosto. Deu no que deu. Eca….

Dilma, a mulher sapiens, fez uma sopa de restos. Entrou pedra, sapo, lula, um ministério “fim de feira” e muita mandioca, que, em sopa de Dilma, aipim é que não pode faltar. Foi uma pajelança.

Tem quem pense que um governo é uma sopa: uma mistura de ingredientes que devem ser fervidos juntos para produzir um caldo.

O primeiro governo do PT tinha boa proteína na sopa do Lula: Meirelles no Banco Central. Era como um naco de músculo de pescoço que teimava em resistir à fervura do fogo que a esquerda botava para queimar por baixo. O cozinheiro Lula, ainda pouco afeito às lides de forno e fogão, preferia ir com jeito, seguindo a receita econômica do mundo que dava certo – o mundo mal amado dos gringos de “olhos azuis”. Lula xingava os gringos, sem lembrar que os orientais do Japão, China, Coréia, Singapura e outros, de olhos amendoados, também vinham se dando bem à luz do bom senso na economia, aliás, seguindo o mesmo cânone prometido na hoje esquecida “Carta ao povo brasileiro”, dos idos de 2002. De toda forma, bafejado pela herança bendita que recebeu de FHC, que começava a produzir frutos, tudo parecia estar indo bem na sopa, ainda que nela já estivem cozinhando os sapos do mensalão.

O segundo governo do Lula foi o despertar dos embrulhões. Parecia chegado o momento de adotar a feitiçaria heterodoxa, que a ortodoxia era blasfêmia dos neoliberais. Com a saída de Palocci, vieram os aprendizes de feiticeiro. Com pompa e circunstância, começaram as bruxarias na  economia. Abriu-se a caverna da Abra-cadabra: sucediam-se mágicas bestas à torto e à direito. Com dinheiro correndo farto para irrigar a corruptaiada, mesmo o escândalo do Mensalão acabou sendo absorvido, sob regozijo de Lula, que viu seu rival Zé Dirceu ir parar nas masmorras. Para o governo, tudo transcorria em clima de quermesse. O mundo vivia a festa das commodities. Os dólares jorravam da cornucópia das exportações e muita gente, no país do Macunaíma, imaginava que se haviam aberto as portas do jardim do éden. Sob a frouxidão de um presidente que, a aquela altura, saracoteava mais que um Baco de arrabalde em meio a uma balada rap, os rigores burgueses foram lançados ao mar. A Petrobrás virou a casa da mãe Joana. Bilhões eram roubados e o caixa saqueado com a desenvoltura de dona de bordel. Como tudo parecia lindo e maravilhoso, todos os aliados meteram a mão sem “pudô” e a farra do liberou geral saiu do controle.

Era uma folia de reis no planalto. O “pudê” tava uma delícia. E tudo nos conforme: se as “zelite” gostam, deve ser bom. Agora é nóis na fita.  E dado que, para o projeto de poder do PT, os fins justificavam os meios, nada havia a temer.

Para o PT e aliados, após oito anos gulosos aprendendo a gostar do bom e do melhor, com Lula voando solto no salto alto, de repente surge a ameaça que podia acabar com a brincadeira: uma nova eleição se avizinhava. Era preciso pensar o futuro. Largar o osso, nem pensar. O “sapo barbudo”, definição preferida de Brizola para o molusco, gostou de ser presidente. Queria mais. Por ele, bem que tentaria ficar para sempre passeando de AeroLula, sendo bajulado por todos os basbaques bolivarianos da Sul América, e, que beleza, recebendo títulos honoris causa mundo afora. Digno do Guiness: foram 55 títulos de universidades deslumbradas e que não se deram ao respeito!. Só na Argentina foram 11. Mas o Brasil não é a Venezuela. Aqui não dava para engatar uma mudança constitucional que permitisse uma nova reeleição. A salvação é que Lula, o sapo sábio, havia aprendido com o Chapolim Colorado a suspeitar desde o princípio. E, sem querer querendo, plantou a candidatura de um poste. Dilma parecia o poste ideal. Para começar, era um poste sem luz. Não era muito inteligente, arrogante no trato, era péssima em política e ruim até no arremesso de grampeador. Daí que, pensou o molusco de Garanhuns com suas ventosas: o poste (a “posta”??) seria submissa, faria pose, mas seria ele, Lula, que continuaria a mandar nos bastidores. Seria um maestro sem batuta, um Rasputin do sertão. E assim decidiu e ficou feliz. Ele era esperto, muito esperto.

Para ganhar, fizeram o diabo. Abriram os dutos do tesouro. Prometeram enormidades e, o povo, nosso ingênuo e crédulo povo, acreditou. Só que, como diz o ditado, a esperteza, quando é muita, vira bicho e come o esperto. Como as contas não fechavam, as coisas começaram a dar errado. Dilma só fazia o que lhe dava na telha, quer dizer, coisa pouca e atabalhoada. Depois de dar lições de economia à Angela Merkel (e levar um pito equivalente ao 7 x 1), assumiu a nova “matriz econômica”. Desdenhosa, quis mostrar-se acima da matemática, esta ciência que dá nojo em petista que se preza, esta invenção satânica da burguesia de direita para oprimir os pobres e os humildes. Foi uma derrocada anunciada que provou, uma vez mais, que quem não aprende com o passado está condenado a revivê-lo como farsa.

Em um governo cheio de empáfia e distante da realidade, a lei de causa e efeito foi revogada e deixou de valer. Erros sucessivos e incompetência obsessiva solapavam diariamente as bases em que se assentava a economia do país. Dilma, a mulher sapiens, esqueceu que a economia, como a natureza, não se defende: ela se vinga. O crescimento não vinha. O valor das commodities despencou. A Petrobrás não aguentou tanto desaforo. As pedaladas começaram. Quatro anos de deterioração enferrujavam a estrutura do país. A entropia auto induzida emperrava tudo. Para disfarçar seus efeitos e esconder a ferrugem, os taifeiros do PT passaram uma mão de tinta. O Brasil virou uma alegoria que fantasiava uma prosperidade que não lhe pertencia mais. Os 39 ministérios só faziam maquiagem. Neste clima veio a nova eleição.

O que se diz é que Lula tinha decidido ser candidato, como, acreditava-se, era o planejado. Acontece que Dilma o chamou para um canto e teria dito alguma coisa que fez o medo vencer a esperança. Era chato, mas Lula resolveu esperar mais quatro anos. Foi um erro fatal. Livre de escrúpulos, sem eias nem peias, Dilma se lançou em uma campanha despudorada, jogando bilhões na parada, sempre devidamente aconselhada por ministros igualmente aloprados, como Aloísio Mercadante e José Eduardo Cardoso. A candidata jogou para o alto o que restava de decência. Se valendo da mais refinada malandragem de que se ufana este país, aplicando competentes golpes de marketing charlatão, sob a batuta do atual presidiário João Santana, arrancou uma escassa vitória nos grotões. Lá, na beirada pobre do país, os votos foram escandalosamente comprados com o dinheiro do bolsa família. De positivo, só ficou provado que nada acaba mais depressa com um mau produto do que um bom marketing.

Reeleita, reassume a nova Dilma. Agora, ciclista na melhor acepção da palavra, sai para as pedaladas. Na cozinha, assume o panelão. O segundo mandato da mulher sapiens começou com uma sopa de pedra. O Ministro Levy era a pedra. Estava na sopa, mas não tinha nem sabor nem cheiro. A Dilma, mais imperial, arrogante e prepotente do que nunca, fazia questão de humilhar seu ministro. Um ministro, aliás, nomeado “pour épater le bourgeois”  e que era exibido para fazer o contraste e deixar claro quem mandava. A mensagem imperial era clara e tonitruante: “vocês vão ter que me engolir”. “Vocês”, no caso, éramos nós, o povo.

Após um ano patético, Levy foi tirado da sopa. Saiu como entrou. E, com a dignidade intacta, Joaquim Levy, o engenheiro naval com doutorado em economia, foi ser Diretor Financeiro do Banco Mundial (BIRD). Sem a pedra, a sopa ficava cada vez mais à imagem da ex-guerrilheira: uma poção mal cheirosa. No caldeirão da bruxa, a “presidenta” ia jogando todo o lixo que aparecia pela frente. Jogou dentro até um ministério arrebanhado nos restos da feira livre em que virou o congresso. Tentou fazer um acordo com o Eduardo Cunha, mas era tarde. Nas ruas, as multidões eram muitas e o dinheiro era pouco. Como última esperança, a feiticeira aloprada colocou o sapo na sopa. Não funcionou: eis que a sopa de sapo ninguém quis.

E agora, o fim melancólico da era lulopetista está escrito nas estrelas. (Refiro-me às verde e amarelas, aquelas que brilham no firmamento e no coração dos brasileiros.)

A Lava Jato continua moendo petista e vem escancarando as entranhas malignas dos governos de Lula , de Dilma e do PT. O lance final da mulher sapiens, chamar o Chapolim barbudo para o ministério, foi a cereja do bolo: o Sérgio Moro foi mais esperto e soltou a gravação que citava o tal “Bessias”. Fim. Cheque mate.

Agora, na desmontagem do mais estapafúrdio e estrambólico governo de nossa história, ainda se observa um esperneio aqui e outro ali. É a petezada querendo osso. Mas nem mortadela tem mais. Só sobrou mandioca. E sem acesso ao dinheiro público, a empáfia se esvazia, a ilusão acaba, as cortinas se fecham. Tchau, querida

Ceska – o digitaleiro.

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Onda de crescimento represado pode ser a grande surpresa

Prepare-se para uma grande surpresa: um tsunami de crescimento pode vir tomar conta do Brasil já ao longo dos próximos 180 dias. Conversando com diversos empresários nos últimos dias fui surpreendido por um contexto inteiramente inesperado: a existência de um represamento de projetos que estão no gatilho para serem disparados assim que se consolidarem os primeiros sinais de uma mudança nos rumos da economia. Tudo indica que a existência de crescimento represado e projetos prontos para implementação imediata pode disparar uma onda de crescimento por empresas que pretendem “sair correndo” para evitar que eventuais concorrentes cheguem antes e ocupem lugar no mercado. Se esta tendência se confirmar de fato, pode ser que venhamos a assistir a uma autêntica “corrida de ouro” dos tempos do velho oeste.

Ceska – o digitaleiro


 

Dicas de empregabilidade 2

Este blog tem como foco o debate das perspectivas brasileiras na Quarta Revolução Industrial. Mas antes do país se posicionar diante dos desafios que as novas tecnologias como a Inteligência Artificial nos reservam, precisamos arrumar a casa.

Este vídeo apresenta ideias que podem ajudar você a melhorar sua empregabilidade no momento que o país atravessa e preparar-se para encontrar seu espaço no futuro do mercado de trabalho.

Obrigado por sua atenção.

Ceska – o digitaleiro

Emprego bom na crise braba

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Emprego bom em crise braba é para quem vai à luta!

Emprego bom na crise braba existe, mas é difícil de achar.

Se a crise é muita, a competência precisa ser máxima. Ser meio bom não basta. É preciso ser muito, muito bom.

Para quem quer, sempre existe uma maneira de fazer melhor…encontre-a. Este é um conselho de Thomas Edison e vem bem a calhar para quem deseja melhorar sua empregabilidade neste tempos bicudos.

Com crise ou sem crise, tem cerca de 40 milhões de pessoas com emprego formal no Brasil (dados atualizados indicam que são 39,37 milhões de pessoas em março deste ano, contra 41,22 milhões de pessoas empregadas, com carteira assinada, no mesmo mês do ano passado.) Assim, pela lógica, encontrar um para você não é tarefa impossível. Especialmente se você tiver qualidades e souber mostrá-las no lugar certo, na hora certa e da forma certa. Claro, se você tiver talento, competências e uma atitude proativa suas chances aumentam muito. Mas, nestes tempos áridos, não espere que o emprego que você busca caia do céu. De modo que, para encontra-lo, é preciso contar com um bom planejamento e estar disposto a ser flexível, criativo e, mais que tudo, empenhar-se fundo na busca de seu lugar ao sol.

Procurar emprego é trabalho duro e atividade de tempo integral. E exige um “Plano de Ação”, com estratégia, método e disciplina. Ainda mais se você precisa de um emprego para “ontem”.

É um fato da vida, mas em uma crise como a atual você precisa desenvolver uma visão de Raio-X, como o SuperHomem: saber ver através das paredes e descobrir empregos pelo faro.

Um pouco de kabala também ajuda: preste atenção nos sinais visíveis do universo invisível, estudando os sinais emitidos por empresas que possam estar se dando bem na exportação ou atuando em nichos favorecidos pela crise. Estude o mercado para entender seu contexto, localizar as oportunidades e saber o máximo possível sobre as opções de emprego existentes e como você pode chegar até elas.

Mas vamos ao planejamento da ação:

  • Defina o seu papel no mercado

Somos todos atores em nossos papéis na sociedade. Quem afirma isto é o médico e psicólogo Jacob Levy Moreno (1889 – 1974), cientista muito respeitado nas áreas de formação e treinamento, autor do conceito de “espontaneidade” e criador do psicodrama e do sociodrama.

Assim, um emprego outra coisa não é senão um palco onde você vai exercer o seu papel profissional e social. Onde você vai aplicar seus conhecimentos e competências e interagir com seus superiores, colegas e, eventualmente, com os fornecedores, clientes e stakeholders da empresa. Da qualidade de seu desempenho em cada uma das habilidades requeridas para a sua função virá seu grau de empregabilidade.

Uma tarefa que precede a definição de seu papel e de seu posicionamento no mercado de trabalho é listar as competências requeridas para o exercício da função buscada e, em seguida, tomar consciência sobre qual o seu grau de habilidade no desempenho de cada uma delas.

Outro conjunto de definições inclui a sua missão: aquilo que você deseja ser e fazer; sua visão: a forma como você deseja atingir seus objetivos profissionais e pessoais; seus valores: as coisa em que você acredita e seus princípios: o eixo moral de sua vida, sua integridade e lealdade.

Este exercício serve a dois propósitos:

Um, ajuda você a estabelecer seu grau de empregabilidade em um dado setor ou empresa. (Por exemplo, se você domina o alemão, esta é uma vantagem que soma pontos em empresas de origem alemã.) e

Dois, permite que você identifique melhor seus pontos fortes e fracos, facilitando a tarefa de reforçar e destacar seus pontos fortes e melhorar as habilidades em que você se reconhece fraco.   

  • Defina seu foco

Foco significa concentração de esforços em uma área delimitada. Você precisa eliminar tudo o que não é relevante para sua empregabilidade. Não dá para ser bom em tudo. Assim como não dá para ser bom com esforços meia-boca. Então é necessário saber escolher a abrangência de seu foco e deixar de fora tudo o que possa atrapalhar ou roubar energia do seu mix de empregabilidade. Competir por um emprego é como participar de qualquer outra competição: ganha o melhor.

Acontece que nem sempre é fácil saber onde focar seus esforços. Para obter bons resultados é preciso saber o que mercado busca e como posicionar-se de forma favorável para conquistar a pole-position na disputa pelo emprego ou pelo cargo.

Saber focar esforços significa ser profissional. E ser profissional significa dominar não apenas as competências centrais de uma atividade, mas também os detalhes e segredos do desempenho da função. E o bom desempenho requer domínio sobre o papel a ser exercido na empresa ou organização.

A escolha de um emprego, assim como a de uma profissão ou carreira, pressupõe que você sabe qual a sua vocação e qualificação, bem como quais são suas virtudes e defeitos, suas aspirações, aptidões, expectativas e resiliência. Conhece-te a ti mesmo, recomendava Sócrates a quem quisesse conhecer seu lugar no universo. Pode-se supor que o sábio grego não tinha em mente a busca por um emprego, mas conhecer-se a si mesmo é um passo importante, na medida em que você quer um lugar no mercado, que é aquela parte do universo onde estão os empregos.

Portanto, se você ainda não sabe, comece por descobrir quem exatamente você é e o que, precisamente, você aspira em sua vida profissional. Aqui lembrando que Confúcio já dizia: escolha um trabalho de que você goste e você nunca vai precisar trabalhar um só dia na sua vida.

  • A autodescoberta

O ideal é dividir o processo de autodescoberta em duas partes:

Parte um: olhe para dentro de você mesmo. Qual o seu sonho? O que você que fazer em sua vida? Escreva tudo isto e liste seus objetivos, crenças, valores, competências, habilidades, experiências, realizações e conquistas

Parte dois: descubra como os outros o veem. Peça e ouça a opinião de pessoas em que você confia sobre o que elas pensam sobre você. Sobre o que acham de suas habilidades e sobre como percebem o seu desempenho. Pergunte também sobre o que elas sabem em relação ao que os outros falam a seu respeito. Prepare-se para ouvir algumas coisas menos agradáveis, mas encare eventuais críticas como uma ajuda para o seu processo de melhoria em sua empregabilidade. Aliás, desconfie se você só ouvir elogios ou se só falarem bem de você. Afinao, ninguém é perfeito. Até o juiz Sérgio Moro disse que comete erros. Assim não tenha medo de enfrentar os fatos e nem se deixe abater. O que você quer não é uma massagem em seu ego, mas compreender quais fatores podem contribuir ou prejudicar sua jornada em busca do melhor emprego ao seu alcance.

Uma vez que você tenha obtido um bom conhecimento de si próprio e adquirido uma visão clara de seu papel, defina sua nova identidade profissional. Ela deve passar a ser o eixo de seus esforços.

  • Mapeie as oportunidades

Quais são e onde estão os empregos em linha com sua nova identidade profissional?

Pesquise e coloque em seu radar pelo menos 20 empresas que pareçam promissoras.

Descobrir possíveis oportunidades é essencial para o êxito de sua busca a um bom emprego. Tenha em mente, contudo, que apenas uma em cada dez vagas é anunciada – nove são preenchidas a partir de um banco de candidatos, por indicação, recrutamento interno ou remanejamento de pessoal. Outra coisa: apenas um percentual das vagas anunciadas tem qualidade, porque muitos anúncios se referem à pesquisa de salários, empregos temporários, vendas à base de comissão ou picaretagem pura e simples. Portanto, não desperdice seu tempo lendo anúncios periféricos à sua busca e não confie resolver seu problema por meio de anúncios. A boa notícia é que  as empresas sempre tem posições à espera de um candidato certo. As vendas estão desabando? Um bom vendedor poderá ter aí sua chance. É preciso reduzir custos? Quem saiba como fazer isto será ouvido. Mas seja objetivo. As empresas querem resultados.

  • Vá à luta

E, uma vez feito o seu dever de casa, vá à luta. Estude como chegar à cada empresa de sue interesse. Escreva o caminho a ser percorrido. Pesquise entre seus amigos e seu relacionamento se alguém conhece alguém na empresa alvo de seus esforços. Ligue para o RH da empresa e pergunte a quem enviar seu currículo e com quem conversar sobre a área de seu interesse sobre uma posição ou vaga que possa estar aberta. Em crises com a que vivemos muitas empresas procuram agrupar funções e reduzir os salários e o número de empregados. A demissão de um pode ser a contratação de outro, mais qualificado, mais produtivo e, claro, mais barato. E isto cria vagas e oportunidades.

  • Não acredite no primeiro “não”

Fique preparado para encontrar uma barreira de nãos. Em uma grande empresa muitas pessoas tem o poder de dizer “não”, mas apenas um grupo muito reduzido de pessoas tem o poder do sim. Descubra quem tem este poder e não desista enquanto não chegar a elas. Se um caminho não funciona, tente outro.

  • Assuma sua Missão

Nenhum vento sopra a favor de quem não sabe para onde ir (Sêneca).

Faça suas escolhas e escreva uma Declaração da sua Missão na busca do emprego.

Use o ensinamento das empresas de primeira linha que usam as “declarações de missão” como forma de definir com clareza os objetivos e o passo a passo planejados. Escreva com detalhes sua declaração: seja específico sobre o que você busca, tipo de empresa, seus valores e crenças, o elenco de habilidades e competências que você deseja utilizar, o tipo de cultura da empresa, o nível da responsabilidade que você se propõe a assumir, a região geográfica, o potencial de carreira e crescimento, disposição para viagens, para mudar de endereço, salário e benefícios desejados. Esta “declaração” ajudará você a manter seu foco. Em momentos de incerteza você poderá se valer desta declaração para recobrar sua confiança e manter seu foco.

  • O Plano de Ação

Um Plano de Ação deve separar o ciclo da atividade nos seus passos: como você vai encontrar as empresas, como você vai reunir seus dados de contato, como site, e-mail e telefone, como você vai fazer o contato, se por telefone, e-mail, etc. Depois de fazer o seu planejamento é preciso partir para o “fazejamento”, como diria o ex-prefeito de São Paulo, Brig. Faria Lima.

Um bom plano deve incluir um conjunto de objetivos intermediários e como chegar a eles.

Por exemplo: desenvolver uma rede de contatos para obter indicação, apoio e referências

Estratégias: Entrar em contato com ex-colegas e conhecidos. Usar grupos no LinkedIn para gerar contatos e conexões. Buscar contato com entidades e associações. Circular e mostrar presença em eventos e oportunidades para relacionamentos. Fazer ligações para os departamentos de pessoal. Mas atenção: selecione os eventos pelo critério da qualidade dos contatos possíveis. Ir por ir é desperdiçar seu ativo mais importante que é o tempo.

Ao selecionar a lista de empresas nas quais você tem interesse seja específico: que tipo de empresa você se propõe a pesquisar, como você vai fazer isto e em que profundidade.

Estabeleça metas de trabalho diárias: quantos contatos por telefone, quantos e-mails personalizados, quantos currículos enviados, quantas entrevistas. Estas metas vão permitir que você tenha indicadores sobre o progresso de seus esforços e se sinta pressionado a cumprir a atividade planejada. Até para garimpar um emprego existe uma curva de aprendizado.

Uma vez que você inicie a busca é preciso manter um acompanhamento de suas atividades e do seu progresso. Quer por meio eletrônico, quer em papel, é preciso ir anotando tudo, desde e-mails enviados, contatos via telefone, entrevistas realizadas, etc. Trata-se de uma rotina tediosa, mas que pode ajudar muito a conseguir o seu desejado emprego.

  • Sua narrativa

Seu empregador terá interesse em conhecer a história de sua vida, certamente, mas o eixo de sua narrativa deve destacar o que você, seus conhecimentos e experiência podem fazer para a empresa no futuro. Para saber como construir sua narrativa procure entender a empresa que você corteja. Se o emprego está anunciado, leia com atenção a descrição da função e outros materiais que você consiga encontrar. Leia o website da empresa, artigos e matérias publicadas, pesquise sobre seus produtos e serviços no Google, busque vídeos no YouTube, enfim procure “sentir” a cultura d empresa. Procure descobrir pessoas que tenham trabalhado na empresa antes por meio de sites de empregos ou no LinkedIn e peça para elas relatarem suas experiências. Por meio deste processo você irá ver a empresa sob diversos ângulos e, eventualmente, criar um sentimento de identidade com a empresa, com seus produtos e até com seus clientes.

Para organizar e facilitar esta tarefa de construir uma narrativa atraente, liste todas as suas habilidades e competências, tanto as que sejam diretamente ligadas a sua experiências profissionais como as ligadas indiretamente, como o domínio de softwares ou de outras habilidades úteis. Para cada uma faça uma ficha (pode ser numa planilha) e coloque um descritivo curto. Assim, à medida que uma entrevista se desenrole, você poderá facilmente encaixar cada um dos temas sem perder o curso da narrativa principal. Se você puder adicionar o relato de alguns casos ilustrativos, use-os, mas cuidado para não usar o escasso tempo da entrevista com coisas não relevantes.

Antes de cada entrevista repasse os temas e selecione os que você pretende utilizar, procurando ajustá-los à empresa, sua cultura e valores, incluindo a “linguagem” da empresa, os termos, marcas a nomenclatura utilizados para descrever seus mercado e produtos. Cuidado com a pronúncia de marcas ou termos estrangeiros. Já vi candidatos de bom potencial se queimarem por demonstrar desconhecimento ou falta de familiaridade com marcas ou produtos da empresa empregadora.

Um processo comprovado para melhorar seu desempenho é escrever sua narrativa e treiná-la. Mas, claro, não apresente sua história como um texto decorado.

Uma boa fórmula de encadear os assuntos envolve seis tópicos:

Primeiro: Quem eu sou. Um resumo de sua história pessoal, onde nasceu e viveu, situação familiar e residência. Entre três e cinco minutos. O importante é deixar claro que você não é filho de chocadeira…

Segundo: Como cheguei aqui. Sua formação, escolaridade, educação, habilidades e competências.

Terceiro: O que fiz em minha vida profissional. Atividades, empregos, cargos, incumbências, missões. De preferência destacando aspectos do seu desempenho sempre que conveniente, notadamente quando tiverem aspectos que possam ser úteis na função desejada.

Quarto: O que busco para o futuro. Tipo de desafio que me motiva, o que gostaria de alcançar.

Quinto: Como antecipo minha atuação no cargo ou função. Esse item requer um cuidado dobrado. Demonstre que você entende os desafios do cargo e que está preparado para enfrenta-los, mas evite fazer afirmações ou emitir julgamentos de valor que possam confrontar políticas, procedimentos ou valores da empresa.

Sexto: Minha ética. O que acredito. Os aspectos éticos tem enorme peso no processo de seleção. Dedicação, compromisso e lealdade com a empresa são valores sempre muito valorizados. Enfatizar estes aspectos é sempre muito importante, mas prefira falar com fatos.

  • Duas recomendações adicionais:

A questão da atitude.

Ter o perfil certo é melhor do que ter o currículo mais longo. Se você pensa em buscar um emprego em empresas como a Ambev, Lojas Americanas, Burger King, Submarino, Bud­weiser, Heinz é bom ter em mente o tipo de gente que seus controladores, Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira preferem: os PSD — poor, smart, deep desire to get rich (“pobre, esperto, com muita vontade de ficar rico”). Se você se qualifica, parabéns. Você vai longe.

A questão da apresentação pessoal

Procure apresentar-se em conformidade com a cultura da empresa. Cada organização tem seus valores internos, suas crenças e, eventualmente, seus preconceitos.

A questão do traje é muito importante. Na dúvida sobre o que vestir para a entrevista é bom perguntar para o RH da empresa. Dependendo do tipo da organização e da função, se apresentar fora dos padrões de expectativa da empresa é fatal. Empregos em bancos e na área financeira requerem terno e gravata de cores sóbrias. O setor bancário segue a linha dos banqueiros de Londres, onde “brown is not a gentleman’s color” (“marrom não é uma cor para cavalheiros”).

Para funções gerenciais, se apresentar bem trajado, bem escanhoado e com aspecto de executivo é condição necessária, mas sem exageros. Um exemplo bem ilustrativo: Por alguns anos fui assistente de Mr. Richard Alex Mozer, um empresário norte-americano que, entre outras empresas, era dono da fábrica de Empilhadeiras Yale no Brasil. Uma das minhas incumbências era a seleção dos executivos que seriam encaminhados para uma entrevista final com Mr. Mozer. Haviam os testes preliminares e uma pré-seleção com um psicólogo e tal, mas a principal recomendação que recebia de meu antigo chefe era que evitasse selecionar “os bonitinhos”. Mr. Mozer dizia, com fina ironia, que os executivos brasileiros eram “os mais bonitos do mundo”. Chegavam portando currículos reluzentes, cabelos cortados na moda, calçados italianos, gravatas francesas, camisas e ternos sob medida, tudo impecável. Mas, no dia a dia da operação, eram um desastre: estavam sempre mais preocupados com sua aparência, com academias e vida social do que com o bom desempenho na função. Não caia nesta.

O fator mais importante

Isoladamente, o fator mais importante de empregabilidade no Brasil é a fluência em inglês. Em igualdade de condições, quem tem bom domínio do inglês consegue um emprego duas vezes mais rápido do que quem tem apenas conhecimentos básicos. E recebe, em média, salários 45% maiores (Pesquisa da Catho). Portanto, use seu tempo disponível para dar polimento ao seu inglês. Existem muitas ferramentas grátis no Google, como o tradutor, por exemplo, que, inclusive, ensina a pronúncia das palavras.

(Saiba como melhorar seu inglês – veja abaixo)

Quer um bom emprego? Melhore seu inglês.

Enfim…

Empregos bons existem e existirão. Prepare-se, tenha a atitude certa e saia para a luta. Com crise ou sem crise, se você procurar de verdade, você vai achar seu lugar ao sol.

Sucesso!

Ceska – O digitaleiro


Quer um bom emprego? Melhore seu inglês.

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Quer um bom emprego? Melhore seu inglês.

Receita para conseguir um bom emprego: ganhe fluência em inglês.

Conhecer uma segunda língua é possuir uma segunda alma. Essa é a opinião de Carlamagne, o Rei Carlos, o Grande, que viveu no início da idade média e plantou os fundamentos para a criação da França e da Alemanha.

No Brasil da crise, conhecer o Inglês, além de facultar esta segunda alma, permite conseguir um emprego melhor.

Acho que você sabe disso, mas diversos estudos demonstram a importância do inglês para o mercado de trabalho. Isoladamente, este é o fator mais importante da empregabilidade no Brasil. Estes estudos mostram que a fluência no idioma de Shakespeare reduz para metade o tempo de busca de emprego. Outra coisa, ser fluente em inglês também pode ser determinante para que seu salário seja maior. A revelação veio na 52ª edição da Pesquisa Salarial, divulgada pela Catho. Um profissional em cargo de coordenação, por exemplo, ganha 61% mais que uma pessoa na mesma função, mas que tenha apenas o conhecimento básico da língua. Se não tiver nem o básico, suas chances de conseguir a vaga são praticamente nulas, na medida que há muita gente que tem conhecimentos básicos de inglês e está disputando os empregos.

Em cargos de diretoria, a diferença de salário entre alguém que fala inglês com boa fluência e um profissional sem essa habilidade é de 42%, segundo a pesquisa. Para os cargos de gerência e de supervisão, a diferença é de 57% e de 43%, respectivamente.

Como seria de esperar, quanto mais alto o nível hierárquico, maior o percentual de pessoas que dominam o idioma, mostra o estudo. No caso das promoções, tudo o mais equivalente, um bom domínio do inglês dobra as chances de um candidato ser o escolhido. Mesmo em níveis intermediários, os salários são, em média, 45% maiores.

Portanto, se você está buscando melhorar sua empregabilidade, o melhor investimento de seu tempo será aquele dedicado à conquistar a fluência no idioma do autor de Romeu e Julieta.

I – Como melhorar seu inglês

Línguas se aprendem ouvindo, falando, lendo e escrevendo. Nesta ordem. Existem muitas formas de você melhorar seu conhecimento e fluência no inglês.

Na China, um país que anseia por sua integração ao mundo, existe uma instituição nacional: as “English Corners”. São pontos de encontro de gente de todas as origens e de todas as idades que vão lá, nas sextas feiras à tarde, para praticar seu “inglês oral”. O mais conhecido destes pontos é o Portão de Entrada Este da Renmin University, em Pequing.

Ir à China praticar inglês não parece sensato. Mas você pode fazer um intercâmbio pelo YFU, fazer um curso de imersão em Nova York ou Londres ou Toronto ou, ainda, ir a Sydney e aprender localmente. Você pode optar por um dos inúmeros cursos oferecidos aqui no Brasil, tanto básicos como avançados. Mas não são opções para todo mundo: além do custo elevado, demandam um tempo que você talvez não tenha. Por outro lado, com boa vontade tudo tem jeito: uma boa solução seria juntar um grupo de amigos para exercitar o idioma: o custo é zero e o resultado é garantido.

Mas antes de praticar para obter fluência, você precisa de um patamar mínimo de conhecimentos. O que vamos apresentar aqui são algumas alternativas práticas, eficazes e virtualmente sem custo, que podem ajuda-lo no aprendizado de inglês. Desde que você queira, tenha acesso à internet e ao Google e se disponha a estudar com método e disciplina.

  • Uma língua é um código

Para começar, é importante compreender que um idioma vem a ser o método de comunicação humana que consiste no uso de palavras para expressar o pensamento de uma forma estruturada e convencional. Um língua é um código.

Saussure, o criador da Linguística Moderna, propõe que uma língua é um processo de comunicação que não se dá somente pelo uso das palavras, mas também por gestos, olhares, roupas, cortes de cabelo e quaisquer elementos que possam ser usados como signos. A partir desta linha de pensamento, ele propõe que a Linguística seja incorporada por uma ciência mais ampla: a Semiologia. Esta ciência, também denominada Semiótica, estuda como nos expressamos e como lemos, captamos e entendemos os demais seres humanos por meio da linguagem, dos símbolos e dos signos.

A contribuição desta abordagem é nos fazer perceber que uma língua é um todo que vai além de um vocabulário, que vai além dos meandros gramaticais e reveste de significados esta segunda alma a que aludia Carlamagne.

O que sabemos é que o aprendizado de uma língua fica mais fácil se, ao lado das palavras, pudermos sentir as emoções que elas suscitam. A memória é mais permeável às emoções do que às repetições. As palavras, imantadas pela emoção, são atraídas para o interior da segunda alma, onde se fixam como ímãs de geladeira: visíveis e fáceis de achar. Aprender uma língua é mais fácil, assim, se você aprender a imantar as palavras com a emoção do seu significado.

Para obter fluência, entretanto, é preciso que sua mente “pense” em inglês. Demora um pouco chegar neste nível, mas o importante é praticar todo dia. A estrutura da língua, a ordem da palavras, a flexão dos verbos e as expressões idiomáticas devem se encaixar e formar um quebra cabeças de modo a ir criando as frases e dando sentido ao conjunto.

O ideal é alcançar um estágio de “espontaneidade”, uma expressão criada por Moreno para definir o desempenho mais fluído e natural que decorre da participação do subconsciente em um dado papel ou uma dada atividade, inclusive no processo de usar uma língua. O subconsciente entra em ação quando está suficiente treinado. Portanto, para obter fluência em inglês é preciso treinar o uso da língua até automatizar as respostas. Mas é preciso que o exercício da língua se assemelhe ao contexto de sua utilização no palco do mundo real. Como o cérebro não faz distinção entre o uso no mundo real e o mundo representado, a simulação é eficaz na preparação da mente. Se um simulador funciona para ensinar um piloto a pilotar um avião, também pode ensinar você a usar uma língua. O que é preciso é que a simulação contenha os ingredientes da emoção e de entrega psíquica ao papel ensaiado. Mesmo que você não disponha de uma mesa de escritório para simular uma entrevista, a mesa da sala de jantar serve perfeitamente: coloque a foto de um executivo na sua frente e faça a si mesmo as perguntas de um entrevistador. Sinta a emoção. E permita que seu subconsciente tome o controle. Se quiser gravar para análise, espere para fazer isto quando você achar que já está pronto. Deixe a natureza seguir seu curso e complete sua curva de aprendizado. Não existe motivo para você se auto depreciar prematuramente. Outra coisa: divida seu teatro de entrevista em etapas e avance um passo de cada vez. Primeiro treine e domine a abertura, a entrada, o contato com os olhos, o aperto de mão. No caso do inglês, especialmente daquele que poderíamos chamar de “corporativo”, é preciso, igualmente, “vestir” o figurino e absorver a forma de pensar focada, sintética, objetiva e direta da cultura corporativa das empresas que usam o inglês como língua predominante. Qualquer filme americano sobre temas empresariais mostra isto. É prestar atenção.

  • A fluência

Existe o mito de que haveria uma “fluência” perfeita. Fluência perfeita é coisa que não existe em nenhum lugar do mundo pela simples razão de que a fluência é um fenômeno relativo. Ninguém, nem um nova-iorquino ou um londrino, jamais vai ser completamente fluente em todos os contextos de uma língua como o inglês, que é falado de muitas maneiras diferentes ao redor do mundo. Você poderia ter o inglês como sua língua nativa e ainda assim não entender um motorista da Austrália descrevendo o tempo ou um professor de matemática falando sobre equações.

A língua é uma coisa viva, sempre mudando e em constante evolução. A “fluência”, assim, depende do contexto e do ambiente cultural em que a língua é utilizada.

Isto posto, é perfeitamente aceitável se sua fluência em inglês conseguir explicar seu pensamento, ainda que, para conseguir isto, você precise dar algumas voltas ao usar sua linguagem.

  • A medida da fluência

Alexander Arguelles, um especialista que dedicou sua vida ao aprendizado de línguas, acreditava que se pode definir o grau de domínio de uma língua com base em um conjunto de “patamares”:

250 palavras constituem o núcleo essencial de uma língua e sem as quais não é possível construir frases simples e coerentes.

750 palavras constituem o núcleo do vocabulário usado ​​todos os dias pelas pessoas que falam a língua.

2.500 palavras constituem o “núcleo da fluência”: conhecendo este número de palavras você conseguirá expressar tudo o que você possa querer dizer, ainda que, as vezes, tenha que “dar voltas” e utilizar circunlóquios explicativos.

5.000 palavras constituem o vocabulário ativo dos que falam o idioma de forma corrente, mas que não tem ensino superior.

10.000 palavras constituem o vocabulário ativo dos que falam o idioma de forma corrente e dominam terminologia adquirida no ensino superior.

20.000 palavras constituem o vocabulário erudito e que você precisa reconhecer passivamente, a fim de ler, compreender e apreciar uma obra literária, um romance ou um livro de ficção.

Aprendendo a ser fluente em inglês com o Google

Se você tem um domínio básico da língua, é possível ganhar fluência rapidamente com a adoção de um método simples, fácil e rápido (e gratuito) tomando por base os “patamares” de Arguelles e usando o Google Translator como apoio. Vejamos um passo-a-passo prático:

1. Comece a formar sua lista básica

Vamos para a ação: liste suas 250 primeiras palavras. Em uma planilha, ou até num caderno, faça cinco colunas. Na primeira você escreve em inglês as palavras que você já conhece. Pode começar com as seis da frase mais conhecida: the book is on the table…Na segunda coluna escreva a pronúncia; na terceira coluna você escreve o significado em português; na quarta você identifica gramaticalmente a palavra: substantivo, verbo, adjetivo, advérbio, etc.; na quinta você escreve uma frase usando a palavra listada.

Se você não conseguir 250 palavras em inglês nesta primeira iniciativa, vá para o próximo passo e, na coluna apropriada, escreva as palavras em português que você considera importantes na sua comunicação do dia a dia. Inclua verbos indispensáveis como “eu vou” (I go) “eu venho” (I come) “eu compro” (I buy), eu trabalho (I work) eu como (I eat).

Aí você vai ao Google, entra no tradutor (as vezes fica escondido naquele cubo de seis pontos que fica no canto superior direito), selecione português na primeira janela e inglês na segunda, e, na primeira janela, escreva a palavra em português. O resultado, em inglês, vai aparecer na janela da direita. Copie a grafia na sua primeira coluna do seu caderno ou planilha. Ainda no Google, clique no ícone do alto-falante, no rodapé do quadro, ouça a pronúncia e escreva como pronunciar na segunda coluna.

Suponhamos que você queira pesquisar a palavra “almoço”: Depois de escrever na janela da esquerda você vê, na direita, a expressão “lunch”. Aproveite para observar que, abaixo do quadro, aparecem outras versões possíveis, como “luncheon” (pronuncia-se “lanchen”) e “tiffin”, que é uma forma rebuscada de dizer almoço leve.

Na sequência vá ampliando para o patamar das 750 palavras. Ao chegar a este número comece a cruzar estas palavras entre elas: um substantivo – um verbo – um adjetivo. Escolha um termo chave e comece a formar “clusters” ou “agrupamentos”. Sempre checando a pronúncia e o significado no Google. Esta checagem vai ajudar a evitar confusões e os falsos cognatos, palavras geralmente derivadas do latim e que existem em inglês e português.

Apesar das diferenças entre as duas línguas, ambos os idiomas têm palavras que se assemelham na escrita ou no som. Algumas dessas palavras semelhantes possuem, de fato, o mesmo significado nas duas línguas, como television e computer, que, claro, se traduzem por “televisão” e “computador”, respectivamente. Essas palavras, que têm semelhança ortográfica e o mesmo significado nas duas línguas, chamam-se cognatos.

Entretanto, existem outras palavras que, embora semelhantes, diferem completa ou parcialmente quanto ao significado. Estes palavras são conhecidas como “Falsos cognatos”. Uma pequena lista para ilustrar o cuidado a ser tomado com estas palavras traiçoeiras:

  • Actual – significado em inglês: real, verdadeiro, e não “atual”;
  • Actually – significado em inglês: na verdade, de fato, e não “atualmente”;
  • – Adept – significado em inglês: perito, profundo conhecedor, e não “adpto”;
  • Agenda – significado em inglês: Assuntos do dia, pauta do dia, pauta para discussões, e não “agenda”;
  • Alms – significado em inglês: “esmola”, e não “almas”;
  • Alumnus – significado em inglês: ex-aluno já formado, e não “aluno”;
  • Amass – significado em inglês: “acumular”, “juntar”, e não “amassar”;
  • Anthem – significado em inglês: “hino” e não “antena”;
  • Apparel – significado em inglês: “roupas”, “vestuário” e não “aparelho”;

2. Formação de “clusters” ou “agrupamentos”

Um método muito útil é o da formação de “clusters”. Funciona assim: você escolhe uma palavra chave e constrói um conjunto de frases em volta. Por exemplo, “love”. Você vai no Google Translate e descobre quais os significados e usos da palavra. Para cada uso você faz, ou copia do texto, uma frase.

Love” Como substantivo:

babies fill parents with intense feelings of love

Para ouvir a pronúncia, você seleciona a frase e copia em cima, na caixa da esquerda, clicando, em seguida, no ícone do alto falantes na parte de baixo da caixa de texto.

Abaixo da caixa, no campo à direita, o Google mostra outros significados para o substantivo “love”: amor, paixão, afeição, afeto, ternura, cupido, dedicação, pessoa amada.

“Love” como verbo

do you love me?”

Outros significado possíveis para o verbo “to love”: amar, adorar, gostar de, querer, sentir prazer, sentir afeto

Observe que abaixo da caixa de tradução estão os possíveis significados. E à direita, outros sinônimos, agora em inglês.

Para a palavra “love” aparecem:

“amor” – e depois – love, heart, darling, sweetheart, flame e sweeting

Clicando em “darling” abre uma nova caixa de tradução e assim sucessivamente.

A ideia deste exercício é buscar entender os diferentes significados e diferentes ângulos como o vocábulo é usado. No caso da palavra “love”, embora signifique também “amor” em português, seu emprego em inglês é mais amplo e pode definir sentimentos uma amizade sincera e uma grande admiração.

II – O grande dia – A entrevista em inglês.

Você vai desejar estar calmo e seguro de seus desempenho, o que requer estar o mais preparado/a possível.

Planeje sua entrevista:

  1. Verifique seu “kit entrevista” (currículo, cartão, caneta, bloco de anotações, lenço, uma garrafa de água, as chaves de respostas planejadas, etc.).
  2. Certifique-se do endereço com antecipação. O melhor é passar pelo local na véspera para garantir que você sabe como chegar, onde estacionar (se for de carro) e “sentir” o clima do espaço.
  3. No dia, chegue cedo. Um meia hora antes. Mas se apresente cerca de 10 minutos antes da hora da entrevista. Assim uma eventual demora na recepção não vai elevar sua ansiedade.
  4. Relembre o nome do entrevistador ou da equipe de entrevistadores (tenha um cartão com os nomes anotados). Cuidado com a pronúncia dos nomes, especialmente e forem estrangeiros.
  5. Vista-se conforme o estilo da empresa. Se não sabe, pergunte para o RH.
  6. Não use perfume. No máximo uma água de colônia ou um desodorante bem leve.
  7. Evite chegar suado. Se preciso, lave o rosto e as mãos no toalete antes de entrar. Use o lenço para enxugar as mãos e prepará-las para os cumprimentos.
  8. Desligue o celular (muito importante), feche os olhos por um momento, respire fundo, e relaxe.
  9. Caminhe com passos firmes, faça contato com os olhos e aguarde que o entrevistador estenda a mão para os cumprimentos.
  10. Se estiver com uma pasta, procure colocá-la sobre outra cadeira. Evite colocar no chão.
  11. Responda as perguntas sem atropelo, com voz pausada e audível.

Como preparar as respostas para entrevista:

A menos que você tenha pleno domínio da língua, o que, se fosse caso, não justificaria ler este artigo, o melhor meio de começar uma entrevista é começando em terreno conhecido. E usar frases preparadas com antecedência para serem utilizadas em assuntos que serão abordados na maioria das entrevistas

A primeira frase de cumprimentos é, geralmente, do entrevistador. Ele dará as boas vindas ou algo assim. Em sua primeira resposta, comece com uma frase pronta e bem ensaiada. Por exemplo, “nice to meet you” ou “it’s a pleasure to meet you.”

Prepare e treine com antecedência a resposta a algumas prováveis perguntas que surgirão em entrevistas em inglês:

  • – “Tell Me About Yourself” – Fale-me sobre você;
  • – “Describe Your Current (or Most Recent) Position” – Descreva sua atual ou mais recente posição;
  • “Why are you leaving your current job?” – Porque você está saindo de seu emprego atual?
  • “Why are you looking for a new opportunity now?” – Porque você está procurando por uma nova oportunidade?
  • “What are your strengths?” – Quais são seus pontos fortes?
  • “What are your weaknesses?” – Quais são seus pontos fracos?
  • “What is your greatest weakness?” – Qual seu ponto mais fraco? (Esta é uma pergunta que as vezes surge como variante da anterior)
  • “How well do you work under pressure or tight deadlines?” – Como você trabalha sob pressão ou com prazos apertados?
  • “What do you do in your spare time?” – O que você faz em seu tempo livre?
  • “What do you think of working in a group? – O que você pensa sobre trabalhar em grupo?
  • “Why do you want to work here?” – Porque você quer trabalha aqui?
  • “Where do you see yourself in five years?” – Onde você se vê daqui a cinco anos?
  • “Why should we hire you?” – Porque devemos contratá-lo?
  • “Do you have any other skills of experiences that we have not discussed?” – Você tem alguma outra habilidade ou experiência que não discutimos?
  • “Do you have any questions for me?” – Você tem alguma pergunta que queira me fazer?

E não esqueça: Assim que possível, envie um agradecimento por e-mail. (Não para mim. Para seu  entrevistador).

Sucesso!

Quem quer emprego?

Ceska – O digitaleiro


Crise: tudo o que é falso se desmancha no ar

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Profecia realizada: Carta fora do baralho

O Brasil vem passando por um fascinante processo de descoberta e amadurecimento. O que estamos vivendo no Brasil é um destes momentos transformadores que educam os povos e fazem avançar as nações. O impeachment tem sido traumático em muitos aspectos, mas o funcionamento das instituições tem mostrado um amadurecimento extraordinário. E o Congresso e o Supremo Tribunal Federal podem contribuir para converter a “decrisis” em curso – uma crise de desagregação que conduz ao caos – em uma “sincrisis” – uma crise que se encaminharia para a solução pelo reordenamento do país e por acender uma luz no fim do túnel.

A causa original do impeachment da Presidente Dilma, que já se encontra na fase do senado, foi a profunda crise econômica e moral que se abateu sobre o país. Uma crise produzida pela corrupção e pela incompetência, aliada ao desprezo olímpico pela matemática, uma ciência tida como “neoliberal”, e pela afronta rombuda aos princípios da economia. Esta, como se vê, é uma tolice perigosa, já que a economia não se defende. Ela se vinga.

Em retrospecto, foi a conjugação de preços favoráveis das commodities associado com o crescimento artificial do poder de compra das classes mais pobres, via bolsa família e financiamento generoso de bens de consumo, que levou a esquerda a se imaginar invencível.

Jogou fora o freio e passou a acelerar os gastos sem limites na crença de que, no final, o “dinheiro pinta”. Pior, para perpetuar-se no poder, escancarou as portas da corrupção. A Petrobrás passou a ser vista como uma cornucópia de dinheiro fácil. Eram milhões e bilhões que jorravam sem controle e sem vergonha para o bolso de empreiteiras e políticos amigos. O governo petista virou um programa do tipo “quem quer dinheiro”. E se ainda fosse pouco, visando ganhar a eleição por meio de distribuição de dinheiro farto e por um marketing charlatão, a primeira mandatária assumiu  o papel de “dilapidadora da república”, se deixou tomar pela soberba, aquele sentimento caracterizado pela pretensão de superioridade sobre as demais pessoas, e inaugurou o governo pela arrogância. Não surpreende que os fatos tenham vindo cobrar a conta.

As mentes toscas da nossa esquerda ignara sempre imaginaram que podiam torcer a verdade sem enfrentar as consequência, que esconder os fatos os fariam ir embora. Mas descobrem, agora, que não é assim que o mundo funciona. E a parte do povo brasileiro que foi ludibriado por um governo edificado sobre mentiras, descobre que foi vítima de um conto do vigário. E descobre, pela via sofrida de quem paga o pato, que é melhor desconfiar das promessas vigaristas de quem reconhece que “faz o diabo” para ganhar uma eleição.

O lado bom, ainda que doído, é que a nação brasileira vive a experiência de lamentar ter acreditado em “milagreiros”, de ter sucumbido aos demagogos sem escrúpulos que prometem milagres e efeitos sem causa com a ligeireza dos trombadinhas políticos que, de fato, são. Desta experiência vem o aprendizado sobre os fatos da vida. Vem a percepção de que as coisas são o que são e tudo o que é falso se desmancha no ar. Uma criança cresce quando queima o dedo na borda do fogão: ela aprende a não brincar com fogo. Uma nação cresce quando vive as angústias de uma crise econômica, social, moral e política que força todos a se unirem por um impeachment salvador: ela aprende a não brincar com o voto.

A Revolução dos Clicks: Empoderamento, Proatividade e Transparência

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A Revolução dos Clicks vai mudar o Brasil

Uma Revolução dos Clicks: novos paradigmas do Empoderamento, Proatividade e Transparência estão abrindo portas, criando oportunidades, facilitando negócios, e, neste meio tempo, vem mudando o mundo.

O mercado vem se tornando um bolo de noivas multicamadas. O mercado é um pombal de nichos onde realizamos sonhos, trocamos competências e expressamos nossas habilidades.

Aviso aos navegantes: a “Revolução dos Clicks” é mais do que uma promessa. É uma revolução que está em curso. Enquanto o mundo caminha para a Quarta Revolução Industrial, em cada recanto do Brasil existem milhares de brasileiros conectados via smartphones, tabletes, notebooks, PCs e outros menos votados, vendo, ouvindo, falando e agitando assunto na expectativa de encontrar oportunidades que existem aqui e lá fora.

E o lado auspicioso é que tem milhões de brasileiros preparados para sua inserção no mundo digital, esperando um chamado para juntarem-se numa cruzada pela inovação. As mudanças estão vindo. Mas precisam vir certo. Não adianta mudar só as moscas…

O importante é saber que logo, logo, este o trio transformacional irá conduzir o Brasil para a era digital. Quem se puser no caminho vai ser atropelado.

Afinal, a nova geração digital sabe das coisas e intui que a opção por um Brasil online – digital – é o caminho para a revolução dos clicks.

Vamos dar uma olhada neste tripé da cidadania digital para entender como cada um deles pode contribuir para mudar o Brasil e fazê-lo atravessar para o lado da luz:

1 – Empoderamento

O termo “empoderamento”, que é a tradução do termo ingês “Empowerment”, define o grau de poder nas mãos do cidadãos e seu engajamento cívico no contexto de uma comunidade.

O empoderamento é o processo de tomada do poder pelos cidadãos e a redefinição da alçada de poder dos governantes. O conceito pressupõe que os cidadãos é que são os donos das escolhas e do poder. Os cidadãos é que são os donos do país e delegam parte deste poder aos seus representantes, mas, atenção, sempre em caráter precário. Por princípio, como no parlamentarismo, o retomam quando entendem que seus representantes não estão correspondendo às expectativas ou aos seus desejos. Governou mal, cai. Meteu a mão, cai.

Os cidadãos é que decidem o que é bom. O governo precisa dialogar com a sociedade, explicar suas decisões e justificar seus motivos. Mas devem se submeter sob pena de sofrerem a repulsa e a reação social.

A cidadania empoderada é bem informada e atuante, sabendo como participar nas decisões no âmbito da comunidade. Em uma sociedade bem informada, a sociedade tem por fim alcançar o melhor diante das circunstâncias. Com equilíbrio, a sociedade deve levar em conta que o que é bom para uns pode não ser o melhor para o conjunto da sociedade. Esta tradição esquerdista de ganhar no grito precisa acabar. Assim, os cidadãos devem assumir responsabilidades com elevado grau de maturidade.

O empoderamento, assim, não significa o direito de arrogar-ser privilégios e deve levar em conta o bem comum. A amplitude do empoderamento começa com o conhecimento da realidade e com a discussão sensata das soluções.

Tem a ver, ainda, com a disposição com que os membros de uma comunidade assumem sua parcela de poder e como agem utilizando o bom senso, segundo o princípio clássico do “In medio stat virtus”, que significa que a “virtude está no meio”.

Segundo Aristóteles, a virtude é a ponderação entre os pontos positivos e negativos de uma escolha. Chegar a este ponto de equilíbrio é prova de civilização.

Alcançar o bem comum não deve ser uma batalha entre pontos de vista antagônicos, mas um compromisso em face do momento e das circunstâncias. A liberdade de uns termina onde começa a liberdade dos outros. O importante é ter em conta que um compromisso de equilíbrio não é algo estático. Qualquer compromisso pode evoluir e ser reavaliado e renegociados quando as circunstâncias mudarem. Portanto, a noção de “conquistas” e “direitos adquiridos” não podem existir contra o interesse do bem comum. Ou seja, não podem existir “privilégios adquiridos” contra o povo, que sempre ficaria com a obrigação de pagar as contas e assumir o polo perdedor.

Para poder atuar como poder moderador, os cidadãos devem legitimar-se pelo equilíbrio, desempenhando suas responsabilidades cívicas segundo o princípio da equidade, condição essencial para a paz social.

2 – A Proatividade

A Proatividade é a atitude sistemática de agir sobre as causas presentes de forma a obter, no futuro, o melhor resultado possível. Ser proativo é assumir o controle, é buscar soluções, é tomar a iniciativa. A vida é um processo e, como tal, ela não se defende. Ela se vinga.

A Proatividade é um complemento necessário do Empoderamento. Sem Proatividade, o Empoderamento nada ajuda, já que fica à reboque dos fatos.

O Empoderamento é o poder de agir. Você quer encontrar uma oportunidade de negócios? Se autoempregar? Juntar-se com colegas e amigos para empreenderem no mundo digital? A internet está de portas abertas. Milhões de pessoas hoje vendem seus serviços na internet. De fotografias a ilustrações, passando por tradução, acabamentos, projetos, diagnósticos e muitos outros. Não é raro ver-se a triangulação internacional de conhecimentos para produzir conhecimentos, aplicativos e sites.

A Proatividade é usar este poder com a atitude de buscar oportunidades, encontrar seu nicho e construir o futuro, tomando a iniciativa, agindo coletivamente e com determinação.

3 – A Transparência

A Transparência é um pré-requisito para os dois componentes citados. Sem transparência qualquer exercício de escolha e decisão significa um voo cego. A crise atual nos mostra que esconder indicadores, manipular resultados e abusar das pedaladas nos leva à voar em “nuvens com caroço”.

No Brasil, o melhor testemunho da importância da transparência veio de um fonte inesperada: do tesoureiro do PT, Delubio Soares, quando disse que “transparência assim é burrice”. Felizmente o que não é bom para o Delúbio é bom para o Brasil.

A transparência é um direito do cidadão, que precisa saber o que estão fazendo com sua vida. Segredos, sigilos e secretices estão ultrapassados. Além do que, no mundo online, o povo não é mais o marido traído da piada: os segredos afloram e o povo fica sabendo de tudo rapidinho.

O Brasil tem jeito e o jeito é digital

Ceska – O digitaleiro


 

Melhore sua empregabilidade

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Melhore seu nível de empregabilidade com a experiência e os conselhos do consultor e Professor Carlos Eduardo Stempniewski

O professor e Consultor Carlos Eduardo Stempniewski, das Faculdades Rio Branco, fala ao blog Digitaleiro sobre como você pode melhorar sua empregabilidade no atual cenário econômico brasileiro.


Ceska – O digitaleiro

A Quarta Revolução Industrial

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Klaus Schwab – Discurso de Abertura do Fórum Econômico Mundial – Dia 20 de janeiro de 2016 (Imagem capturada do vídeo do site oficial)


O tema da Quarta Revolução Industrial esteve no centro do debate do Forum Econômico Mundial, realizado de 20 a 23 de janeiro de 2016, em Davos, na Suíça.

Visando facilitar o entendimento do que vem a ser a “Quarta Revolução Industrial” (RI 4.0), segue a tradução do artigo de Klaus Schwab – Fundador e Diretor Executivo (Executive Chairman) do Fórum Econômico Mundial. (Para quem deseja ler no original, ver links no final da tradução).

(Publicado originalmente na Revista Foreign Affairs de 12 de Dezembro de 2015)


A QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

O que Significa e Como Responder 

Nós estamos às vésperas de uma revolução tecnológica que vai mudar fundamentalmente a maneira como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos uns com os outros. Em escala, escopo e complexidade, as transformações serão diferentes de qualquer coisa que a humanidade tenha experimentado antes. Nós não sabemos ainda como ela irá se desenrolar, mas uma coisa é clara: as respostas a esta nova era devem ser abrangentes e integradas, envolvendo todos os agentes interessados (“stakeholders”) das políticas globais, do público, dos setores privados à academia e a sociedade civil.

A Primeira Revolução Industrial usava água e a força do vapor para mecanizar a produção. A segunda RI usava o poder da eletricidade para criar a produção em massa. A terceira RI, a revolução digital, usava a tecnologia da informação para automatizar a produção. Agora a quarta Revolução Industrial está se desenvolvendo à partir da terceira, que vem ocorrendo desde os meados do século passado, e se caracteriza pela fusão de tecnologias que estão esmaecendo as fronteiras entre as esferas física, biológica e digital.

Existem três razões pelas quais as transformações de hoje não representam um mero prolongamento da Terceira Revolução Industrial, mas antes a chegada de uma Quarta Revolução bem diferente em aspectos como: velocidade, escopo (abrangência) e o impacto dos sistemas. A velocidade das inovações não tem precedentes. Quando comparada com as prévias revoluções industriais, a Quarta está evoluindo a passos exponenciais e não lineares. Além disso, ela está desestruturando praticamente cada campo de atividades em cada país. A amplitude e a profundidade destas mudanças prenunciam a transformação de sistemas inteiros de produção, gestão e governança.

As possibilidades sem precedentes de bilhões de pessoas conectadas por meio de dispositivos móveis, com capacidade de processamento, memória e acesso ao conhecimento, são ilimitadas. E estas possibilidades serão multiplicadas pelo surgimento de novas tecnologias em campos como o da inteligência artificial, da robótica, da “Internet das Coisas”, veículos autônomos, Impressão 3-D, nanotecnologia, biotecnologia, ciência dos materiais, armazenamento de energia e computação em “quantum”.

A “Inteligência Artificial” (IA) já está entre nós, desde carros que se auto-dirigem e drones a assistentes virtuais, softwares de tradução e investimento. Progressos impressionantes tem sido feitos em IA nos anos recentes, conduzidos pelo crescimento exponencial em poder de processamento e pela disponibilidade de vastas quantidades de dados, de softwares usados para descobrir novas drogas a algoritmos usados para predizer nossos interesses culturais. Tecnologias de produção digitais, neste meio tempo, estão interagindo com o mundo biológico em base diária. Engenheiros, designers e arquitetos estão combinando desenho computadorizado, manufatura “aditiva” (3-D), engenharia de materiais e biologia sintética para “pioneirar” a simbiose entre microrganismos, nossos corpos, os produtos que consumimos e, mesmo, os edifícios que habitamos.

  • Desafios e Oportunidades

Assim como as revoluções que a precederam, a Quarta Revolução Industrial tem potencial para elevar o nível da renda global e melhorar a qualidade de vida para as populações ao redor do mundo. Até agora, aqueles que tem ganho mais dela tem sido consumidores capazes de pagar e acessar o mundo digital; a tecnologia tem tornado possível novos produtos e serviços que aumentam a eficiência e o prazer de nossas vidas pessoais. Chamar um carro, reservar um voo, comprar um produto, fazer um pagamento, ouvir música, assistir um filme ou jogar um jogo – cada uma destas coisas pode ser feita remotamente.

No futuro, as inovações tecnológicas vão também nos levar ao milagre da “economia de oferta”, com ganhos de longo prazo em eficiência e produtividade. O custo dos transportes e da comunicação vão cair, cadeias de suprimentos globais e a logística se tornarão mais efetivas, fazendo o custo dos negócios diminuir, tudo isto contribuindo para abrir novos mercados em estimular o crescimento econômico.

Ao mesmo tempo, como apontaram os economistas Erik Brynjolfsson e Andrew McAfee, a Revolução pode produzir mais diferenças, particularmente por seu potencial em desestruturar mercados de trabalho. Assim como a automação substitui trabalho ao longo de toda a economia, a dispensa líquida de trabalhadores substituídos por máquinas pode exacerbar o fosso entre o retorno do capital e do trabalho. Por outro lado, é possível que o deslocamento de trabalhadores pela tecnologia venha, no somatório, resultar em crescimento de empregos mais bem pagos e saudáveis.

Nós não podemos antever, neste ponto, qual o cenário mais provável que vai emergir e a história sugere que será alguma coisa entre os dois. Todavia, estou convencido de uma coisa: que no futuro, talento, mais que capital, representará o fator crítico da produção. Isto irá promover o crescimento de um mercado de trabalho cada vez mais segregado entre segmentos de “baixo preparo/baixos salários” e “bem preparado/altos salários”, o que, por sua vez, irá levar a um crescimento das tensões sociais.

Além de ser uma preocupação econômica, a desigualdade social representa uma preocupação associada com a Quarta Revolução Industrial. Os maiores beneficiários da inovação tendem a ser os fornecedores e o capital intelectual e físico – os inovadores, acionistas e investidores – aspecto que explica a crescente diferença de prosperidade entre aqueles detentores do capital e dos que dependem do trabalho. A tecnologia é, assim, uma das principais razões de porque a renda tem estagnado, ou mesmo decrescido, para a maioria das populações dos países de alta renda: a demanda por trabalhadores altamente preparados tem aumentado, enquanto a demanda por trabalhadores com menos educação e baixo preparo tem decrescido. O resultado é um mercado de trabalho com forte demanda pelos extremos de alto e baixo nível e formando um vazio no meio.

Isto ajuda a explicar porque tantos trabalhadores estão desiludidos e temerosos que sua renda real, e aquela de seus filhos, venha a continuar estagnada. Isto também explica porque a classes médias, ao redor do mundo, estão experimentando um pervasivo sentimento de insatisfação e de injustiça. Uma economia em que “o ganhador leva tudo” e que oferece limitado acesso à classe média, é uma receita para um abandono e um mal-estar democrático.

O descontentamento pode também ser alimentado pela penetração das tecnologias digitais e pela dinâmica do compartilhamento da informação tipificado pelas mídias sociais. Mais de 30 por cento da população global agora usa a mídia social como plataforma para conectarem-se, aprenderem e compartilharem informação. Em um mundo ideal, estas interações proporcionariam um oportunidade para o entendimento e a coesão entre culturas. Todavia, elas podem também criar e propagar expectativas irrealistas sobre o que constitui sucesso para uma pessoa ou grupo, assim como oferecer oportunidades para o espraiamento de ideias e ideologias extremadas.

  • O impacto nos negócios

Um tema subjacente de minhas conversações com os mais experientes executivos de negócios e CEOs globais é que o aceleramento da inovação e a velocidade da desestruturação (disruption), são difíceis de compreender ou antecipar e estes movimentos constituem uma fonte de constante surpresa, mesmo para os mais bem informados e conectados. De fato, passando por todos setores, existe clara evidência de que as tecnologias que respaldam a Quarta Revolução Industrial estão tendo um grande impacto nos negócios.

Do lado da oferta, muitas industrias estão vendo a introdução de novas tecnologias que criam maneiras inteiramente novas de atender necessidades de mercados existentes e que destroem a atual cadeia de valor de industrias inteiras. A desestruturação também aflui de competidores inovadores e ágeis que, graças ao acesso à plataformas para a pesquisa, desenvolvimento, marketing, vendas e distribuição, podem mais rapidamente do que nunca circunscrever empresas tradicionais bem estabelecidas, melhorando a qualidade, a velocidade ou preço, oferecendo melhor relação custo-benefício.

Grandes mudanças do lado da demanda também estão ocorrendo, à medida que maior transparência, engajamento dos consumidores e novos comportamentos de consumo (crescentemente desenvolvido por meio do acesso a redes móveis e informações) tem forçado empresas a adaptar-se a novas maneiras de desenhar, comercializar entregar produtos e serviços.

Uma nova tendência chave é o desenvolvimento de plataformas de tecnologias capacitadoras (Technology-enabled Platforms) que combinam tanto a demanda, como a oferta, para desestruturar estruturas de negócios, como podemos ver na economia do compartilhamento (colaborativa) e da economia “on demand” (sob encomenda). Estas plataformas tecnológicas, fáceis de usar por meio de smartphones, reúnem pessoas, recursos e informações – desta forma criando formas inteiramente novas de consumir bens e serviços no processo. Adicionalmente, baixam as barreiras de entrada para mais empresas e pessoas criarem riqueza, alterando o ambiente pessoal e profissional dos trabalhadores. Estas novas plataformas de negócio estão se multiplicando rapidamente em muitos novos serviços, indo de lavanderias a compras, de pequenas tarefas a estacionamentos, de massagens à viagens.

No conjunto, a Quarta Revolução Industrial produz quatro efeitos principais nos negócios: na expectativa dos consumidores, na melhoria dos produtos, na inovação colaborativa e no formato das organizações. Quer sejam consumidores ou empresas, clientes são cada vez mais o epicentro da economia, o que significa melhorar o modo como os clientes são atendidos. Produtos tangíveis e serviços, além disto, podem agora ser melhorados com funções digitais que aumentam seu valor. Novas tecnologias fazem os bens mais duráveis e resilientes, enquanto informações e análises estão transformando a forma como são mantidos. Um mundo de experiências de consumidores, dados de serviços e desempenho das estruturas, por meio de análises, neste meio tempo, requerem novas formas de colaboração, particularmente considerando a velocidade pela qual a inovação e a desestruturação vem ocorrendo. E a emergência de plataformas globais e outros modelos de negócios, finalmente, significam que talento, cultura e formas organizacionais precisarão ser repensadas.

No geral, a mudança inexorável da simples digitalização (a terceira Revolução Industrial) para a inovação baseada na combinação de tecnologias (a quarta Revolução Industrial) está forçando empresas a reexaminar a maneira como fazem negócios. O resultado final, entretanto, é o mesmo: líderes de negócios e executivos sênior precisam entender seu ambiente em mutação, questionar as certezas de suas equipes operacionais e continuamente, incansavelmente, inovar.

  • O Impacto nos Governos

À medida que os mundos físico, digital e biológico continuarem a convergir, novas tecnologias e plataformas irão crescentemente capacitar os cidadãos a engajarem-se com os governos, fazer ouvir sua voz, coordenar seus esforços e mesmo circunscreverem a supervisão das autoridades públicas. Simultaneamente, os governos ganharão novos meios tecnológicos para ampliar o controle sobre suas populações, baseados na supervisão pervasiva e na habilidade de controlar a infraestrutura digital. Na somatória, todavia, os governos irão sofrer crescente pressão para mudar sua atitude em relação à participação pública e à definição de políticas, à medida que diminui seu papel central como condutor das políticas públicas em razão das novas fontes de descentralização e distribuição de poder tornadas possíveis com as novas tecnologias e com as quais que terão que competir.

Em última análise, a capacidade dos sistemas de governo e das autoridade públicas em adaptar-se irá determinar sua sobrevivência. Se se provarem capazes de abraçar um mundo de mudanças disruptivas, submetendo suas estruturas aos níveis de transparência e eficiência que as capacitem a manter uma margem competitiva, elas permanecerão. Se não forem capazes de evoluir, elas enfrentarão problemas crescentes.

Isto será particularmente verdadeiro na questão da regulação. Os atuais Sistemas de políticas públicas e tomadas de decisão evoluíram durante a Segunda Revolução Industrial, um período durante o qual os tomadores de decisão tinham tempo para estudar as questões específicas e desenvolver o contexto apropriado para as respostas necessárias. Todo o processo foi desenvolvido para ser linear e mecanicista, seguindo uma abordagem de cima para baixo.

Mas esta abordagem não é mais viável. Dada a amplitude dos impactos e a velocidade das mudanças da Quarta Revolução Industrial, a maior parte dos legisladores e burocratas não conseguirão responder aos desafios sem precedentes que terão de enfrentar.

Como, então, eles poderão preservar o interesse da maioria dos consumidores e do público, enquanto continuam a apoiar o desenvolvimento tecnológico e a inovação? Adotando uma governança ágil, assim como o setor privado tem crescentemente adotado, ao dar respostas rápidas para o desenvolvimento de software e, de forma generalizada, para as operações de negócios. Isto significa que os reguladores devem adaptar-se continuamente a ambientes novos e em rápida mutação, reinventando a si próprios de maneira que possam, verdadeiramente, entender o que é que estão regulando. Para fazerem isto, os governos e as agências reguladoras vão precisar colaborar intimamente com as empresas e com a sociedade civil.

A Quarta Revolução Industrial também vai impactar profundamente a natureza da segurança nacional e internacional, afetando tanto a probabilidade como a natureza do conflito. A história das guerras e da segurança internacional é a história das inovações tecnológicas e hoje não será exceção. Conflitos modernos envolvendo nações estão crescentemente se tornando de natureza “híbrida”, combinando técnicas tradicionais dos campos de batalha com elementos previamente associados com atores não nacionais. A distinção entre guerra e paz, combatente e não combatente, e mesmo violência e não violência (pense em “guerra cibernética”), está se tornando cada vez mais difusa.

Assim que este processo se consolidar e nova tecnologias, tais como as armas autônomas e biológicas, se tornarem mais fáceis de usar, indivíduos e pequenos grupos vão crescentemente juntar-se a estados para se tornarem capazes de causar danos em massa. Esta nova vulnerabilidade vai conduzir a novos temores. Mas, ao mesmo tempo, avanços tecnológicos vão criar o potencial para reduzir a escala ou o impacto da violência, por meio de novos modos de proteção, por exemplo, ou maior precisão nos alvos.

  • O Impacto no povo

A Quarta Revolução Industrial, finalmente, irá mudar não só o que nós fazemos mas o que nós somos. Ele irá afetar nossa identidade e todos os aspectos a ela ligados: nosso senso de privacidade, nossa noção de propriedade, nossos padrões de consumo, o tempo que nós devotamos ao trabalho e ao lazer, como desenvolvemos nossas carreiras, cultivamos nossas habilidades, encontramos pessoas e cultivamos relacionamentos, Já está mudando nossa saúde e conduzindo a um autoconhecimento melhor “quantificado” e, mais cedo do que pensamos, pode conduzir a uma elevação humana. A lista não tem fim porque só é limitada por nossa imaginação.

Eu sou um grande entusiasta, e sou rápido na adoção de novas tecnologias, mas, as vezes, eu fico me perguntando se a inexorável integração da tecnologia em nossas vidas pode diminuir algumas de nossas capacidades humanas fundamentais, como a compaixão e a cooperação. Nosso relacionamento com nossos smartphones é um caso a considerar. Conexão constante pode nos privar de uma das coisas mais importantes da vida: o tempo para a pausa, para a reflexão e para conversas sem compromissos.

Um dos grandes desafios colocados pelas novas tecnologias de informação é a privacidade. Nós, instintivamente, entendemos porque é tão essencial, mas o rastreamento e o compartilhamento de informações a nosso respeito é uma parte crucial da nova conectividade. O debate a respeito de questões fundamentais, como em relação ao impacto sobre nossas vidas íntimas e sobre a perda de controle sobre nossos dados pessoais irá crescer de intensidade nos anos à frente. De forma similar, as revoluções que estão tendo lugar na biotecnologia e na “Inteligência Artificial”, e que estão redefinindo o que significa “ser humano” ao deslocar as fronteiras da expectativa de vida, saúde, conhecimento e capacidades, irão nos compelir a redefinir nossa moral e limites éticos.

Nem a tecnologia, nem desestruturação que vem com ela, é uma força exógena sobre a qual os humanos não tenham controle. Todos somos responsáveis por guiarmos sua evolução, nas decisões que tomamos diariamente como cidadãos, consumidores e investidores. Nós devemos, assim, agarrar a oportunidade e o poder que dispomos para dar forma à Quarta Revolução Industrial e dirigi-la no rumo de um futuro que reflita nossos valores e objetivos comuns.

Para fazer isto, contudo, precisamos desenvolver uma visão abrangente e globalmente compartilhada de como a tecnologia está afetando nossas vidas e remodelando nossa economia e os ambientes social, cultural e humano. Nunca houve um tempo mais promissor, nem um tempo com maior perigo potencial. Todavia, os tomadores de decisão contemporâneos estão muito frequentemente presos no pensamento linear, ou demasiadamente absorvidos pelas múltiplas crises que demandam sua atenção, para pensar estrategicamente sobre as forças da inovação, ou da desagregação, que estão moldando nosso futuro.

No final, tudo vai depender das pessoas e de seus valores. Nós precisamos dar forma a um futuro adequado para todos nós, colocando as pessoas primeiro e lhes dando poder. Em uma visão mais pessimista, ou desumanizada, a Quarta Revolução Industrial pode ter, de fato, potencial para “robotizar” a humanidade e, desta forma, nos despojar de nosso coração e de nossa alma. Mas como um complemento do que existe de melhor na natureza humana – criatividade, empatia e engenhosidade – ela pode também elevar a humanidade a uma nova consciência moral coletiva, baseada num senso de destino compartilhado. Cabe a todos nós fazer com que esta opção prevaleça.


Tradução: Celso Skrabe (Ceska)

Artigo de Klaus Schwab – Fundador e Diretor Executivo (Executive Chairman) do Forum Econômico Mundial.

Publicado originalmente na Revista Foreign Affairs de 12 de Dezembro de 201

 

Cadê o emprego que estava aqui?

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Cadê o emprego que estava aqui? – Apertem os cintos. O emprego sumiu.

Os empregos estão sumindo. Entrando pelo ralo. Desaparecendo.

A realidade está à vista e os números são conhecidos.

O IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou que o desemprego ficou em 9% no trimestre encerrado em novembro de 2015. É um número preocupante, que não mostra quantos tiveram que descer um degrau em suas vidas, aceitando posições menos remuneradas ou mais precárias. Segundo dados divulgados sexta-feira, a taxa é a maior para o período desde 2012, início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).

No trimestre anterior, de junho a agosto, o índice havia ficado em 8,7% e no trimestre de setembro a novembro de 2014, em 6,5%.

Entre os empregados, a indústria cortou 2,9% das vagas, a agricultura, 2,5% e o segmento de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, 6,7%.

Houveram pequenas compensações, a construção cresceu 6,1%, os serviços domésticos, 4,7%, transporte, armazenagem e correio, 3% e na administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, 2,3%.

E agora?

O emprego é o principal esteio de uma sociedade. Empregos significam renda e significam dignidade.

O Brasil está em meio a uma “decrisis”. Ou, como entendiam os gregos clássicos, uma crise de desagregação. Um tipo de crise em que o esgarçamento do tecido social e econômico vai se acentuando e, se não é revertido, cria um círculo vicioso que cai num redemoinho e vai aumentando de velocidade até chegar ao colapso. Finalmente se instala o caos, quando se dá o desarranjo completo do sistema. Neste estágio, tendem a surgir forças novas que redefinem o contexto e articulam um novo arranjo social e econômico.

A questão relevante é saber se estes empregos vão voltar no futuro.

A resposta mais provável é que grande parte deles está perdida para sempre. A razão é que as atividades do “job description” dos atuais empregos já terão desaparecido quando a crise for superada e o Brasil voltar a ter crescimento econômico. Algo distante e ainda impossível de prever com o atual governo e suas políticas autofágicas.

Para voltar a criar empregos em escala adequada para as necessidades brasileiras, o Brasil terá que mudar. O Brasil tem jeito, mas o jeito será digital. O Brasil terá que caminhar em direção ao mundo da Revolução Industrial 4.0 e, portanto, será digital. De modo que os empregos do futuro serão diferentes. Serão empregos digitais.

Segundo a pesquisa “O Futuro do Trabalho”, publicada durante o Fórum Econômico Mundial de 2016, realizado em Davos, na Suíça, os avanços tecnológicos, especialmente a automação dos processos industriais, devem cortar algo como sete milhões de empregos no mundo nos próximos cinco anos. O estudo diz, ainda, que está prevista a criação de algo como dois milhões de novos postos de trabalho no planeta, e ainda que estes novos postos de trabalho remunerem melhor, por exigirem melhor qualificação dos seus ocupantes, não compensam os postos perdidos, o que deixa um saldo negativo de 5 milhões de empregos a menos no mundo. O Brasil incluído.

O estudo, realizado em 15 países e que inclui o Brasil, envolve 65% da força mundial do trabalho.

Segundo o prefácio que inicia o estudo “O Futuro do Trabalho”, que tem a autoria do organizador do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, e de Richard Samas, membro do seu Conselho Diretor, “Hoje, estamos no começo da Quarta Revolução Industrial. Os desenvolvimentos em genética, inteligência artificial, robótica, nanotecnologia, impressão 3D e biotecnologia, a impressão 3D, para citar apenas alguns, estão em curso e amplificando uns aos outros. Isto vai assentar as fundações para uma revolução mais completa e abrangente do que qualquer outra que já tivemos visto. Sistemas inteligentes em residências, fábricas, fazendas, regiões ou cidades vão ajudar a resolver problemas que vão da gestão das cadeias de suprimentos à mudanças climáticas. A ascensão da economia compartilhada vai permitir que as pessoas rentabilizem tudo, de suas casas desocupadas a seus carros.”

Segundo os autores, as novas tecnologias, que vem chegando de forma avassaladora, devem criar uma perturbação não somente para os atuais modelos de negócio, mas também para o mercado de trabalho e para os empregos já nos próximos cinco anos.

No centro deste ciclone destruidor de postos de trabalho está uma nova maneira de produzir, criar valor e distribuir bens e serviços.

O que podemos ter como certo é que o nosso planeta ganhou uma segunda atmosfera feita de informações digitais. Respiramos o oxigênio desta nova camada por meio da Web, da Conectividade, do Bigdata, da Internet das Coisas e de novas formas de lidar com a realidade. No mundo atual, quem não respira na nova atmosfera digital estará economicamente tão morto como quem não respira oxigênio na atmosfera gasosa que envolve o globo terrestre.

Os novos empregos, segundo o estudo, serão criados na Tecnologia de Informação e em Comunicações, seguido por Serviços Profissionais, Mídia e Entretenimento. Serão empregos de perfil tecnológico avançado. Tarefas típicas de manufatura, como operar prensas e apertar parafusos ficarão a cargo de robôs.

O problema é que um emprego só existe se ele estiver lastreado em geração de riqueza. Os novos “job descriptions”, que descrevem as tarefas, as funções, a finalidade, as responsabilidades, o alcance e as condições de atuação de uma posição de trabalho, e que incluem o rol dos conhecimentos, habilidades e competências requeridas para ocupar a posição, já vem com exigências que apenas profissionais bem preparados podem atender.

O exemplo transcrito abaixo é o “job description” para o cargo de chefe de projeto de nível intermediário para uma multinacional italiana da área de energia:

“O Chefe de Projeto, reportando-se ao Gerente de Departamento de Operações, será responsável pela gestão e coordenação dos projetos atribuídos à divisão de energia, terá a seu cargo a gestão da entrega ao cliente dos projetos contratados segundo o escopo, orçamento e tempo de execução, garantindo a satisfação do cliente.

O (a) ocupante da posição será responsável pelas seguintes atividades:

– Preparação do plano de execução do projeto para a realização de todas as atividades, garantindo o monitoramento o e o progresso das fases do projeto, de acordo com os requisitos e procedimentos operacionais da empresa cliente;

– Planejar, preparar, executar e finalizar o projeto de acordo com as demandas do cliente, segundo os termos contratados, dentro dos prazos e orçamento acordados, o que inclui trabalhar em coordenação com a equipe do projeto, bem como com quaisquer fornecedores ou consultores de terceiros envolvidos;

– Analisar o orçamento segundo as disposições contratuais (alocações de recursos, horários, ferramentas, materiais, etc.), exercer o acompanhamento dos custos estabelecidos no orçamento, identificar a necessidade e implementar ações corretivas em caso de atrasos ou custos adicionais, reportando-se ao Gerente de Operações;

– O Chefe de Projeto também é responsável por estabelecer, de forma clara, os objetivos do projeto, a sequencia de execução e fazer a gestão e o controle das restrições de custo, tempo, escopo e qualidade.

Qualificações e experiência requeridas:;

– Conhecimento de geradores, turbinas a gás e vapor, motores elétricos, caldeiras, geradores eólicos, Balance of Plants (BoP) e conhecimento de Usinas de Ciclo combinado;

– Capacidade para utilizar métodos e ferramentas para monitorar o andamento das obras;

– Confiável na realização dos objetivos atribuídos;

– Inglês fluente.

Qualificações pessoais:

– Formação em Engenharia (Preferentemente Engenharia Mecânica);

– Formação multicultural, vivência internacional e aberto a novas experiências;

– Excelente habilidade de comunicação, orientada para o cliente;

– Capacidade para identificar e se relacionar com as partes interessadas internas e externas;

– capacidade de organização, análise e resolução de problemas;

– Excelente conhecimento do MS Office; MS Project e autoCad

– Inovação e criatividade;

– Disponível para a mobilidade nacional e internacional.

E note que estes requisitos são necessários para uma posição intermediária e não para a Direção ou a Gerência Geral da empresa.

A maioria dos empregos criados na primeira e segunda revolução industrial estavam organizados pela lógica analógica. Eram empregos com tarefas repetitivas, especializadas, exercidas um tanto quanto nos moldes do filme “Tempos Modernos”. de Charlie Chaplin.

A lógica analógica é mão de obra intensiva. Existe desde os tempo bíblicos, com o mandamento de que “Comerás o teu pão com o suor do teu rosto” (Gen 3,19). É a lógica do trabalho árduo, braçal, de suar a camisa, literalmente. Como não havia, nos templos bíblicos, a opção de “chamar as máquinas”, as atividades eram realizadas com ferramentas rústicas, de forma perseverante, ordenada, metódica, sistemática. Enfim, suand0 muit0 e produzindo pouco. O trabalho analógico é, por natureza, minucioso, de avanço lento, onde os erros são comuns.

Hoje a natureza do trabalho é outra. O trabalho é cérebro intensivo. O suor é do cérebro. O trabalho na Quarta Geração Industrial segue o lógica da Inteligência Artificial. Sob o comando do mundo digital paralelo, atua e produz resultados no mundo real, mas sob orientação e apoio do aparato virtual e da realidade criada no plano digital.

Para ser bem sucedido neste novo contexto, é preciso dominar as duas realidades que correm em paralelo. É preciso saber lidar com fatos reais e com o acompanhamento digital.

A retomada do crescimento virá com nova abertura ao mundo global. O Brasil não terá a opção de fechar-se sobre si mesmo e valer-se de estratégias que foram usadas no passado, como a substituição de importações. Não dispomos de meios para sustentar opções isolacionistas. E a chegada de mais empresas multinacionais significará mais exposição aos avanços de tecnologias e soluções da RI 4.0.

A conclusão é que os empregos futuros serão empregos para gente preparada para o futuro.

Os empregos que estavam aqui viraram fumaça. Fosse outro o governo, poderíamos ter feito uma transição controlada, garantindo os empregos de baixa qualificação por mais um tempo. Mas agora esta alternativa não existirá mais. Nossos postos de trabalho estão sangrando e estamos perdendo 10 mil empregos por dia. As empresas estão fechando postos de trabalho e desmontando sua infraestrutura. No dia em que voltarem, virão adaptadas às novas regras. E os novos empregos serão em menor número por valor agregado, mais exigentes sob o ponto de vista do conhecimento e mais concorridos e disputados.

Assim, para os interessados vale o aviso: Apertem os cintos. O emprego sumiu.

Ceska – O Diitaleiro


Quem quer emprego?

País rico é país com emprego
País rico é país com emprego

  • Como anda sua empregabilidade?

Empregos estão escassos como era escassa a água do Cantareira antes das chuvas do verão.

A Pnad Contínua mostrou que a população ocupada no Brasil registrou queda de 1,3% no trimestre até fevereiro sobre igual período de 2015, ou 1,172 milhão de pessoas a mais sem trabalho, o maior nível da pesquisa. O número de desempregados no trimestre móvel até fevereiro de 2016 atingiu o recorde de 10,371 milhões de pessoas, aumento de 13,8% sobre o trimestre até novembro. Na comparação com os três meses até fevereiro de 2015, houve salto de 40,1 por cento, ou quase 3 milhões de pessoas a mais procurando trabalho. É uma bomba relógio com tique-taque acelerado: o maior crescimento de desemprego já registrado na série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012.

  • Mas, ainda assim, você quer um emprego, não é mesmo?

O primeiro conselho: persevere. O segundo: prepare-se. O terceiro: tome a iniciativa. O quarto: saia do lugar comum. Inove. O quinto: tenha uma atitude otimista e positiva.

Ainda que os empregos andem sumidos, o Brasil tinha 92,3 milhões de pessoas ocupadas no final de 2015. Traduzindo: a economia ainda tem muito emprego e pode ter um esperando por você. Mas, em tempos de recessão furiosa, conseguir um emprego é como uma corrida de obstáculos: você deve preparar-se para enfrentar mais competição e ter mais paciência. Perseverar deve ser, portanto, a primeira regra de quem que garimpar um emprego.

  • Só não deixe de preparar-se…

Não subestime a importância da preparação. Entrevistei milhares de candidatos em minha carreira e asseguro ser possível ver em segundos quem se preparou e quem vem para a entrevista sem um plano e sem noção.

É importante lembrar que o emprego é uma manifestação da atividade econômica. Buscar um emprego é uma atividade de venda do produto “você”. A qualidade de seu desempenho é fundamental para que o seu potencial empregador decida apostar em você. Lembre-se que estamos despencando em uma recessão de profundidade abissal, em um mergulho nunca antes visto neste país, e que ainda não chegou ao fundo do poço. Então seu possível empregador também sofre a angústia de conjeturar sobre o tamanho do buraco e sobre o desfecho da crise, algo que ninguém sabe qual será e nem quando vai chegar.

Depois, mesmo quando o país voltar ao normal, a economia vai ressurgir à meia-luz, bruxuleante: o país não vem investindo e nem está se preparando para uma retomada. Veja o que acontece nos Estados Unidos: depois de ter amargado 18 meses de recessão, entre dezembro de 2007 e junho de 2009, o país votou a crescer, mas mesmo agora, após sete anos, os salários não chegaram ao mesmo patamar de antes. Se isto acontece lá, imagine o que nos espera cá…

De toda forma, vamos ser otimistas: se você souber lidar com os efeitos da crise, além de perseverar, suas chances de empregabilidade crescem de maneira exponencial. Vamos dar uma olhada em algumas coisas que você pode fazer para melhorar suas chances de achar aquele emprego feito para você, ou encontrar algum que tenha escapado do cutelo da crise.

  • Entendendo o Contexto

Sabe aquela brincadeira das cadeiras em que, a cada volta, se tira uma cadeira e alguém fica de fora?

A crise é uma situação assim. Para sobreviver ou encontrar uma cadeira vaga é preciso ser mais ágil do que alguém outro e pensar na frente.

No mundo moderno os empregos existem quando a roda da economia gira para atender as demandas de produtos e serviços da sociedade. Uma economia que anda de marcha a ré é uma economia que reduz a produção e reduz as atividades. Resultado: funciona com menos gente operando máquinas, com menos gente prestando serviços, com menos gente ocupada. Analogamente ao que acontece com a queda da temperatura da atmosfera, que quando cai o ponto de orvalho as nuvens expelem a água que não conseguem mais reter, a economia mais fria expele os empregos ociosos e desemprega.

  • As estratégias para conseguir um emprego

De início, uma distinção a ser feita antes de sair à cata deste espécime raro é que existem duas classes de empregos: os das grandes organizações e os das pequenas empresas.

Minha sugestão é que você escolha antecipadamente qual o tipo de empresa você vai prospectar. A estratégia para cada grupo é diferente e, portanto, exige um preparo diferente. Também o tempo para conseguir um empregos nos dois grupos é diferente: as posições nas grandes empresas costumam exigir um ciclo bem mais longo até a contratação. Assim se o tempo é um fator, o melhor é focar em empresas médias e pequenas.

Os empregos oferecidos pela grandes organizações são os mais fáceis de encontrar, quando os há, claro. Na maioria delas é possível encontrar as vagas publicada no site corporativo. Se você prefere um emprego em uma destas, faça uma lista daquelas que são suas preferidas e relacione as que você acredita oferecerem mais chances. E fique de olho. Estabeleça uma curva ABC para sua monitoração. Dado que as chances são maiores em exportadoras e naquelas que tem produtos que substituam importados, este seria o grupo das empresas “A”, que seriam acompanhadas diariamente. Esta escolha se justifica na medida em que as exportadoras, agora favorecidas pelo dólar mais alto, tendem a ampliar suas exportações. Algo semelhante acontece com as fabricantes de produtos que substituem importados. Estas empresas ficam mais competitivas frente aos importados de custo mais alto, de maneira que ambos os grupos tendem a criar empregos mesmo na atual conjuntura.

Outra providência é estudar bem estas empresas que estão no seu foco. Evite a tentação de espalhar currículos à granel. Currículos genéricos costumam tomar seu tempo e desperdiçar seus esforços com baixo retorno. Em tempos de muito emprego, a estratégia de enviar currículos para todo mundo costuma ser eficaz para conseguir boas entrevistas. Em tempos bicudos, no entanto, é preferível uma estratégia de verticalização de seus esforços. É melhor centrar seus esforços em um grupo pequeno de empresas e estudá-las em maior profundidade para redigir e encaminhar currículos bem centrados no que possa interessar para aquela empresa especificamente. Carnegie, o magnata do aço nos Estados Unidos recomendaria: “a melhor estratégia deixou de ser não por todos os ovos num só cesto; no atual momento, é melhor por todos os ovos num só cesto…e vigiar o cesto!

Assim, recapitulando, depois de identificar a posição que lhe interessa, e para a qual você se sente preparado, o próximo passo é ficar de olho no site corporativo da empresa ou onde o RH da empresa costuma divulgar as oportunidades que surgem. Também vale manter contato com o RH da empresa para saber onde são divulgadas suas vagas. Fique atento, já que, nas grande corporações sempre aparecem oportunidades isoladas. Pessoas que saem, que se aposentam, que mudam de cargo ou posição. Embora o número de vagas possa ser limitado, elas existem. É verdade que, por serem mais visíveis, são mais disputadas do que as das pequenas empresas, mas, felizmente, conseguir a vaga não é loteria, é competência. Portanto, prepare-se.

  • Os empregos nas pequenas empresas

As pequenas e médias empresas são as maiores empregadoras no país. É verdade que um grande número delas está passado por dificuldades e milhares estão fechando as portas. Mais de cem mil lojas fecharam no Brasil ano passado. Mas a vida continua. Novos negócios nascem pelo efeito da “destruição criativa” de Schumpeter. Então, se você está buscando seu primeiro emprego, tem um currículo modesto ou pressa, vale a pena buscar um emprego em uma empresa .

Existentes em muito maior número, os empregos nas pequenas empresas tendem a ser menos atraentes à primeira vista, já que tendem a pagar menos, mas, na hora presente, podem ser uma tábua de salvação. Em compensação, são mais fáceis de obter e menos exigentes em seus requisitos iniciais.

  • Prepare-se para as oportunidades

Sêneca dizia que “sorte é o que acontece quando a preparação encontra a oportunidade”.

No tempo das vacas gordas, como aqueles em que o Brasil viveu até recentemente, haviam empregos em penca. Bastava um nível razoável de preparação para encontrar um lugar na engrenagem da economia. Como havia muita oferta de empregos, as empresas baixavam o nível das exigências.

As empresas empregam pessoas porque dependem delas para realizar sua missão corporativa, produzindo e colocando no mercado seus produtos e serviços.

Em uma empresa existem as atividades fim, que são as diretamente ligadas ao negócio da empresa, e as atividades meio, que são as atividades auxiliares. Em um hospital, por exemplo, uma enfermeira que atende os pacientes exerce uma atividade fim, enquanto o chefe do departamento de pessoal exerce uma atividade meio.

Cada emprego é como uma engrenagem que atua no mecanismo da empresa. Assim, cada emprego tem um “job description”, que vem a ser uma lista das tarefas e deveres, do objetivo da atividade, das responsabilidades e das condições gerais do trabalho. Do ponto de vista da operação da empresa, cada pessoa empregada tem um custo na forma do salário, encargos, benefícios sociais e, ainda, custos indiretos, como o impacto sobre o custo da luz, do consumo de água, do ar condicionado e outros.

Em princípio, a contrapartida destes custos é o quanto cada empregado contribui com sua atividade para se pagar. Mas a equação é muito mais complexa. Uma empresa sempre vai levar em conta, também, o potencial combinado das competências do empregado. Um técnico que saiba escrever um e-mail vale mais do que um que não saiba. Portanto, esqueça o superado conceito da “mais valia” marxista. Na versão original, a “mais valia” seria o valor do trabalho a mais que o operário realizava após se pagar e que formaria o “lucro do patrão”. A coisa já não era tão simples nos tempos de Marx, embora pusesse fazer algum sentido nas velhas linhas de montagem, mas hoje é uma bobagem completa. Basta perguntar qual a “mais valia” de um robô?

De modo que o que importa saber é que, hoje, qualquer empresa contabilmente organizada sabe quais são os empregados mais valiosos, e qual o “valor” da contribuição de cada um, tanto para a formação da receita como em relação a seu potencial. Isto significa que a tarefa de escolher quem deve ficar e quem deve sair, por ocasião de um corte, é uma equação processada pelo computador com base em um perfil pessoal de idade, escolaridade, desempenho e competências, associada a avaliações, ao histórico, etc. Os critérios de cada empresa costumam ser guardados a sete chaves para evitar questionamentos, mas uma empresa de primeira linha não dispensa ou demite de forma linear, salvo em caso de absoluta necessidade. Recrutar gente boa é difícil e treinar custa caro.

É verdade, em uma situação de crise como a que atravessamos, um grande número de empresas entra em um processo de hibernação, como os ursos. Reduz seu metabolismo e sua atividade ao mínimo para sobreviver durante o “inverno”, mas, ainda assim, procura conservar seus talentos da melhor maneira possível para quando a primavera voltar.

  • Mas o que isto tem a ver com a busca de um emprego?

Criar emprego é sempre uma aposta de uma empresa visando gerar valor e obter lucro. Afinal, ao contratar alguém a empresa assume um risco calculado: se compromete com uma despesa na expectativa de obter uma receita maior do que os custos e, na sequencia, obter um lucro. Sem ter uma possibilidade concreta de fazer girar esta ciclo completo, ninguém contrata.

Quando a empresa vem obtendo resultados positivos e tem um fluxo de negócios estável e constante tende a ser menos exigente. Mas em épocas de crise, as empresas se dispõe a arriscar menos. Assim, a precaução que as empresas tem em relação ao perfil dos empregados que dispensam aparecem em dobro como cuidado nas eventuais contratações em tempos conturbados. O que não quer dizer que cessem de contratar: cortar empregos produtivos é uma coisa. Abrir mão do futuro da empresa é outra.

Se você deseja encontrar uma vaga em período de crise, deve posicionar-se como alguém que pode contribuir para fazer o futuro de uma empresa, e não apenas para produzir em períodos normais.

As empresas bem posicionadas e organizadas tendem a reduzir suas atividades produtivas para compatibilizar suas operações com a demanda, mas não abandonam seus mercados. As melhores vêm as crises como oportunidades. Enquanto os concorrentes se retraem, as mais inteligentes se lançam para ocupar espaços. Agora mesmo vemos o exemplo da Ultrafarma, que não só lançou sua nova linha de complementos e vitaminas como está anunciando maciçamente, com um custo do espaço publicitário negociado a valores irrisórios dado o momento da economia.

Buscar um emprego em época de crise significa que a estratégia deve ser abordada como uma oportunidade de contribuir com uma empresa e fazer bem feita a sua parte. Independentemente de sua posição, você deve ser um membro da equipe e ajudar a empresa a ser melhor e a encontrar novos caminhos. Ser mais do mesmo não ajuda na medida em que “o mesmo” já deixou de ser o mesmo…

  • Dez coisas que você deve fazer para melhorar sua empregabilidade:

1 – Capriche no Currículo

Seu currículo é a peça mais importante para começar a busca de um emprego. Por isso deve receber a máxima atenção. Deve ser impecável, tanto em conteúdo como em sua apresentação. Muitos recrutadores simplesmente aceitam ou eliminam currículos baseados em sua apresentação.

Outra coisa, prepare seu currículo sob medida para o cargo e a empresa que você tem em vista.

Se você tem um currículo apenas passável, procure enriquecer seu currículo adquirindo habilidades que podem fazê-lo diferente e especial. Independentemente de seu nível de escolaridade e experiência, a competição pelas vagas existentes faz qualquer oportunidade anunciada ser um imã que atrai centenas e até milhares de currículos. Portanto a seleção muitas vezes se dá em volta de detalhes. No curto prazo é difícil agregar cursos de graduação ou pós graduação, mas sempre é possível ganhar conhecimento de línguas, usar planilhas ou dominar as mídias sociais. E tudo isto pode ser feito pela internet a custo zero. Mas atenção: escolha apenas uma ou duas destas disciplinas e procure aprofundar-se. Ficar na superficialidade de muitos temas acaba não ajudando muito.

2 – Prepare-se para a entrevista.

Redija uma apresentação pessoal objetiva, com um histórico de sua vida, sua escolaridade, suas conquistas e realizações. Decore e repita a lista até que ela se impregne em seu inconsciente. Este relato poderá ser sua tábua de salvação em entrevistas mais complexas.

3 – Simule a entrevista e treine seu papel

Treine entrevistas fazendo uma simulação ou teatro com uma pessoa de seu relacionamento. A simulação ajuda sua mente a acostumar-se com o “papel” que você vai desempenhar frente ao seu entrevistador. A propósito, seu entrevistador também estará desempenhando um “papel”.

4 – Tenha as respostas na ponta da língua

Estude respostas para as perguntas mais prováveis. Por exemplo:

  1. Descreva quem é você
  2. Porque devemos empregar você?
  3. Quais são seus pontos fortes?
  4. Quais são suas fraquezas?
  5. Você é responsável?
  6. Porque você quer trabalhar para nossa empresa?
  7. Porque você saiu de seu ultimo emprego?
  8. Porque existe este intervalo entre a saída do emprego “x” e a entrada no emprego “y”?
  9. Você concorda em viajar?
  10. Você teria disposição para mudar de cidade?
  11. Fale sobre sua formação escolar
  12. Como você soube desta vaga?
  13. O que o motiva?
  14. O que você espera para o futuro?
  15. O que você espera conseguir nos primeiros 30/60/90 dias no emprego?
  16. Você aceita trabalhar em fins de semana e feriados?
  17. Você é um líder ou seguidor?
  18. Qual o último livro que você leu?
  19. Quais são seus hobbies?
  20. Qual seu site favorito?

5 – O Networking não é tudo, mas é 100%

Organize o seu “networking”. Liste seus familiares, amigos e pessoas de seu relacionamento que possam saber de oportunidades. Faça um contato via mídia social, e-mail ou telefone falando de sua busca por uma posição.

6 – As mídias sociais são sua janela para o mundo

Crie sua página em mídias sociais. Use o LinkedIn, que é uma ferramenta poderosa para gerar bons contatos. Mas seja criterioso sobre o conteúdo. Escolha uma foto que seja atraente. É bem provável que seu potencial empregador dê uma passada por elas. E lembre-se que tudo o que você faz online deixa rastro.

7 – Circule

Frequente eventos, especialmente feiras, mas também reuniões sociais e outras em que você possa encontrar pessoas. Não esqueça de levar seus cartões de visitas. Faça cartões com seu nome em tipos de bom tamanho e com o telefone bem visível, de modo que possam ser lidos sem óculos. Se eles puderem indicar seus interesses ou afiliações, melhor.

8 – Dê uma chance para a sorte: cadastre-se nas agências de emprego

Faça seu cadastro em agências de emprego. Cadastre-se nos sites e em bancos de empregos. Se você busca posições de gerência ou diretoria, contate Headhunters. Selecione bem, mas não vá a mais de quatro ou cinco, para evitar que sua ficha seja enviada por mais de um deles para cada empregador.

9 – Faça seu dever de casa

Sempre que tiver uma entrevista agendada procure saber tudo sobre a empresa e seus concorrentes. (Se a entrevista for marcada por uma agência ou headhunter e este não quiser dizer qual a empresa, tente saber ao menos qual seu campo de atividades.)

10 – Cause boa impressão

Você já deve ter ouvido dizer que não dá para recriar uma primeira boa impressão. Compareça para a entrevista na hora combinada, ou melhor, cinco minutos antes. Vá de banho tomado. Se for homem, vá com a barba feita ou aparada. Vista-se de fora adequada. Para posições de gerência ou direção, vá com terno e gravata. Para mulheres, o traje deve ser discreto, maquiagem leve e cabelos presos. Chegue ao local ao menos meia hora antes, para se acostumar com o entorno e não correr o risco de chegar atrasado, esbaforido ou suado, porém aguarde para se apresentar no máximo dez minutos antes do horário. Se precisar esperar, tenha paciência e encare com bom humor. Muitas vezes a espera já faz parte do teste…

Boa Sorte.

Ceska – O digitaleiro


Dez razões para acreditar que a Dilma cai logo

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Chega de sofrer. Aqui estão 10 razões que indicam que o impeachment vem logo.

O arte de prever o futuro é sempre incerta. Tanto que a previsão que mais acerta parece ser aquela que prevê que as previsões do futuro se mostrarão erradas. Ainda assim, a melhor maneira de prever o futuro é examinar os fatos e analisar as tendências.

Os médicos falam em “prognóstico” para definir a evolução e o eventual termo de uma doença ou quadro clínico.

Para definir um prognóstico, os médicos fazem o diagnóstico do estado do paciente, de suas condições gerais e levam em conta o desfecho de casos semelhantes.

No caso dos males que afligem o Brasil, que além do zika tem a Dilma, podemos adaptar o slogan do governo: tira a Dilma que a zika acaba.

Eis dez razões que sugerem sua queda iminente:

  1. Dilma é a enxaqueca do país. A crise profunda em que o país está mergulhado afeta todos os setores e vem atingindo a todos, indistintamente. E existe consenso sobre a causa maior, a incompetência da presidente Dilma. Dilma se tornou a enxaqueca do país. E ninguém aguenta mais suportar esta enxaqueca. Só em imaginar mais três anos com a cabeça latejando vem levando os brasileiros ao desespero. Portanto, a primeira causa para o impeachment é o desejo unanime da sociedade de livrar-se de uma enxaqueca alucinante que só irá embora quando for eliminada sua causa.
  2. Economia em marcha a ré. Dilma é uma “barbeira” na condução da economia. Nunca antes, neste malfadado país, a economia andou para trás tão rápido. Hoje, dia 07 de março, o site G1, da Globo, informou que o mercado prevê mais inflação em 2016 e ‘encolhimento’ de 3,5% para o PIB. A expectativa de inflação para este ano subiu de 7,57% para 7,59%. Já para o PIB, a previsão de contração passou de menos 3,45% para menos 3,50%. Francamente, os números são “golpistas”. Deve ser coisa de algum tinhoso tucano. Estas estimativas foram divulgadas pelo Banco Central, por meio do relatório de mercado, também conhecido como “FOCUS”. O levantamento ouviu mais de 100 instituições financeiras. Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o PIB brasileiro teve um tombo de 3,8% em 2015 – o maior em 25 anos. Se a previsão de um novo “encolhimento” se confirmar em 2016, será a primeira vez que o país registra dois anos seguidos de contração na economia – a série histórica oficial, do IBGE, tem início em 1948.
  3. O fim da era do PT e do lulopetismo deixa Dilma no sereno. O PT acabou. Só um grupo velho e ranzinza ainda acredita que o partido possa voltar como a Phoenix. Mas as chances são de que se esvaia como zumbi trôpego. No início da era lulopetista, o partido tinia de novo. Havia entusiasmo, sonhos e esperanças, ainda que soltas no ar. Para um liberal, como eu, os petistas viviam a ilusão do almoço grátis e apostavam num milagre de Santo Expedito, o santo das causas impossíveis. Mas. diante de uma oposição meia-boca, suas juras de honestidade e suas generosas promessas de abrir as portas da prosperidade para os milhões de brasileiros deserdados formaram o caldo do discurso da esperança que vencia o medo. Num primeiro momento, parecia que iria dar certo. Lula teve o bom senso de manter a política econômica herdada de Fernando Henrique e, com dinheiro jorrando de um mundo demandando as comodities brasileiras, foi possível ao PT se apossar de programas sociais criados FHC, como o bolsa escola, e alargar o caminho das políticas sociais. Gastando sem controle, contando com um marketing competente e um líder carismático bom de discurso, o lulopetismo criou um sólido suporte junto às classes C, D e E. Classes que, de repente, viam suas vidas melhorarem. E foi aí, com a ambição do poder eterno, que o lulopetismo resolveu vender a alma ao diabo. O plano de perpetuar-se no poder dependia de acertar o esquema com os “russos”. E estes, os políticos da tal “base partidária”, topavam, mas queriam rios de dinheiro. Para gente inescrupulosa como José Dirceu, Lula e sua troupe de salteadores, a solução parecia óbvia: dinheiro o país tinha. A Petrobrás era um Amazonas de dinheiro. Na estatal havia dinheiro saindo pelo ladrão. Era só montar um propinoduto e canalizar bilhões para as contas dos novos aliados da base para assegurar que o poder estaria “dominado” até o fim dos tempos. Deu tudo errado. Como sabemos, o esquema começou a fazer água. E bota água nisso. Com revelações de corrupção pipocando de todo lado, o PT começou a ser desfalcado de seus principais “operadores”. José Dirceu e outros da gang começaram a ser presos e a desfalcar a gestão. E aí veio a lava-jato. A ética do sul, de origem europeia, aflorou por meio de uma Polícia Federal, um Ministério Público e um Judiciário que acreditam no império da lei e são avessos às acomodações de matriz patrimonialista dos tempos coloniais. Em meio à esbórnia, a Petrobrás bateu num Moro. Degringolando e com as entranhas da patifaria à mostra, os ratos começaram pular fora. Com o propinoduto cortado e com o risco da cadeia à vista, a base aliada vem se esfacelando. O clima, agora, o do salve-se quem puder. Desmoralizado, sem povo e sem voto, o ciclo do PT chega ao fim.
  4. Navegar é preciso. Mas prolongar a agonia não é preciso. O modelo presidencialista dá poder demais ao presidente e o voto proporcional distancia o povo de seus “representantes”. O modelo foi criado para ser uma usina de corrupção e não se mostra mais funcional. O impeachment de Dilma é uma oportunidade para um novo recomeço. Quem sabe agora, com o povo cansado de ser trouxa, possamos ir no rumo do regime dos estados mais avançados e adotar o parlamentarismo com voto distrital.
  5. Crise de março. A história brasileira mostra que as grandes crises acontecem em Março ou Agosto. Como tudo no Brasil, o mundo da política volta de férias depois do carnaval. Os políticos delineiam suas decisões baseados no feedback que recebem de suas bases e, quando voltam, começam a articular-se conforme o sentimento de seus eleitores. Em um ano eleitoral, a urgência e a pressão são maiores. O futuro dos políticos é decidido nas eleições. Nas disputas municipais os políticos precisam formar suas bases locais. Delas é que devem vir o apoio e os votos para as eleições nacionais. Esse ano, para azar da Dilma, o carnaval foi no começo de fevereiro, em ano bissexto. Não só março começou mais cedo como ficou maior. O processo de deterioração vai ter mais tempo para mostrar seus efeitos. Aí vem a manifestação geral contra o impeachment, dia 13. E novos desdobramentos no Lava Jato vão ampliar o buraco em que se enfiou o governo.
  6. Olimpíadas da Zika. As Olimpíadas se aproximam e o país vai sentir a necessidade de se apresentar em ordem perante o mundo. Marcar a copa e as Olimpíadas foi de uma temeridade que só a inconsequência lulopetista poderia justificar. Mas como o evento está às portas, é preciso um mínimo de bom senso. Chegar com uma presidente em processo de impeachment, com a corrupção fazendo escândalos diários, com o país encurralado por um mosquito e outras coisas mais, realmente é dose.
  7. Que enfiem no c#.” As ameaças de exacerbação da ordem por parte dos lulopetistas vem deixando claro que o país se encaminha para o confronto, a confusão e o caos. O quadro político pode se deteriorar de forma a escapar do controle e os políticos podem ser levados de roldão. Lula não deixa barato: “Que enfiem no c… todo o processo!”, foi o que disse Lula a Dilma em vídeo feito por sua aliada Jandira Feghali e gravado na sede do PT após a condição coercitiva do ex-presidente e postado no Youtube (https://www.youtube.com/watch?v=HcIjceETqiU) Diante destes fatos, os políticos vão por as barbas de molho e preferir perder os anéis para salvar os dedos.
  8. Dilma está pendurada no pincel. Até o empresariado e os banqueiros, forças que vinham tentando segurar a escada de Dilma, já estão desistindo. A tese era “ruim com ela, pior sem ela”. Agora, concluem que não adianta querer ajudar quem não que ser ajudada. A combinação de arrogância, ignorância e incompetência tem um poder destrutivo ilimitado e pode levar o país a um retrocesso desastroso.
  9. As ruas estão falando. Os panelaços estão cada vez mais estridentes. É melhor ouvir.
  10. O Impeachment é legal. Os embasamentos legais apresentados no processo de impeachment, por parte dos juristas Miguel Reale Junior, Hélio Bicudo e Janaína Conceição Paschoal, adicionados à delação premiada do Senador Delcídio do Amaral, são inescapáveis.

Por tudo isto, prever que a Dilma cai logo é como prever vitória do Corinthians. Você pode errar em um ou outro jogo, mas no final, vais acertar mais do que errar.

Ceska – O digitaleiro


 

Tabela de empregos futuros nos Estados Unidos

Doctors in a research station with digital screens and keyboard
Os bons empregos do futuro serão digitais (imagem dollarphoto)

Tabela de empregos atuais (2014) e projetados para até 2024 nos Estados Unidos

(Bureau of Labor Statistics – United States Department of Labor)

Importante – A versão para o português é de autoria do blogueiro. Os títulos são tão aproximados quanto possível. Os interessados em consultar as tabelas originais podem acessar através do link http://www.bls.gov/emp/ep_table_102.htm

Tabela 1.2 Empregos por tipo de atividade, números de 2014 projetados para 2024
(Números em milhares – acrescer três zeros)
2014 Matriz nacional de empregos com título e código Empregos Variação no período Vagas abertas pelo crescimento e reposição entre 2014-24
Número de empregos % do total
2014 2024 2014 2024 Número %
Total dos empregos 00-0000 150.539,9 160.328,8 100,0 100,0 9.788,9 6,5 46.506,9
Cargos de Direção e gerência 11-0000 9.157,5 9.662,9 6,1 6,0 505,4 5,5 2.586,8
Altos dirigentes 11-1000 2.525,9 2.672,5 1,7 1,7 146,6 5,8 760,0
Altos executivos 11-1011 343,4 339,4 0,2 0,2 -4,1 -1,2 58,4
Gerentes e gestores operacionais 11-1021 2.124,1 2.275,2 1,4 1,4 151,1 7,1 688,8
Legisladores (senadores, deputados, vereadores) 11-1031 58,3 57,9 0,0 0,0 -0,4 -0,7 12,9
Propaganda, marketing, promoção, relações públicas e gerentes de venda 11-2000 667,3 710,7 0,4 0,4 43,4 6,5 210,7
Gerentes de propaganda, merchandising e de promoção 11-2011 31,0 32,4 0,0 0,0 1,5 4,7 11,4
Gerentes de marketing e vendas 11-2020 570,6 607,8 0,4 0,4 37,3 6,5 172,2
Gerentes de marketing 11-2021 194,3 212,5 0,1 0,1 18,2 9,4 64,2
Gerentes de vendas 11-2022 376,3 395,3 0,2 0,2 19,0 5,1 108,0
Gerentes de relações públicas e gerentes de captação de doações 11-2031 65,8 70,5 0,0 0,0 4,7 7,1 27,1
Gerentes especializados e de operações especiais 11-3000 1.721,9 1.847,7 1,1 1,2 125,9 7,3 499,9
Gerentes de serviços administrativos 11-3011 287,3 310,8 0,2 0,2 23,5 8,2 77,2
Gerentes de computação e de sistemas de informação (TI) 11-3021 348,5 402,2 0,2 0,3 53,7 15,4 94,8
Gerentes financeiros 11-3031 555,9 593,5 0,4 0,4 37,7 6,8 169,3
Gerentes de produção 11-3051 173,4 167,0 0,1 0,1 -6,3 -3,7 49,1
Gerentes de compras 11-3061 73,0 73,7 0,0 0,0 0,7 1,0 17,9
Gerentes de logística, transportes, distribuição e armazenagem 11-3071 111,6 114,1 0,1 0,1 2,5 2,2 27,1
Gerentes de benefícios, compensações e gratificações 11-3111 16,9 18,0 0,0 0,0 1,1 6,5 6,0
Gerentes de recursos humanos 11-3121 122,5 133,3 0,1 0,1 10,8 8,8 46,6
Gerentes de treinamento e desenvolvimento 11-3131 32,9 35,2 0,0 0,0 2,3 7,0 11,9
Outros cargos gerenciais 11-9000 4.242,5 4.431,9 2,8 2,8 189,5 4,5 1.116,2
Gerentes agrícolas, de agronegócio e administradores de fazendas 11-9013 929,8 911,7 0,6 0,6 -18,1 -1,9 158,4
Gerentes de construção 11-9021 373,2 391,1 0,2 0,2 17,8 4,8 70,1
Gestores em educação 11-9030 516,9 551,8 0,3 0,3 34,9 6,8 185,2
Gestores de creches, pré-escola e centros infantis 11-9031 64,0 68,2 0,0 0,0 4,2 6,6 22,9
Gestores escolares 11-9032 240,0 254,0 0,2 0,2 14,0 5,8 83,8
Gestores educacionais 11-9033 175,1 190,3 0,1 0,1 15,2 8,7 66,1
Gestores em areas ligadas à formação 11-9039 37,8 39,3 0,0 0,0 1,5 4,0 12,5
Gerentes em arquitetura e engenharia 11-9041 182,1 185,8 0,1 0,1 3,7 2,0 59,5
Gerentes de serviços de alimentação 11-9051 305,0 320,7 0,2 0,2 15,7 5,1 77,1
Gerentes de serviços funerários 11-9061 29,3 30,3 0,0 0,0 1,0 3,3 7,4
Gerentes de cassinos 11-9071 3,8 3,8 0,0 0,0 0,0 -0,6 0,8
Gerentes de hotelaria 11-9081 48,4 52,1 0,0 0,0 3,7 7,6 13,0
Gerentes de serviços médicos e de saúde 11-9111 333,0 389,3 0,2 0,2 56,3 16,9 140,5
Gerentes científicos e de pesquisa 11-9121 55,1 56,9 0,0 0,0 1,8 3,3 13,3
Gerentes de correios 11-9131 17,3 12,8 0,0 0,0 -4,6 -26,2 3,8
Gerentes de imobiliárias e administração predial 11-9141 313,8 339,1 0,2 0,2 25,3 8,1 79,9
Gerentes de serviços sociais e comunitários 11-9151 138,5 151,7 0,1 0,1 13,2 9,5 49,8
Gerentes de Operações de Emergência 11-9161 10,5 11,2 0,0 0,0 0,7 6,2 1,9
Outras funções gerenciais 11-9199 985,6 1.023,6 0,7 0,6 38,0 3,9 255,4
Cargos nas áreas financeiras e de negócios 13-0000 7.565,3 8.197,8 5,0 5,1 632,4 8,4 2.191,7
Especialista em compras e agenciamentos 13-1000 4.708,8 5.054,2 3,1 3,2 345,5 7,3 1.204,5
Agentes de artistas, atores e atletas 13-1011 19,7 20,2 0,0 0,0 0,5 2,5 6,8
Compradores, corretores e encarregados de compras 13-1020 443,2 450,3 0,3 0,3 7,2 1,6 135,1
Compradores e corretores de produtos agrícolas 13-1021 12,9 13,5 0,0 0,0 0,6 4,6 3,3
Compradores de atacado e varejo (exceto produtos agrícolas) 13-1022 129,5 137,5 0,1 0,1 8,1 6,2 49,1
Outros compradores 13-1023 300,8 299,3 0,2 0,2 -1,5 -0,5 82,7
Peritos avaliadores, inspetores de riscos e de seguros 13-1030 315,3 324,9 0,2 0,2 9,6 3,1 87,9
Peritos avaliadores 13-1031 299,7 309,5 0,2 0,2 9,8 3,3 84,0
Avaliadores e peritos de seguros e sinistros 13-1032 15,5 15,4 0,0 0,0 -0,2 -1,2 3,8
Peritagem e laudos periciais 13-1041 260,3 269,0 0,2 0,2 8,7 3,3 45,3
Estimadores de custos e formação de preços 13-1051 213,5 232,3 0,1 0,1 18,7 8,8 79,5
Profissionais de Recursos Humanos 13-1070 564,1 579,6 0,4 0,4 15,6 2,8 159,3
Especialistas em recursos humanos 13-1071 482,0 503,9 0,3 0,3 22,0 4,6 139,3
Recrutador de mão de obra 13-1074 0,1 0,1 0,0 0,0 0,0 -8,9 0,0
Especialista em relações trabalhistas 13-1075 82,1 75,6 0,1 0,0 -6,4 -7,8 20,0
Profissionais de logística 13-1081 130,4 132,9 0,1 0,1 2,5 1,9 20,6
Analistas de gestão 13-1111 758,0 861,4 0,5 0,5 103,4 13,6 208,5
Organizadores de eventos corporativos, convenções, etc. 13-1121 100,0 109,9 0,1 0,1 9,9 9,9 21,8
Captadores de patrocínios, doações e recursos 13-1131 73,4 80,3 0,0 0,1 6,9 9,3 17,1
Analistas de cargos e salários 13-1141 84,7 88,1 0,1 0,1 3,4 4,0 24,0
Especialistas em treinamento e desenvolvimento 13-1151 252,6 271,5 0,2 0,2 18,9 7,5 80,4
Analistas de marketing e especialistas em pesquisas de mercado 13-1161 495,5 587,8 0,3 0,4 92,3 18,6 151,4
Outros especialistas em análises de mercado e consumo 13-1199 998,0 1.046,0 0,7 0,7 48,0 4,8 166,9
Especialistas Financeiros 13-2000 2.856,6 3.143,5 1,9 2,0 287,0 10,0 987,2
Contadores e auditores 13-2011 1.332,7 1.475,1 0,9 0,9 142,4 10,7 498,0
Avaliadores e consultores imobiliários 13-2021 85,8 92,5 0,1 0,1 6,8 7,9 20,5
Analistas de orçamento (budget) 13-2031 60,8 62,3 0,0 0,0 1,5 2,5 16,7
Analistas de crédito 13-2041 69,4 73,6 0,0 0,0 4,2 6,1 34,3
Analistas e assessores financeiros 13-2050 630,4 724,8 0,4 0,5 94,5 15,0 245,4
Analistas financeiros 13-2051 277,6 310,0 0,2 0,2 32,3 11,7 89,4
Consultores de investimento 13-2052 249,4 323,2 0,2 0,2 73,9 29,6 136,4
Corretores de seguros 13-2053 103,4 91,6 0,1 0,1 -11,7 -11,4 19,5
Auditores Financeiros 13-2061 38,2 42,0 0,0 0,0 3,7 9,7 13,1
Consultores e analistas de Credito 13-2070 335,8 365,3 0,2 0,2 29,6 8,8 85,4
Analistas de crédito 13-2071 32,6 37,6 0,0 0,0 5,0 15,5 10,5
Gerentes de conta 13-2072 303,2 327,7 0,2 0,2 24,5 8,1 75,0
Consultores e revisores de impostos e taxas 13-2080 158,4 155,6 0,1 0,1 -2,8 -1,7 51,9
Revisores e especialistas de impostos e taxas 13-2081 67,9 63,7 0,0 0,0 -4,2 -6,2 27,8
Especiaistas e despachantes de dcumentação tributária 13-2082 90,4 91,8 0,1 0,1 1,4 1,6 24,1
Outros especialistas financeiros 13-2099 145,2 152,3 0,1 0,1 7,1 4,9 21,9
Funções em matemática e Computação 15-0000 4.068,3 4.599,7 2,7 2,9 531,4 13,1 1.156,8
Cargos em computação 15-1100 3.916,1 4.404,6 2,6 2,7 488,5 12,5 1.083,8
Pesquisadores em computação e informação 15-1111 25,6 28,3 0,0 0,0 2,7 10,7 6,0
Analistas em computação e informação 15-1120 650,7 784,1 0,4 0,5 133,4 20,5 217,1
Analistas de sistemas 15-1121 567,8 686,3 0,4 0,4 118,6 20,9 191,6
Analistas de segurança de informação 15-1122 82,9 97,7 0,1 0,1 14,8 17,9 25,5
Desenvolvedores de software e programas 15-1130 1.591,1 1.790,8 1,1 1,1 199,7 12,5 485,4
Programadores de computador 15-1131 328,6 302,2 0,2 0,2 -26,5 -8,0 81,0
Desenvolvedores de Software e aplicações 15-1132 718,4 853,7 0,5 0,5 135,3 18,8 238,0
Desenvolvedores de sistemas 15-1133 395,6 447,0 0,3 0,3 51,3 13,0 107,9
Desenvolvedores de websites (webmasters) 15-1134 148,5 188,0 0,1 0,1 39,5 26,6 58,6
Administradores de banco de dados e sistemas 15-1140 648,8 705,0 0,4 0,4 56,2 8,7 150,1
Administrador de banco de dados 15-1141 120,0 133,4 0,1 0,1 13,4 11,1 39,2
Engenheiro de sistemas 15-1142 382,6 412,8 0,3 0,3 30,2 7,9 79,4
Chefe de programação de sistemas 15-1143 146,2 158,9 0,1 0,1 12,7 8,7 31,5
Especialistas em suporte a computadores 15-1150 766,9 855,7 0,5 0,5 88,8 11,6 187,4
Gerente de suporte técnico 15-1151 585,9 661,0 0,4 0,4 75,1 12,8 150,5
Chefe de suporte técnico 15-1152 181,0 194,6 0,1 0,1 13,6 7,5 36,9
Outras ocupações da área de computação 15-1199 233,0 240,8 0,2 0,2 7,7 3,3 37,7
Ocupações da área da matemática 15-2000 152,2 195,1 0,1 0,1 42,9 28,2 73,0
Atuários 15-2011 24,6 29,0 0,0 0,0 4,4 18,1 11,7
Matemáticos 15-2021 3,5 4,2 0,0 0,0 0,7 21,4 1,3
Analistas de pesquisa 15-2031 91,3 118,9 0,1 0,1 27,6 30,2 43,9
Estatísticos 15-2041 30,0 40,1 0,0 0,0 10,1 33,8 15,4
Outras ocupações no campo da matemática 15-2090 3,0 2,9 0,0 0,0 -0,1 -1,8 0,6
Técnicos em matemática 15-2091 1,2 1,1 0,0 0,0 -0,2 -12,6 0,2
Especialistas em aplicações de matemática 15-2099 1,8 1,9 0,0 0,0 0,1 5,7 0,4
Arquitetos e Engenheiros 17-0000 2.532,7 2.599,9 1,7 1,6 67,2 2,7 710,9
Arquitetos, agrimensores e cartógrafos 17-1000 191,7 203,5 0,1 0,1 11,8 6,1 52,5
Arquitetos, exceto navais 17-1010 135,1 144,2 0,1 0,1 9,0 6,7 31,3
Arquitetos, exceto paisagistas e navais 17-1011 112,6 120,4 0,1 0,1 7,8 6,9 26,3
Arquitetos paisagistas 17-1012 22,5 23,7 0,0 0,0 1,2 5,5 4,9
Agrimensores, cartógrafos e fotogrametristas 17-1020 56,6 59,3 0,0 0,0 2,7 4,8 21,2
Cartógrafos e fotogrametristas 17-1021 12,3 15,9 0,0 0,0 3,6 29,3 7,4
Agrimensores 17-1022 44,3 43,4 0,0 0,0 -0,9 -2,0 13,7
Engenheiros 17-2000 1.636,2 1.701,2 1,1 1,1 65,0 4,0 510,9
Engenheiros espaciais 17-2011 72,5 70,8 0,0 0,0 -1,6 -2,3 20,7
Agrônomos 17-2021 2,9 3,0 0,0 0,0 0,1 4,4 0,7
Engenheiros biomédicos 17-2031 22,1 27,2 0,0 0,0 5,1 23,1 10,9
Engenheiros químicos 17-2041 34,3 34,9 0,0 0,0 0,6 1,8 10,0
Engenheiros civis 17-2051 281,4 305,0 0,2 0,2 23,6 8,4 106,7
Engenheiroa de computação 17-2061 77,7 80,1 0,1 0,0 2,4 3,1 18,4
Engenheiros elétricos e eletrônicos 17-2070 315,9 315,7 0,2 0,2 -0,1 0,0 71,4
Engenheiros elétricos 17-2071 178,4 180,2 0,1 0,1 1,8 1,0 41,1
Engenheiros eletrônicos, exceto engenheiros de computação 17-2072 137,4 135,5 0,1 0,1 -1,9 -1,4 30,3
Engenheiros ambientais 17-2081 55,1 62,0 0,0 0,0 6,8 12,4 22,4
Engenheiros industriais, inclusive engenheiros de segurança do trabalho 17-2110 266,3 270,0 0,2 0,2 3,7 1,4 81,8
Engenheiro de segurança do trabalho 17-2111 25,2 26,8 0,0 0,0 1,6 6,2 9,0
Engenheiros industriais 17-2112 241,1 243,2 0,2 0,2 2,1 0,9 72,8
Engenheiros navais 17-2121 8,3 9,0 0,0 0,0 0,7 8,9 2,9
Engenheiros de materiais 17-2131 25,3 25,6 0,0 0,0 0,3 1,3 9,2
Engenheiros mecânicos 17-2141 277,5 292,1 0,2 0,2 14,6 5,3 102,5
Geólogos e engenheiros de minas 17-2151 8,3 8,8 0,0 0,0 0,5 6,4 2,7
Engenheiros nucleares 17-2161 16,8 16,2 0,0 0,0 -0,7 -4,0 4,4
Engenheiros de Petróleo 17-2171 35,1 38,5 0,0 0,0 3,4 9,8 13,0
Outros engenheiros 17-2199 136,9 142,3 0,1 0,1 5,5 4,0 33,0
Projetistas, desenhistas, técnicos de engenharia e de processos 17-3000 704,7 695,1 0,5 0,4 -9,6 -1,4 147,5
Desenhistas 17-3010 204,4 198,3 0,1 0,1 -6,2 -3,0 25,8
Desenhistas em arquitetura civil 17-3011 94,0 91,2 0,1 0,1 -2,8 -3,0 11,1
Desenhistas em eletricidade e eletrônica 17-3012 30,1 31,7 0,0 0,0 1,6 5,4 5,2
Desenhistas mecânicos 17-3013 65,7 61,2 0,0 0,0 -4,5 -6,8 7,8
Outros desenhistas 17-3019 14,7 14,2 0,0 0,0 -0,5 -3,4 1,7
Técnicos em engenharia, exceto desenhistas 17-3020 443,0 443,9 0,3 0,3 0,9 0,2 115,2
Técnicos em engenharia e operação espacial 17-3021 11,4 11,8 0,0 0,0 0,4 3,6 3,2
Técnicos em engenharia civil 17-3022 74,0 77,6 0,0 0,0 3,5 4,8 21,6
Técnicos em engenharia elétrica e eletrônica 17-3023 139,4 136,6 0,1 0,1 -2,8 -2,0 34,1
Técnicos em eletromecânica 17-3024 14,7 14,8 0,0 0,0 0,1 0,7 3,7
Técnicos em engenharia ambiental 17-3025 18,6 20,4 0,0 0,0 1,9 10,0 6,4
Técnicos em engenharia Industrial 17-3026 66,5 63,5 0,0 0,0 -3,0 -4,5 16,3
Técnicos em engenharia mecânica 17-3027 48,4 49,3 0,0 0,0 0,9 2,0 12,8
Outros técnicos do campo da engenharia 17-3029 70,1 69,9 0,0 0,0 -0,2 -0,2 17,1
Agrimensores e técnicos de mapeamento 17-3031 57,3 52,9 0,0 0,0 -4,3 -7,6 6,5
Biologia 19-0000 1.310,4 1.408,0 0,9 0,9 97,6 7,4 472,6
Biólogos 19-1000 310,9 330,0 0,2 0,2 19,1 6,1 116,6
Cientistas de agricultura e alimentação 19-1010 36,1 38,0 0,0 0,0 1,9 5,4 14,5
Cientistas em biologia animal 19-1011 2,9 3,2 0,0 0,0 0,2 7,3 1,2
Cientistas em alimentação 19-1012 15,4 16,0 0,0 0,0 0,5 3,5 5,9
Cientistas em agronomia, solo e alimentação 19-1013 17,7 18,9 0,0 0,0 1,2 6,7 7,3
Cientistas em biologia 19-1020 114,1 118,4 0,1 0,1 4,3 3,7 35,0
Biquímicos e biofísicos 19-1021 34,1 36,9 0,0 0,0 2,8 8,2 11,9
Microbiologistas 19-1022 22,4 23,2 0,0 0,0 0,8 3,5 6,8
Zoologistas e biologistas da vida selvagem 19-1023 21,3 22,2 0,0 0,0 0,8 4,0 6,6
Outros cientistas da área da biologia 19-1029 36,4 36,2 0,0 0,0 -0,2 -0,4 9,7
Cientistas e silvicultores 19-1030 36,5 39,3 0,0 0,0 2,7 7,5 18,7
Cientistas de conservação ambiental 19-1031 21,1 22,5 0,0 0,0 1,4 6,9 10,6
Silvicultores 19-1032 15,5 16,8 0,0 0,0 1,3 8,3 8,0
Cientistas médicos 19-1040 113,6 123,0 0,1 0,1 9,3 8,2 44,5
Epidemiologistas 19-1041 5,8 6,1 0,0 0,0 0,4 6,3 2,2
Cientistas médicos, exceto epidemiologistas 19-1042 107,9 116,8 0,1 0,1 9,0 8,3 42,4
Outros cientistas da area da vida e de biologia 19-1099 10,6 11,3 0,0 0,0 0,8 7,2 4,0
Cientistas da área da física 19-2000 296,8 316,6 0,2 0,2 19,9 6,7 92,7
Físicos e astrônomos 19-2010 20,0 21,4 0,0 0,0 1,5 7,4 5,3
Astrônomos 19-2011 1,9 1,9 0,0 0,0 0,1 2,8 0,4
Físicos 19-2012 18,1 19,5 0,0 0,0 1,4 7,9 4,9
Cientistas da atmosfera e do espaço 19-2021 11,8 12,9 0,0 0,0 1,1 9,2 3,3
Cientistas químicos e de materiais 19-2030 98,4 101,0 0,1 0,1 2,6 2,6 24,2
Químicos 19-2031 91,1 93,5 0,1 0,1 2,4 2,6 22,4
Cientistas de materiais 19-2032 7,3 7,5 0,0 0,0 0,2 2,7 1,8
Cientistas ambientais e geocientistas 19-2040 138,0 152,5 0,1 0,1 14,5 10,5 56,9
Cientistas e especialistas ambientais, inclusive da saúde do meio ambiente 19-2041 94,6 104,8 0,1 0,1 10,2 10,7 39,3
Geocientistas, exceto hidrologistas e geógrafos 19-2042 36,4 40,2 0,0 0,0 3,8 10,5 15,0
Hidrologistas 19-2043 7,0 7,5 0,0 0,0 0,5 6,9 2,6
Outro cientistas da área da física 19-2099 28,5 28,8 0,0 0,0 0,3 1,0 3,0
Cientistas sociais e correlatos 19-3000 307,1 344,7 0,2 0,2 37,5 12,2 97,2
Economistas 19-3011 21,5 22,7 0,0 0,0 1,2 5,7 7,0
Pesquisadores de mercado 19-3022 16,7 18,7 0,0 0,0 1,9 11,6 3,9
Psicólogos 19-3030 173,9 206,4 0,1 0,1 32,5 18,7 69,8
Psicólogos clínicos, de aconselhamento e escolares 19-3031 155,3 185,9 0,1 0,1 30,5 19,6 63,8
Psicólogos organizadores industriais 19-3032 2,0 2,3 0,0 0,0 0,4 19,1 0,8
Demais psicólogos 19-3039 16,6 18,3 0,0 0,0 1,6 9,8 5,2
Sociólogos 19-3041 2,6 2,5 0,0 0,0 0,0 -0,7 0,3
Planejadores urbanos 19-3051 38,0 40,4 0,0 0,0 2,4 6,3 9,4
Diversos cientistas sociais e correlatos 19-3090 54,4 53,9 0,0 0,0 -0,5 -1,0 6,8
Antropólogos e arqueólogos 19-3091 7,7 8,0 0,0 0,0 0,3 3,8 1,2
Geógrafos 19-3092 1,4 1,4 0,0 0,0 0,0 -1,6 0,2
Historiadores 19-3093 3,5 3,5 0,0 0,0 0,1 1,7 0,5
Cientistas políticos 19-3094 6,2 6,0 0,0 0,0 -0,1 -2,3 0,7
Demais cientistas sociais 19-3099 35,6 34,9 0,0 0,0 -0,7 -2,0 4,2
Técnicos em biologia, física e ciências sociais 19-4000 395,6 416,7 0,3 0,3 21,1 5,3 166,1
Técnicos em ciências de agricultura e alimentação 19-4011 33,0 34,7 0,0 0,0 1,6 4,9 12,4
Técnicos em biologia 19-4021 79,3 83,5 0,1 0,1 4,1 5,2 26,3
Técnicos em química 19-4031 66,5 67,7 0,0 0,0 1,2 1,9 21,1
Técnicos em geologia e petróleo 19-4041 16,5 18,5 0,0 0,0 1,9 11,8 8,0
Técnicos nucleares 19-4051 6,8 6,4 0,0 0,0 -0,3 -5,1 2,8
Assistentes de pesquisas sociais 19-4061 32,0 33,8 0,0 0,0 1,8 5,6 15,2
Diversas especialidades em biologia, físiologia e ciências 19-4090 161,4 172,2 0,1 0,1 10,7 6,6 80,2
Técnicos em ecologia e proteção à saúde 19-4091 36,2 39,6 0,0 0,0 3,4 9,5 18,6
Técnicos forenses 19-4092 14,4 18,2 0,0 0,0 3,8 26,6 9,9
Técnicos florestais e de conservação ambiental 19-4093 32,6 30,8 0,0 0,0 -1,9 -5,7 13,7
Outros técnicos das áreas de biologia, fisiologia e ciências 19-4099 78,2 83,5 0,1 0,1 5,3 6,8 38,1
Assistentes sociais e serviços comunitários 21-0000 2.465,7 2.723,4 1,6 1,7 257,7 10,5 792,6
Conselheiros, assistentes sociais apoio social 21-1000 2.033,7 2.269,4 1,4 1,4 235,7 11,6 672,6
Conselheiros 21-1010 687,6 777,0 0,5 0,5 89,3 13,0 233,2
Conselheiros de prevenção ao uso de drogas e desvios de comportamento 21-1011 94,9 116,2 0,1 0,1 21,2 22,3 41,1
Conselheiros escolares e vocacionais 21-1012 273,4 295,9 0,2 0,2 22,5 8,2 79,7
Conselheiros matrimoniais 21-1013 33,7 38,7 0,0 0,0 5,0 14,8 12,1
Conselheiros de saúde mental 21-1014 134,5 160,9 0,1 0,1 26,4 19,6 54,5
Conselheiros de reabilitação 21-1015 120,1 130,9 0,1 0,1 10,8 9,0 36,0
Outros conselheiros 21-1019 31,0 34,4 0,0 0,0 3,4 11,0 9,9
Profissionais de atividades sociais 21-1020 649,3 724,1 0,4 0,5 74,8 11,5 231,2
Atividades sociais com crianças, famílias e escolas 21-1021 305,2 324,2 0,2 0,2 19,0 6,2 92,5
Atividades sociais ligadas à saúde 21-1022 160,1 191,0 0,1 0,1 30,9 19,3 69,5
Atividades sociais ligadas à saúde mental e uso de drogas 21-1023 117,8 140,0 0,1 0,1 22,3 18,9 50,7
Outros trabalhadores sociais 21-1029 66,4 68,9 0,0 0,0 2,5 3,8 18,5
Outras atividades ligadas à comunidade e serviços sociais 21-1090 696,8 768,3 0,5 0,5 71,6 10,3 208,2
Educadores em saúde 21-1091 61,4 68,9 0,0 0,0 7,5 12,2 19,5
Especialistas em reinserção de egressos do sistema penitenciário 21-1092 91,7 95,0 0,1 0,1 3,3 3,6 21,3
Assistentes em serviços sociais e humanos 21-1093 386,6 430,8 0,3 0,3 44,2 11,4 120,0
Assistentes de saúde da comunidade 21-1094 54,3 62,4 0,0 0,0 8,1 14,9 18,8
Outros especialsitas em serviços sociais 21-1099 102,7 111,1 0,1 0,1 8,4 8,2 28,6
Clérigos e Religiosos 21-2000 432,0 454,0 0,3 0,3 22,0 5,1 120,0
Clérigos 21-2011 244,2 258,0 0,2 0,2 13,8 5,6 66,3
Dirigentes de atividades e de educação religiosa 21-2021 131,9 137,5 0,1 0,1 5,7 4,3 41,2
Religiosos 21-2099 55,9 58,5 0,0 0,0 2,6 4,7 12,5
Atividades da área do direito 23-0000 1.268,2 1.332,8 0,8 0,8 64,6 5,1 283,8
Advogados e juízes 23-1000 844,2 887,7 0,6 0,6 43,5 5,1 169,1
Servidores da área do direito 23-1010 791,1 834,1 0,5 0,5 43,1 5,4 160,4
Advogados 23-1011 778,7 822,5 0,5 0,5 43,8 5,6 157,7
Servidores de justiça 23-1012 12,4 11,6 0,0 0,0 -0,8 -6,3 2,7
Juízes, magistrados e outros profissionais do judiciário 23-1020 53,2 53,6 0,0 0,0 0,4 0,7 8,7
Juízes administrativos, adjudicadores e conselheiros 23-1021 15,0 14,5 0,0 0,0 -0,5 -3,6 2,2
Árbitros, mediadores e conciliadores 23-1022 8,4 9,2 0,0 0,0 0,8 9,2 2,0
Juízes e magistrados 23-1023 29,7 29,9 0,0 0,0 0,2 0,6 4,5
Especialistas da área legal 23-2000 424,0 445,1 0,3 0,3 21,1 5,0 114,7
Assistentes paralegais e legais 23-2011 279,5 300,8 0,2 0,2 21,2 7,6 82,7
Diversas atividades de apoio da área legal 23-2090 144,4 144,3 0,1 0,1 -0,1 -0,1 32,1
Estenógrafos 23-2091 20,8 21,1 0,0 0,0 0,3 1,5 4,9
Escrivães 23-2093 71,1 70,8 0,0 0,0 -0,2 -0,3 15,6
Outras atividades de apoio ao judiciário 23-2099 52,6 52,4 0,0 0,0 -0,2 -0,4 11,6
Ocupações em educação, treinamento e bibliotecas 25-0000 9.216,1 9.913,7 6,1 6,2 697,6 7,6 2.661,1
Professores de cursos superiores 25-1000 1.869,4 2.088,8 1,2 1,3 219,4 11,7 550,6
Professores universitários da área de negócios 25-1011 106,8 116,2 0,1 0,1 9,4 8,8 28,3
Professores universitários de matemática e computação 25-1020 106,9 121,1 0,1 0,1 14,2 13,3 33,1
Professores de ciências da computação 25-1021 43,4 47,2 0,0 0,0 3,8 8,7 11,5
Professores de ciências matemáticas 25-1022 63,5 73,9 0,0 0,0 10,4 16,4 21,7
Professores de cursos superiores em engenharia e arquitetura 25-1030 55,0 61,9 0,0 0,0 6,9 12,5 16,6
Professores de arquitetura 25-1031 9,1 9,9 0,0 0,0 0,8 9,4 2,5
Professores de engenharia 25-1032 46,0 52,0 0,0 0,0 6,0 13,2 14,2
Professores de cursos superiores das áreas biológicas 25-1040 78,7 90,0 0,1 0,1 11,3 14,4 25,3
Professores de agronomia 25-1041 12,1 12,8 0,0 0,0 0,7 6,0 2,9
Professores de ciências biológicas 25-1042 64,3 74,8 0,0 0,0 10,4 16,2 21,8
Professores de ciências florestais 25-1043 2,3 2,4 0,0 0,0 0,2 6,8 0,6
Professores de cursos superiores de física 25-1050 64,2 72,7 0,0 0,0 8,5 13,2 19,8
Professores de ciências da atmosfera, terra, mar e espaço 25-1051 13,2 14,3 0,0 0,0 1,1 8,7 3,5
Professores de química 25-1052 26,6 30,7 0,0 0,0 4,1 15,4 8,8
Professores de ciências do meio ambiente 25-1053 6,7 7,3 0,0 0,0 0,6 8,6 1,8
Professores de física 25-1054 17,7 20,4 0,0 0,0 2,7 15,0 5,8
Professores de cursos superiores em ciências sociais 25-1060 144,2 163,7 0,1 0,1 19,5 13,5 45,0
Professores em antropologia e arqueologia 25-1061 7,5 8,2 0,0 0,0 0,7 9,3 2,0
Professores de eletricidade 25-1062 11,6 13,3 0,0 0,0 1,7 15,1 3,8
Professores de economia 25-1063 17,3 18,9 0,0 0,0 1,7 9,7 4,7
Professores de geografia 25-1064 5,4 5,9 0,0 0,0 0,4 7,9 1,4
Professores de ciências políticas 25-1065 21,6 23,7 0,0 0,0 2,1 9,7 5,9
Professore de psicologia 25-1066 47,3 54,7 0,0 0,0 7,5 15,8 15,8
Professores de sociologia 25-1067 20,7 23,9 0,0 0,0 3,2 15,3 6,8
Outras especialidades das áreas sociais 25-1069 12,9 15,1 0,0 0,0 2,2 17,0 4,5
Professores de cursos superiores da área da saúde 25-1070 279,0 332,2 0,2 0,2 53,2 19,1 102,6
Professor de cursos da área da saúde 25-1071 210,4 250,4 0,1 0,2 40,0 19,0 77,2
Instrutores da área de enfermagem 25-1072 68,6 81,8 0,0 0,1 13,2 19,3 25,4
Professores em cursos superiores de pedagogia e biblioteconomia 25-1080 81,3 88,6 0,1 0,1 7,3 9,0 21,7
Professores de pedagogia 25-1081 75,7 82,5 0,1 0,1 6,9 9,1 20,3
Professores de biblioteconomia 25-1082 5,6 6,0 0,0 0,0 0,4 8,0 1,4
Professores em cursos superiores em direito e das áreas da justiça 25-1110 52,2 62,4 0,0 0,0 10,2 19,5 19,4
Professores de justiça criminal e aplicação da lei 25-1111 17,4 21,1 0,0 0,0 3,7 21,4 6,8
Professores de direito 25-1112 21,1 25,7 0,0 0,0 4,6 21,7 8,3
Professores de atividades sociais 25-1113 13,7 15,6 0,0 0,0 1,9 13,9 4,3
Professores em curso superiores de humanas, arte e comunicações 25-1120 344,6 381,0 0,2 0,2 36,5 10,6 97,4
Professores de artes, teatro e música 25-1121 120,7 133,7 0,1 0,1 13,0 10,8 34,4
Professores de comunicação 25-1122 36,0 39,5 0,0 0,0 3,5 9,7 9,9
Professores de linguagem e literatura inglesa 25-1123 90,8 100,2 0,1 0,1 9,4 10,4 25,5
Professores de linguagem e literatura estrangeiras 25-1124 37,2 41,3 0,0 0,0 4,1 10,9 10,7
Professores de história 25-1125 29,2 32,1 0,0 0,0 2,9 10,0 8,1
Professores de religião e filosofia 25-1126 30,7 34,2 0,0 0,0 3,6 11,6 9,0
Diversos professores de cursos superiores 25-1190 556,4 598,8 0,4 0,4 42,4 7,6 141,3
Professores assistentes de cursos de graduação 25-1191 159,2 169,1 0,1 0,1 9,9 6,2 38,0
Professores de economia doméstica 25-1192 4,3 3,8 0,0 0,0 -0,5 -11,6 0,8
Professores de educação física e recreação 25-1193 22,1 24,3 0,0 0,0 2,2 10,1 6,1
Professores de educação vocacional 25-1194 138,5 147,6 0,1 0,1 9,1 6,6 33,6
Outros professores de cursos superiores 25-1199 232,3 254,0 0,2 0,2 21,7 9,3 62,8
Professores de pré-escola, cursos primário, secundário e para excepcionais 25-2000 4.131,9 4.374,1 2,7 2,7 242,2 5,9 1.199,6
Professores de pré-primário e jardim de infância 25-2010 600,4 639,5 0,4 0,4 39,1 6,5 214,8
Professores de pré-escola 25-2011 441,0 470,6 0,3 0,3 29,6 6,7 158,7
Professores de jardim de infância 25-2012 159,4 168,9 0,1 0,1 9,5 5,9 56,1
Professores de escolas elementares e nível médio 25-2020 1.999,2 2.115,1 1,3 1,3 115,9 5,8 558,1
Professores de escolas elementares, exceto professores de excepcionais 25-2021 1.358,0 1.436,3 0,9 0,9 78,3 5,8 378,7
Professore de nível médio, exceto de áreas técnicas e excepcionais 25-2022 627,5 664,2 0,4 0,4 36,8 5,9 175,5
Professores de cursos técnicos 25-2023 13,7 14,6 0,0 0,0 0,8 5,9 3,9
Professores de cursos secundários 25-2030 1.041,2 1.097,4 0,7 0,7 56,2 5,4 303,2
Professores secundários, exceto de cursos técnicos e de excepcionais 25-2031 961,6 1.017,5 0,6 0,6 55,9 5,8 284,0
Professores de cursos técnicos 25-2032 79,6 79,9 0,1 0,0 0,3 0,4 19,2
Professores de excepcionais 25-2050 491,1 522,0 0,3 0,3 31,0 6,3 123,5
Professores de excepcionais, pré-escola 25-2051 25,5 27,8 0,0 0,0 2,3 9,0 7,1
Professores de excepcionais, jardim de infância e nível elementar 25-2052 198,1 210,6 0,1 0,1 12,5 6,3 49,8
Professores de excepcionais, nível médio 25-2053 93,0 98,5 0,1 0,1 5,5 5,9 23,0
Professores de excepcionais, nível secundário 25-2054 134,0 141,9 0,1 0,1 7,9 5,9 33,1
Outros professores de excepcionais 25-2059 40,4 43,3 0,0 0,0 2,9 7,2 10,5
Outros professores e instrutores 25-3000 1.408,7 1.534,2 0,9 1,0 125,6 8,9 391,0
Professores de alfabetização de adultos 25-3011 77,5 83,0 0,1 0,1 5,5 7,1 20,1
Professores de auto-enriquecimento 25-3021 348,7 402,2 0,2 0,3 53,5 15,4 119,2
Outros professores e instrutores 25-3099 982,5 1.049,0 0,7 0,7 66,5 6,8 251,7
Bibliotecários, curadores, arquivistas 25-4000 276,2 286,2 0,2 0,2 10,1 3,6 95,2
Arquivistas, curadores e técnicos de museu 25-4010 31,3 33,4 0,0 0,0 2,1 6,7 11,8
Arquivistas 25-4011 6,9 7,4 0,0 0,0 0,5 6,8 2,6
Curadores 25-4012 13,1 14,1 0,0 0,0 1,0 8,0 5,1
Técnicos e restauradores de museus 25-4013 11,3 11,9 0,0 0,0 0,6 5,2 4,1
Bibliotecários 25-4021 143,1 145,7 0,1 0,1 2,7 1,9 29,5
Técnicos de livraria 25-4031 101,8 107,1 0,1 0,1 5,3 5,2 53,9
Outras ocupações em biblioteconomia 25-9000 1.530,0 1.630,3 1,0 1,0 100,3 6,6 424,7
Especialistas em áudiovisual e multimídia 25-9011 10,0 10,8 0,0 0,0 0,8 7,9 1,8
Orientadores de administração doméstica e de pequenas propriedades rurais 25-9021 10,8 11,9 0,0 0,0 1,2 10,9 2,2
Coordenadores de instrução 25-9031 151,1 161,6 0,1 0,1 10,5 7,0 25,1
Assistentes de professores 25-9041 1.234,1 1.312,8 0,8 0,8 78,6 6,4 374,5
Outras ocupações de bibliotecários, curadores e arquivistas 25-9099 124,0 133,1 0,1 0,1 9,1 7,4 21,1
Ocupações em artes, design, entretenimento, esportes e media 27-0000 2.624,2 2.731,7 1,7 1,7 107,5 4,1 771,9
Trabalhadores em arte e design 27-1000 773,1 789,7 0,5 0,5 16,7 2,2 192,9
Artistas e profissionais correlatos 27-1010 189,3 195,9 0,1 0,1 6,6 3,5 42,0
Diretores de arte 27-1011 74,6 76,4 0,0 0,0 1,8 2,4 15,8
Artesãos 27-1012 10,6 10,6 0,0 0,0 0,1 0,6 2,0
Artistas plásticos, inclusive pintores, escultores e ilustradores 27-1013 26,3 27,1 0,0 0,0 0,8 3,1 5,7
Artistas de multimídia e animadores 27-1014 64,4 68,3 0,0 0,0 3,9 6,0 15,9
Outras atividades artísticas 27-1019 13,4 13,5 0,0 0,0 0,1 0,4 2,6
Designers 27-1020 583,8 593,9 0,4 0,4 10,0 1,7 150,9
Designers comerciais e industriais 27-1021 38,4 39,2 0,0 0,0 0,8 2,0 9,9
Designers de moda 27-1022 23,1 23,8 0,0 0,0 0,7 2,9 6,2
Designers florais 27-1023 58,7 56,7 0,0 0,0 -2,0 -3,4 14,0
Designers gráficos 27-1024 261,6 265,2 0,2 0,2 3,6 1,4 65,8
Designers de interior 27-1025 58,9 61,1 0,0 0,0 2,2 3,8 16,2
Vitrinistas e profissionais de merchandising 27-1026 120,8 124,1 0,1 0,1 3,3 2,8 32,1
Designers de cenários e estandes para exposições e feiras 27-1027 13,3 14,2 0,0 0,0 0,9 6,8 4,1
Outros designers 27-1029 8,9 9,5 0,0 0,0 0,6 6,2 2,7
Atores e performers, atletas e correlatos 27-2000 781,7 827,7 0,5 0,5 46,0 5,9 298,7
Atores, produtores e diretores 27-2010 192,1 209,8 0,1 0,1 17,7 9,2 84,5
Atores 27-2011 69,4 76,1 0,0 0,0 6,6 9,6 34,0
Produtores e diretores 27-2012 122,6 133,8 0,1 0,1 11,1 9,1 50,5
Atletas, técnicos. Árbitros e pessoal relacionado 27-2020 284,1 300,6 0,2 0,2 16,5 5,8 112,4
Atletas profissionais 27-2021 13,7 14,5 0,0 0,0 0,8 5,6 5,4
Técnicos e observadores 27-2022 250,6 265,4 0,2 0,2 14,8 5,9 99,4
Árbitros, juízes e outros profissionais esportivos 27-2023 19,8 20,7 0,0 0,0 1,0 4,8 7,6
Dançarinos e coreográficos 27-2030 20,1 21,1 0,0 0,0 1,1 5,3 7,5
Dançarinos 27-2031 13,0 13,6 0,0 0,0 0,6 4,8 4,8
Coreógrafos 27-2032 7,1 7,5 0,0 0,0 0,4 6,3 2,7
Músicos, cantores e profissionais correlacionados 27-2040 255,4 264,0 0,2 0,2 8,6 3,4 82,7
Diretores musicais e compositores 27-2041 82,1 84,7 0,1 0,1 2,6 3,2 26,4
Músicos e cantores 27-2042 173,3 179,3 0,1 0,1 6,0 3,5 56,3
Artistas, apresentadores e narradores de esportes 27-2099 30,0 32,1 0,0 0,0 2,1 6,8 11,5
Apresentadores e comunicadores 27-3000 747,9 775,3 0,5 0,5 27,4 3,7 198,2
Apresentadores 27-3010 52,5 46,7 0,0 0,0 -5,8 -11,0 15,5
Apresentadores de rádio e televisão 27-3011 42,3 36,3 0,0 0,0 -6,1 -14,3 12,2
Locutores de comunicação local e outros locutores 27-3012 10,2 10,5 0,0 0,0 0,3 2,9 3,2
Analistas de notícias, repórteres e correspondentes 27-3020 54,4 49,6 0,0 0,0 -4,8 -8,9 17,5
Analistas de rádio e TV 27-3021 5,1 4,5 0,0 0,0 -0,6 -12,6 1,6
Repórteres e correspondentes 27-3022 49,3 45,1 0,0 0,0 -4,2 -8,5 15,9
Especialistas em relações públicas 27-3031 240,7 255,6 0,2 0,2 14,9 6,2 43,6
Escritores e editores 27-3040 305,8 308,0 0,2 0,2 2,2 0,7 85,7
Editores 27-3041 117,2 111,0 0,1 0,1 -6,2 -5,3 42,5
Redatores técnicos 27-3042 52,0 57,3 0,0 0,0 5,3 10,2 17,2
Escritores e autores 27-3043 136,5 139,7 0,1 0,1 3,1 2,3 26,1
Diversos profissionais de media e comunicação 27-3090 94,5 115,4 0,1 0,1 21,0 22,2 36,0
Intérpretes e tradutores 27-3091 61,0 78,5 0,0 0,0 17,5 28,7 27,2
Outros profissionais de mídia e comunicação 27-3099 33,5 37,0 0,0 0,0 3,5 10,3 8,8
Trabalhadores em equipamentos de mídia e comunicação 27-4000 321,6 338,9 0,2 0,2 17,4 5,4 82,0
Técnicos de transmissores, engenharia de som e rádio operadores 27-4010 118,4 126,1 0,1 0,1 7,7 6,5 32,2
Técnicos em áudio e vídeo 27-4011 70,9 79,4 0,0 0,0 8,4 11,9 21,9
Técnicos e transmissores 27-4012 30,1 28,2 0,0 0,0 -2,0 -6,5 5,7
Operadores de rádio 27-4013 1,2 1,2 0,0 0,0 0,0 -0,6 0,2
Técnicos em engenharia de som 27-4014 16,1 17,4 0,0 0,0 1,2 7,6 4,3
Fotógrafos 27-4021 124,9 128,8 0,1 0,1 3,9 3,1 34,5
Editores e operadores de câmaras de televisão, vídeo e cinema 27-4030 58,9 65,3 0,0 0,0 6,4 10,8 11,7
Operadores de câmeras, televisão, vídeo e cinema 27-4031 25,4 25,9 0,0 0,0 0,5 2,0 2,8
Editores de cinema e vídeo 27-4032 33,5 39,4 0,0 0,0 5,9 17,6 8,9
Operadores de equipamentos de media e comunicação 27-4099 19,4 18,7 0,0 0,0 -0,6 -3,3 3,7
Profissionais de Saúde e de áreas correlatas 29-0000 8.236,5 9.584,6 5,5 6,0 1.348,1 16,4 3.161,6
Profissionais de diagnóstico e tratamento de pacientes 29-1000 5.132,4 5.994,7 3,4 3,7 862,3 16,8 2.073,4
Quiropráticos 29-1011 45,2 53,1 0,0 0,0 7,9 17,5 16,0
Dentistas 29-1020 151,5 178,2 0,1 0,1 26,7 17,6 57,6
Dentistas e cirurgiões dentistas 29-1021 129,0 152,3 0,1 0,1 23,3 18,0 49,6
Cirurgiões orais e maxilofaciais 29-1022 6,8 8,0 0,0 0,0 1,2 17,9 2,6
Ortodontistas 29-1023 8,2 9,7 0,0 0,0 1,5 18,3 3,2
Protéticos 29-1024 0,8 1,0 0,0 0,0 0,1 17,8 0,3
Outras especialidades da odontologia 29-1029 6,7 7,3 0,0 0,0 0,6 8,5 1,9
Nutricionistas e dietistas 29-1031 66,7 77,6 0,0 0,0 11,0 16,4 16,0
Optometristas 29-1041 40,6 51,6 0,0 0,0 11,0 27,0 25,5
Farmacêuticos 29-1051 297,1 306,2 0,2 0,2 9,1 3,1 78,4
Médicos e Cirurgiões 29-1060 708,3 807,6 0,5 0,5 99,3 14,0 290,0
Anestesistas 29-1061 33,7 40,8 0,0 0,0 7,1 21,0 16,1
Médicos de família e clínicos gerais 29-1062 139,8 154,1 0,1 0,1 14,3 10,2 51,9
Médicos Internistas 29-1063 54,3 59,4 0,0 0,0 5,1 9,4 19,7
Ginecologistas e obstetras 29-1064 24,4 28,7 0,0 0,0 4,3 17,6 10,8
Pediatras 29-1065 34,8 38,4 0,0 0,0 3,6 10,3 12,9
Psiquiatras 29-1066 28,2 32,4 0,0 0,0 4,2 14,9 11,8
Cirurgiões 29-1067 46,0 55,1 0,0 0,0 9,1 19,8 21,5
Demais especialidades médicas 29-1069 347,2 398,8 0,2 0,2 51,7 14,9 145,1
Profissionais de saúde 29-1071 94,4 123,2 0,1 0,1 28,7 30,4 50,0
Podólogos 29-1081 9,6 11,0 0,0 0,0 1,4 14,1 3,3
Terapeutas 29-1120 655,9 813,8 0,4 0,5 157,9 24,1 311,2
Terapeutas ocupacionais 29-1122 114,6 145,1 0,1 0,1 30,4 26,5 52,6
Fisioterapeutas 29-1123 210,9 282,7 0,1 0,2 71,8 34,0 128,3
Terapeutas de radiação 29-1124 16,6 18,9 0,0 0,0 2,3 14,0 6,2
Terapeutas recreacionais 29-1125 18,6 20,9 0,0 0,0 2,2 12,0 6,6
Terapeutas respiratórios 29-1126 120,7 135,5 0,1 0,1 14,9 12,3 43,3
Fonoaudiólogos 29-1127 135,4 164,3 0,1 0,1 28,9 21,3 63,1
Fisiologistas 29-1128 14,5 16,0 0,0 0,0 1,5 10,6 3,0
Outros terapeutas 29-1129 24,7 30,5 0,0 0,0 5,8 23,6 8,3
Veterinários 29-1131 78,3 85,2 0,1 0,1 6,9 8,9 19,0
Enfermeiros/as – nível superior 29-1141 2.751,0 3.190,3 1,8 2,0 439,3 16,0 1.088,4
Enfermeiros/as de anestesia 29-1151 38,2 45,6 0,0 0,0 7,4 19,3 16,4
Enfermeiras obstetras 29-1161 5,3 6,6 0,0 0,0 1,3 24,6 2,5
Profissionais de enfermagem em estabelecimentos de saúde 29-1171 126,9 171,7 0,1 0,1 44,7 35,2 74,7
Audiologistas 29-1181 13,2 16,9 0,0 0,0 3,8 28,6 6,8
Cuidadores e outros profissionais de enfermagem 29-1199 50,1 56,1 0,0 0,0 6,0 12,0 17,7
Tecnólogos e técnicos em saúde 29-2000 2.946,6 3.416,1 2,0 2,1 469,5 15,9 1.040,4
Técnicos e tecnólogos de laboratórios clínicos e centros diagnósticos 29-2010 328,2 380,3 0,2 0,2 52,1 15,9 130,5
Técnicos e tecnólogos de laboratórios clínicos 29-2011 164,8 187,9 0,1 0,1 23,1 14,0 62,5
Técnicos de laboratórios de patologia e especilidades médicas 29-2012 163,4 192,4 0,1 0,1 29,0 17,8 68,1
Higienistas dentais 29-2021 200,5 237,9 0,1 0,1 37,4 18,6 70,3
Técnicos e tecnólogos de especialidades diagnósticas 29-2030 363,9 412,4 0,2 0,3 48,5 13,3 117,3
Técnicos e tecnólogos cardiovasculares 29-2031 52,0 63,5 0,0 0,0 11,5 22,2 21,4
Técnicos de ultrassom 29-2032 60,7 76,7 0,0 0,0 16,0 26,4 27,5
Técnicos de medicina nuclear 29-2033 20,7 21,0 0,0 0,0 0,3 1,5 4,2
Técnicos em radiologia 29-2034 197,0 214,2 0,1 0,1 17,2 8,7 54,4
Técnicos em ressonância magnética 29-2035 33,6 37,1 0,0 0,0 3,5 10,3 9,8
Paramédicos e socorristas 29-2041 241,2 299,6 0,2 0,2 58,5 24,2 98,0
Profissionais de especialidades de suporte na área de saúde 29-2050 712,8 794,7 0,5 0,5 81,8 11,5 154,5
Nutricionistas 29-2051 29,3 33,2 0,0 0,0 3,9 13,3 6,8
Farmacêuticos 29-2052 372,5 407,2 0,2 0,3 34,7 9,3 71,6
Técnicos em psiquiatria 29-2053 67,9 71,4 0,0 0,0 3,5 5,2 10,2
Fisioterapeutas respiratórios 29-2054 10,7 8,7 0,0 0,0 -2,1 -19,2 1,1
Técnicos em instrumentação cirúrgica 29-2055 99,8 114,5 0,1 0,1 14,7 14,8 24,6
Técnicos e tecnólogos no campo veterinário 29-2056 95,6 113,6 0,1 0,1 17,9 18,7 27,4
Técnicos em oftalmologia 29-2057 37,0 46,1 0,0 0,0 9,1 24,7 12,8
Técnicos e auxiliares de enfermagem 29-2061 719,9 837,2 0,5 0,5 117,3 16,3 322,2
Técnicos de informações médicas 29-2071 188,6 217,6 0,1 0,1 29,0 15,4 71,2
Óticos 29-2081 75,2 93,0 0,0 0,1 17,8 23,7 37,9
Diversas especialidades em tecnólogos e técnicos do campo da saúde 29-2090 116,4 143,5 0,1 0,1 27,1 23,3 38,6
Ortesistas e protesistas 29-2091 8,3 10,1 0,0 0,0 1,9 22,6 2,7
Audiofonologistas 29-2092 5,9 7,5 0,0 0,0 1,6 27,2 2,2
Demais técnicos e profissionais das áreas de saúde 29-2099 102,2 125,9 0,1 0,1 23,6 23,1 33,8
Outros profissionais ligados a fisicultura, ao treinamento e ao condicionamento 29-9000 157,4 173,8 0,1 0,1 16,3 10,4 47,8
Profissionais e especialistas em segurança ocupacional 29-9010 85,5 89,6 0,1 0,1 4,2 4,9 21,3
Especialistas em segurança ocupacional 29-9011 70,3 73,1 0,0 0,0 2,8 4,0 16,9
Técnicos em segurança ocupacional 29-9012 15,1 16,5 0,0 0,0 1,4 9,1 4,4
Profissionais de outras áreas do campo da saúde e do condicionamento 29-9090 72,0 84,1 0,0 0,1 12,1 16,9 26,5
Treinadores de atletas 29-9091 25,4 30,8 0,0 0,0 5,4 21,1 10,4
Conselheiros genéticos 29-9092 2,4 3,1 0,0 0,0 0,7 28,8 1,2
Outras ocupações ligadas ao campo da saúde 29-9099 44,2 50,3 0,0 0,0 6,1 13,8 14,9
Profissionais de suporte à terapias e tratamentos 31-0000 4.238,0 5.212,2 2,8 3,3 974,2 23,0 1.907,6
Enfermeiras e profissionais de homecare 31-1000 2.536,0 3.156,3 1,7 2,0 620,3 24,5 1.193,1
Auxiliares de homecare 31-1011 913,5 1.261,9 0,6 0,8 348,4 38,1 554,8
Auxiliares de psiquiatria 31-1013 77,3 81,4 0,1 0,1 4,1 5,3 21,6
Enfermeiras assistentes 31-1014 1.492,1 1.754,1 1,0 1,1 262,0 17,6 599,0
Cuidadores de idosos 31-1015 53,0 58,8 0,0 0,0 5,8 10,9 17,8
Assistentes e auxiliares de terapia ocupacional e fisioterapia 31-2000 170,6 238,8 0,1 0,1 68,2 40,0 117,6
Assistentes e auxiliares de terapia ocupacional e fisioterapia 31-2010 41,9 58,7 0,0 0,0 16,8 40,1 28,9
Assistentes de terapia ocupacional 31-2011 33,0 47,1 0,0 0,0 14,1 42,7 23,6
Auxiliares de terapia ocupacional 31-2012 8,8 11,6 0,0 0,0 2,7 30,6 5,3
Assistentes e auxiliares de fisioterapia 31-2020 128,7 180,2 0,1 0,1 51,4 39,9 88,7
Assistentes de fisioterapia 31-2021 78,7 110,7 0,1 0,1 31,9 40,6 54,7
Auxiliares de fisioterapia 31-2022 50,0 69,5 0,0 0,0 19,5 39,0 34,0
Outras ocupações de apoio a saúde 31-9000 1.531,4 1.817,1 1,0 1,1 285,7 18,7 596,9
Massagistas 31-9011 168,8 205,2 0,1 0,1 36,5 21,6 49,0
Outras ocupações de auxilio e apoio à saúde 31-9090 1.362,6 1.611,8 0,9 1,0 249,3 18,3 547,9
Assistentes de odontologia 31-9091 318,8 377,4 0,2 0,2 58,6 18,4 137,5
Assistentes médicos 31-9092 591,3 730,2 0,4 0,5 138,9 23,5 262,1
Instrumentadores 31-9093 52,0 59,3 0,0 0,0 7,3 14,0 18,1
Transcritores médicos (Transcrevem gravações orais em prontuários) 31-9094 70,0 67,8 0,0 0,0 -2,2 -3,1 14,6
Ajudantes de farmácia 31-9095 41,5 41,6 0,0 0,0 0,1 0,3 8,8
Ajudantes de veterinária e de cuidados com animais de laboratório 31-9096 73,4 80,0 0,0 0,0 6,6 9,0 21,9
Técnicos de coleta de amostras de sangue e materiais humanos 31-9097 112,7 140,8 0,1 0,1 28,1 24,9 51,6
Outros profissionais de apoio a laboratórios e atividades clínicas 31-9099 102,7 114,7 0,1 0,1 12,0 11,7 33,4
Policiais e serviços de vigilância 33-0000 3.443,8 3.597,7 2,3 2,2 153,9 4,5 972,5
Supervisores de atividades policiais e de vigilância 33-1000 288,0 300,5 0,2 0,2 12,5 4,3 112,4
Supervisores da linha de frente de equipes policiais 33-1010 155,7 161,7 0,1 0,1 6,0 3,9 58,3
Supervisores da linha de frente de agentes penitenciários 33-1011 47,6 49,1 0,0 0,0 1,5 3,1 15,3
Supervisores de linha de frente de investigadores e detetives 33-1012 108,1 112,7 0,1 0,1 4,5 4,2 43,0
Supervisores da linha de frente de bombeiros e defesa civil 33-1021 63,5 66,8 0,0 0,0 3,3 5,2 33,4
Outras funções de chefia e supervisão de defesa civil e prevenção 33-1099 68,7 71,9 0,0 0,0 3,2 4,6 20,7
Bombeiros, defesa civil e prevenção 33-2000 341,4 359,7 0,2 0,2 18,3 5,4 117,3
Bombeiros 33-2011 327,3 344,7 0,2 0,2 17,4 5,3 112,3
Inspetores de bombeiros e especialistas de prevenção 33-2020 14,1 15,0 0,0 0,0 0,9 6,4 5,0
Inspetores de bombeiros e investigadores de incêndios 33-2021 12,4 13,1 0,0 0,0 0,7 5,5 4,3
Bombeiros florestais 33-2022 1,7 2,0 0,0 0,0 0,2 13,1 0,7
Oficiais de justiça, escrivães 33-3000 1.290,6 1.339,7 0,9 0,8 49,1 3,8 441,3
Oficiais de justiça, agentes penitenciários e carcereiros 33-3010 474,8 492,8 0,3 0,3 17,9 3,8 148,5
Oficiais de justiça 33-3011 17,3 18,1 0,0 0,0 0,8 4,7 5,6
Agentes penitenciários e carcereiros 33-3012 457,6 474,7 0,3 0,3 17,1 3,7 143,0
Detetives e investigadores criminais 33-3021 116,7 115,3 0,1 0,1 -1,4 -1,2 28,3
Guardas florestais e fiscais ambientais 33-3031 6,2 6,3 0,0 0,0 0,1 1,9 2,0
Agentes de estacionamento 33-3041 9,4 7,4 0,0 0,0 -2,0 -20,8 2,8
Delegados e Policiais 33-3050 683,5 717,9 0,5 0,4 34,4 5,0 259,7
Policiais de patrulhamento 33-3051 680,0 714,2 0,5 0,4 34,2 5,0 258,4
Policiais rodoviários 33-3052 3,6 3,7 0,0 0,0 0,1 3,5 1,3
Outros profissionais de segurança 33-9000 1.523,8 1.597,9 1,0 1,0 74,1 4,9 301,4
Agentes de controle de animais 33-9011 15,0 15,9 0,0 0,0 0,9 5,8 4,3
Detetives e investigadores particulares 33-9021 34,9 36,7 0,0 0,0 1,8 5,2 11,0
Vigilantes e guardas de segurança 33-9030 1.102,5 1.157,5 0,7 0,7 55,0 5,0 210,6
Guardas de segurança 33-9031 7,0 6,6 0,0 0,0 -0,5 -7,0 1,0
Vigilantes 33-9032 1.095,4 1.150,9 0,7 0,7 55,5 5,1 209,6
Diversos serviços de guarda e proteção pessoal 33-9090 371,5 387,9 0,2 0,2 16,4 4,4 75,5
Guardas de trânsito 33-9091 69,8 74,2 0,0 0,0 4,5 6,4 17,0
Salva vidas e guardas civis 33-9092 141,3 150,8 0,1 0,1 9,5 6,7 29,4
Agentes de segurança de portos e aeroportos 33-9093 46,6 42,4 0,0 0,0 -4,2 -9,0 6,6
Demais atividades ligadas a segurança pessoal 33-9099 113,8 120,4 0,1 0,1 6,6 5,8 22,6
Processadores de alimentos, cozinheiros e pessoal de restaurantes 35-0000 12.467,6 13.280,4 8,3 8,3 812,9 6,5 5.549,0
Supervisores do preparo de alimentos e serviços de refeitório 35-1000 1.017,6 1.117,4 0,7 0,7 99,8 9,8 383,3
Chefs e chefes de cozinha 35-1011 127,5 138,8 0,1 0,1 11,3 8,9 30,4
Supervisores do preparo de alimentos e dos refeitórios 35-1012 890,1 978,6 0,6 0,6 88,5 9,9 352,9
Profissionais de cozinha e do preparo de alimentos 35-2000 3.164,7 3.316,6 2,1 2,1 151,8 4,8 1.091,1
Cozinheiros 35-2010 2.290,8 2.387,8 1,5 1,5 97,0 4,2 792,8
Cozinheiros de fast food 35-2011 524,4 444,0 0,3 0,3 -80,4 -15,3 138,7
Cozinheiros de cafeterias e instituições 35-2012 417,6 443,9 0,3 0,3 26,3 6,3 136,8
Cozinheiros domésticos 35-2013 35,9 36,2 0,0 0,0 0,2 0,6 9,7
Cozinheiros de restaurantes 35-2014 1.109,7 1.268,7 0,7 0,8 158,9 14,3 452,5
Cozinheiros de refeições rápidas 35-2015 181,6 172,3 0,1 0,1 -9,3 -5,1 48,0
Outros tipos de cozinheiros 35-2019 21,5 22,8 0,0 0,0 1,3 6,0 7,0
Trabalhadores do preparo de alimentos 35-2021 873,9 928,8 0,6 0,6 54,8 6,3 298,3
Profissionais do serviço de alimentos e bebidas 35-3000 6.940,0 7.475,1 4,6 4,7 535,1 7,7 3.312,1
Atendentes de bar 35-3011 580,9 640,9 0,4 0,4 60,1 10,3 278,3
Atendentes de restaurantes de fast food 35-3020 3.640,9 4.013,2 2,4 2,5 372,3 10,2 1.682,7
Atendentes balcão e preparo de refeições rápidas 35-3021 3.159,7 3.503,2 2,1 2,2 343,5 10,9 1.364,6
Atendentes de balcão em bares, cafeterias e restaurantes fast food 35-3022 481,2 510,0 0,3 0,3 28,9 6,0 318,1
Garçons e garçonetes 35-3031 2.465,1 2.534,0 1,6 1,6 68,9 2,8 1.255,0
Atendentes de serviços alternativos de alimentação 35-3041 253,1 287,0 0,2 0,2 33,8 13,4 96,0
Outros trabalhadores ligados à preparação e distribuição de alimentos 35-9000 1.345,3 1.371,4 0,9 0,9 26,1 1,9 762,6
Atendentes e ajudantes de atendimento em Restaurantes e cafeterias 35-9011 415,3 440,7 0,3 0,3 25,4 6,1 233,0
Lavadores de pratos 35-9021 507,4 487,9 0,3 0,3 -19,5 -3,9 219,3
Recepcionistas de restaurantes, cafés e salões 35-9031 376,4 393,2 0,3 0,2 16,7 4,4 283,8
Outros trabalhadores do serviços de preparação de alimentos 35-9099 46,1 49,6 0,0 0,0 3,5 7,7 26,6
Serviços de limpeza, arrumação, jardinagem e manutenção predial 37-0000 5.617,2 5.967,0 3,7 3,7 349,8 6,2 1.489,2
Supervisores de manutenção e limpeza predial 37-1000 425,9 450,2 0,3 0,3 24,3 5,7 93,1
Supervisores de serviços de higienização e zeladoria predial 37-1011 247,9 262,8 0,2 0,2 14,9 6,0 54,0
Supervisores de serviços de corte de grama, jardinagem e paisagismo 37-1012 178,0 187,4 0,1 0,1 9,4 5,3 39,0
Trabalhadores de limpeza predial e controle de vetores e pragas 37-2000 3.909,2 4.157,2 2,6 2,6 247,9 6,3 1.087,3
Trabalhadores de limpeza predial 37-2010 3.835,1 4.084,0 2,5 2,5 248,8 6,5 1.068,7
Faxineiros e arrumadores 37-2011 2.360,6 2.496,9 1,6 1,6 136,3 5,8 605,2
Empregados e faxineiros domésticos 37-2012 1.457,7 1.569,4 1,0 1,0 111,7 7,7 459,4
Outros trabalhadores da conservação e limpeza predial 37-2019 16,9 17,7 0,0 0,0 0,8 4,8 4,2
Trabalhadores do controle de vetores e pragas 37-2021 74,1 73,2 0,0 0,0 -0,9 -1,2 18,6
Trabalhadores de manutenção de áreas prediais 37-3000 1.282,0 1.359,6 0,9 0,8 77,6 6,1 308,8
Trabalhadores de paisagismo e jardinagem 37-3011 1.167,8 1.239,6 0,8 0,8 71,7 6,1 282,3
Aplicadores de pesticidas 37-3012 36,4 37,8 0,0 0,0 1,4 3,8 7,9
Aparadores de árvores e jardins 37-3013 53,2 56,2 0,0 0,0 3,0 5,6 12,6
Outros trabalhadores de manutenção de áreas externas 37-3019 24,5 26,1 0,0 0,0 1,6 6,4 6,0
Ocupações de cuidados pessoais 39-0000 6.006,1 6.798,2 4,0 4,2 792,1 13,2 2.065,8
Supervisores de cuidados pessoais 39-1000 290,7 318,7 0,2 0,2 27,9 9,6 88,1
Supervisores de trabalhadores de salas de jogos 39-1010 34,9 34,9 0,0 0,0 0,0 -0,1 11,7
Supervisores de jogos 39-1011 27,8 28,0 0,0 0,0 0,2 0,7 9,4
Supervisores de caça-níqueis 39-1012 7,1 6,9 0,0 0,0 -0,2 -3,2 2,4
Supervisores de serviços pessoais 39-1021 255,8 283,8 0,2 0,2 28,0 10,9 76,4
Cuidados com animais 39-2000 241,6 267,3 0,2 0,2 25,7 10,6 81,3
Treinadores de animais 39-2011 36,8 40,9 0,0 0,0 4,1 11,1 17,4
Cuidadores de animais 39-2021 204,8 226,4 0,1 0,1 21,6 10,6 63,8
Atendentes de eventos e atividades relacionadas 39-3000 543,9 576,4 0,4 0,4 32,5 6,0 271,4
Trabalhadores em eventos esportivos 39-3010 93,1 94,2 0,1 0,1 1,0 1,1 26,0
Promotores esportivos 39-3011 68,5 68,9 0,0 0,0 0,4 0,6 18,8
Agentes de apostas e jogos 39-3012 11,5 11,9 0,0 0,0 0,4 3,4 3,5
Outras atividades ligadas à apostas e jogos 39-3019 13,2 13,4 0,0 0,0 0,2 1,6 3,7
Maquinistas de cinema e vídeo 39-3021 6,7 5,5 0,0 0,0 -1,2 -18,2 2,7
Lanterninhas, atendentes de salão e bilheteiros de cinema 39-3031 113,9 120,0 0,1 0,1 6,1 5,3 77,9
Diversos profissionais de eventos esportivos, entretenimento, teatro e cinema 39-3090 330,2 356,8 0,2 0,2 26,6 8,1 164,9
Atendentes de eventos 39-3091 288,6 310,9 0,2 0,2 22,3 7,7 143,2
Arrumadores 39-3092 6,2 6,7 0,0 0,0 0,5 8,8 3,1
Contraregras, sonoplastas e apoio à produção 39-3093 18,6 19,4 0,0 0,0 0,9 4,7 8,6
Outros profissionais ligados ao entretenimento 39-3099 16,9 19,8 0,0 0,0 2,9 17,1 10,0
Profissionais de serviços funerários 39-4000 71,0 72,4 0,0 0,0 1,4 2,0 17,7
Embalsamadores 39-4011 3,8 3,6 0,0 0,0 -0,2 -6,1 0,8
Arrumadores de funerais 39-4021 36,1 35,7 0,0 0,0 -0,4 -1,2 7,9
Agente funerário e organizadores de funerais 39-4031 31,1 33,2 0,0 0,0 2,1 6,7 8,9
Profissionais de aparência pessoal 39-5000 852,3 938,2 0,6 0,6 85,9 10,1 265,9
Barbeiros, cabeleireiros e maquiadores 39-5010 656,4 720,7 0,4 0,4 64,4 9,8 229,1
Barbeiros 39-5011 59,2 65,1 0,0 0,0 6,0 10,1 17,0
Cabeleireiros e maquiadores 39-5012 597,2 655,6 0,4 0,4 58,4 9,8 212,1
Outros profissionais de aparência pessoal 39-5090 195,9 217,4 0,1 0,1 21,5 11,0 36,8
Maquiadores de artistas de teatro e cinema 39-5091 3,6 4,3 0,0 0,0 0,7 19,2 1,0
Manicures e pedicures 39-5092 113,6 125,3 0,1 0,1 11,7 10,3 20,6
Cabeleireiros 39-5093 23,8 26,2 0,0 0,0 2,5 10,3 4,3
Profissionais de Cuidados com a pele 39-5094 55,0 61,6 0,0 0,0 6,6 12,1 10,9
Porteiros, carregadores de bagagem e recepcionistas 39-6000 74,8 81,5 0,0 0,1 6,8 9,0 21,9
Carregadores de bagagem e recepcionistas 39-6011 43,6 47,1 0,0 0,0 3,5 8,0 12,4
Porteiros 39-6012 31,2 34,4 0,0 0,0 3,3 10,4 9,6
Guias de viagem e turismo 39-7000 47,3 49,5 0,0 0,0 2,2 4,6 20,8
Guias turísticos e escorts 39-7011 43,5 45,7 0,0 0,0 2,2 5,1 19,3
Guias de viagem 39-7012 3,9 3,9 0,0 0,0 0,0 0,0 1,5
Outros profissionais de serviços pessoais 39-9000 3.884,4 4.494,1 2,6 2,8 609,7 15,7 1.298,7
Cuidadores de crianças 39-9011 1.260,6 1.329,9 0,8 0,8 69,3 5,5 441,3
Auxiliares de cuidados pessoais 39-9021 1.768,4 2.226,5 1,2 1,4 458,1 25,9 601,1
Profissionais de recreação e fitness 39-9030 658,4 720,8 0,4 0,4 62,3 9,5 183,7
Treinadores de fitness e exercícios aeróbicos 39-9031 279,1 302,5 0,2 0,2 23,4 8,4 74,9
Recreacionistas 39-9032 379,3 418,3 0,3 0,3 38,9 10,3 108,9
Conselheiros residenciais 39-9041 103,7 117,9 0,1 0,1 14,1 13,6 45,7
Outros profissionais em cuidados pessoais 39-9099 93,2 99,1 0,1 0,1 5,9 6,3 26,9
Ocupações de vendas e atividades correlatas 41-0000 15.423,1 16.201,1 10,2 10,1 778,0 5,0 5.357,8
Supervisoress de vendas 41-1000 1.968,5 2.056,4 1,3 1,3 87,9 4,5 481,2
Supervisores de vendas de varejo 41-1011 1.537,8 1.605,4 1,0 1,0 67,6 4,4 411,3
Supervisores de vendas de atacado 41-1012 430,7 451,0 0,3 0,3 20,3 4,7 69,9
Vendedores de varejo 41-2000 8.739,3 9.152,1 5,8 5,7 412,8 4,7 3.641,4
Caixas 41-2010 3.437,5 3.503,0 2,3 2,2 65,5 1,9 1.529,5
Caixas 41-2011 3.424,2 3.491,1 2,3 2,2 67,0 2,0 1.523,8
Apoiador de atividades do caixa 41-2012 13,3 11,9 0,0 0,0 -1,4 -10,9 5,7
Balconistas, atendentes e secretárias de serviços de locação 41-2020 676,9 710,0 0,4 0,4 33,1 4,9 194,6
Balconistas e atendentes de serviços de locação 41-2021 442,1 458,5 0,3 0,3 16,3 3,7 125,8
Vendedores de componentes 41-2022 234,7 251,5 0,2 0,2 16,8 7,2 68,9
Vendedores de varejo 41-2031 4.624,9 4.939,1 3,1 3,1 314,2 6,8 1.917,2
Representantes de vendas 41-3000 1.903,1 2.036,5 1,3 1,3 133,4 7,0 570,9
Vendedores de publicidade 41-3011 167,9 163,4 0,1 0,1 -4,5 -2,7 49,8
Vendedores de seguros 41-3021 466,1 509,5 0,3 0,3 43,5 9,3 165,8
Agentes de investimentos e corretores de mercadorias 41-3031 341,5 374,0 0,2 0,2 32,5 9,5 91,4
Agentes de viagem 41-3041 74,1 65,4 0,0 0,0 -8,7 -11,7 11,5
Outros representantes de vendas e vendedores de serviços 41-3099 853,5 924,1 0,6 0,6 70,6 8,3 252,4
Vendedores de fabricantes e atacadistas 41-4000 1.800,9 1.918,2 1,2 1,2 117,2 6,5 487,7
Vendedores de atacadistas e fabricantes de produtos técnicos e científicos 41-4011 347,8 371,7 0,2 0,2 23,8 6,9 95,4
Vendedores de atacadistas e fabricantes, exceto produtos técnicos 41-4012 1.453,1 1.546,5 1,0 1,0 93,4 6,4 392,3
Demais vendedores e atividades correlatas 41-9000 1.011,2 1.037,9 0,7 0,6 26,7 2,6 176,7
Modelos, demonstradores e promotores de produtos 41-9010 98,9 107,1 0,1 0,1 8,2 8,3 37,5
Demonstradores e promotores de produtostors and product promoters 41-9011 93,0 101,3 0,1 0,1 8,2 8,9 35,8
Modelos 41-9012 5,8 5,8 0,0 0,0 0,0 -0,2 1,7
Corretores de imóveis e vendedores de propriedades imobiliárias 41-9020 421,3 432,1 0,3 0,3 10,9 2,6 40,3
Corretores de imóveis 41-9021 83,9 85,4 0,1 0,1 1,5 1,8 7,3
Vendedores de propriedades imobiliárias 41-9022 337,4 346,8 0,2 0,2 9,4 2,8 33,0
Engenheiros de vendas 41-9031 69,9 74,9 0,0 0,0 4,9 7,0 23,0
Vendedores em Telemarketing 41-9041 237,9 230,8 0,2 0,1 -7,2 -3,0 43,9
Diversos vendedores e congêneres 41-9090 183,2 193,1 0,1 0,1 9,9 5,4 31,9
Vendedores porta-a-porta, jornaleiros, vendedores de rua e correlacionados 41-9091 80,2 79,1 0,1 0,0 -1,1 -1,4 6,6
Demais profissionais de vendas e similares 41-9099 103,0 114,0 0,1 0,1 11,0 10,7 25,4
Atividades de apoio administrativas e de escritório 43-0000 22.766,1 23.232,6 15,1 14,5 466,5 2,0 5.657,1
Supervisores de escritório e de pessoal de apoio administrativo 43-1000 1.466,1 1.587,3 1,0 1,0 121,2 8,3 342,7
Supervisores de escritório e de pessoal de apoio administrativo 43-1011 1.466,1 1.587,3 1,0 1,0 121,2 8,3 342,7
Operadores de equipamentos de comunicação 43-2000 128,8 86,4 0,1 0,1 -42,4 -32,9 17,3
Operadores de centrais telefônicas, inclusive de secretárias eletrônicas 43-2011 112,4 75,4 0,1 0,0 -37,0 -32,9 13,3
Telefonistas e Operadores de Telefone 43-2021 13,1 7,5 0,0 0,0 -5,5 -42,4 3,2
Demais operadores de equipamentos de comunicação 43-2099 3,3 3,5 0,0 0,0 0,2 5,6 0,8
Funcionários da área financeira 43-3000 3.440,4 3.290,7 2,3 2,1 -149,7 -4,4 723,7
Cobradores 43-3011 350,4 330,9 0,2 0,2 -19,6 -5,6 85,6
Caixas 43-3021 514,6 581,1 0,3 0,4 66,5 12,9 174,1
Guarda livros, contadores e auditores 43-3031 1.760,3 1.611,5 1,2 1,0 -148,7 -8,4 172,6
Caixas de loterias e apostas 43-3041 11,3 11,9 0,0 0,0 0,6 5,0 2,7
Funcionários encarregados de controle do ponto e folha de pagamento 43-3051 172,8 166,9 0,1 0,1 -5,9 -3,4 46,3
Compradores 43-3061 72,3 66,3 0,0 0,0 -6,0 -8,3 25,1
Recebedores e pagadores 43-3071 520,5 480,5 0,3 0,3 -40,0 -7,7 203,6
Demais funcionários das áreas financeiras 43-3099 38,1 41,6 0,0 0,0 3,4 9,0 13,7
Encarregados de registros e guarda de informações 43-4000 5.634,3 6.033,1 3,7 3,8 398,8 7,1 1.798,6
Funcionários de corretagem 43-4011 57,2 62,4 0,0 0,0 5,2 9,0 19,1
Encarregados de correspondência 43-4021 8,4 7,2 0,0 0,0 -1,2 -14,7 2,3
Serventuários da justiça, funcionários municipais e emissores de licenças 43-4031 140,8 147,1 0,1 0,1 6,3 4,5 14,8
Funcionários autorizadores e verificadores de crédito 43-4041 46,1 43,3 0,0 0,0 -2,8 -6,2 3,8
Representantes de serviços ao cliente 43-4051 2.581,8 2.834,8 1,7 1,8 252,9 9,8 888,7
Entrevistadores de elegibilidade para programas do governo 43-4061 129,9 132,0 0,1 0,1 2,1 1,6 16,3
Arquivistas 43-4071 159,0 150,1 0,1 0,1 -8,9 -5,6 32,0
Atendentes de hotéis 43-4081 243,2 265,1 0,2 0,2 21,9 9,0 147,7
Entrevistadores, exceto para programas de governo e empréstimos 43-4111 198,0 208,3 0,1 0,1 10,4 5,2 55,5
Assistentes de bibliotecas 43-4121 108,8 114,7 0,1 0,1 5,9 5,4 39,6
Entrevistadores para crédito e empréstimos 43-4131 213,8 232,3 0,1 0,1 18,5 8,6 51,3
Encarregados da abertura de novas contas 43-4141 52,9 48,6 0,0 0,0 -4,3 -8,2 12,9
Encarregados do recebimento de pedidos e ordens de compra 43-4151 195,9 194,3 0,1 0,1 -1,5 -0,8 53,1
Assistentes de recursos humanos, exceto folha de pagamentos 43-4161 140,6 134,8 0,1 0,1 -5,8 -4,1 15,9
Recepcionistas e atendentes de balcão de informações 43-4171 1.028,6 1.126,3 0,7 0,7 97,8 9,5 375,0
Atendentes encarregados de vender e marcar passagens e reservas 43-4181 140,8 138,8 0,1 0,1 -2,0 -1,4 17,7
Demais profissionais encarregados de prestar informações 43-4199 188,5 193,0 0,1 0,1 4,6 2,4 53,0
Trabalhadores de transportadoras e logísticas 43-5000 3.919,4 3.877,5 2,6 2,4 -41,9 -1,1 1.162,6
Agentes de fretes e cargas 43-5011 78,8 84,3 0,1 0,1 5,5 7,0 31,3
Couriers e mensageiros 43-5021 92,9 97,7 0,1 0,1 4,8 5,2 16,5
Despachantes operacionais e atendentes 43-5030 301,5 307,3 0,2 0,2 5,8 1,9 84,1
Atendentes da policia, bombeiros e ambulâncias 43-5031 102,0 99,0 0,1 0,1 -3,0 -2,9 25,5
Atendentes, exceto de polícia, bombeiros e ambulâncias 43-5032 199,5 208,2 0,1 0,1 8,8 4,4 58,6
Leitores de eletricidade, água, gás e similares 43-5041 37,4 30,6 0,0 0,0 -6,7 -18,0 6,7
Carteiros e entregadores de encomendas 43-5050 484,6 348,6 0,3 0,2 -136,0 -28,1 79,4
Funcionários dos correios 43-5051 69,6 51,3 0,0 0,0 -18,3 -26,2 8,4
Entregadores dos correios 43-5052 297,4 219,4 0,2 0,1 -78,1 -26,2 57,4
Separadores de correspondências e encomendas dos correios 43-5053 117,6 78,0 0,1 0,0 -39,7 -33,7 13,6
Funcionários de expedição 43-5061 304,6 310,9 0,2 0,2 6,3 2,1 88,9
Funcionários do envio, recebimentos e tráfego de mercadorias 43-5071 670,2 655,7 0,4 0,4 -14,5 -2,2 145,5
Repositores de mercadorias e estoquistas 43-5081 1.878,1 1.971,1 1,2 1,2 92,9 4,9 689,0
Separadores, mensuradores, conferentes e controladores 43-5111 71,3 71,2 0,0 0,0 -0,1 -0,1 21,1
Secretarias e assistentes de administração 43-6000 3.976,8 4.095,6 2,6 2,6 118,8 3,0 591,5
Secretárias executivas e assistentes de administração 43-6011 776,6 732,0 0,5 0,5 -44,6 -5,7 81,9
Secretárias legais 43-6012 215,5 206,7 0,1 0,1 -8,9 -4,1 22,7
Secretárias que atuam no setor de saúde 43-6013 527,6 635,8 0,4 0,4 108,2 20,5 163,8
Demais secretárias e assistentes administrativos, exceto legal e médica 43-6014 2.457,0 2.521,1 1,6 1,6 64,0 2,6 323,1
Outros funcionários de escritório e suporte administrativo 43-9000 4.200,3 4.262,0 2,8 2,7 61,6 1,5 1.020,6
Operadores de computador 43-9011 61,1 49,5 0,0 0,0 -11,6 -19,0 4,6
Digitadores de entrada de dados e processadores de informações 43-9020 307,5 285,4 0,2 0,2 -22,1 -7,2 30,7
Digitadores de entrada de dados 43-9021 216,8 208,9 0,1 0,1 -7,9 -3,7 27,6
Digitadores de texto 43-9022 90,7 76,5 0,1 0,0 -14,2 -15,7 3,1
Profissionais de editoração eletrônica 43-9031 14,8 11,7 0,0 0,0 -3,1 -21,0 4,0
Profissionais encarregados do recebimento de solicitações de seguro 43-9041 285,4 303,1 0,2 0,2 17,7 6,2 89,2
Operadores de maquinas de postagem, exceto funcionários dos correios 43-9051 104,9 85,1 0,1 0,1 -19,8 -18,8 21,4
Empregados de escritório em geral 43-9061 3.062,5 3.158,2 2,0 2,0 95,8 3,1 756,2
Operadores de equipamentos em escritórios, exceto computadores 43-9071 69,6 58,0 0,0 0,0 -11,5 -16,6 15,8
Revisores e xerocopistas 43-9081 13,6 13,3 0,0 0,0 -0,3 -2,4 2,6
Assistentes de estatística 43-9111 16,6 14,8 0,0 0,0 -1,8 -10,9 6,7
Demais empregados de escritório e de atividades administrativas 43-9199 264,5 282,9 0,2 0,2 18,4 7,0 89,5
Ocupações em agricultura, pesca e silvicultura 45-0000 972,1 914,9 0,6 0,6 -57,2 -5,9 253,1
Supervisores em agricultura, pesca e silvicultura 45-1000 47,1 43,3 0,0 0,0 -3,9 -8,2 11,5
Supervisores de linha de frente em agricultura, pesca e silvicultura 45-1011 47,1 43,3 0,0 0,0 -3,9 -8,2 11,5
Trabalhadores agrícolas 45-2000 828,9 777,1 0,6 0,5 -51,7 -6,2 218,0
Inspetores agrícolas 45-2011 14,2 14,1 0,0 0,0 -0,1 -0,6 3,6
Encarregados de animais 45-2021 7,0 6,9 0,0 0,0 -0,1 -1,6 1,9
Classificadores de produtos agrícolas 45-2041 53,0 48,9 0,0 0,0 -4,1 -7,8 8,5
Diversos trabalhadores agrícolas 45-2090 754,7 707,3 0,5 0,4 -47,4 -6,3 204,1
Operadores de equipamentos agrícolas 45-2091 57,8 60,9 0,0 0,0 3,1 5,4 18,5
Trabalhadores em colheita, estufas e mudas 45-2092 470,2 427,3 0,3 0,3 -42,9 -9,1 125,2
Trabalhadores em fazendas, sítios e fazendas de aquacultura 45-2093 216,1 209,1 0,1 0,1 -7,0 -3,2 57,5
Demais trabalhadores agrícolas 45-2099 10,6 10,0 0,0 0,0 -0,6 -5,7 2,8
Trabalhadores de caça e pesca 45-3000 28,4 28,2 0,0 0,0 -0,2 -0,7 7,0
Madeireiros e trabalhadores em conservação de florestas 45-4000 67,7 66,3 0,0 0,0 -1,4 -2,0 16,6
Trabalhadores em silvicultura e conservação de florestas 45-4011 14,0 14,6 0,0 0,0 0,6 4,2 3,9
Trabalhadores em silvicultura 45-4020 53,7 51,7 0,0 0,0 -2,0 -3,6 12,7
Lenhadores 45-4021 8,2 6,8 0,0 0,0 -1,4 -17,2 2,0
Registro dos operadores de equipamentos 45-4022 37,3 37,1 0,0 0,0 -0,1 -0,3 8,8
Operadores de niveladoras e medidores 45-4023 3,7 3,7 0,0 0,0 -0,1 -2,0 0,9
Demais atividades em corte de madeira 45-4029 4,5 4,1 0,0 0,0 -0,3 -7,5 1,1
Ocupações de extração e construção 47-0000 6.501,7 7.160,7 4,3 4,5 659,0 10,1 1.682,2
Supervisores de construção e extração 47-1000 578,4 636,1 0,4 0,4 57,7 10,0 103,6
Supervisores de trabalhadores em construção e extração 47-1011 578,4 636,1 0,4 0,4 57,7 10,0 103,6
Atividades ligadas à construção 47-2000 4.995,7 5.509,7 3,3 3,4 514,0 10,3 1.290,4
Caldeireiros 47-2011 17,4 19,0 0,0 0,0 1,5 8,7 4,2
Pedreiros, tijoleiros, assentadores de tijolos 47-2020 93,1 109,7 0,1 0,1 16,6 17,9 24,4
Assentadores de tijolos 47-2021 78,1 92,6 0,1 0,1 14,5 18,6 21,0
Pedreiros 47-2022 14,9 17,1 0,0 0,0 2,1 14,3 3,4
Carpinteiros 47-2031 945,4 1.005,8 0,6 0,6 60,4 6,4 169,1
Tapeceiros, instaladores de azulejos e cerâmicas 47-2040 125,4 131,3 0,1 0,1 5,9 4,7 23,7
Instaladores de carpetes 47-2041 45,3 45,1 0,0 0,0 -0,2 -0,5 6,3
Instaladores de pisos, exceto carpete, madeira e cerámica 47-2042 17,1 19,2 0,0 0,0 2,1 12,2 4,5
Lixadores de piso e finalizadores 47-2043 7,9 8,4 0,0 0,0 0,5 6,2 1,6
Aplicadores de cerâmica e revestimentos 47-2044 55,1 58,7 0,0 0,0 3,5 6,4 11,3
Concreteiros, especialistas em acabamento de concreto 47-2050 158,5 179,1 0,1 0,1 20,6 13,0 39,9
Pedreiros especializados em cimento e concreto 47-2051 155,2 175,5 0,1 0,1 20,3 13,1 39,2
Pedreiros especializados em pisos cimento simples e decorados 47-2053 3,4 3,6 0,0 0,0 0,2 7,3 0,7
Trabalhadores da construção 47-2061 1.159,1 1.306,5 0,8 0,8 147,4 12,7 378,6
Operadores de equipamentos de construção 47-2070 424,8 467,9 0,3 0,3 43,2 10,2 118,2
Operadores de equipamento de pavimentação e coloocação de trilhos 47-2071 57,7 63,0 0,0 0,0 5,3 9,2 19,1
Operadores de bate-estacas 47-2072 3,7 4,3 0,0 0,0 0,6 16,6 1,2
Engenheiros de operação e de equipamentos de construção 47-2073 363,4 400,6 0,2 0,2 37,2 10,2 97,8
Instaladores de drywall e tetos modulados 47-2080 127,0 133,6 0,1 0,1 6,6 5,2 14,4
Instaladores de drywall 47-2081 106,0 111,5 0,1 0,1 5,5 5,2 12,0
Colocadores de trilhos 47-2082 21,0 22,1 0,0 0,0 1,1 5,2 2,4
Eletricistas 47-2111 628,8 714,7 0,4 0,4 85,9 13,7 181,8
Vidraceiros 47-2121 45,3 47,2 0,0 0,0 1,9 4,1 8,4
Trabalhadores de isolamento 47-2130 55,6 63,0 0,0 0,0 7,4 13,3 26,2
Trabalhadores do isolamento de pisos, tetos e paredes 47-2131 25,6 27,1 0,0 0,0 1,5 6,1 10,2
Trabalhadores de isolamento – maquinistas 47-2132 30,1 35,9 0,0 0,0 5,8 19,4 16,0
Pintores e aplicadores de papel de parede 47-2140 367,0 393,7 0,2 0,2 26,7 7,3 85,1
Pintores de construção e manutenção 47-2141 360,5 387,1 0,2 0,2 26,5 7,4 83,9
Aplicadores de papel 47-2142 6,4 6,6 0,0 0,0 0,2 2,4 1,2
Assentador de tubos e encanadores 47-2150 470,8 525,1 0,3 0,3 54,3 11,5 116,5
Assentadores de tubos 47-2151 45,7 51,0 0,0 0,0 5,2 11,4 11,3
Encanadores e instaladores de caldeiras 47-2152 425,0 474,1 0,3 0,3 49,1 11,5 105,2
Estucadores e aplicadores de reboco 47-2161 27,0 28,9 0,0 0,0 1,9 7,1 3,1
Armadores de ferro e vergalhões 47-2171 18,7 23,1 0,0 0,0 4,4 23,4 7,2
Assentador de tetos 47-2181 123,4 139,3 0,1 0,1 15,8 12,8 34,7
Trabalhadores em chapas metálicas 47-2211 141,0 150,5 0,1 0,1 9,4 6,7 39,8
Trabalhadores em estrutura metálicas 47-2221 61,4 64,2 0,0 0,0 2,7 4,5 13,0
Instaladores de tetos solares 47-2231 5,9 7,4 0,0 0,0 1,4 24,3 2,3
Ajudantes em atividades de construção 47-3000 227,3 260,0 0,2 0,2 32,7 14,4 61,3
Ajudantes de pedreiro 47-3011 23,5 28,8 0,0 0,0 5,3 22,4 8,2
Ajudantes de carpinteiro 47-3012 39,7 42,7 0,0 0,0 3,0 7,5 8,0
Ajudantes de eletricista 47-3013 69,0 81,5 0,0 0,1 12,5 18,0 21,1
Ajudantes de pintor, gesseiro, estucadores e similares 47-3014 11,9 13,1 0,0 0,0 1,2 10,5 2,7
Ajudantes de encanadores, instaladores de dutos e de caldeiras 47-3015 52,4 59,4 0,0 0,0 7,0 13,4 13,6
Ajudantes de assentadores de teto 47-3016 11,3 13,0 0,0 0,0 1,7 15,3 3,1
Demais ajudantes de especialidades construtivas 47-3019 19,5 21,5 0,0 0,0 2,0 10,2 4,4
Outros trabalhadores do setor de construções 47-4000 418,2 449,5 0,3 0,3 31,3 7,5 133,0
Inspetores do setor de construções 47-4011 101,2 109,2 0,1 0,1 8,1 8,0 36,3
Instaladores e mecânicos de elevadores 47-4021 20,7 23,4 0,0 0,0 2,7 13,0 5,9
Construtores de cercas 47-4031 24,4 26,4 0,0 0,0 2,0 8,0 6,7
Removedores de materiais perigosos 47-4041 43,7 47,0 0,0 0,0 3,3 7,4 13,0
Trabalhadores de manutenção rodoviária 47-4051 151,3 158,6 0,1 0,1 7,3 4,8 47,6
Operadores de instaladores de trilhos e manutenção ferroviária 47-4061 15,6 17,0 0,0 0,0 1,5 9,3 5,3
Limpadores de tanques sépticos e de esgoto 47-4071 24,7 28,7 0,0 0,0 4,0 16,3 10,1
Diversos trabalhadores de construção e atividades similares 47-4090 36,6 39,2 0,0 0,0 2,6 7,0 8,1
Pavimentadores 47-4091 1,3 1,4 0,0 0,0 0,1 9,3 0,3
Outros profissionais do setor de construções 47-4099 35,4 37,8 0,0 0,0 2,4 6,9 7,8
Trabalhadores extrativistas 47-5000 282,2 305,4 0,2 0,2 23,2 8,2 94,0
Operadores de gruas, perfuradoras, e equipamentos de mineração 47-5010 114,3 125,5 0,1 0,1 11,1 9,7 50,2
Operadores de gruas e perfuradoras 47-5011 21,7 24,6 0,0 0,0 2,9 13,3 10,3
Operadores de perfuradores rotativos 47-5012 27,7 31,2 0,0 0,0 3,5 12,7 13,0
Operadores de serviços de manutenção em perfuradores 47-5013 64,9 69,6 0,0 0,0 4,7 7,3 26,9
Operadores de perfuradoras de solo, exceto óleo e gás 47-5021 20,0 22,7 0,0 0,0 2,7 13,6 7,2
Peritos em explosivos, manuseio de munições e dinamitadores 47-5031 8,1 8,4 0,0 0,0 0,3 3,9 1,9
Operadores de equipamentos de mineração 47-5040 22,3 21,5 0,0 0,0 -0,8 -3,5 4,3
Operadores de equipamentos de mineração contínua 47-5041 12,3 11,6 0,0 0,0 -0,6 -5,3 2,4
Operadores de máquinas de Mine corte e canalização em mineração 47-5042 7,4 7,3 0,0 0,0 -0,1 -1,8 1,4
Operadores de máquinas de mineração 47-5049 2,6 2,6 0,0 0,0 0,0 0,3 0,5
Trabalhadores em minas e pedreiras 47-5051 3,7 3,9 0,0 0,0 0,3 6,9 0,7
Mineiros chumbadores de ancoras 47-5061 6,0 5,3 0,0 0,0 -0,6 -10,8 0,7
Trabalhadores em plataformas e campos de extração de petróleo e gás 47-5071 76,4 82,7 0,1 0,1 6,3 8,3 21,3
Ajudantes de extração 47-5081 25,8 29,0 0,0 0,0 3,2 12,6 6,2
Outros trabalhadores de extração mineral 47-5099 5,7 6,3 0,0 0,0 0,7 11,9 1,3
Ocupações em instalação, manutenção e reparos 49-0000 5.680,5 6.046,0 3,8 3,8 365,5 6,4 1.708,9
Supervisores de trabalhadores em instalação, manutenção e reparos 49-1000 447,1 471,4 0,3 0,3 24,3 5,4 113,5
Supervisores de linha de frente de mecânicos, instaladores e reparadores 49-1011 447,1 471,4 0,3 0,3 24,3 5,4 113,5
Mecânicos, instaladores e reparadores de equipamentos elétricos e eletrônicos 49-2000 610,9 610,7 0,4 0,4 -0,2 0,0 109,4
Mecânicos de computadores, caixas eletrônicos e máquinas de escritório 49-2011 131,6 134,8 0,1 0,1 3,2 2,4 28,6
Instaladores e reparadores de equipamentos de rádio e telecomunicações 49-2020 232,2 225,2 0,2 0,1 -7,0 -3,0 21,8
Instaladores e reparadores de torres de rádio e telefonia 49-2021 13,6 14,4 0,0 0,0 0,8 6,0 2,1
Instaladores e reparadores de equipamentos de telecomunicações 49-2022 218,6 210,8 0,1 0,1 -7,8 -3,6 19,7
Diversos mecânicos, instaladores e reparadores de equipamentos eletrônicos 49-2090 247,1 250,7 0,2 0,2 3,6 1,5 59,0
Técnicos em aviônica 49-2091 17,4 17,5 0,0 0,0 0,1 0,4 3,1
Reparadores de motores, ferramentas elétricas e similares 49-2092 19,3 20,0 0,0 0,0 0,7 3,6 6,0
Instaladores e reparadores de equipamento de equipamentos de transporte 49-2093 14,8 15,4 0,0 0,0 0,7 4,4 3,2
Reparadores de equipamentos elétricos industriais e comerciais 49-2094 67,8 67,8 0,0 0,0 0,1 0,1 11,8
Reparadores de casas de força, subestações e retransmissores elétricos 49-2095 22,7 21,7 0,0 0,0 -1,0 -4,5 3,9
Mecânicos de parte elétrica de veículos automotores 49-2096 11,5 5,8 0,0 0,0 -5,8 -50,0 2,0
Instaladores e reparadores de equipamentos eletrônicos domésticos 49-2097 29,6 30,3 0,0 0,0 0,7 2,4 4,9
Instaladores de sistemas de segurança e alarme de incêndio 49-2098 64,0 72,3 0,0 0,0 8,2 12,9 24,1
Mecânicos, reparadores e instaladores de veículos e equipamentos móveis 49-3000 1.678,8 1.786,5 1,1 1,1 107,8 6,4 518,7
Mecânicos de aeronaves 49-3011 119,9 121,5 0,1 0,1 1,6 1,3 30,1
Técnicos e mecânicos de automóveis 49-3020 909,0 963,3 0,6 0,6 54,3 6,0 289,4
Funileiros e chapeadores reparadores da lataria de automóveis 49-3021 149,7 163,5 0,1 0,1 13,7 9,2 48,1
Instaladores e reparadores de vidros de automóveis 49-3022 19,3 20,8 0,0 0,0 1,5 7,8 4,1
Mecânicos de automóveis 49-3023 739,9 779,0 0,5 0,5 39,1 5,3 237,2
Mecânicos de ônibus e caminhões e especialistas em motores diesel 49-3031 263,9 295,5 0,2 0,2 31,6 12,0 76,9
Técnicos e mecânicos de veículos e equipamento móvel pesado 49-3040 186,5 196,5 0,1 0,1 10,1 5,4 54,1
Mecânicos e técnicos de equipamentos agrícolas 49-3041 40,3 43,2 0,0 0,0 2,9 7,2 12,4
Mecânicos de equipamentos pesados, exceto motores 49-3042 124,7 131,3 0,1 0,1 6,6 5,3 36,0
Mecânicos de trens, vagões e equipamentos ferroviários 49-3043 21,5 22,0 0,0 0,0 0,6 2,7 5,7
Mecânicos de motores pequenos 49-3050 71,7 74,9 0,0 0,0 3,2 4,4 17,6
Mecânicos e técnicos de motores marítimos 49-3051 22,5 23,1 0,0 0,0 0,6 2,7 5,1
Mecânicos de motocicletas 49-3052 17,0 18,0 0,0 0,0 1,0 6,0 4,4
Mecânicos de equipamentos de jardinagem motorizados 49-3053 32,3 33,8 0,0 0,0 1,5 4,8 8,1
Diversos mecânicos e instaladores de veículos e equipamentos 49-3090 127,8 134,9 0,1 0,1 7,1 5,5 50,6
Mecânicos de bicicleta 49-3091 10,8 13,2 0,0 0,0 2,3 21,7 6,0
Mecânicos de veículos de recreação 49-3092 11,4 11,8 0,0 0,0 0,4 3,3 4,3
Borracheiros 49-3093 105,5 109,9 0,1 0,1 4,3 4,1 40,3
Oura ocupações de instalação, manutenção e reparo 49-9000 2.943,7 3.177,3 2,0 2,0 233,6 7,9 967,4
Instaladores e reparadores de válvulas e controle 49-9010 59,8 61,9 0,0 0,0 2,1 3,4 25,7
Reparadores de portas automáticas 49-9011 17,4 19,3 0,0 0,0 1,9 10,7 8,7
Instaladores e mecânicos de válvulas de controle, exceto de portas 49-9012 42,4 42,6 0,0 0,0 0,2 0,5 16,9
Instaladores e mecânicos de aquecedores e ar condicionado 49-9021 292,0 331,6 0,2 0,2 39,6 13,6 84,2
Reparadores de eletrodomésticos 49-9031 46,4 44,8 0,0 0,0 -1,6 -3,4 12,5
Mecânicos de manutenção de equipamentos e maquinaria Industrial 49-9040 466,2 539,6 0,3 0,3 73,4 15,7 182,9
Mecânicos de maquinaria Industrial 49-9041 332,2 391,9 0,2 0,2 59,7 18,0 145,9
Trabalhadores de manutenção em equipamentos e maquinaria 49-9043 91,2 98,7 0,1 0,1 7,4 8,2 22,1
Construtor e mantenedor de moinhos 49-9044 40,9 47,1 0,0 0,0 6,2 15,2 14,5
Reparador de materiais refratários, exceto assentador de tijolos 49-9045 1,8 1,8 0,0 0,0 0,0 0,7 0,5
Instaladores de reparadores de cabeamento 49-9050 236,6 250,3 0,2 0,2 13,7 5,8 82,5
Instaladores e reparadores de fiação elétrica 49-9051 118,6 131,6 0,1 0,1 13,0 11,0 60,3
Instaladores e reparadores de linhas de telecomunicações 49-9052 118,0 118,7 0,1 0,1 0,7 0,6 22,2
Reparadores de equipamentos e instrumentos de precisão 49-9060 75,8 78,7 0,1 0,0 2,9 3,9 17,2
Reparadores de câmeras e equipamentos fotográficos 49-9061 3,7 3,8 0,0 0,0 0,2 4,7 0,8
Reparadores de equipamentos médicos 49-9062 48,0 50,9 0,0 0,0 2,9 6,1 11,5
Reparadores e afinadores de instrumentos musicais 49-9063 8,6 8,9 0,0 0,0 0,4 4,2 1,9
Relojoeiros 49-9064 2,7 2,0 0,0 0,0 -0,7 -25,7 0,5
Outros reparadores de instrumentos e equipamentos de precisão 49-9069 12,8 13,0 0,0 0,0 0,2 1,4 2,5
Outros trabalhadores de manutenção e reparos em geral 49-9071 1.374,7 1.458,1 0,9 0,9 83,5 6,1 443,7
Técnicos de turbinas de vento 49-9081 4,4 9,2 0,0 0,0 4,8 108,0 5,5
Diversos outros trabalhadores de instalação e manutenção 49-9090 387,8 403,1 0,3 0,3 15,2 3,9 113,2
Mecânicos de máquinas caça níqueis e vendedoras automáticos 49-9091 34,9 31,9 0,0 0,0 -3,0 -8,7 4,6
Mergulhadores profissionais 49-9092 4,4 6,0 0,0 0,0 1,6 36,9 2,3
Cerzidores de tecidos, exceto vestuário 49-9093 0,8 0,7 0,0 0,0 -0,1 -12,6 0,1
Chaveiros e reparadores de cofres 49-9094 20,9 17,8 0,0 0,0 -3,1 -14,8 10,7
Instaladores e de edificações pré-fabricadas 49-9095 4,0 2,8 0,0 0,0 -1,2 -30,0 1,0
Operadores de cargas pesadas 49-9096 20,8 22,6 0,0 0,0 1,8 8,7 7,2
Reparadores de sinalização e de chaves de desvio de trilhos 49-9097 9,5 9,5 0,0 0,0 0,0 -0,1 1,5
Ajudantes e instalação, manutenção e reparo 49-9098 129,0 141,2 0,1 0,1 12,2 9,4 53,8
Outros trabalhadores em instalação, reparo e manutenção 49-9099 163,5 170,6 0,1 0,1 7,1 4,3 32,0
Ocupações na produção 51-0000 9.230,3 8.948,3 6,1 5,6 -282,1 -3,1 2.220,8
Supervisores de trabalhadores da produção 51-1000 606,9 588,2 0,4 0,4 -18,7 -3,1 95,9
Supervisores de linha-de-frente de trabalhadores e operadores de produção 51-1011 606,9 588,2 0,4 0,4 -18,7 -3,1 95,9
Montadores e fabricantes 51-2000 1.834,0 1.824,3 1,2 1,1 -9,7 -0,5 377,2
Estrutura de aeronaves, superfícies, rebitagem e sistemas 51-2011 40,6 38,6 0,0 0,0 -2,0 -4,9 8,1
Montadores de dispositivos eletromecânicos, elétricos e eletrônicos 51-2020 269,4 255,8 0,2 0,2 -13,6 -5,0 33,2
Enroladores de bobinas, reguladores e finalizadores 51-2021 14,9 14,1 0,0 0,0 -0,9 -5,7 1,8
Montadores de equipamentos elétricos e eletrônicos 51-2022 207,2 197,0 0,1 0,1 -10,2 -4,9 25,5
Montadores de equipamentos eletromecânicos 51-2023 47,2 44,7 0,0 0,0 -2,5 -5,3 5,8
Montadores de motores e outras máquinas 51-2031 39,0 39,0 0,0 0,0 0,0 0,1 7,8
Fabricantes e instaladores de estruturas mecânias 51-2041 79,2 80,8 0,1 0,1 1,6 2,0 14,6
Diversos outros montadores e manufatores 51-2090 1.405,8 1.410,1 0,9 0,9 4,3 0,3 313,4
Laminadores de fibra de vidro 51-2091 19,2 18,6 0,0 0,0 -0,6 -3,3 4,1
Equipes de montagem 51-2092 1.144,2 1.137,7 0,8 0,7 -6,5 -0,6 245,7
Instaladores e ajustadores de dispositivos de tempo 51-2093 1,7 1,6 0,0 0,0 0,0 -1,9 0,4
Outros montadores e fabricadores 51-2099 240,7 252,2 0,2 0,2 11,5 4,8 63,2
Trabalhadores e processadores de alimentos 51-3000 786,1 808,9 0,5 0,5 22,7 2,9 186,1
Padeiros 51-3011 185,3 198,3 0,1 0,1 13,0 7,0 53,6
Açougueiros e outros processadores de carne, frango e peixes 51-3020 377,9 384,2 0,3 0,2 6,3 1,7 81,6
Açougueiros e cortadores de carne 51-3021 139,0 146,0 0,1 0,1 7,0 5,0 34,4
Aparadores de carne, frango e peixes 51-3022 152,4 152,3 0,1 0,1 -0,2 -0,1 30,1
Abatedores e embaladores de carnes 51-3023 86,4 85,9 0,1 0,1 -0,5 -0,6 17,1
Diversos trabalhadores do processamento de alimentos 51-3090 223,0 226,3 0,1 0,1 3,3 1,5 51,0
Encarregados de torrar, sovar e secar tabaco e alimentos 51-3091 18,5 18,7 0,0 0,0 0,1 0,7 4,0
Processadores de alimentos 51-3092 122,5 122,0 0,1 0,1 -0,5 -0,4 26,4
Operadores de boilers, caldeiras e autoclaves da indústria de alimentos 51-3093 37,5 38,0 0,0 0,0 0,5 1,3 8,3
Demais trabalhadores em industrias de alimentos 51-3099 44,4 47,7 0,0 0,0 3,3 7,4 12,4
Trabalhadores em indústrias de metais e plásticos 51-4000 1.971,5 1.872,5 1,3 1,2 -99,0 -5,0 562,7
Programadores e operadores de computador 51-4010 173,9 204,7 0,1 0,1 30,7 17,7 83,6
Operadores de maquinas de comando numérico computadorizado 51-4011 148,8 174,8 0,1 0,1 26,0 17,5 71,2
Programadores de maquinas controladas por computador 51-4012 25,1 29,9 0,0 0,0 4,8 18,9 12,4
Encarregados de máquinas de moldagem 51-4020 128,8 101,7 0,1 0,1 -27,1 -21,0 31,7
Encarregados de máquinas de extrusão 51-4021 73,4 55,5 0,0 0,0 -17,9 -24,4 18,1
Encarregados de altos fornos de aciarias e forjarias 51-4022 21,6 17,0 0,0 0,0 -4,6 -21,5 5,3
Operadores de laminadoras de metais e plásticos 51-4023 33,7 29,1 0,0 0,0 -4,6 -13,5 8,3
Encarregados e operadores de guilhotinas de metais e plásticos 51-4030 346,7 274,6 0,2 0,2 -72,0 -20,8 71,6
Operadores de prensas, laminadoras, guilhotinas de metais e plásticos 51-4031 192,2 152,7 0,1 0,1 -39,5 -20,6 24,3
Operadores de puncionadeiras e furadeiras de metais e plásticos 51-4032 17,8 14,1 0,0 0,0 -3,7 -20,5 3,1
Operadores de politrizes, moageiras, fatiadoras, de metais e plástico 51-4033 71,4 55,8 0,0 0,0 -15,7 -21,9 29,8
Operadores de tornos e maquinas rotativas de metais e plásticos 51-4034 42,9 34,3 0,0 0,0 -8,6 -20,0 10,6
Operadores de moagem e aplainamento de metais e plásticos 51-4035 22,4 17,8 0,0 0,0 -4,6 -20,6 3,9
Maquinistas 51-4041 399,7 438,9 0,3 0,3 39,2 9,8 154,7
Operadores e encarregados de altos fornos, cadinhos e moldes 51-4050 31,0 27,4 0,0 0,0 -3,6 -11,7 9,9
Operadores e encarregados de fornalhas de refinamentos de metais 51-4051 21,2 20,2 0,0 0,0 -1,0 -4,8 6,7
Operadores de cadinhos, vazadores e moldes de metais 51-4052 9,8 7,2 0,0 0,0 -2,6 -26,6 3,1
Construtores de modelos, moldes e padrões para metais e plásticos 51-4060 10,1 7,8 0,0 0,0 -2,2 -22,2 1,8
Construtores de moldes para polímeros 51-4061 6,2 4,9 0,0 0,0 -1,3 -21,5 1,1
Desenhistas de moldes para recorte de metais e plásticos 51-4062 3,8 2,9 0,0 0,0 -0,9 -23,4 0,7
Operadores e encarregados de maquinas de moldar plásticos e metais 51-4070 141,5 105,8 0,1 0,1 -35,7 -25,2 21,0
Modeladores e produtores de modelos e moldes 51-4071 12,0 8,7 0,0 0,0 -3,3 -27,7 1,8
Operadores de modeladores, macharia e vazadores de metais e plásticos 51-4072 129,5 97,2 0,1 0,1 -32,3 -25,0 19,2
Encarregados e operadores de máquinas múltiplas para metais e plásticos 51-4081 99,8 97,3 0,1 0,1 -2,5 -2,5 17,3
Ferramenteiros e construtores de ferramentas de corte 51-4111 77,8 67,7 0,1 0,0 -10,1 -13,0 3,8
Soldadores, cortadores e desbastadores 51-4120 457,5 461,2 0,3 0,3 3,7 0,8 145,6
Soldadores, cortadores e desbastadores 51-4121 397,9 412,3 0,3 0,3 14,4 3,6 128,5
Operadores de máquinas de solda, fusão e desbaste 51-4122 59,5 48,8 0,0 0,0 -10,7 -18,0 17,1
Diversos trabalhadores de metis e plásticos 51-4190 104,7 85,4 0,1 0,1 -19,2 -18,4 21,6
Operadores de equipamentos de tratamento térmico para metais e plásticos 51-4191 21,3 17,2 0,0 0,0 -4,2 -19,6 3,7
Trabalhadores de Layout em metal e plástico 51-4192 13,4 10,7 0,0 0,0 -2,7 -20,1 2,3
Operadores de máquinas de galvanização e revestimento de metais e plásticos 51-4193 36,1 29,4 0,0 0,0 -6,7 -18,4 8,9
Afiadores de ferramentas, moedores e enchedores 51-4194 11,5 9,5 0,0 0,0 -2,0 -17,5 2,8
Outros trabalhadores em metal e plásticos 51-4199 22,4 18,7 0,0 0,0 -3,7 -16,6 3,9
Impressores e técnicos de impressão 51-5100 260,7 223,1 0,2 0,1 -37,6 -14,4 39,4
Técnicos e trabalhadores de pré-impressão 51-5111 36,5 27,5 0,0 0,0 -9,0 -24,6 5,7
Operadores de impressão 51-5112 173,0 151,4 0,1 0,1 -21,6 -12,5 26,0
Dobradores e técnicos de pós impressão 51-5113 51,2 44,2 0,0 0,0 -7,0 -13,7 7,7
Trabalhadores têxteis, vestuário e confecção 51-6000 643,4 567,4 0,4 0,4 -76,0 -11,8 102,0
Trabalhadores em lavanderias 51-6011 208,2 212,0 0,1 0,1 3,7 1,8 33,6
Passadores de têxteis, vestuários e correlatos 51-6021 51,5 48,1 0,0 0,0 -3,4 -6,6 12,1
Costureiros e costureiras 51-6031 153,9 112,2 0,1 0,1 -41,7 -27,1 9,4
Sapateiros e trabalhadores em calçados e couros 51-6040 13,3 10,7 0,0 0,0 -2,6 -19,2 2,0
Sapateiros e trabalhadores em couro, inclusive reparos 51-6041 9,7 8,2 0,0 0,0 -1,5 -15,1 1,6
Encarregados e operadores de maquinas de calçados 51-6042 3,5 2,5 0,0 0,0 -1,1 -30,5 0,4
Alfaiates, modistas, costureiras e costureiros 51-6050 52,5 47,9 0,0 0,0 -4,6 -8,8 17,5
Costureiros à mão 51-6051 12,0 10,8 0,0 0,0 -1,2 -9,8 4,0
Alfaiates, modistas e costureiras sob encomenda 51-6052 40,5 37,0 0,0 0,0 -3,4 -8,5 13,5
Operadores e encarregados de máquinas têxteis 51-6060 79,9 60,5 0,1 0,0 -19,4 -24,3 12,3
Operadores de máquinas de branqueamento e tingimento de têxteis 51-6061 11,7 8,9 0,0 0,0 -2,8 -23,9 1,2
Operadores de máquinas de corte de têxteis 51-6062 14,3 10,6 0,0 0,0 -3,7 -25,7 2,3
Operadores de máquinas de malharia e tecelagem 51-6063 27,9 20,6 0,0 0,0 -7,3 -26,2 4,6
Operadores e encarregados de máquinas de torção, enrolamento e extração 51-6064 26,0 20,3 0,0 0,0 -5,6 -21,7 4,2
Diversos trabalhadores têxteis, de vestuário e de armarinhos 51-6090 84,0 76,1 0,1 0,0 -8,0 -9,5 15,1
Operadores de extrusoras e de maquinas de moldagem de fibras sintéticas e fibra de vidro 51-6091 20,1 17,3 0,0 0,0 -2,8 -14,1 2,1
Designers de padrões para tecidos e vestuário 51-6092 5,4 4,0 0,0 0,0 -1,4 -26,0 0,6
Estofadores 51-6093 42,2 40,4 0,0 0,0 -1,8 -4,3 10,8
Demais trabalhadores têxteis, de vestuário e armarinhos 51-6099 16,2 14,3 0,0 0,0 -1,9 -11,8 1,7
Marceneiros e carpinteiros 51-7000 254,6 253,1 0,2 0,2 -1,5 -0,6 42,9
Marceneiros e carpinteiros de bancada 51-7011 98,1 99,3 0,1 0,1 1,3 1,3 9,2
Finalizadores de mobiliário 51-7021 17,1 16,7 0,0 0,0 -0,4 -2,4 3,0
Desenvolvedores de modelos e padrões em madeira 51-7030 4,4 4,4 0,0 0,0 0,0 -0,9 1,0
Desenvolvedores de modelos em madeira 51-7031 2,6 2,6 0,0 0,0 0,0 -1,4 0,6
Desenvolvedores de padrões em madeira 51-7032 1,8 1,8 0,0 0,0 0,0 -0,3 0,4
Operadores de máquinas para trabalhos em madeira 51-7040 122,0 119,8 0,1 0,1 -2,2 -1,8 26,7
Operadores de serras de madeira 51-7041 50,0 49,5 0,0 0,0 -0,5 -1,1 14,2
Operadores de máquinas para madeira, exceto serras 51-7042 72,1 70,4 0,0 0,0 -1,7 -2,4 12,5
Demais trabalhadores em madeira 51-7099 12,9 12,9 0,0 0,0 0,0 -0,3 3,0
Operadores de usinas geradoras e sistemas 51-8000 325,2 325,9 0,2 0,2 0,7 0,2 110,7
Operadores de usinas elétricas e de distribuidores de energia 51-8010 60,0 56,7 0,0 0,0 -3,3 -5,6 20,6
Operadores de usinas de eletricidade movidas a energia nuclear 51-8011 7,5 7,4 0,0 0,0 -0,1 -0,9 2,6
Distribuidores de energia elétrica 51-8012 11,4 10,8 0,0 0,0 -0,6 -5,1 3,9
Operadores de usinas geradoras de energia elétrica 51-8013 41,1 38,4 0,0 0,0 -2,7 -6,6 14,1
Engenheiros de usinas elétricas estacionárias e operadores de caldeiras 51-8021 39,1 39,7 0,0 0,0 0,6 1,4 11,2
Operadores de água e de sistemas hidráulicos 51-8031 117,0 124,0 0,1 0,1 7,0 6,0 36,7
Diversos profissionais de usinas e de sistemas de operação 51-8090 109,1 105,6 0,1 0,1 -3,5 -3,2 42,1
Operadores de usinas químicas e de sistemas conexos 51-8091 38,1 34,6 0,0 0,0 -3,5 -9,2 14,4
Operadores de usinas a gás 51-8092 16,7 16,1 0,0 0,0 -0,6 -3,4 6,3
Operadores de bombeamento de petróleo, refinarias e sistemas de mensuração 51-8093 42,4 43,4 0,0 0,0 0,9 2,2 17,0
Outros operadores de usinas e sistemas 51-8099 11,9 11,5 0,0 0,0 -0,4 -3,2 4,5
Outras ocupações de produção 51-9000 2.548,1 2.484,9 1,7 1,5 -63,2 -2,5 703,9
Operadores de máquinas de processos químicos 51-9010 110,1 104,1 0,1 0,1 -6,0 -5,5 34,7
Operadores de equipamentos químicos 51-9011 66,3 60,8 0,0 0,0 -5,5 -8,3 20,9
Operadores, separadores, filtradores, clarificadores e precipitadores 51-9012 43,8 43,3 0,0 0,0 -0,6 -1,3 13,8
Trabalhadores de esmagamento, moagem, polimento e mistura 51-9020 185,2 174,4 0,1 0,1 -10,8 -5,8 40,1
Operadores de esmagamento, moagem e polimento 51-9021 30,2 27,9 0,0 0,0 -2,3 -7,5 6,5
Trabalhadores de esmagamento e polimento manual 51-9022 29,9 27,3 0,0 0,0 -2,6 -8,8 6,5
Operadores de máquinas de mistura e blending 51-9023 125,1 119,2 0,1 0,1 -5,9 -4,7 27,1
Trabalhadores de corte 51-9030 79,4 71,5 0,1 0,0 -7,9 -10,0 15,8
Cortadores e aparadores manuais 51-9031 15,8 13,0 0,0 0,0 -2,8 -17,5 3,1
Operadores e encarregados de máquinas de corte e fatiamento 51-9032 63,6 58,4 0,0 0,0 -5,2 -8,1 12,7
Operadores e encarregados de máquinas de extrusão, injeção, pressão e compactação 51-9041 68,2 59,0 0,0 0,0 -9,2 -13,6 24,4
Operadores de Fornos, kilners, secadores e lavadoras de vapor 51-9051 20,9 18,9 0,0 0,0 -2,0 -9,7 5,5
Inspetores, testadores, classificadores, amostradores e pesadores 51-9061 496,6 495,5 0,3 0,3 -1,1 -0,2 124,8
Joalheiros e trabalhadores de joias e metais e pedras preciosas 51-9071 39,8 35,3 0,0 0,0 -4,5 -11,3 6,2
Técnicos de laboratórios médicos, dentais e oftálmicos 51-9080 83,5 92,2 0,1 0,1 8,7 10,4 28,8
Técnicos de laboratórios dentais 51-9081 38,7 42,9 0,0 0,0 4,2 10,8 13,5
Técnicos de dispositivos médico hospitalares 51-9082 14,6 16,1 0,0 0,0 1,6 10,7 5,1
Técnicos de laboratórios oftálmicos 51-9083 30,2 33,2 0,0 0,0 3,0 9,8 10,2
Operadores de maquinas e preencher e embalar 51-9111 378,4 382,2 0,3 0,2 3,8 1,0 138,7
Trabalhadores de pintura 51-9120 169,5 171,7 0,1 0,1 2,1 1,3 35,2
Operadores de maquinas de cobrir, pintar e pulverizar tinta 51-9121 97,7 97,0 0,1 0,1 -0,7 -0,7 18,4
Pintores de automóveis e equipamentos de transporte 51-9122 54,3 57,5 0,0 0,0 3,2 5,9 13,4
Trabalhadores de pintura, cobertura e decoração 51-9123 17,5 17,2 0,0 0,0 -0,3 -2,0 3,3
Profissionais de processos de semicondutores 51-9141 25,3 23,2 0,0 0,0 -2,1 -8,3 5,2
Trabalhadores de processos fotográficos e de máquinas reveladoras 51-9151 28,8 19,4 0,0 0,0 -9,5 -32,9 5,6
Diversos trabalhadores de produção 51-9190 862,2 837,6 0,6 0,5 -24,6 -2,9 238,9
Operadores de máquinas seladoras e adesivadoras 51-9191 18,4 17,1 0,0 0,0 -1,2 -6,8 4,8
Operadores e máquinas limpadoras, lavadoras e aspiradoras de pó industriais 51-9192 18,5 18,6 0,0 0,0 0,1 0,4 4,9
Operadores de equipamentos de resfriamento e congelamento 51-9193 8,8 8,7 0,0 0,0 -0,1 -0,6 1,8
Gravadores e entalhadores 51-9194 9,7 9,5 0,0 0,0 -0,3 -2,7 2,5
Moldadores, formatadores e fundidores/vazadores 51-9195 41,4 38,9 0,0 0,0 -2,5 -6,0 14,2
Operadores de maquinas de produtos de papel 51-9196 91,9 82,0 0,1 0,1 -9,9 -10,7 13,0
Fabricantes de pneus 51-9197 18,1 15,6 0,0 0,0 -2,5 -13,6 4,7
Ajudantes de produção 51-9198 419,2 403,2 0,3 0,3 -16,1 -3,8 136,8
Outros trabalhadores de produção 51-9199 236,2 244,0 0,2 0,2 7,7 3,3 56,1
Ocupações em logística, transportes e movimentação de materiais 53-0000 9.748,5 10.215,3 6,5 6,4 466,8 4,8 2.852,9
Supervisores de transportes e movimentação de materiais 53-1000 378,6 388,3 0,3 0,2 9,6 2,5 131,0
Pessoal de movimentação de cargas em aeroportos 53-1011 5,8 5,8 0,0 0,0 0,0 0,5 1,9
Supervisores de linha de frente de movimentação de materiais 53-1021 173,1 176,9 0,1 0,1 3,8 2,2 59,3
Supervisores de transportes e de veículos e máquinas de movimentação de materiais 53-1031 199,7 205,6 0,1 0,1 5,9 2,9 69,9
Aeronautas e aeroviários 53-2000 248,8 254,5 0,2 0,2 5,7 2,3 64,5
Pilotos e engenheiros de voo 53-2010 119,2 124,5 0,1 0,1 5,4 4,5 34,4
Pilotos de linha aérea, copilotos e engenheiros de voo 53-2011 75,7 76,5 0,1 0,0 0,8 1,1 19,3
Pilotos comerciais 53-2012 43,5 48,0 0,0 0,0 4,5 10,5 15,1
Controladores de tráfego aéreo e sinaleiros de pátio 53-2020 31,7 29,9 0,0 0,0 -1,8 -5,8 10,0
Controladores de tráfego aéreo 53-2021 24,5 22,4 0,0 0,0 -2,1 -8,6 7,5
Especialistas de operação de aeroportos e aeródromos 53-2022 7,2 7,5 0,0 0,0 0,3 3,9 2,5
Comissários de bordo 53-2031 97,9 100,1 0,1 0,1 2,2 2,2 20,1
Operadores de veículos motorizados 53-3000 4.108,0 4.334,7 2,7 2,7 226,7 5,5 912,6
Motoristas de ambulâncias 53-3011 19,6 26,1 0,0 0,0 6,5 33,0 9,8
Motoristas de ônibus 53-3020 665,0 702,5 0,4 0,4 37,5 5,6 124,9
Motoristas de ônibus locais e interurbanos 53-3021 167,8 177,6 0,1 0,1 9,8 5,9 31,9
Motoristas de ônibus escolares e de fretamento 53-3022 497,3 524,9 0,3 0,3 27,7 5,6 93,0
Motoristas de vendas e de caminhões 53-3030 3.127,7 3.274,5 2,1 2,0 146,8 4,7 678,9
Motoristas de vendas 53-3031 445,3 466,1 0,3 0,3 20,8 4,7 96,6
Motoristas de caminhões pesados e carretas 53-3032 1.797,7 1.896,4 1,2 1,2 98,8 5,5 404,5
Motoristas de caminhões leves e de serviços de entrga 53-3033 884,7 911,9 0,6 0,6 27,3 3,1 177,8
Motoristas de táxi e choferes 53-3041 233,7 264,4 0,2 0,2 30,6 13,1 74,8
Demais operadores de veículos motorizados 53-3099 62,0 67,3 0,0 0,0 5,3 8,6 24,3
Trabalhadores em transportes rodoviários 53-4000 129,1 126,4 0,1 0,1 -2,7 -2,1 50,7
Engenheiros e operadores de locomotivas 53-4010 46,1 44,0 0,0 0,0 -2,1 -4,5 18,3
Engenheiros de locomotivas 53-4011 40,4 39,5 0,0 0,0 -0,9 -2,3 16,0
Foguistas de locomotivas 53-4012 1,7 0,5 0,0 0,0 -1,2 -69,9 0,7
Engenheiros de pátios ferroviários, condutores de manobras e engatadores 53-4013 4,0 4,1 0,0 0,0 0,1 1,5 1,6
Operadores de freios ferroviários, sinalizadores e comutadores de linha 53-4021 22,1 21,7 0,0 0,0 -0,4 -1,8 8,4
Condutores ferroviários e pessoal de pátio 53-4031 45,1 44,3 0,0 0,0 -0,9 -1,9 17,2
Operadores de metrô e de bondes 53-4041 12,0 12,5 0,0 0,0 0,6 4,7 5,2
Todos os outros ferroviários e trabalhadores de ferrovias 53-4099 3,8 3,9 0,0 0,0 0,0 1,3 1,5
Trabalhadores de transportes marítimos 53-5000 78,5 85,7 0,1 0,1 7,2 9,2 32,8
Marinheiros e trabalhadores em plataformas 53-5011 28,3 30,9 0,0 0,0 2,6 9,1 9,9
Comandantes e oficiais de navios e embarcações 53-5020 39,8 43,7 0,0 0,0 3,9 9,7 19,4
Comandantes, oficiais e pilotos de embarcações 53-5021 35,1 38,7 0,0 0,0 3,6 10,2 17,2
Operadores de embarcações motorizadas 53-5022 4,7 5,0 0,0 0,0 0,3 6,3 2,1
Engenheiros navais 53-5031 10,3 11,1 0,0 0,0 0,8 7,5 3,5
Outros trabalhadores em transporte 53-6000 334,9 355,4 0,2 0,2 20,6 6,1 173,6
Encarregados de pontes e passagens 53-6011 3,5 3,4 0,0 0,0 0,0 -1,1 1,8
Manobristas e funcionários de estacionamentos 53-6021 135,6 141,3 0,1 0,1 5,8 4,2 81,3
Atendentes de serviços automotivos e embarcações 53-6031 105,8 117,6 0,1 0,1 11,7 11,1 53,8
Técnicos de tráfego 53-6041 6,8 7,2 0,0 0,0 0,4 6,3 3,9
Inspetores e fiscais de transportes 53-6051 26,4 26,7 0,0 0,0 0,3 1,2 7,1
Atendentes de transportes, exceto comissários de bordo 53-6061 16,5 17,6 0,0 0,0 1,0 6,4 4,1
Demais trabalhadores de transporte 53-6099 40,2 41,6 0,0 0,0 1,3 3,3 21,7
Trabalhadores de movimentação materiais 53-7000 4.470,6 4.670,3 3,0 2,9 199,7 4,5 1.487,7
Operadores de esteiras transportadoras 53-7011 39,7 39,6 0,0 0,0 -0,1 -0,2 11,5
Operados de guindastes e gruas 53-7021 45,5 49,0 0,0 0,0 3,4 7,6 19,2
Operadores de dragas, escavadoras e carregadeiras 53-7030 60,9 64,4 0,0 0,0 3,5 5,8 10,7
Operadores de dragas 53-7031 2,2 2,3 0,0 0,0 0,2 8,7 0,4
Operadores de escavadeiras, retroescavadeiras e carregadoras 53-7032 53,9 57,3 0,0 0,0 3,4 6,2 9,7
Operadores de carregadoras e maquinas de mineração subterrânea 53-7033 4,8 4,8 0,0 0,0 0,0 -0,1 0,6
Operadores de talha e guincho 53-7041 2,9 2,9 0,0 0,0 0,0 1,7 0,9
Operadores de caminhões industriais e tratores 53-7051 530,9 543,5 0,4 0,3 12,6 2,4 144,7
Trabalhadores manuais da movimentação de materiais 53-7060 3.587,8 3.753,9 2,4 2,3 166,1 4,6 1.224,9
Limpadores de veículos e equipamentos 53-7061 346,9 380,0 0,2 0,2 33,1 9,5 154,0
Trabalhadores manuais de fretamentos, estocagem e movimentação 53-7062 2.441,3 2.566,4 1,6 1,6 125,1 5,1 851,7
Alimentadores de máquinas e serviços de suporte a operação 53-7063 104,2 100,7 0,1 0,1 -3,5 -3,4 22,9
Embaladores e empacotadores manuais 53-7064 695,4 706,9 0,5 0,4 11,5 1,7 196,4
Operadores de postos de abastecimento 53-7070 32,1 35,2 0,0 0,0 3,1 9,7 19,4
Operadores de compressores e de bombeamento do gás 53-7071 5,1 5,3 0,0 0,0 0,2 3,4 2,8
Operadores de bombeamento, exceto de bombeamento de petróleo 53-7072 13,1 14,2 0,0 0,0 1,1 8,4 7,8
Operadores de bombeamento de petróleo 53-7073 13,9 15,8 0,0 0,0 1,8 13,1 8,9
Coletores de refugos e materiais recicláveis 53-7081 131,5 140,9 0,1 0,1 9,4 7,1 42,4
Operadores de carros de transporte em minas 53-7111 2,7 2,6 0,0 0,0 -0,1 -2,2 0,8
Estivadores e carregadores de tanques e caminhões, 53-7121 13,0 13,5 0,0 0,0 0,5 4,0 4,6
Demais trabalhadores em movimentação de materiais 53-7199 23,6 24,7 0,0 0,0 1,0 4,4 8,5

O Brasil, Dom Pedro II, Mr. Bell e o telefone

telephone
Dom Pedro II teve papel vital na divulgação do telefone. Na ilustração, o imperador toma contato com o invento e exclama: “Meu Deus, isto fala”.

O avanço tecnológico necessário para o Brasil ingressar de forma efetiva na era da Quarta Revolução Industrial exige saltar por sobre etapas que outras nações levaram décadas para percorrer. Mas não obstante o tamanho do desafio, o Brasil dispõe de massa crítica material e humana para aceitar o repto.

A bem da verdade, é preciso reconhecer que o Brasil não tem um histórico de relacionamento muito amigável com as ciências, a tecnologia e a inovação. O conflito parece ser mais com as ciências exatas, a lógica e a matemática. Para a grande maioria da população brasileira, a matemática é uma ciência estranha e hermética. Há mais gente que acredita em um despacho na encruzilhada do que nas virtudes da matemática aplicada. Somos um país que ainda crê em magia, na geração espontânea e no milagre dos efeitos sem causa.

O resultado prático desta suspicácia generalizada a tudo o que sejam números, que afronta, impávida, os axiomas de Euclides, notadamente aquele da inexorável ditadura da divisão das partes,  – “o todo é maior do que as partes” – permite que o imaginário popular acredite ser possível ir aumentando as partes indefinidamente, mesmo que o todo permaneça inalterado. No caso do orçamento nacional, por exemplo, existe uma crença difusa, perdida no ar, de que o governo cria dinheiro e pode, destarte, gastar tanto quanto queira.

Podia parecer axiomático, para os gregos clássicos, que a soma das partes não pode ser maior do que o todo, mas os políticos tupiniquins de perfil demagógico, com forte representação no Congresso Brasileiro, não acreditam nisto e tem fixação por um orçamento percentualizado. E não dão importância se os percentuais, eventualmente, ultrapassam os 100%. Desfazer o nó será um problema do Ministro da Fazenda. Claro que esta jabuticaba orçamentária, além de engessar o orçamento da república, cria dificuldades de toda a ordem e é um desestímulo a melhoria do desempenho do poder público.

Uma das causas para o desapreço que temos com as exatas é que exigem um esforço de concentração intelectual pouco compatível com o ziriguidum. Nossa especialidade são as festas e alegorias. Talvez porque o trabalho no Brasil tenha sido uma atividade braçal dos escravos e nossas elites de época faziam questão de vestir ternos de branquíssimo linho 120 para demonstrar desapreço por qualquer faina.

Um fator originário terá sido também o fato de que só tivemos nossa primeira universidade em 1920. Não tínhamos uma universidade aqui porque o governo não queria e não estudávamos porque não tínhamos uma universidade. Finalmente, já na segunda década do século XX, foi criada a Universidade do Rio de Janeiro, por meio de decreto do Presidente Epitácio Pessoa. Tratava-se mais de juntar as Faculdades de Medicina, Direito e Engenharia, mas foi o começo.

Entre as poucas iniciativas anteriores do período colonial estavam a Real Academia de Artilharia, Fortificação e Desenho, de 1792, e a Faculdade de Medicina da Bahia (FAMEB), criada em 18 de fevereiro de 1808 por Dr. João VI.

Mesmo em um ambiente de pouco estímulo intelectual, tivemos alguns avanços nas áreas científica, tecnológica e de inovação. Mas muito pouco para país tão grande e muito aquém do necessário. Para fazermos o alinhamento com a Quarta Revolução Industrial será preciso, antes, convencer a sociedade de que precisamos avançar no preparo científico e tecnológico de nossas novas gerações. Que precisamos promover e reconhecer talentos. Que devemos estimular o empreendedorismo e facilitar a vida dos que desejam transformar o país.

Alguns bons exemplos resgatam nosso histórico no campo das invenções e inovações, mas também denunciam o pouco caso de nossas elites e dos nossos governantes.

Olhando em retrospecto, talvez a proclamação da república, em 15 de novembro de 1889, tenha sido um dos maus momentos de nossa história, tanto do ponto de vista político como do avanço tecnológico. A Proclamação da República no Brasil foi um levante político-militar que, como acima, teve lugar em 15 de novembro de 1889 e depôs o imperador D. Pedro II e a monarquia constitucional parlamentarista. Em seu lugar instaurou a republica federativa presidencialista no Brasil. O modelo, mal copiado do regime vigente nos Estados Unidos, nunca funcionou a contento.

Que aquele foi um movimento infeliz, articulado por um grupo reduzido de conspiradores, prova a célebre e insuspeita constatação do jornalista republicano, Aristides Lobo, paraibano que defendia a república e que foi nomeado ministro do governo republicano provisório: “O povo assistiu àquilo bestializado, atônito, surpreso, sem conhecer o que significava. Muitos acreditaram seriamente estar vendo uma parada”.(1)

A Revista Veja, em sua Edição Especial que circulou em setembro de 1989 (e que, curiosamente, tinha na capa a data de 20 de novembro de 1889) apresenta a matéria histórica com um resumo:

“República é proclamada num piscar de Olhos.

Numa sexta-feira de muita confusão, pouquíssimo sangue e praticamente nenhuma participação popular, um punhado de militares rebelados se alia a políticos da oposição para encerrar abruptamente o quase cinqüentenário reinado de D. Pedro II. Sob o comando do marechal Deodoro da Fonseca, o Brasil entra numa nova era — a da República. O novo governo obriga o imperador deposto e sua família a embarcarem de madrugada rumo ao exílio”

A matéria da Revista Veja, possivelmente o melhor estudo publicado sobre aquele período conturbado da história brasileira, tem no cabeçalho a explicação: “A anarquia militar, a abolição radical e o centralismo derrubam o Império de supetão.”

Segundo o relato, “O Brasil acordou monarquista na sexta-feira passada (a matéria é redigida como se tivesse sido publicada em 20 de novembro de 1989) e foi dormir republicano. Jamais houve na História do país uma ruptura política tão inesperada. Na véspera, ninguém poderia prever que o reinado viria abaixo. Ao cair da tarde de quinta-feira, D. Pedro lI, 63 anos, fugindo do calor carioca, estava posto em sossego no palácio de Petrópolis, onde escreveu seu habitual soneto diário. No mesmo momento, o marechal Manoel Deodoro da Fonseca, 62 anos, encontrava-se em Andaraí, na casa de seu irmão, o oficial-médico João Severiano, tentando recuperar-se de um de seus habituais ataques de falta de ar. Menos de 48 horas depois, os detalhes eram semelhantes, mas as instituições estavam de pernas para o ar. D. Pedro lI, detido no palácio imperial do Rio de Janeiro, escrevia não um poema, mas, com a ajuda do barão de Loreto, a carta em que acatava a ordem de exilar-se: “Cedendo ao império das circunstâncias, resolvo partir com toda a minha família para a Europa amanhã”. Na mesma hora, Deodoro ia para a cama, tão fortes eram os seus achaques. Mas, com falta de ar e de cama, era o chefe do governo provisório, o homem mais poderoso do pais.”

Os depostos imperador e a princesa Isabel eram figuras respeitadas e admiradas pelo povo, especialmente pela gente humilde, que em grande parte, apenas um ano antes, havia deixado de ser escrava.

O Partido Republicano – que era ostensivamente anti-monarquista – só havia eleito dois deputados nas eleições de agosto, três meses antes do movimento militar da proclamação da república, e nas ruas, eram escassas as simpatias que conseguia angariar.

E, no entanto, o Brasil “acordou imperial e dormiu republicano”.

A matéria da Revista Veja continuava: “Como, pelo menos até agora, não há indícios em qualquer canto do país de movimentos significativos de restauração monárquica. Caiu o Império praticamente sem sangue ou apenas com o sangue do Ministro da Marinha, José da Costa Azevedo, o barão de Ladário, 63 anos, ferido com dois tiros, um deles na região glútea. Caiu porque, ao longo dos últimos anos, a monarquia se embaralhou ao jogar com três problemas que de chofre lhe desabaram sobre a cabeça na sexta-feira, fazendo com que a coroa rolasse pelo chão. Os problemas que enredaram o Império foram a Abolição da Escravatura, o centralismo econômico-administrativo e a indisciplina militar.”

O que a matéria destaca é que, além do centralismo econômica-administrativo e uma indisciplina militar, resquício da Guerra do Paraguai, o fator decisivo para a Proclamação da República foi mesmo a abolição da escravatura. Em outras palavras, o Brasil perdeu um modelo de governo que tinha apoio popular e vinha dando certo, a monarquia com parlamentarismo, simplesmente por ter tido a “ousadia” de libertar os escravos. Todos os que ganhavam com a escravatura ficaram contra o governo. O pecado da Abolição seria ter “expropriado” os donos de escravos, que teriam perdido “suas propriedades” sem receber nada em troca.

A “insatisfação” dos donos de escravos, que reclamavam não ter recebido uma indenização “justa” pelos seres humanos que escravizavam, nos legou um governo republicano de segunda classe, com um presidencialismo patrimonialista desenhado para favorecer a corrupção.

Um aspecto relevante para a compreensão da importância do apoio dos ex-donos de escravos para o sucesso do movimento contra a monarquia é que, na capital do país, além da classe aristocrática e dos abastados proprietários que tinham escravos para as tarefas de suas propriedades, existiam ainda milhares de “donos” de escravos que viviam do aluguel de seus “cativos” que, com a abolição da escravatura, perderam seus escravos de renda e seu “negócio”.

Haviam dois tipos de escravos de renda: os “escravos de ganho”, um tipo de escravo que podia reter pequena parte do que recebia por seu trabalho e os “escravos de aluguel”, que eram alugados diretamente por seus “donos” ou por meio das muitas de agencias espalhadas na cidade. O que a monarquia deixou de levar em conta era que alugar escravos era um negócio altamente lucrativo na cidade do Rio de Janeiro.

Uma das atividades mais rentáveis para os donos de escravos era o seu uso no transporte de mercadorias. O que era feito com grandes fardos levados na cabeça. Como escreveu Debret, citado por Luís Carlos Soares em seu livro O “povo de cam” na capital do Brasil: a escravidão urbana no Rio de Janeiro”:

“Embora pareça estranho que neste século das luzes se depare ainda no Rio de Janeiro com o costume de transportar enormes fardos à cabeça dos carregadores negros, é indiscutível que a totalidade da população brasileira da cidade, acostumada a esse sistema que assegura a remuneração diária dos escravos empregados nos serviços de rua, se opõe à introdução de qualquer outro meio de transporte, como seja, por exemplo, o dos carros atrelados. Com efeito, a inovação comprometeria dentro de pouco tempo não somente os interesses dos proprietários de numerosos escravos, mas ainda a própria existência da maior classe da população, a do pequeno capitalista e das viúvas indigentes, cujos negros todas as noites trazem para casa os vinténs necessários muitas vezes à compra das provisões do dia seguinte. É esse meio de transporte, geralmente empregado, que enche as ruas da capital desses enxames de negros carregadores, cujas canções importunam frequentemente o estrangeiro pacato, entregue a ocupações sérias em suas lojas”.

Obviamente, os numerosos ex-proprietários de escravos, os agentes de aluguel e todos os que perderam suas fontes de renda com a libertação dos cativos se puseram contra a monarquia. Foram os tais “republicanos tardios”: monarquistas até a véspera da proclamação, converteram-se em republicanos no dia 15 de novembro de 1889. Mas, enquanto os ex-escravos ficaram inertes, ainda sem entender toda a extensão de sua recém adquirida liberdade, seus ex-proprietários estavam furiosos e eram suficientemente numerosos e articulados para fazerem diferença. Além disso, contaram com a “solidariedade” dos clientes e de parte importante da sociedade da época que via os negros como seres inferiores.

A propósito, não se pode esquecer que a burocracia da cidade do Rio de Janeiro também lucrava com o aluguel de escravos e tinha organizado este “negócio” com o refinamento que se poderia esperar dos burocratas brasileiros.

Luís Carlos Soares, em seu já citado livro “O “povo de cam” na capital do Brasil: a escravidão urbana no Rio de Janeiro”, nos dá conta de como os cofres municipais do Rio de Janeiro lucravam com o aluguel de seres humanos: Pelas leis da época “…era terminantemente proibido aos senhores colocarem seus escravos no ganho de rua sem a autorização expressa e licença da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Esta proibição, inclusive, era estipulada por uma postura municipal que estabelecia o recolhimento dos escravos infratores ao Depósito Público e o pagamento de uma multa pelos senhores desses cativos. Os senhores encaminhavam o seu pedido de licença à Câmara Municipal e efetuavam o pagamento de 1$000 réis relativos a cada cativo que desejassem pôr ao ganho. A licença concedida vigora apenas por um ano…Ao conceder a licença, a Câmara Municipal entregava aos senhores chapas numeradas com datas de validade. Chapas que os escravos deveriam sempre portar.”

Muitos ex-donos de escravos ainda vinham pressionando o governo monárquico por indenizações. Tanto que o abolicionista e monarquista Joaquim Nabuco dizia: “O Brasil não é bastante rico para apagar o seu crime”. Ou seja, ainda que a monarquia desejasse, não dispunha de recursos para pagar indenizações aos mais de 200.000 “donos” dos 700.000 escravos libertados no ano anterior. Com isso, a monarquia perdeu sua base de apoio mais sólida, a dos fazendeiros e donos de escravos, que se sentiram roubados. Com uma clarividência notável, João Maurício Wanderley, barão de Cotegipe, presidente do Conselho de Estado até dois meses antes da abolição, afirmou, depois da assinatura da Lei Áurea, que a princesa Isabel havia “libertado uma raça, mas perdido o trono”.

O Visconde de Ouro Preto, primeiro ministro deposto em 15 de novembro, tinha convicção de que o segundo reinado, sob liderança de Dom Pedro II, um humanista e um homem de cultura invulgar, havia sido um período positivo para o país.

Em seu livro “Advento da Ditadura Militar no Brasil”, (referia-se ao novo governo republicano) o Visconde escreveu:

“O Império não foi a ruína. Foi a conservação e o progresso. Durante meio século, manteve íntegro, tranquilo e unido território colossal. O império converteu um país atrasado e pouco populoso em grande e forte nacionalidade, primeira potência sul-americana, considerada e respeitada em todo o mundo civilizado. Aos esforços do Império, principalmente, devem três povos vizinhos o desaparecimento do despotismo mais cruel e aviltante. O Império aboliu de fato a pena de morte, extinguiu a escravidão, deu ao Brasil glórias imorredouras, paz interna, ordem, segurança e, mais que tudo, liberdade individual como não houve jamais em país algum. Quais as faltas ou crimes de dom Pedro II, que em quase cinquenta anos de reinado nunca perseguiu ninguém, nunca se lembrou de uma ingratidão, nunca vingou uma injúria, pronto sempre a perdoar, esquecer e beneficiar? Quais os erros praticados que o tornaram merecedor da deposição e exílio quando, velho e enfermo, mais devia contar com o respeito e a veneração de seus concidadãos? A república brasileira, como foi proclamada, é uma obra de iniquidade. A república se levantou sobre os broquéis da soldadesca amotinada, vem de uma origem criminosa, realizou-se por meio de um atentado sem precedentes na história e terá uma existência efêmera!

Quanto ao imperador, era homem culto, poliglota, cosmopolita e um entusiasta do progresso e das inovações. Um bom exemplo de seu entusiasmo pela inovação, que nem todos conhecem, é a história de como ele, ao visitar os Estados Unidos na qualidade de convidado especial do presidente Ulysses S. Grant para as comemorações do Centenário da Independência Americana, em 1876, ao visitar à Grande Exposição do Centenário, na Filadélfia, em 1876, ficou curioso com o invento de Alexander Graham Bell, um modesto professor de surdos mudos, e, tendo sido convidado a testar o aparelho exposto, exclamou, entre incrédulo e maravilhado: “Meu Deus, isto fala!”.

A exclamação teve grande repercussão, ganhou as manchetes dos jornais e foi decisiva para chamar a atenção do mundo para o telefone e para seu inventor.

A empolgação de Dom Pedro II não ficou só em sua surpresa inicial. O imperador, tomado de entusiasmo pela invenção, foi a primeira pessoa a comprar ações da companhia criada pelo inventor, a ” Bell Telephone Company”, fundada em 9 de julho de 1877 na cidade de Boston, Massachusetts.

A companhia, que mais tarde deu origem à American Telephone & Telegraph Company (AT&T), acabou por tornar-se a maior empresa telefônica do mundo. Foi também Dom Pedro II que adquiriu alguns dos primeiros telefones, aparelhos que foram instalados na residência de verão de Dom Pedro II, no Palácio de Petrópolis, a quarenta quilômetros do Rio de Janeiro. Com esta iniciativa, o Brasil foi o segundo país do mundo a ter telefones instalados em seu território.

Além disso, outra coisa que poucos sabem é que, até a visita de Dom Pedro II ao seu estande, praticamente ninguém tinha ouvido falar de Alexander Graham Bell. Na grande mostra seu pequeno estande passava desapercebido. Ninguém parecia interessado naquela engenhoca até a exclamação de nosso imperador.

Convém acrescentar, a esta altura, que o imperador brasileiro era o principal convidado estrangeiro e figura central dos festejos do primeiro Centenário da Independência Americana, tanto que, entre outras homenagens, teve a honra de ligar o gerador a vapor que fornecia eletricidade para a exposição.

O relato do episódio, por parte do próprio inventor, dá conta da importância de Dom Pedro II para a história do telefone:

“No domingo eu fui para a exposição. Haviam muitos aparelhos elétricos para serem demonstrados…e os pobres juízes eram conduzidos da cá para lá para ver uma coisa depois da outra, até o ponto de estarem prontos para desistir. Eu seguia os juízes em suas voltas, enquanto eles olhavam aparelho após aparelho. Finalmente, eles chegaram ao estande de Elisha Gray, que tinha um aparelho para transmitir tons musicais semelhante ao meu telégrafo múltiplo. Ele fez uma apresentação muito interessante. Fiquei atento porque eu seria o próximo, mas ele continuava e continuava, até que, quando finalmente terminou, o “chairman” da comissão dos juízes resolveu que eles adiariam as demais avaliações dos equipamentos elétricos para outro dia. Isto queria dizer que eles nunca veriam o meu telefone…Em razão dos compromissos de minha escola, eu só podia permanecer naquele domingo, de modo que eu senti que toda a minha exposição seria perdida. Os juízes já começavam a dispersar quando, subitamente, o Imperador Dom Pedro me viu e me reconheceu como o jovem que ele havia encontrado em Boston, na oportunidade em que visitou a escola para surdos-mudos, onde eu havia feito uma apresentação. Ele veio ao meu encontro e disse: “Sr. Bell, como estão os surdos-mudos de Boston?” Eu disse a ele que estavam bem e que minha demonstração seria a seguinte. Ele disse que queria ver, tomou meu braço e caminhou comigo, e claro, os juízes o seguiram como um bando de ovelhas. Minha exposição estava salva.

No estande, os aparelhos estavam prontos para serem usados. Dom Pedro foi orientado a sentar-se em uma cadeira onde estava instalada a pequena caixa de ferro do receptor e foi-lhe pedido que encostasse seu ouvido no estranho aparelho. Bell sentou-se em outra sala e falou devagar e com grande clareza no tubo do transmissor. Dom Pedro, claro, não sabia o que esperar, assim como ninguém mais na sala. Subitamente, o imperador levantou sua cabeça e, com uma expressão maravilhada estampada em seu rosto, exclamou: “Isto fala”.

Então veio Sir Walter Thompson, um internacionalmente respeitado conhecedor de eletricidade: ele ouviu, e ouviu e ouviu aquele pequeno disco de ferro falar com voz humana. Então, expressando grande admiração, disse: “Isto fala mesmo. Esta é a coisa mais maravilhosa que vi na América… Esta é a coisa mais maravilhosa até hoje conseguida pelo telégrafo elétrico…Muito em breve as pessoas estarão contando seus segredos por meio de fios elétricos.”

Quando Sir William Thompson falou, o mundo acreditou.

Bell disse, na ocasião: “eu fui dormir, na véspera,, como um total desconhecido e, no dia seguinte, me descobri famoso. Eu devo isto a Sir William Thompson e, antes dele, ao Imperador Dom Pedro e, além deles, aos surdos mudos de Boston”.

Será que sem a contribuição de Dom Pedro II o mundo de hoje teria telefones? É de se supor que sim. O mundo estava pronto para o telefone. Mas, ao perceber o potencial da inovação à sua frente, o imperador ajudou o mundo a antecipar o progresso em alguns anos. Uma evidência de como o nosso imperador era um homem do mundo; um “early adopter” atualizado e aberto à inovação.

Ceska – O digitaleiro


Referências:

Artigo escrito por Aristides Lobo no dia 15 de novembro e publicado no “Diário Popular” de São Paulo em 18 de novembro de 1889.

SOARES, Luiz Carlos. Os escravos de ganho no Rio de Janeiro do século XIX. Rio de Janeiro: Revista Brasileira de História, 16 (mar/ago), 1988.

Revista Veja – Edição Especial de setembro de 1989. – http://veja.abril.com.br/historia/republica/capa_republica.html

OURO PRETO, Visconde de, Advento da Ditadura Militar no Brasil, Editora Imprimiere F. Pichon, Paris, 1891.

“Thw Empire of Brazil at the Universal Exhibition of 1876 in Philadelphia – Editado no Rio de Janeiro pela Typographia e Litographia do Imperial Instituto Artístico – 1876 – Conforme arquivo do Global Gateway – Call Number F2513.B833 – Identidade digital: gcbr 002 http://hdl.loc.gov/loc.gdc/gcbr.002

http://www.heritage-history.com/?c=read&author=bachman&book=inventors&story=bell

Manifesto Brasil 4.0 e o Brasil digital

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O Brasil está sendo chamado para a nova etapa do gênero humano que começa com a Quarta Revolução Industrial.

Manifesto de chamamento para a construção de um Brasil digital como saída para a crise política e econômica em que estamos mergulhados:

Brasileiro:

Este é o seu país. Aqui está o seu futuro. Abra sua mente e seu coração. Liberte seus sonhos.

Juntos podemos fazer o Brasil 4.0 e alinhar o país com a Quarta Revolução Industrial e com as promessas do Século XXI.

O Chamamento da Quarta Revolução Industrial ecoa por todos os quadrantes do orbe. A humanidade segue seu caminho no rumo da plenitude. Novos avanços no conhecimento e novas conquistas científicas e tecnológicas abrem novas perspectivas para todos os povos e nações.

Em um mundo cada dia mais global, a aventura do homem chega mais perto da superação das carências que o afligem desde sempre, como a miséria absoluta, a fome, a doença e a vida mesquinha dos que não tem sonhos e não tem futuro.

A Revolução Industrial 4.0 é uma nova etapa de possibilidades e promessas. Mas seus benefícios só se abrirão para os que baterem à sua porta. A roda do tempo não para e é preciso virar a página.

O que as novas gerações digitais não querem é “remediar”. Remendar o que está aí, girando em círculos, mantendo velhas estruturas de poder, obsoletas, eivadas de vícios, desmandos e privilégios. Sabemos todos que remendar o que está aí é tão inútil como enxugar gelo.

A opção é avançar para um novo paradigma. Fazer a metamorfose para o paradigma digital. O mundo digital é a nova fronteira. Lá é que está o futuro.

O mundo digital é transparente e multiforme.

A Internet, seus canais de comunicação e suas plataformas de conectividade se tornaram as portas e janelas da sociedade contemporânea.

O mundo digital é o mundo do compartilhamento. O mundo das mãos dadas.

Nunca as pessoas estiveram tão irmanadas, tão iguais. Nunca as oportunidades foram tão amplas e nem tão universais. Nunca sonhar foi tão possível. Nunca a esperança esteve tão próxima.

O mundo digital não discrimina. Não tem preconceitos, não diferencia ninguém pela cor, pelo sexo, pela classe social, pela religião e nem por qualquer outra condição que possa dividir as pessoas em castas ou grupos.

O mundo digital permite o protagonismo de todos. Tem espaço para cada sonho, para cada esperança, para cada anseio. E neste espaço cabe você. Tem um espaço para você.

Saiba que as sociedades são diálogos. Que nações são seres humanos e não estatísticas. Que a linguagem do mundo digital é transparente por natureza, e portanto, mais sincera, aberta e construtiva.

No mundo da Quarta Revolução Industrial vem surgindo novas formas de cooperação e de troca de conhecimentos. Em todas as nações abrem-se perspectivas para novas e poderosas formas de organização social.

Na nova ordem, os líderes das nações vão precisar descer de suas torres de marfim, derrubar os muros com que se protegem e dialogar com as pessoas que se propõe liderar e conduzir.

A lealdade deve ser um compromisso mútuo entre os dirigentes e a sociedade. De fato, a lealdade se torna a chave para a equidade e para a paz social.

O cidadão é criador e membro constituinte do Estado contemporâneo, que só sobreviverá se for parceiro do cidadão. O cidadão é, a um só tempo, membro, condômino e contribuinte do Estado.

O mundo digital é rápido e múltiplo. Multidões podem compartilhar ações, recursos e informações de modo a contribuir para o bem comum. O conhecimento deve ser compartilhado sem reservas.

O sentimento de participação e engajamento, a capacidade das pessoas de se conectarem livremente com outras pessoas, em qualquer lugar e em qualquer momento, com amplo acesso à informação, irá contribuir para que se sintam integradas e se disponham a participar na vida de sua comunidade e de sua nação.

Em uma democracia na era digital, a camada que importa é a da cidadania. Ela deve ter espaço legal para decidir os assuntos de sua vida pessoal sem precisar a intermediação de uma burocracia imensamente pedante e dispendiosa, que se especializa em cobrar “pedágio” de múltiplas formas.

Sinecuras e cargos públicos desnecessários drenam recursos que deveriam pagar o salário de médicos, professores e profissionais de saúde.

O pressuposto de uma democracia digital é que deve ser capaz de organizar-se como uma vasta rede de interesses descentralizados. O poder digital se desloca do centro e flui para a ponta, lá onde está o cidadão.

Os cidadãos devem poder aglutinar-se e agir como as células de um organismo, formando elos que atuam em cadeia, cada elo com autonomia e vida própria, sem amarras burocráticas, permitindo ao sistema operar com flexibilidade e rapidez.

Já o poder central deve cingir-se a atuar como facilitador, aglutinador e coordenador.

Brasileiro, o Brasil é o seu país. Aqui está o seu futuro. Rompa as correntes que o aprisionam. Abra sua mente, seu coração e seus braços.

A Quarta Revolução Industrial convoca a humanidade para uma nova era de prosperidade e bem estar sem precedentes. O novo mundo será mais inteligente, mais conectado, mais rápido, mais abrangente, mais inclusivo e mais justo.

E o Brasil pode fazer parte desta nova e fascinante etapa da história humana.

Brasileiro, o Brasil 4.0 precisa de você. Venha, vamos juntar esforços para tornarmos realidade o Brasil Digital.

Este é o caminho para pularmos etapas e chegarmos à prosperidade. Este é o caminho para melhorarmos a qualidade de vida e, especialmente, qualidade dos sonhos da nossa gente brasileira.

O que nos anima é mais do que uma esperança, é uma certeza: o Brasil tem jeito e o jeito é digital.

Brasileiro, seja bem vindo.


Ceska – O digitaleiro

 

A Escolha do Predador

O selvagem de Montesquieu derrubava a macieira para comer uma maçã, exatamente como muitos dos nossos políticos.
O selvagem de Montesquieu derrubava a macieira para comer uma maçã, exatamente como muitos dos nossos políticos.

A oportunidade do 45o Fórum Econômico Mundial, que atrai as mais importantes lideranças governamentais, dos negócios e da sociedade civil do planeta para debater as questões mais importantes da atualidade, oferece um bom momento para refletirmos as razões que levam o Brasil a navegar na contramão da história.

Cada vez mais a humanidade se divide entre os super-ricos e os super-pobres. Cada vez mais as nações se alinham entre as ganhadoras e perdedoras. E, infelizmente, o Brasil vem solidamente se firmando entre as perdedoras. Estamos um queda livre, com a recessão dizimando empregos e empurrando o país de volta para uma pobreza que, para muitos, parecia ter sido deixada para trás.

O que está tão errado com o Brasil? Por que não conseguimos sair deste sobe e desce no campo econômico, por que vivemos de crise em crise?

A resposta talvez se encontre em nossa cultura de predadores. Neste país valorizamos mais os predadores do que os empreendedores.

Desde a colônia, sempre temos preferido fazer a escolha do predador: ao invés de criar ou produzir, queremos pegar sem esforço. Nossa ética sempre foi elástica. Predar parecia tão legítimo como produzir. Para muitos, até tem mais charme. Até o processo do Lava-Jato, o “pixuleco” era invejado. E de malandragem em malandragem, de propina em propina, nossa gente se acostumou a agir como os selvagens de Montesquieu, que os definia como aqueles que derrubam a macieira para comer uma maçã.

Aqui não acreditamos em empreender, nem em fazer. O empresário no Brasil é visto como o tonto a ser tosquiado. É a história da Geni: todos contra ele, todos atirando nele, ainda que todos devam tudo a ele. Patético.

Nossa história como predadores começou quando acabamos com o Pau-Brasil, quase extinguimos a Mata Atlântica, estamos dilapidando a Amazônia e agora vemos os estertores da Petrobrás. Nestes trópicos inconsequentes sempre acreditamos que a abundância nos protegeria de nosso comportamento de predadores insaciáveis e irresponsáveis.

Mas, assim como a aparente riqueza inesgotável da Petrobrás se mostrou finita, nossos recursos escasseiam e nos vemos próximos da bancarrota. Nem é preciso citar estatísticas ou indicadores. Todos os números apontam para o fundo do poço e indicam que mais crise está por vir.

O governo de Da. Dilma está completamente aturdido.

Dias atrás, o FMI divulgou que a queda da economia brasileira em 2016 vai superar os três por cento e informou que não vê mais retomada do crescimento em 2017 – como a entidade acreditava ainda em outubro. O desastre da economia brasileira vai pesar sobre a economia mundial como um todo, afirma o fundo.

Da. Dilma, a permanente estarrecida, mostrou-se indignada:

“Eu fiquei recentemente estarrecida com uma frase que li no relatório do FMI. Nós sabemos que o FMI fala muita coisa. No último relatório dele, avaliando a economia internacional, ele diz que três fatores são muito relevantes no atual cenário e explica as dificuldades que o mundo enfrenta: a diminuição do crescimento da China, instabilidade no Oriente Médio, e o terceiro era a continuidade da situação crítica no Brasil”, afirmou a “presidenta”.

Em seguida, Da. Dilma comentou o trecho em que o relatório atribui a situação crítica do país não à economia, mas à instabilidade política e às investigações da Operação Lava Jato:

“Ao que ele – (FMI) – atribuía a situação crítica do Brasil? Não era da economia, eram duas coisas. Instabilidade política e o fato de as investigações quanto à Petrobras terem prazo de duração maior e mais profundo do que eles esperavam e que “isso” (sic) seriam os dois principais fatores responsáveis pelo fato de eles terem de rever posição do FMI em relação ao crescimento da economia no Brasil”.

Nesse ponto do discurso, a “presidenta” afirmou, com a ligeireza com vem falando ao vento, que “tem certeza que o Brasil vai alcançar a estabilidade política e terá tranquilidade para retomar o crescimento econômico”.

“Na democracia, é absolutamente normal que a oposição critique, que qualquer um critique, se manifeste, divirja do que está acontecendo. Isso é normal, mas nós não podemos aceitar que as questões essenciais para o país não sejam objeto de ação conjunta para voltarmos a gerar emprego e renda. Faremos nossa parte”, disse.

Dá medo. Ela já vem fazendo a parte dela pelos últimos doze anos. Se fizer mais um pouco, o país vira sucata. Que Deus se compadeça de nós.

E agora, o que podemos fazer?

A era do predador acabou. Nem no erário sobrou alguma coisa. Agora, precisamos criar riquezas, gerar valor, produzir. A saída é nos unirmos. Não adianta acharmos que ajudar o governo vai funcionar. Empurrar o carro deste governo na direção do despenhadeiro só vai apressar sua queda no precipício.

A alternativa positiva ao nosso alcance é iniciarmos um amplo debate sobre a saída digital. O que podemos aprender com o que se debate em Davos é que a Quarta Revolução Industrial está deslocando o poder para as pessoas. As novas tecnologias nos capacitam a deixar o governo falando sozinho. O exemplo do Uber é didático: enquanto os cães ladram, a caravana passa…

As coisas estão mudando. Online, somos nós e nossos amigos por nós mesmos. Na Internet, somos os novos mosqueteiros esgrimindo mouses: “um por todos e todos por um”. Temos que ser criativos e buscar alternativas. Elas existem. A economia cooperativa, os bitcoins, o e-commerce, atividades online, apenas para citar algumas.

A propósito, se você já não sabe, trate de aprender inglês. (Dizia um amigo americano: Português é um “código secreto”). Olhe para a internet e para as oportunidades que oferece aqui e lá fora. São zilhões.

E para mudar o Brasil, precisamos criar grupos de ação, reunir amigos e estruturar um projeto digital para o novo Brasil digital: o “Brasil 4.0”. E é “4.0” porque precisa estar em sintonia com a Quarta Revolução Industrial.

Esquece a Da. Dilma e seu bando de panacas aloprados. Do atual governo não vai vir nada. Como dizia o “Barão de Itararé”: de onde menos se espera, de lá é que não vem nada mesmo”

Moral da História: O Brasil tem jeito e o jeito é digital.

Ceska – O digitaleiro


 

Brasil 4.0, Davos e a Revolução Industrial 4.0

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O Brasil 4.0 estará em sintonia com a Revolução Industrial 4.0 e alinhado com o mundo contemporâneo do Século XXI

 

 

 

 

 

 

 

Agora é oficial: vem aí a Revolução Industrial 4.0.

O Fórum Econômico Mundial, em seu encontro de Davos, na Suíça, colocou em sua pauta para 2016 a chegada da Quarta Revolução Industrial, esta nova onda de transformações que vão, segundo os organizadores da Conferência, “alterar de modo fundamental a maneira como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos uns com os outros.”

O Brasil ainda não acordou, mas vai precisar sair do torpor e da bruma da obtusidade em que se debate. A luz amarela está piscando. Precisamos rever tudo. Ou evoluímos direto para o Brasil 4.0 – pulando etapas – ou, logo, seremos um país irrelevante, empurrado para os cafundós do planeta.

O mundo caminha em meio a uma nova e extraordinária onda de transformações tecnológicas. Nunca antes neste mundo tanta coisa mudou tão rápido. Precisamos saltar sobre o fosso do ignaro para darmos as boas vindas à “Quarta Revolução Industrial” ou RI 4.0 – “Revolução Industrial 4.0”. A decisão precisa ser nossa, como cidadãos, já que nossa preclara “presidenta” não vai à Davos. Que – imaginem! – ignora e não homenageia a mandioca. Talvez por insensibilidade capitalista.

O site oficial do Fórum Econômico Mundial esclarece: “Em escala, escopo e complexidade, as transformações serão diferentes de qualquer coisa que a humanidade tenha experimentado antes. Nós não sabemos ainda como ela irá se desenrolar, mas uma coisa é clara: as resposta a esta nova era deve ser abrangente e integrada, envolvendo todos os agentes interessados (“stakeholders”) das políticas globais, do público, dos setores privados à academia e a sociedade civil”

“A Primeira Revolução Industrial usava água e a força do vapor para mecanizar a produção. A segunda RI usava o poder da eletricidade para criar a produção em massa. A terceira RI, a revolução digital, usava a tecnologia da informação para automatizar a produção. Agora a quarta Revolução Industrial está se desenvolvendo à partir da terceira, que vem ocorrendo desde os meados do século passado, e se caracteriza pela fusão de tecnologias que estão esmaecendo as fronteiras entre as esferas físicas, biológicas e digitais.”

Entre outras profundas transformações que se podem prever, o site destaca o impacto desta RI 4.0 sobre os governos:

“À medida que os mundos físico, digital e biológico continuarem a convergir, novas tecnologias e plataformas irão crescentemente capacitar os cidadãos a engajarem-se com os governos, fazer ouvir sua voz, coordenar seus esforços e mesmo circunscreverem a supervisão das autoridades públicas. Simultaneamente, os governos ganharão novos meios tecnológicos para ampliar o controle sobre suas populações, baseados na supervisão pervasiva e na habilidade de controlar a infraestrutura digital. Na somatória, todavia, os governos irão sofrer crescente pressão para mudar sua atitude em relação à participação pública e à definição de políticas, à medida que diminui seu papel central como condutor das políticas públicas em razão das novas fontes de descentralização e distribuição de poder tornadas possíveis com as novas tecnologias e com as quais que terão que competir.”

Em última análise, a capacidade dos sistemas de governo e das autoridade públicas em adaptar-se irá determinar sua sobrevivência. Se se provarem capazes de abraçar um mundo de mudanças disruptivas, submetendo suas estruturas aos níveis de transprˆ´ncia e eficiência que as capacitem a manter uma margem competitiva, elas permanecerão. Se não forem capazes de evolir, elas enfrentarão problemas crescentes.”

Isto será particularmente verdadeiro na questão da regulação. Os atuais Sistemas de politicas públicas e tomadas de decisão evoluíram durante a Segunda Revolução Industrial, um período durante o qual os tomadores de decisão tinham tempo para estudar as questões específicas e desenvolver o contexto apropriado para as respostas necessárias. Todo o processo foi desenvolvido para ser linear e mecanicista, seguindo uma abordagem de cima para baixo”

Mas esta abordagem não é mais viável. Dada a amplitude dos impactos e a velocidade das mudanças da Quarta Revolução Industrial, a maior parte dos legisladores e burocratas não conseguirão responder aos desafios sem precedentes que terão de enfrentar”.

Este é o mundo que vem sendo construído lá fora. E com o qual teremos que conviver. Gostemos ou não.

Então, o que queremos? Sermos um país em sintonia com o século XXI, digital e conectado, ou continuarmos um Brasil 0.0, a Republica da Mandioca do Lula e da Dilma?

Queremos participar da Quarta Revolução Industrial ou vamos viver nos cafundós do mundo, fazendo a “Revolução da Tapioca”?

Mas que ninguém se engane: ou assumimos nosso papel na Revolução Industrial 4.0 ou vamos todos viver de mandioca. De minha parte, não quero ser pelanca. E acho que as novas gerações digitais também não. Cansamos de ser de segunda classe. E também de um governo de segunda classe. Queremos mudar esta sina feita de mediocridade, atraso, empulhação e bazófia. Da mais cruel corrupção e incompetência.

Temos que pegar o touro à unha ou garrar um lenço para ir chorar na varanda, vendo a banda passar.

Suponho, e bota suponho nisto, que não sejamos um povo de imbecis. Está bem, nossos grotões elegeram um governo de fancaria, liderado por charlatões políticos, mas nossas ilhas de excelência mostram que nem tudo está perdido. Temos criatividade, talento, capacidade. Basta citar exemplos como a Embraer, a Rede Globo, a Editora Abril, o Grupo Gerdau, a Tramontina, o Hospital Albert Einstein, o Sírio Libnês, o INCOR, o agronegócio, as rodovias paulistas para ilustrar nossa vocação para a excelência. Se multiplicarmos estes exemplos Brasil afora vamos dar certo. E desembarcar rapidinho no primeiro mundo.

O problema é nosso atual governo lulopetista: ele é a pedra no meio do caminho. Hoje, graças ao petismo obtuso, somos um país sem noção. Sem um projeto e sem um horizonte. Vivemos sob a ética das pedaladas.

O lastimável governo petista que temos é que nos encarapuça como povo zicado, mandioqueiro, microcéfalo. Que me valha São Benedito, mas o fato é que esta política mentecapta tem que acabar. Precisamos reciclar nosso complexo de vira-latas. Afastar de nosso caminho o “sapo barbudo” e a “mulher sapiens”, e desenterrar os sapos da burrice, da pretensão e da fanfarronice cheia de empáfia.

Vamos encarar a realidade: ou nos livramos desta zica ou nosso destino será um mergulho na babaquice. E aí, além do Zika, da Dengue e do Chikungunya, ainda vamos ter que aguentar o vírus do “pestistismo”.

  • O Brasil 4.0 é o futuro em nossas mãos

Com a chegada da RI 4.0, as novas gerações do Brasil estão sendo convidadas à assumir sua missão de reformar o país. De criar e formatar o Brasil 4.0.

O Brasil 4.0 é mais do que um mote. É um projeto de país. Uma nova maneira de interagirmos com nossos concidadãos e com nossos poderes contituídos.

É também uma marca. Um objetivo. Um referencial, que, além de significado, tem visão, projeto, contornos, relevo e contexto. Associada à ideia da “Quarta Revolução Industrial” é uma marca com a solidez do aço. Seu sentido, o de um compromisso com o realinhamento com as tecnologias e oportunidades da RI 4.0, é também um brado libertador. Uma primavera tecnológica para o Brasil, para as almas deste país possível que anseiam pelo futuro e fluem livres para realizar seu sonho de prosperidade. Num sentido mais amplo, é tanto um rompimento com o passado opressor como uma promessa para o futuro, sem amarras e sem pedras no caminho.

A Revolução Industrial 4.0 é revolução no sentido mais vasto do termo. É de tirar o fôlego o que está ocorrendo no mundo digital. Nem nosso “metamorfose ambulante”, o genial Raul Seixas, iria entender. Tudo está sendo repensado e revisto. Nenhum dos mais diferentes quadrantes da vida, da humanidade, da sociedade, das coisas mensuráveis, da indústria, do mercado, da “internet das coisas”, da comunicação entre dispositivos, equipamentos, máquinas e “coisas” é como foi.

Objetos, coisas, vestuário, móveis, edifícios, eletrodomésticos, tralhas e tudo aquilo que usamos cotidianamente começa a ter vida. Como nas histórias de fadas, agora espelhos falam. Nas habitações as geladeiras informam o que tem e o que é preciso comprar. O espelho do banheiro avalia seu estado de saúde examinando sua pupila enquanto você faz a barba (ou a maquiagem…). Carros andam, estacionam (e se congestionam) sozinhos. O céu vai ter mais drones carregando encomendas do que motoboys circulando em São Paulo. O mundo real e o virtual passam a interagir. Modernas tecnologias de conectividade estão sendo combinadas com processos industriais automatizados. Aplicativos “agnósticos” se entendem com tudo e todos. É um novo composto tecnológico para servir ao gênero humano. Algo técno-antropológico. Para não perderem a objetividade prática, os especialistas classificam estes desenvolvimentos sob o nome de “Revolução Industrial 4.0”.

A Revolução 4.0 nasceu, na Alemanha, como um projeto no âmbito da estratégia de alta tecnologia voltada para a manufatura inteligente. Sendo originário da Alemanha, o conceito tinha que ser assentado em coisas objetivas. Práticas.

Sua base tecnológica é composta por um “sistema nervoso” embebido nas coisas. Novas gerações de sistemas, atuadores, sensores e dispositivos conectados e online, uns falando com os outros, sem particioação humana, via “Internet das Coisas”.

A nova Revolução virou a grande estrela da Conferência de Davos de 2016. Hoje, sob a liderança da Alemanha e dos Estados Unidos, já está em desenvolvimento um programa de cooperação por meio da Smart Manufacturing Leadership Coalition – SMLC, que vem a ser uma “Coalisão de Lideranças para Manufatura Inteligente”.

A SMLC reúne os interessados de todas as áreas, produtores, fornecedores, fabricantes, universidades, empresas de tecnologia e governos. O objetivo deste esforço cooperado é levar as partes interessadas a atuar em conjunto no desenvolvimento das novas abordagens, plataformas, infraestrutura e do arcabouço legal e normativo para a adoção de novas soluções e de um novo paradigma. Regras e protocolos compartilhados significam compatibilidade e funcionalidade. O mundo vem aprendendo a fazer certo. As novas tecnologias vem “plug and play”. Ligou, funciona,

E as novas tecnologias vem com uma nova e crescente consciência ambiental. No novo meio-ambiente dos espaços, cidades e habitações inteligentes que vem no bojo da Revolução 4.0, onde tudo estará ligado e conectado, a consciência ambiental vai ajudar a mudar a atitude em relação ao planeta. A mudança tende a ser espetacular. Como em uma nova dimensão da Hipótese Gaia, a conexão entre os organismos vivos e os elementos inorgânicos da terra poderá ser melhor compreendida e implementada. Sensores, câmaras e dispositivos se comunicarão entre si. Esta integração perfeita dos mundos físico – analógico – e o mundo virtual – digital – só é possível porque tudo o que existe no mundo real é reproduzido virtualmente no mundo digital. Como tudo o que é real tem uma dimensão no mundo virtual que existe no computador, é possível usar o processamento de hipóteses e a simulação para chegar ao melhor conjunto de opções. Trata-se da “inteligência artificial” ajudando a organizar e otimizar o do que existe, do que está disponível e de cada um dos entes existentes no mundo real.

Então, vamos migrar para o mundo da “Revolução Industrial 4.0” ?

Vamos juntar forças para pular etapas e fazer o “Brasil 4.0” ?

Agora o futuro está em nossas mãos. E esteja certo, o Brasil tem jeito. E o jeito é digital.

Ceska – O digitaleiro