Big Data: arma do cidadão

Big Data quer significar “os grandes dados” e se refere a captura e interpretação das informações digitais obtidas por meio da rede mundial de computadores à partir dos cadastros de redes sociais, e-commerce, pesquisa em sites, buscadores como o Google e outras fontes que contenham dados pessoais, preferências, interesses, hábitos de consumo, etc.

Esta nova fronteira do processamento massivo permite saber em tempo real o que se passa no âmbito da sociedade e do mercado. Reunindo e organizando bilhões de dados que circulam online, os computadores que processam o Big Data permitem identificar quais os temas que atraem a atenção do grande público, quais as opiniões e tendências que predominam sobre os mais variados assuntos e, até rastrear interesses pessoais como modelo de carro, destinos turísticos de interesse e outros. Também é possível usar o Big Data para rastrear problemas de saúde pública como epidemias ou surtos localizados de doenças, por exemplo.

O uso do Big Data permite que empresas e instituições conheçam o mercado com grande intimidade e possam tomar decisões estratégicas mais acertadas. Isso pode significar mais rapidez na tomada de decisões, melhor eficiência no uso dos recursos, menores riscos e custos e melhor desempenho da organização, seja uma empresa ou um governo. No caso do governo, saber o que desejam os cidadãos pode permitir melhorar a gestão, antever necessidades, atender expectativas.

A crítica mais comum ao uso do Big Data é o de invasão da privacidade. O problema é que hoje a privacidade já virou ficção para o usuário convencional da internet. Existem maneiras de criar espaços razoavelmente protegidos e que podem ser gerenciados pelo usuário, mas que não oferecem segurança absoluta. E, depois, uma invisibilidade para o Big Data pode ser mais perigosa do que a presença administrada por uma boa arquitetura de gestão dos dados. Por exemplo, câmaras de vigilância podem identificar ameaças potenciais. Imaginemos o caso de uma mulher sob ameaça de feminicídio por um ex marido ou namorado. – O Mapa da Violência Contra a Mulher apontou que, em 2013, 13 mulheres foram assassinadas POR DIA no Brasil – Sob autorização de um juiz, câmaras de vigilância públicas, ou localizadas em seu edifício ou local de trabalho, podem ser programadas para o reconhecimento da pessoa em risco e identificar se o antigo parceiro se encontra nas proximidades em atitude suspeita. Em caso positivo o aplicativo pode emitir um alarme via celular. Ou, ainda, via “Internet das Coisas”, bloquear acessos para o suspeito e ativar a segurança.

O fato é que o Big Data já é um realidade. Trata-se de uma arma poderosa. E perigosa em mãos inescrupulosas. Se utilizada de forma inteligente, pode servir aos cidadãos e contribuir para melhorar a gestão pública e a qualidade de vida. Se o governo não se preparar para reconhecer seus riscos, pode se transformar num instrumento de intromissão e de uso inescrupuloso.

O ponto chave é que a sociedade precisa compreender o Big Data e usá-lo a seu favor. Grupos de Ação Online, como propostos por este blog para a participação da cidadania na governança online, poderiam atuar de modo a aproveitar seu potencial modernizador.

O Brasil tem jeito. E o jeito é digital.

Ceska – O digitaleiro

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