Para mudar “tudo isto que está aí” o pessoal precisar sair para a rua. Cada um deve pegar na mão do outro e todo mundo junto fazer valer a força da opinião pública. Um movimento de mobilização nacional pode – e deve – levar à redescoberta de nosso potencial como nação. Abrir passagem, escancarar as portas da história, e deixar nosso destino passar.
Chega a ser repetitivo, mas vezes sem conta, reiteradamente, temos sido a tal “nação do futuro”. Mas desta vez, pode ser que as coisas mudem. Os ventos sopram a favor e parece que, na américa latina toda, estamos entrando no século XXI. Atrasados, mas ainda com ímpeto e vontade de não perder o trem da história.
Com as ruas lotadas de povo, contamos com contingentes mobilizados em número recorde. Agora é o momento de botar “prá jambrar”: a Geração Digital está mais bem preparada, mais sintonizada e mais conectada do que quaisquer outras anteriores. Digos isto até com certa nostalgia. Mas está todo mundo na base do mote do Adhemar de Barros: para a frente e para o alto. E isto faz toda a diferença.
O momento de redefinições que vivemos é uma oportunidade fantástica para uma juventude que sabe o que fazer e como fazer para colocar o país nos trilhos com as novas tecnologias. Esta geração que está aí pode redefinir o futuro do Brasil e surpreender o mundo.
Particularmente caso este movimento digital seja tomado da mesma da espontaneidade e do mesmo entusiasmo dos protestos que tomaram as ruas do país.
A percepção, a criatividade e o espírito inovador vão fazer surgir respostas e caminhos. Certamente existem potenciais prontos para serem encontrados e descobertos. E a dinâmica do processo de criação compartilhada online irá ampliar seu escopo e abrangência
O melhor modelo tenderá a emergir de forma natural, como acontecia com as esculturas de Michelangelo, que dizia respeitar a escultura que estava escondida na “pietra serena”, o bloco de mármore cinza de estatuária em que esculpia.
Pode-se prever que, em meio à turbulência das mudanças e ao brilho dos novos espaços digitais, apareçam resistências.
Mas todas as grandes revoluções são assim: sabemos como começam, mas não como acabam. E o motivo das grande revoluções é sempre o mesmo: o esgotamento, a falência e o colapso de um sistema.
Então, quando ninguém aguenta mais, quando não dá mais para continuar, quando se esgotam as alternativas, os fatos escancaram a dimensão da crise e desencadeiam as forças da mudança.
Daí a importância histórica e política dos movimentos que tomaram às ruas. Sua vocação liberal – e até libertária – representa um sopro de vitalidade no debate político nacional.
E agora que as condições para a mudança estão postas é preciso avançar rapidamente. Menos por temer que as velhas raposas do jogo político tentem dividir e cooptar o espírito de liberdade que anima as ruas. Claro que tentarão fazê-lo, que não vão querer entrega o osso. Mas serão irrelevantes. A pressa é mais para aproveitar a energia que a sociedade irá liberar, é para empolgar e galvanizar as gerações digitais e os corações e mentes que, seguramente, vão emergir aos milhões Brasil afora.
Uma nova constituição que seja “moldura” para a nova realidade do mundo digital e não “regulamento” para proteger privilégios, como recomendaria Roberto Campos. E, detalhe: para repactuar o pacto social não é preciso promover um festival de egos como foi, de certa forma, a última constituinte.
Vamos guardar a pompa e circunstância para os resultados alcançados, quando alcançados. Vamos festejar a conquista dos campeonatos de crescimento, quando crescermos, vamos celebrar o progresso, quando progredirmos, vamos celebrar as melhorias, quando melhorarmos, ao invés de festejarmos o vazio e o nada das promessas ocas ou, pior, a autocomplacência dos “cartolas” do governo e do congresso.
Ceska – O digitaleiro