A Revolução dos Clicks: Empoderamento, Proatividade e Transparência

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A Revolução dos Clicks vai mudar o Brasil

Uma Revolução dos Clicks: novos paradigmas do Empoderamento, Proatividade e Transparência estão abrindo portas, criando oportunidades, facilitando negócios, e, neste meio tempo, vem mudando o mundo.

O mercado vem se tornando um bolo de noivas multicamadas. O mercado é um pombal de nichos onde realizamos sonhos, trocamos competências e expressamos nossas habilidades.

Aviso aos navegantes: a “Revolução dos Clicks” é mais do que uma promessa. É uma revolução que está em curso. Enquanto o mundo caminha para a Quarta Revolução Industrial, em cada recanto do Brasil existem milhares de brasileiros conectados via smartphones, tabletes, notebooks, PCs e outros menos votados, vendo, ouvindo, falando e agitando assunto na expectativa de encontrar oportunidades que existem aqui e lá fora.

E o lado auspicioso é que tem milhões de brasileiros preparados para sua inserção no mundo digital, esperando um chamado para juntarem-se numa cruzada pela inovação. As mudanças estão vindo. Mas precisam vir certo. Não adianta mudar só as moscas…

O importante é saber que logo, logo, este o trio transformacional irá conduzir o Brasil para a era digital. Quem se puser no caminho vai ser atropelado.

Afinal, a nova geração digital sabe das coisas e intui que a opção por um Brasil online – digital – é o caminho para a revolução dos clicks.

Vamos dar uma olhada neste tripé da cidadania digital para entender como cada um deles pode contribuir para mudar o Brasil e fazê-lo atravessar para o lado da luz:

1 – Empoderamento

O termo “empoderamento”, que é a tradução do termo ingês “Empowerment”, define o grau de poder nas mãos do cidadãos e seu engajamento cívico no contexto de uma comunidade.

O empoderamento é o processo de tomada do poder pelos cidadãos e a redefinição da alçada de poder dos governantes. O conceito pressupõe que os cidadãos é que são os donos das escolhas e do poder. Os cidadãos é que são os donos do país e delegam parte deste poder aos seus representantes, mas, atenção, sempre em caráter precário. Por princípio, como no parlamentarismo, o retomam quando entendem que seus representantes não estão correspondendo às expectativas ou aos seus desejos. Governou mal, cai. Meteu a mão, cai.

Os cidadãos é que decidem o que é bom. O governo precisa dialogar com a sociedade, explicar suas decisões e justificar seus motivos. Mas devem se submeter sob pena de sofrerem a repulsa e a reação social.

A cidadania empoderada é bem informada e atuante, sabendo como participar nas decisões no âmbito da comunidade. Em uma sociedade bem informada, a sociedade tem por fim alcançar o melhor diante das circunstâncias. Com equilíbrio, a sociedade deve levar em conta que o que é bom para uns pode não ser o melhor para o conjunto da sociedade. Esta tradição esquerdista de ganhar no grito precisa acabar. Assim, os cidadãos devem assumir responsabilidades com elevado grau de maturidade.

O empoderamento, assim, não significa o direito de arrogar-ser privilégios e deve levar em conta o bem comum. A amplitude do empoderamento começa com o conhecimento da realidade e com a discussão sensata das soluções.

Tem a ver, ainda, com a disposição com que os membros de uma comunidade assumem sua parcela de poder e como agem utilizando o bom senso, segundo o princípio clássico do “In medio stat virtus”, que significa que a “virtude está no meio”.

Segundo Aristóteles, a virtude é a ponderação entre os pontos positivos e negativos de uma escolha. Chegar a este ponto de equilíbrio é prova de civilização.

Alcançar o bem comum não deve ser uma batalha entre pontos de vista antagônicos, mas um compromisso em face do momento e das circunstâncias. A liberdade de uns termina onde começa a liberdade dos outros. O importante é ter em conta que um compromisso de equilíbrio não é algo estático. Qualquer compromisso pode evoluir e ser reavaliado e renegociados quando as circunstâncias mudarem. Portanto, a noção de “conquistas” e “direitos adquiridos” não podem existir contra o interesse do bem comum. Ou seja, não podem existir “privilégios adquiridos” contra o povo, que sempre ficaria com a obrigação de pagar as contas e assumir o polo perdedor.

Para poder atuar como poder moderador, os cidadãos devem legitimar-se pelo equilíbrio, desempenhando suas responsabilidades cívicas segundo o princípio da equidade, condição essencial para a paz social.

2 – A Proatividade

A Proatividade é a atitude sistemática de agir sobre as causas presentes de forma a obter, no futuro, o melhor resultado possível. Ser proativo é assumir o controle, é buscar soluções, é tomar a iniciativa. A vida é um processo e, como tal, ela não se defende. Ela se vinga.

A Proatividade é um complemento necessário do Empoderamento. Sem Proatividade, o Empoderamento nada ajuda, já que fica à reboque dos fatos.

O Empoderamento é o poder de agir. Você quer encontrar uma oportunidade de negócios? Se autoempregar? Juntar-se com colegas e amigos para empreenderem no mundo digital? A internet está de portas abertas. Milhões de pessoas hoje vendem seus serviços na internet. De fotografias a ilustrações, passando por tradução, acabamentos, projetos, diagnósticos e muitos outros. Não é raro ver-se a triangulação internacional de conhecimentos para produzir conhecimentos, aplicativos e sites.

A Proatividade é usar este poder com a atitude de buscar oportunidades, encontrar seu nicho e construir o futuro, tomando a iniciativa, agindo coletivamente e com determinação.

3 – A Transparência

A Transparência é um pré-requisito para os dois componentes citados. Sem transparência qualquer exercício de escolha e decisão significa um voo cego. A crise atual nos mostra que esconder indicadores, manipular resultados e abusar das pedaladas nos leva à voar em “nuvens com caroço”.

No Brasil, o melhor testemunho da importância da transparência veio de um fonte inesperada: do tesoureiro do PT, Delubio Soares, quando disse que “transparência assim é burrice”. Felizmente o que não é bom para o Delúbio é bom para o Brasil.

A transparência é um direito do cidadão, que precisa saber o que estão fazendo com sua vida. Segredos, sigilos e secretices estão ultrapassados. Além do que, no mundo online, o povo não é mais o marido traído da piada: os segredos afloram e o povo fica sabendo de tudo rapidinho.

O Brasil tem jeito e o jeito é digital

Ceska – O digitaleiro


 

Melhore sua empregabilidade

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Melhore seu nível de empregabilidade com a experiência e os conselhos do consultor e Professor Carlos Eduardo Stempniewski

O professor e Consultor Carlos Eduardo Stempniewski, das Faculdades Rio Branco, fala ao blog Digitaleiro sobre como você pode melhorar sua empregabilidade no atual cenário econômico brasileiro.


Ceska – O digitaleiro

A Quarta Revolução Industrial

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Klaus Schwab – Discurso de Abertura do Fórum Econômico Mundial – Dia 20 de janeiro de 2016 (Imagem capturada do vídeo do site oficial)

O tema da Quarta Revolução Industrial esteve no centro do debate do Forum Econômico Mundial, realizado de 20 a 23 de janeiro de 2016, em Davos, na Suíça.

Visando facilitar o entendimento do que vem a ser a “Quarta Revolução Industrial” (RI 4.0), segue a tradução do artigo de Klaus Schwab – Fundador e Diretor Executivo (Executive Chairman) do Fórum Econômico Mundial. (Para quem deseja ler no original, ver links no final da tradução).

(Publicado originalmente na Revista Foreign Affairs de 12 de Dezembro de 2015)


A QUARTA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

O que Significa e Como Responder 

Nós estamos às vésperas de uma revolução tecnológica que vai mudar fundamentalmente a maneira como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos uns com os outros. Em escala, escopo e complexidade, as transformações serão diferentes de qualquer coisa que a humanidade tenha experimentado antes. Nós não sabemos ainda como ela irá se desenrolar, mas uma coisa é clara: as respostas a esta nova era devem ser abrangentes e integradas, envolvendo todos os agentes interessados (“stakeholders”) das políticas globais, do público, dos setores privados à academia e a sociedade civil.

A Primeira Revolução Industrial usava água e a força do vapor para mecanizar a produção. A segunda RI usava o poder da eletricidade para criar a produção em massa. A terceira RI, a revolução digital, usava a tecnologia da informação para automatizar a produção. Agora a quarta Revolução Industrial está se desenvolvendo à partir da terceira, que vem ocorrendo desde os meados do século passado, e se caracteriza pela fusão de tecnologias que estão esmaecendo as fronteiras entre as esferas física, biológica e digital.

Existem três razões pelas quais as transformações de hoje não representam um mero prolongamento da Terceira Revolução Industrial, mas antes a chegada de uma Quarta Revolução bem diferente em aspectos como: velocidade, escopo (abrangência) e o impacto dos sistemas. A velocidade das inovações não tem precedentes. Quando comparada com as prévias revoluções industriais, a Quarta está evoluindo a passos exponenciais e não lineares. Além disso, ela está desestruturando praticamente cada campo de atividades em cada país. A amplitude e a profundidade destas mudanças prenunciam a transformação de sistemas inteiros de produção, gestão e governança.

As possibilidades sem precedentes de bilhões de pessoas conectadas por meio de dispositivos móveis, com capacidade de processamento, memória e acesso ao conhecimento, são ilimitadas. E estas possibilidades serão multiplicadas pelo surgimento de novas tecnologias em campos como o da inteligência artificial, da robótica, da “Internet das Coisas”, veículos autônomos, Impressão 3-D, nanotecnologia, biotecnologia, ciência dos materiais, armazenamento de energia e computação em “quantum”.

A “Inteligência Artificial” (IA) já está entre nós, desde carros que se auto-dirigem e drones a assistentes virtuais, softwares de tradução e investimento. Progressos impressionantes tem sido feitos em IA nos anos recentes, conduzidos pelo crescimento exponencial em poder de processamento e pela disponibilidade de vastas quantidades de dados, de softwares usados para descobrir novas drogas a algoritmos usados para predizer nossos interesses culturais. Tecnologias de produção digitais, neste meio tempo, estão interagindo com o mundo biológico em base diária. Engenheiros, designers e arquitetos estão combinando desenho computadorizado, manufatura “aditiva” (3-D), engenharia de materiais e biologia sintética para “pioneirar” a simbiose entre microrganismos, nossos corpos, os produtos que consumimos e, mesmo, os edifícios que habitamos.

  • Desafios e Oportunidades

Assim como as revoluções que a precederam, a Quarta Revolução Industrial tem potencial para elevar o nível da renda global e melhorar a qualidade de vida para as populações ao redor do mundo. Até agora, aqueles que tem ganho mais dela tem sido consumidores capazes de pagar e acessar o mundo digital; a tecnologia tem tornado possível novos produtos e serviços que aumentam a eficiência e o prazer de nossas vidas pessoais. Chamar um carro, reservar um voo, comprar um produto, fazer um pagamento, ouvir música, assistir um filme ou jogar um jogo – cada uma destas coisas pode ser feita remotamente.

No futuro, as inovações tecnológicas vão também nos levar ao milagre da “economia de oferta”, com ganhos de longo prazo em eficiência e produtividade. O custo dos transportes e da comunicação vão cair, cadeias de suprimentos globais e a logística se tornarão mais efetivas, fazendo o custo dos negócios diminuir, tudo isto contribuindo para abrir novos mercados em estimular o crescimento econômico.

Ao mesmo tempo, como apontaram os economistas Erik Brynjolfsson e Andrew McAfee, a Revolução pode produzir mais diferenças, particularmente por seu potencial em desestruturar mercados de trabalho. Assim como a automação substitui trabalho ao longo de toda a economia, a dispensa líquida de trabalhadores substituídos por máquinas pode exacerbar o fosso entre o retorno do capital e do trabalho. Por outro lado, é possível que o deslocamento de trabalhadores pela tecnologia venha, no somatório, resultar em crescimento de empregos mais bem pagos e saudáveis.

Nós não podemos antever, neste ponto, qual o cenário mais provável que vai emergir e a história sugere que será alguma coisa entre os dois. Todavia, estou convencido de uma coisa: que no futuro, talento, mais que capital, representará o fator crítico da produção. Isto irá promover o crescimento de um mercado de trabalho cada vez mais segregado entre segmentos de “baixo preparo/baixos salários” e “bem preparado/altos salários”, o que, por sua vez, irá levar a um crescimento das tensões sociais.

Além de ser uma preocupação econômica, a desigualdade social representa uma preocupação associada com a Quarta Revolução Industrial. Os maiores beneficiários da inovação tendem a ser os fornecedores e o capital intelectual e físico – os inovadores, acionistas e investidores – aspecto que explica a crescente diferença de prosperidade entre aqueles detentores do capital e dos que dependem do trabalho. A tecnologia é, assim, uma das principais razões de porque a renda tem estagnado, ou mesmo decrescido, para a maioria das populações dos países de alta renda: a demanda por trabalhadores altamente preparados tem aumentado, enquanto a demanda por trabalhadores com menos educação e baixo preparo tem decrescido. O resultado é um mercado de trabalho com forte demanda pelos extremos de alto e baixo nível e formando um vazio no meio.

Isto ajuda a explicar porque tantos trabalhadores estão desiludidos e temerosos que sua renda real, e aquela de seus filhos, venha a continuar estagnada. Isto também explica porque a classes médias, ao redor do mundo, estão experimentando um pervasivo sentimento de insatisfação e de injustiça. Uma economia em que “o ganhador leva tudo” e que oferece limitado acesso à classe média, é uma receita para um abandono e um mal-estar democrático.

O descontentamento pode também ser alimentado pela penetração das tecnologias digitais e pela dinâmica do compartilhamento da informação tipificado pelas mídias sociais. Mais de 30 por cento da população global agora usa a mídia social como plataforma para conectarem-se, aprenderem e compartilharem informação. Em um mundo ideal, estas interações proporcionariam um oportunidade para o entendimento e a coesão entre culturas. Todavia, elas podem também criar e propagar expectativas irrealistas sobre o que constitui sucesso para uma pessoa ou grupo, assim como oferecer oportunidades para o espraiamento de ideias e ideologias extremadas.

  • O impacto nos negócios

Um tema subjacente de minhas conversações com os mais experientes executivos de negócios e CEOs globais é que o aceleramento da inovação e a velocidade da desestruturação (disruption), são difíceis de compreender ou antecipar e estes movimentos constituem uma fonte de constante surpresa, mesmo para os mais bem informados e conectados. De fato, passando por todos setores, existe clara evidência de que as tecnologias que respaldam a Quarta Revolução Industrial estão tendo um grande impacto nos negócios.

Do lado da oferta, muitas industrias estão vendo a introdução de novas tecnologias que criam maneiras inteiramente novas de atender necessidades de mercados existentes e que destroem a atual cadeia de valor de industrias inteiras. A desestruturação também aflui de competidores inovadores e ágeis que, graças ao acesso à plataformas para a pesquisa, desenvolvimento, marketing, vendas e distribuição, podem mais rapidamente do que nunca circunscrever empresas tradicionais bem estabelecidas, melhorando a qualidade, a velocidade ou preço, oferecendo melhor relação custo-benefício.

Grandes mudanças do lado da demanda também estão ocorrendo, à medida que maior transparência, engajamento dos consumidores e novos comportamentos de consumo (crescentemente desenvolvido por meio do acesso a redes móveis e informações) tem forçado empresas a adaptar-se a novas maneiras de desenhar, comercializar entregar produtos e serviços.

Uma nova tendência chave é o desenvolvimento de plataformas de tecnologias capacitadoras (Technology-enabled Platforms) que combinam tanto a demanda, como a oferta, para desestruturar estruturas de negócios, como podemos ver na economia do compartilhamento (colaborativa) e da economia “on demand” (sob encomenda). Estas plataformas tecnológicas, fáceis de usar por meio de smartphones, reúnem pessoas, recursos e informações – desta forma criando formas inteiramente novas de consumir bens e serviços no processo. Adicionalmente, baixam as barreiras de entrada para mais empresas e pessoas criarem riqueza, alterando o ambiente pessoal e profissional dos trabalhadores. Estas novas plataformas de negócio estão se multiplicando rapidamente em muitos novos serviços, indo de lavanderias a compras, de pequenas tarefas a estacionamentos, de massagens à viagens.

No conjunto, a Quarta Revolução Industrial produz quatro efeitos principais nos negócios: na expectativa dos consumidores, na melhoria dos produtos, na inovação colaborativa e no formato das organizações. Quer sejam consumidores ou empresas, clientes são cada vez mais o epicentro da economia, o que significa melhorar o modo como os clientes são atendidos. Produtos tangíveis e serviços, além disto, podem agora ser melhorados com funções digitais que aumentam seu valor. Novas tecnologias fazem os bens mais duráveis e resilientes, enquanto informações e análises estão transformando a forma como são mantidos. Um mundo de experiências de consumidores, dados de serviços e desempenho das estruturas, por meio de análises, neste meio tempo, requerem novas formas de colaboração, particularmente considerando a velocidade pela qual a inovação e a desestruturação vem ocorrendo. E a emergência de plataformas globais e outros modelos de negócios, finalmente, significam que talento, cultura e formas organizacionais precisarão ser repensadas.

No geral, a mudança inexorável da simples digitalização (a terceira Revolução Industrial) para a inovação baseada na combinação de tecnologias (a quarta Revolução Industrial) está forçando empresas a reexaminar a maneira como fazem negócios. O resultado final, entretanto, é o mesmo: líderes de negócios e executivos sênior precisam entender seu ambiente em mutação, questionar as certezas de suas equipes operacionais e continuamente, incansavelmente, inovar.

  • O Impacto nos Governos

À medida que os mundos físico, digital e biológico continuarem a convergir, novas tecnologias e plataformas irão crescentemente capacitar os cidadãos a engajarem-se com os governos, fazer ouvir sua voz, coordenar seus esforços e mesmo circunscreverem a supervisão das autoridades públicas. Simultaneamente, os governos ganharão novos meios tecnológicos para ampliar o controle sobre suas populações, baseados na supervisão pervasiva e na habilidade de controlar a infraestrutura digital. Na somatória, todavia, os governos irão sofrer crescente pressão para mudar sua atitude em relação à participação pública e à definição de políticas, à medida que diminui seu papel central como condutor das políticas públicas em razão das novas fontes de descentralização e distribuição de poder tornadas possíveis com as novas tecnologias e com as quais que terão que competir.

Em última análise, a capacidade dos sistemas de governo e das autoridade públicas em adaptar-se irá determinar sua sobrevivência. Se se provarem capazes de abraçar um mundo de mudanças disruptivas, submetendo suas estruturas aos níveis de transparência e eficiência que as capacitem a manter uma margem competitiva, elas permanecerão. Se não forem capazes de evoluir, elas enfrentarão problemas crescentes.

Isto será particularmente verdadeiro na questão da regulação. Os atuais Sistemas de políticas públicas e tomadas de decisão evoluíram durante a Segunda Revolução Industrial, um período durante o qual os tomadores de decisão tinham tempo para estudar as questões específicas e desenvolver o contexto apropriado para as respostas necessárias. Todo o processo foi desenvolvido para ser linear e mecanicista, seguindo uma abordagem de cima para baixo.

Mas esta abordagem não é mais viável. Dada a amplitude dos impactos e a velocidade das mudanças da Quarta Revolução Industrial, a maior parte dos legisladores e burocratas não conseguirão responder aos desafios sem precedentes que terão de enfrentar.

Como, então, eles poderão preservar o interesse da maioria dos consumidores e do público, enquanto continuam a apoiar o desenvolvimento tecnológico e a inovação? Adotando uma governança ágil, assim como o setor privado tem crescentemente adotado, ao dar respostas rápidas para o desenvolvimento de software e, de forma generalizada, para as operações de negócios. Isto significa que os reguladores devem adaptar-se continuamente a ambientes novos e em rápida mutação, reinventando a si próprios de maneira que possam, verdadeiramente, entender o que é que estão regulando. Para fazerem isto, os governos e as agências reguladoras vão precisar colaborar intimamente com as empresas e com a sociedade civil.

A Quarta Revolução Industrial também vai impactar profundamente a natureza da segurança nacional e internacional, afetando tanto a probabilidade como a natureza do conflito. A história das guerras e da segurança internacional é a história das inovações tecnológicas e hoje não será exceção. Conflitos modernos envolvendo nações estão crescentemente se tornando de natureza “híbrida”, combinando técnicas tradicionais dos campos de batalha com elementos previamente associados com atores não nacionais. A distinção entre guerra e paz, combatente e não combatente, e mesmo violência e não violência (pense em “guerra cibernética”), está se tornando cada vez mais difusa.

Assim que este processo se consolidar e nova tecnologias, tais como as armas autônomas e biológicas, se tornarem mais fáceis de usar, indivíduos e pequenos grupos vão crescentemente juntar-se a estados para se tornarem capazes de causar danos em massa. Esta nova vulnerabilidade vai conduzir a novos temores. Mas, ao mesmo tempo, avanços tecnológicos vão criar o potencial para reduzir a escala ou o impacto da violência, por meio de novos modos de proteção, por exemplo, ou maior precisão nos alvos.

  • O Impacto no povo

A Quarta Revolução Industrial, finalmente, irá mudar não só o que nós fazemos mas o que nós somos. Ele irá afetar nossa identidade e todos os aspectos a ela ligados: nosso senso de privacidade, nossa noção de propriedade, nossos padrões de consumo, o tempo que nós devotamos ao trabalho e ao lazer, como desenvolvemos nossas carreiras, cultivamos nossas habilidades, encontramos pessoas e cultivamos relacionamentos, Já está mudando nossa saúde e conduzindo a um autoconhecimento melhor “quantificado” e, mais cedo do que pensamos, pode conduzir a uma elevação humana. A lista não tem fim porque só é limitada por nossa imaginação.

Eu sou um grande entusiasta, e sou rápido na adoção de novas tecnologias, mas, as vezes, eu fico me perguntando se a inexorável integração da tecnologia em nossas vidas pode diminuir algumas de nossas capacidades humanas fundamentais, como a compaixão e a cooperação. Nosso relacionamento com nossos smartphones é um caso a considerar. Conexão constante pode nos privar de uma das coisas mais importantes da vida: o tempo para a pausa, para a reflexão e para conversas sem compromissos.

Um dos grandes desafios colocados pelas novas tecnologias de informação é a privacidade. Nós, instintivamente, entendemos porque é tão essencial, mas o rastreamento e o compartilhamento de informações a nosso respeito é uma parte crucial da nova conectividade. O debate a respeito de questões fundamentais, como em relação ao impacto sobre nossas vidas íntimas e sobre a perda de controle sobre nossos dados pessoais irá crescer de intensidade nos anos à frente. De forma similar, as revoluções que estão tendo lugar na biotecnologia e na “Inteligência Artificial”, e que estão redefinindo o que significa “ser humano” ao deslocar as fronteiras da expectativa de vida, saúde, conhecimento e capacidades, irão nos compelir a redefinir nossa moral e limites éticos.

Nem a tecnologia, nem desestruturação que vem com ela, é uma força exógena sobre a qual os humanos não tenham controle. Todos somos responsáveis por guiarmos sua evolução, nas decisões que tomamos diariamente como cidadãos, consumidores e investidores. Nós devemos, assim, agarrar a oportunidade e o poder que dispomos para dar forma à Quarta Revolução Industrial e dirigi-la no rumo de um futuro que reflita nossos valores e objetivos comuns.

Para fazer isto, contudo, precisamos desenvolver uma visão abrangente e globalmente compartilhada de como a tecnologia está afetando nossas vidas e remodelando nossa economia e os ambientes social, cultural e humano. Nunca houve um tempo mais promissor, nem um tempo com maior perigo potencial. Todavia, os tomadores de decisão contemporâneos estão muito frequentemente presos no pensamento linear, ou demasiadamente absorvidos pelas múltiplas crises que demandam sua atenção, para pensar estrategicamente sobre as forças da inovação, ou da desagregação, que estão moldando nosso futuro.

No final, tudo vai depender das pessoas e de seus valores. Nós precisamos dar forma a um futuro adequado para todos nós, colocando as pessoas primeiro e lhes dando poder. Em uma visão mais pessimista, ou desumanizada, a Quarta Revolução Industrial pode ter, de fato, potencial para “robotizar” a humanidade e, desta forma, nos despojar de nosso coração e de nossa alma. Mas como um complemento do que existe de melhor na natureza humana – criatividade, empatia e engenhosidade – ela pode também elevar a humanidade a uma nova consciência moral coletiva, baseada num senso de destino compartilhado. Cabe a todos nós fazer com que esta opção prevaleça.


Tradução: Celso Skrabe (Ceska)

Artigo de Klaus Schwab – Fundador e Diretor Executivo (Executive Chairman) do Forum Econômico Mundial.

Publicado originalmente na Revista Foreign Affairs de 12 de Dezembro de 201

 

Cadê o emprego que estava aqui?

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Cadê o emprego que estava aqui? – Apertem os cintos. O emprego sumiu.

Os empregos estão sumindo. Entrando pelo ralo. Desaparecendo.

A realidade está à vista e os números são conhecidos.

O IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística divulgou que o desemprego ficou em 9% no trimestre encerrado em novembro de 2015. É um número preocupante, que não mostra quantos tiveram que descer um degrau em suas vidas, aceitando posições menos remuneradas ou mais precárias. Segundo dados divulgados sexta-feira, a taxa é a maior para o período desde 2012, início da série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua).

No trimestre anterior, de junho a agosto, o índice havia ficado em 8,7% e no trimestre de setembro a novembro de 2014, em 6,5%.

Entre os empregados, a indústria cortou 2,9% das vagas, a agricultura, 2,5% e o segmento de informação, comunicação e atividades financeiras, imobiliárias, profissionais e administrativas, 6,7%.

Houveram pequenas compensações, a construção cresceu 6,1%, os serviços domésticos, 4,7%, transporte, armazenagem e correio, 3% e na administração pública, defesa, seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais, 2,3%.

E agora?

O emprego é o principal esteio de uma sociedade. Empregos significam renda e significam dignidade.

O Brasil está em meio a uma “decrisis”. Ou, como entendiam os gregos clássicos, uma crise de desagregação. Um tipo de crise em que o esgarçamento do tecido social e econômico vai se acentuando e, se não é revertido, cria um círculo vicioso que cai num redemoinho e vai aumentando de velocidade até chegar ao colapso. Finalmente se instala o caos, quando se dá o desarranjo completo do sistema. Neste estágio, tendem a surgir forças novas que redefinem o contexto e articulam um novo arranjo social e econômico.

A questão relevante é saber se estes empregos vão voltar no futuro.

A resposta mais provável é que grande parte deles está perdida para sempre. A razão é que as atividades do “job description” dos atuais empregos já terão desaparecido quando a crise for superada e o Brasil voltar a ter crescimento econômico. Algo distante e ainda impossível de prever com o atual governo e suas políticas autofágicas.

Para voltar a criar empregos em escala adequada para as necessidades brasileiras, o Brasil terá que mudar. O Brasil tem jeito, mas o jeito será digital. O Brasil terá que caminhar em direção ao mundo da Revolução Industrial 4.0 e, portanto, será digital. De modo que os empregos do futuro serão diferentes. Serão empregos digitais.

Segundo a pesquisa “O Futuro do Trabalho”, publicada durante o Fórum Econômico Mundial de 2016, realizado em Davos, na Suíça, os avanços tecnológicos, especialmente a automação dos processos industriais, devem cortar algo como sete milhões de empregos no mundo nos próximos cinco anos. O estudo diz, ainda, que está prevista a criação de algo como dois milhões de novos postos de trabalho no planeta, e ainda que estes novos postos de trabalho remunerem melhor, por exigirem melhor qualificação dos seus ocupantes, não compensam os postos perdidos, o que deixa um saldo negativo de 5 milhões de empregos a menos no mundo. O Brasil incluído.

O estudo, realizado em 15 países e que inclui o Brasil, envolve 65% da força mundial do trabalho.

Segundo o prefácio que inicia o estudo “O Futuro do Trabalho”, que tem a autoria do organizador do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab, e de Richard Samas, membro do seu Conselho Diretor, “Hoje, estamos no começo da Quarta Revolução Industrial. Os desenvolvimentos em genética, inteligência artificial, robótica, nanotecnologia, impressão 3D e biotecnologia, a impressão 3D, para citar apenas alguns, estão em curso e amplificando uns aos outros. Isto vai assentar as fundações para uma revolução mais completa e abrangente do que qualquer outra que já tivemos visto. Sistemas inteligentes em residências, fábricas, fazendas, regiões ou cidades vão ajudar a resolver problemas que vão da gestão das cadeias de suprimentos à mudanças climáticas. A ascensão da economia compartilhada vai permitir que as pessoas rentabilizem tudo, de suas casas desocupadas a seus carros.”

Segundo os autores, as novas tecnologias, que vem chegando de forma avassaladora, devem criar uma perturbação não somente para os atuais modelos de negócio, mas também para o mercado de trabalho e para os empregos já nos próximos cinco anos.

No centro deste ciclone destruidor de postos de trabalho está uma nova maneira de produzir, criar valor e distribuir bens e serviços.

O que podemos ter como certo é que o nosso planeta ganhou uma segunda atmosfera feita de informações digitais. Respiramos o oxigênio desta nova camada por meio da Web, da Conectividade, do Bigdata, da Internet das Coisas e de novas formas de lidar com a realidade. No mundo atual, quem não respira na nova atmosfera digital estará economicamente tão morto como quem não respira oxigênio na atmosfera gasosa que envolve o globo terrestre.

Os novos empregos, segundo o estudo, serão criados na Tecnologia de Informação e em Comunicações, seguido por Serviços Profissionais, Mídia e Entretenimento. Serão empregos de perfil tecnológico avançado. Tarefas típicas de manufatura, como operar prensas e apertar parafusos ficarão a cargo de robôs.

O problema é que um emprego só existe se ele estiver lastreado em geração de riqueza. Os novos “job descriptions”, que descrevem as tarefas, as funções, a finalidade, as responsabilidades, o alcance e as condições de atuação de uma posição de trabalho, e que incluem o rol dos conhecimentos, habilidades e competências requeridas para ocupar a posição, já vem com exigências que apenas profissionais bem preparados podem atender.

O exemplo transcrito abaixo é o “job description” para o cargo de chefe de projeto de nível intermediário para uma multinacional italiana da área de energia:

“O Chefe de Projeto, reportando-se ao Gerente de Departamento de Operações, será responsável pela gestão e coordenação dos projetos atribuídos à divisão de energia, terá a seu cargo a gestão da entrega ao cliente dos projetos contratados segundo o escopo, orçamento e tempo de execução, garantindo a satisfação do cliente.

O (a) ocupante da posição será responsável pelas seguintes atividades:

– Preparação do plano de execução do projeto para a realização de todas as atividades, garantindo o monitoramento o e o progresso das fases do projeto, de acordo com os requisitos e procedimentos operacionais da empresa cliente;

– Planejar, preparar, executar e finalizar o projeto de acordo com as demandas do cliente, segundo os termos contratados, dentro dos prazos e orçamento acordados, o que inclui trabalhar em coordenação com a equipe do projeto, bem como com quaisquer fornecedores ou consultores de terceiros envolvidos;

– Analisar o orçamento segundo as disposições contratuais (alocações de recursos, horários, ferramentas, materiais, etc.), exercer o acompanhamento dos custos estabelecidos no orçamento, identificar a necessidade e implementar ações corretivas em caso de atrasos ou custos adicionais, reportando-se ao Gerente de Operações;

– O Chefe de Projeto também é responsável por estabelecer, de forma clara, os objetivos do projeto, a sequencia de execução e fazer a gestão e o controle das restrições de custo, tempo, escopo e qualidade.

Qualificações e experiência requeridas:;

– Conhecimento de geradores, turbinas a gás e vapor, motores elétricos, caldeiras, geradores eólicos, Balance of Plants (BoP) e conhecimento de Usinas de Ciclo combinado;

– Capacidade para utilizar métodos e ferramentas para monitorar o andamento das obras;

– Confiável na realização dos objetivos atribuídos;

– Inglês fluente.

Qualificações pessoais:

– Formação em Engenharia (Preferentemente Engenharia Mecânica);

– Formação multicultural, vivência internacional e aberto a novas experiências;

– Excelente habilidade de comunicação, orientada para o cliente;

– Capacidade para identificar e se relacionar com as partes interessadas internas e externas;

– capacidade de organização, análise e resolução de problemas;

– Excelente conhecimento do MS Office; MS Project e autoCad

– Inovação e criatividade;

– Disponível para a mobilidade nacional e internacional.

E note que estes requisitos são necessários para uma posição intermediária e não para a Direção ou a Gerência Geral da empresa.

A maioria dos empregos criados na primeira e segunda revolução industrial estavam organizados pela lógica analógica. Eram empregos com tarefas repetitivas, especializadas, exercidas um tanto quanto nos moldes do filme “Tempos Modernos”. de Charlie Chaplin.

A lógica analógica é mão de obra intensiva. Existe desde os tempo bíblicos, com o mandamento de que “Comerás o teu pão com o suor do teu rosto” (Gen 3,19). É a lógica do trabalho árduo, braçal, de suar a camisa, literalmente. Como não havia, nos templos bíblicos, a opção de “chamar as máquinas”, as atividades eram realizadas com ferramentas rústicas, de forma perseverante, ordenada, metódica, sistemática. Enfim, suand0 muit0 e produzindo pouco. O trabalho analógico é, por natureza, minucioso, de avanço lento, onde os erros são comuns.

Hoje a natureza do trabalho é outra. O trabalho é cérebro intensivo. O suor é do cérebro. O trabalho na Quarta Geração Industrial segue o lógica da Inteligência Artificial. Sob o comando do mundo digital paralelo, atua e produz resultados no mundo real, mas sob orientação e apoio do aparato virtual e da realidade criada no plano digital.

Para ser bem sucedido neste novo contexto, é preciso dominar as duas realidades que correm em paralelo. É preciso saber lidar com fatos reais e com o acompanhamento digital.

A retomada do crescimento virá com nova abertura ao mundo global. O Brasil não terá a opção de fechar-se sobre si mesmo e valer-se de estratégias que foram usadas no passado, como a substituição de importações. Não dispomos de meios para sustentar opções isolacionistas. E a chegada de mais empresas multinacionais significará mais exposição aos avanços de tecnologias e soluções da RI 4.0.

A conclusão é que os empregos futuros serão empregos para gente preparada para o futuro.

Os empregos que estavam aqui viraram fumaça. Fosse outro o governo, poderíamos ter feito uma transição controlada, garantindo os empregos de baixa qualificação por mais um tempo. Mas agora esta alternativa não existirá mais. Nossos postos de trabalho estão sangrando e estamos perdendo 10 mil empregos por dia. As empresas estão fechando postos de trabalho e desmontando sua infraestrutura. No dia em que voltarem, virão adaptadas às novas regras. E os novos empregos serão em menor número por valor agregado, mais exigentes sob o ponto de vista do conhecimento e mais concorridos e disputados.

Assim, para os interessados vale o aviso: Apertem os cintos. O emprego sumiu.

Ceska – O Diitaleiro


Quem quer emprego?

País rico é país com emprego
País rico é país com emprego
  • Como anda sua empregabilidade?

Empregos estão escassos como era escassa a água do Cantareira antes das chuvas do verão.

A Pnad Contínua mostrou que a população ocupada no Brasil registrou queda de 1,3% no trimestre até fevereiro sobre igual período de 2015, ou 1,172 milhão de pessoas a mais sem trabalho, o maior nível da pesquisa. O número de desempregados no trimestre móvel até fevereiro de 2016 atingiu o recorde de 10,371 milhões de pessoas, aumento de 13,8% sobre o trimestre até novembro. Na comparação com os três meses até fevereiro de 2015, houve salto de 40,1 por cento, ou quase 3 milhões de pessoas a mais procurando trabalho. É uma bomba relógio com tique-taque acelerado: o maior crescimento de desemprego já registrado na série histórica da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), iniciada em 2012.

  • Mas, ainda assim, você quer um emprego, não é mesmo?

O primeiro conselho: persevere. O segundo: prepare-se. O terceiro: tome a iniciativa. O quarto: saia do lugar comum. Inove. O quinto: tenha uma atitude otimista e positiva.

Ainda que os empregos andem sumidos, o Brasil tinha 92,3 milhões de pessoas ocupadas no final de 2015. Traduzindo: a economia ainda tem muito emprego e pode ter um esperando por você. Mas, em tempos de recessão furiosa, conseguir um emprego é como uma corrida de obstáculos: você deve preparar-se para enfrentar mais competição e ter mais paciência. Perseverar deve ser, portanto, a primeira regra de quem que garimpar um emprego.

  • Só não deixe de preparar-se…

Não subestime a importância da preparação. Entrevistei milhares de candidatos em minha carreira e asseguro ser possível ver em segundos quem se preparou e quem vem para a entrevista sem um plano e sem noção.

É importante lembrar que o emprego é uma manifestação da atividade econômica. Buscar um emprego é uma atividade de venda do produto “você”. A qualidade de seu desempenho é fundamental para que o seu potencial empregador decida apostar em você. Lembre-se que estamos despencando em uma recessão de profundidade abissal, em um mergulho nunca antes visto neste país, e que ainda não chegou ao fundo do poço. Então seu possível empregador também sofre a angústia de conjeturar sobre o tamanho do buraco e sobre o desfecho da crise, algo que ninguém sabe qual será e nem quando vai chegar.

Depois, mesmo quando o país voltar ao normal, a economia vai ressurgir à meia-luz, bruxuleante: o país não vem investindo e nem está se preparando para uma retomada. Veja o que acontece nos Estados Unidos: depois de ter amargado 18 meses de recessão, entre dezembro de 2007 e junho de 2009, o país votou a crescer, mas mesmo agora, após sete anos, os salários não chegaram ao mesmo patamar de antes. Se isto acontece lá, imagine o que nos espera cá…

De toda forma, vamos ser otimistas: se você souber lidar com os efeitos da crise, além de perseverar, suas chances de empregabilidade crescem de maneira exponencial. Vamos dar uma olhada em algumas coisas que você pode fazer para melhorar suas chances de achar aquele emprego feito para você, ou encontrar algum que tenha escapado do cutelo da crise.

  • Entendendo o Contexto

Sabe aquela brincadeira das cadeiras em que, a cada volta, se tira uma cadeira e alguém fica de fora?

A crise é uma situação assim. Para sobreviver ou encontrar uma cadeira vaga é preciso ser mais ágil do que alguém outro e pensar na frente.

No mundo moderno os empregos existem quando a roda da economia gira para atender as demandas de produtos e serviços da sociedade. Uma economia que anda de marcha a ré é uma economia que reduz a produção e reduz as atividades. Resultado: funciona com menos gente operando máquinas, com menos gente prestando serviços, com menos gente ocupada. Analogamente ao que acontece com a queda da temperatura da atmosfera, que quando cai o ponto de orvalho as nuvens expelem a água que não conseguem mais reter, a economia mais fria expele os empregos ociosos e desemprega.

  • As estratégias para conseguir um emprego

De início, uma distinção a ser feita antes de sair à cata deste espécime raro é que existem duas classes de empregos: os das grandes organizações e os das pequenas empresas.

Minha sugestão é que você escolha antecipadamente qual o tipo de empresa você vai prospectar. A estratégia para cada grupo é diferente e, portanto, exige um preparo diferente. Também o tempo para conseguir um empregos nos dois grupos é diferente: as posições nas grandes empresas costumam exigir um ciclo bem mais longo até a contratação. Assim se o tempo é um fator, o melhor é focar em empresas médias e pequenas.

Os empregos oferecidos pela grandes organizações são os mais fáceis de encontrar, quando os há, claro. Na maioria delas é possível encontrar as vagas publicada no site corporativo. Se você prefere um emprego em uma destas, faça uma lista daquelas que são suas preferidas e relacione as que você acredita oferecerem mais chances. E fique de olho. Estabeleça uma curva ABC para sua monitoração. Dado que as chances são maiores em exportadoras e naquelas que tem produtos que substituam importados, este seria o grupo das empresas “A”, que seriam acompanhadas diariamente. Esta escolha se justifica na medida em que as exportadoras, agora favorecidas pelo dólar mais alto, tendem a ampliar suas exportações. Algo semelhante acontece com as fabricantes de produtos que substituem importados. Estas empresas ficam mais competitivas frente aos importados de custo mais alto, de maneira que ambos os grupos tendem a criar empregos mesmo na atual conjuntura.

Outra providência é estudar bem estas empresas que estão no seu foco. Evite a tentação de espalhar currículos à granel. Currículos genéricos costumam tomar seu tempo e desperdiçar seus esforços com baixo retorno. Em tempos de muito emprego, a estratégia de enviar currículos para todo mundo costuma ser eficaz para conseguir boas entrevistas. Em tempos bicudos, no entanto, é preferível uma estratégia de verticalização de seus esforços. É melhor centrar seus esforços em um grupo pequeno de empresas e estudá-las em maior profundidade para redigir e encaminhar currículos bem centrados no que possa interessar para aquela empresa especificamente. Carnegie, o magnata do aço nos Estados Unidos recomendaria: “a melhor estratégia deixou de ser não por todos os ovos num só cesto; no atual momento, é melhor por todos os ovos num só cesto…e vigiar o cesto!

Assim, recapitulando, depois de identificar a posição que lhe interessa, e para a qual você se sente preparado, o próximo passo é ficar de olho no site corporativo da empresa ou onde o RH da empresa costuma divulgar as oportunidades que surgem. Também vale manter contato com o RH da empresa para saber onde são divulgadas suas vagas. Fique atento, já que, nas grande corporações sempre aparecem oportunidades isoladas. Pessoas que saem, que se aposentam, que mudam de cargo ou posição. Embora o número de vagas possa ser limitado, elas existem. É verdade que, por serem mais visíveis, são mais disputadas do que as das pequenas empresas, mas, felizmente, conseguir a vaga não é loteria, é competência. Portanto, prepare-se.

  • Os empregos nas pequenas empresas

As pequenas e médias empresas são as maiores empregadoras no país. É verdade que um grande número delas está passado por dificuldades e milhares estão fechando as portas. Mais de cem mil lojas fecharam no Brasil ano passado. Mas a vida continua. Novos negócios nascem pelo efeito da “destruição criativa” de Schumpeter. Então, se você está buscando seu primeiro emprego, tem um currículo modesto ou pressa, vale a pena buscar um emprego em uma empresa .

Existentes em muito maior número, os empregos nas pequenas empresas tendem a ser menos atraentes à primeira vista, já que tendem a pagar menos, mas, na hora presente, podem ser uma tábua de salvação. Em compensação, são mais fáceis de obter e menos exigentes em seus requisitos iniciais.

  • Prepare-se para as oportunidades

Sêneca dizia que “sorte é o que acontece quando a preparação encontra a oportunidade”.

No tempo das vacas gordas, como aqueles em que o Brasil viveu até recentemente, haviam empregos em penca. Bastava um nível razoável de preparação para encontrar um lugar na engrenagem da economia. Como havia muita oferta de empregos, as empresas baixavam o nível das exigências.

As empresas empregam pessoas porque dependem delas para realizar sua missão corporativa, produzindo e colocando no mercado seus produtos e serviços.

Em uma empresa existem as atividades fim, que são as diretamente ligadas ao negócio da empresa, e as atividades meio, que são as atividades auxiliares. Em um hospital, por exemplo, uma enfermeira que atende os pacientes exerce uma atividade fim, enquanto o chefe do departamento de pessoal exerce uma atividade meio.

Cada emprego é como uma engrenagem que atua no mecanismo da empresa. Assim, cada emprego tem um “job description”, que vem a ser uma lista das tarefas e deveres, do objetivo da atividade, das responsabilidades e das condições gerais do trabalho. Do ponto de vista da operação da empresa, cada pessoa empregada tem um custo na forma do salário, encargos, benefícios sociais e, ainda, custos indiretos, como o impacto sobre o custo da luz, do consumo de água, do ar condicionado e outros.

Em princípio, a contrapartida destes custos é o quanto cada empregado contribui com sua atividade para se pagar. Mas a equação é muito mais complexa. Uma empresa sempre vai levar em conta, também, o potencial combinado das competências do empregado. Um técnico que saiba escrever um e-mail vale mais do que um que não saiba. Portanto, esqueça o superado conceito da “mais valia” marxista. Na versão original, a “mais valia” seria o valor do trabalho a mais que o operário realizava após se pagar e que formaria o “lucro do patrão”. A coisa já não era tão simples nos tempos de Marx, embora pusesse fazer algum sentido nas velhas linhas de montagem, mas hoje é uma bobagem completa. Basta perguntar qual a “mais valia” de um robô?

De modo que o que importa saber é que, hoje, qualquer empresa contabilmente organizada sabe quais são os empregados mais valiosos, e qual o “valor” da contribuição de cada um, tanto para a formação da receita como em relação a seu potencial. Isto significa que a tarefa de escolher quem deve ficar e quem deve sair, por ocasião de um corte, é uma equação processada pelo computador com base em um perfil pessoal de idade, escolaridade, desempenho e competências, associada a avaliações, ao histórico, etc. Os critérios de cada empresa costumam ser guardados a sete chaves para evitar questionamentos, mas uma empresa de primeira linha não dispensa ou demite de forma linear, salvo em caso de absoluta necessidade. Recrutar gente boa é difícil e treinar custa caro.

É verdade, em uma situação de crise como a que atravessamos, um grande número de empresas entra em um processo de hibernação, como os ursos. Reduz seu metabolismo e sua atividade ao mínimo para sobreviver durante o “inverno”, mas, ainda assim, procura conservar seus talentos da melhor maneira possível para quando a primavera voltar.

  • Mas o que isto tem a ver com a busca de um emprego?

Criar emprego é sempre uma aposta de uma empresa visando gerar valor e obter lucro. Afinal, ao contratar alguém a empresa assume um risco calculado: se compromete com uma despesa na expectativa de obter uma receita maior do que os custos e, na sequencia, obter um lucro. Sem ter uma possibilidade concreta de fazer girar esta ciclo completo, ninguém contrata.

Quando a empresa vem obtendo resultados positivos e tem um fluxo de negócios estável e constante tende a ser menos exigente. Mas em épocas de crise, as empresas se dispõe a arriscar menos. Assim, a precaução que as empresas tem em relação ao perfil dos empregados que dispensam aparecem em dobro como cuidado nas eventuais contratações em tempos conturbados. O que não quer dizer que cessem de contratar: cortar empregos produtivos é uma coisa. Abrir mão do futuro da empresa é outra.

Se você deseja encontrar uma vaga em período de crise, deve posicionar-se como alguém que pode contribuir para fazer o futuro de uma empresa, e não apenas para produzir em períodos normais.

As empresas bem posicionadas e organizadas tendem a reduzir suas atividades produtivas para compatibilizar suas operações com a demanda, mas não abandonam seus mercados. As melhores vêm as crises como oportunidades. Enquanto os concorrentes se retraem, as mais inteligentes se lançam para ocupar espaços. Agora mesmo vemos o exemplo da Ultrafarma, que não só lançou sua nova linha de complementos e vitaminas como está anunciando maciçamente, com um custo do espaço publicitário negociado a valores irrisórios dado o momento da economia.

Buscar um emprego em época de crise significa que a estratégia deve ser abordada como uma oportunidade de contribuir com uma empresa e fazer bem feita a sua parte. Independentemente de sua posição, você deve ser um membro da equipe e ajudar a empresa a ser melhor e a encontrar novos caminhos. Ser mais do mesmo não ajuda na medida em que “o mesmo” já deixou de ser o mesmo…

  • Dez coisas que você deve fazer para melhorar sua empregabilidade:

1 – Capriche no Currículo

Seu currículo é a peça mais importante para começar a busca de um emprego. Por isso deve receber a máxima atenção. Deve ser impecável, tanto em conteúdo como em sua apresentação. Muitos recrutadores simplesmente aceitam ou eliminam currículos baseados em sua apresentação.

Outra coisa, prepare seu currículo sob medida para o cargo e a empresa que você tem em vista.

Se você tem um currículo apenas passável, procure enriquecer seu currículo adquirindo habilidades que podem fazê-lo diferente e especial. Independentemente de seu nível de escolaridade e experiência, a competição pelas vagas existentes faz qualquer oportunidade anunciada ser um imã que atrai centenas e até milhares de currículos. Portanto a seleção muitas vezes se dá em volta de detalhes. No curto prazo é difícil agregar cursos de graduação ou pós graduação, mas sempre é possível ganhar conhecimento de línguas, usar planilhas ou dominar as mídias sociais. E tudo isto pode ser feito pela internet a custo zero. Mas atenção: escolha apenas uma ou duas destas disciplinas e procure aprofundar-se. Ficar na superficialidade de muitos temas acaba não ajudando muito.

2 – Prepare-se para a entrevista.

Redija uma apresentação pessoal objetiva, com um histórico de sua vida, sua escolaridade, suas conquistas e realizações. Decore e repita a lista até que ela se impregne em seu inconsciente. Este relato poderá ser sua tábua de salvação em entrevistas mais complexas.

3 – Simule a entrevista e treine seu papel

Treine entrevistas fazendo uma simulação ou teatro com uma pessoa de seu relacionamento. A simulação ajuda sua mente a acostumar-se com o “papel” que você vai desempenhar frente ao seu entrevistador. A propósito, seu entrevistador também estará desempenhando um “papel”.

4 – Tenha as respostas na ponta da língua

Estude respostas para as perguntas mais prováveis. Por exemplo:

  1. Descreva quem é você
  2. Porque devemos empregar você?
  3. Quais são seus pontos fortes?
  4. Quais são suas fraquezas?
  5. Você é responsável?
  6. Porque você quer trabalhar para nossa empresa?
  7. Porque você saiu de seu ultimo emprego?
  8. Porque existe este intervalo entre a saída do emprego “x” e a entrada no emprego “y”?
  9. Você concorda em viajar?
  10. Você teria disposição para mudar de cidade?
  11. Fale sobre sua formação escolar
  12. Como você soube desta vaga?
  13. O que o motiva?
  14. O que você espera para o futuro?
  15. O que você espera conseguir nos primeiros 30/60/90 dias no emprego?
  16. Você aceita trabalhar em fins de semana e feriados?
  17. Você é um líder ou seguidor?
  18. Qual o último livro que você leu?
  19. Quais são seus hobbies?
  20. Qual seu site favorito?

5 – O Networking não é tudo, mas é 100%

Organize o seu “networking”. Liste seus familiares, amigos e pessoas de seu relacionamento que possam saber de oportunidades. Faça um contato via mídia social, e-mail ou telefone falando de sua busca por uma posição.

6 – As mídias sociais são sua janela para o mundo

Crie sua página em mídias sociais. Use o LinkedIn, que é uma ferramenta poderosa para gerar bons contatos. Mas seja criterioso sobre o conteúdo. Escolha uma foto que seja atraente. É bem provável que seu potencial empregador dê uma passada por elas. E lembre-se que tudo o que você faz online deixa rastro.

7 – Circule

Frequente eventos, especialmente feiras, mas também reuniões sociais e outras em que você possa encontrar pessoas. Não esqueça de levar seus cartões de visitas. Faça cartões com seu nome em tipos de bom tamanho e com o telefone bem visível, de modo que possam ser lidos sem óculos. Se eles puderem indicar seus interesses ou afiliações, melhor.

8 – Dê uma chance para a sorte: cadastre-se nas agências de emprego

Faça seu cadastro em agências de emprego. Cadastre-se nos sites e em bancos de empregos. Se você busca posições de gerência ou diretoria, contate Headhunters. Selecione bem, mas não vá a mais de quatro ou cinco, para evitar que sua ficha seja enviada por mais de um deles para cada empregador.

9 – Faça seu dever de casa

Sempre que tiver uma entrevista agendada procure saber tudo sobre a empresa e seus concorrentes. (Se a entrevista for marcada por uma agência ou headhunter e este não quiser dizer qual a empresa, tente saber ao menos qual seu campo de atividades.)

10 – Cause boa impressão

Você já deve ter ouvido dizer que não dá para recriar uma primeira boa impressão. Compareça para a entrevista na hora combinada, ou melhor, cinco minutos antes. Vá de banho tomado. Se for homem, vá com a barba feita ou aparada. Vista-se de fora adequada. Para posições de gerência ou direção, vá com terno e gravata. Para mulheres, o traje deve ser discreto, maquiagem leve e cabelos presos. Chegue ao local ao menos meia hora antes, para se acostumar com o entorno e não correr o risco de chegar atrasado, esbaforido ou suado, porém aguarde para se apresentar no máximo dez minutos antes do horário. Se precisar esperar, tenha paciência e encare com bom humor. Muitas vezes a espera já faz parte do teste…

Boa Sorte.

Ceska – O digitaleiro


Dez razões para acreditar que a Dilma cai logo

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Chega de sofrer. Aqui estão 10 razões que indicam que o impeachment vem logo.

O arte de prever o futuro é sempre incerta. Tanto que a previsão que mais acerta parece ser aquela que prevê que as previsões do futuro se mostrarão erradas. Ainda assim, a melhor maneira de prever o futuro é examinar os fatos e analisar as tendências.

Os médicos falam em “prognóstico” para definir a evolução e o eventual termo de uma doença ou quadro clínico.

Para definir um prognóstico, os médicos fazem o diagnóstico do estado do paciente, de suas condições gerais e levam em conta o desfecho de casos semelhantes.

No caso dos males que afligem o Brasil, que além do zika tem a Dilma, podemos adaptar o slogan do governo: tira a Dilma que a zika acaba.

Eis dez razões que sugerem sua queda iminente:

  1. Dilma é a enxaqueca do país. A crise profunda em que o país está mergulhado afeta todos os setores e vem atingindo a todos, indistintamente. E existe consenso sobre a causa maior, a incompetência da presidente Dilma. Dilma se tornou a enxaqueca do país. E ninguém aguenta mais suportar esta enxaqueca. Só em imaginar mais três anos com a cabeça latejando vem levando os brasileiros ao desespero. Portanto, a primeira causa para o impeachment é o desejo unanime da sociedade de livrar-se de uma enxaqueca alucinante que só irá embora quando for eliminada sua causa.
  2. Economia em marcha a ré. Dilma é uma “barbeira” na condução da economia. Nunca antes, neste malfadado país, a economia andou para trás tão rápido. Hoje, dia 07 de março, o site G1, da Globo, informou que o mercado prevê mais inflação em 2016 e ‘encolhimento’ de 3,5% para o PIB. A expectativa de inflação para este ano subiu de 7,57% para 7,59%. Já para o PIB, a previsão de contração passou de menos 3,45% para menos 3,50%. Francamente, os números são “golpistas”. Deve ser coisa de algum tinhoso tucano. Estas estimativas foram divulgadas pelo Banco Central, por meio do relatório de mercado, também conhecido como “FOCUS”. O levantamento ouviu mais de 100 instituições financeiras. Na semana passada, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o PIB brasileiro teve um tombo de 3,8% em 2015 – o maior em 25 anos. Se a previsão de um novo “encolhimento” se confirmar em 2016, será a primeira vez que o país registra dois anos seguidos de contração na economia – a série histórica oficial, do IBGE, tem início em 1948.
  3. O fim da era do PT e do lulopetismo deixa Dilma no sereno. O PT acabou. Só um grupo velho e ranzinza ainda acredita que o partido possa voltar como a Phoenix. Mas as chances são de que se esvaia como zumbi trôpego. No início da era lulopetista, o partido tinia de novo. Havia entusiasmo, sonhos e esperanças, ainda que soltas no ar. Para um liberal, como eu, os petistas viviam a ilusão do almoço grátis e apostavam num milagre de Santo Expedito, o santo das causas impossíveis. Mas. diante de uma oposição meia-boca, suas juras de honestidade e suas generosas promessas de abrir as portas da prosperidade para os milhões de brasileiros deserdados formaram o caldo do discurso da esperança que vencia o medo. Num primeiro momento, parecia que iria dar certo. Lula teve o bom senso de manter a política econômica herdada de Fernando Henrique e, com dinheiro jorrando de um mundo demandando as comodities brasileiras, foi possível ao PT se apossar de programas sociais criados FHC, como o bolsa escola, e alargar o caminho das políticas sociais. Gastando sem controle, contando com um marketing competente e um líder carismático bom de discurso, o lulopetismo criou um sólido suporte junto às classes C, D e E. Classes que, de repente, viam suas vidas melhorarem. E foi aí, com a ambição do poder eterno, que o lulopetismo resolveu vender a alma ao diabo. O plano de perpetuar-se no poder dependia de acertar o esquema com os “russos”. E estes, os políticos da tal “base partidária”, topavam, mas queriam rios de dinheiro. Para gente inescrupulosa como José Dirceu, Lula e sua troupe de salteadores, a solução parecia óbvia: dinheiro o país tinha. A Petrobrás era um Amazonas de dinheiro. Na estatal havia dinheiro saindo pelo ladrão. Era só montar um propinoduto e canalizar bilhões para as contas dos novos aliados da base para assegurar que o poder estaria “dominado” até o fim dos tempos. Deu tudo errado. Como sabemos, o esquema começou a fazer água. E bota água nisso. Com revelações de corrupção pipocando de todo lado, o PT começou a ser desfalcado de seus principais “operadores”. José Dirceu e outros da gang começaram a ser presos e a desfalcar a gestão. E aí veio a lava-jato. A ética do sul, de origem europeia, aflorou por meio de uma Polícia Federal, um Ministério Público e um Judiciário que acreditam no império da lei e são avessos às acomodações de matriz patrimonialista dos tempos coloniais. Em meio à esbórnia, a Petrobrás bateu num Moro. Degringolando e com as entranhas da patifaria à mostra, os ratos começaram pular fora. Com o propinoduto cortado e com o risco da cadeia à vista, a base aliada vem se esfacelando. O clima, agora, o do salve-se quem puder. Desmoralizado, sem povo e sem voto, o ciclo do PT chega ao fim.
  4. Navegar é preciso. Mas prolongar a agonia não é preciso. O modelo presidencialista dá poder demais ao presidente e o voto proporcional distancia o povo de seus “representantes”. O modelo foi criado para ser uma usina de corrupção e não se mostra mais funcional. O impeachment de Dilma é uma oportunidade para um novo recomeço. Quem sabe agora, com o povo cansado de ser trouxa, possamos ir no rumo do regime dos estados mais avançados e adotar o parlamentarismo com voto distrital.
  5. Crise de março. A história brasileira mostra que as grandes crises acontecem em Março ou Agosto. Como tudo no Brasil, o mundo da política volta de férias depois do carnaval. Os políticos delineiam suas decisões baseados no feedback que recebem de suas bases e, quando voltam, começam a articular-se conforme o sentimento de seus eleitores. Em um ano eleitoral, a urgência e a pressão são maiores. O futuro dos políticos é decidido nas eleições. Nas disputas municipais os políticos precisam formar suas bases locais. Delas é que devem vir o apoio e os votos para as eleições nacionais. Esse ano, para azar da Dilma, o carnaval foi no começo de fevereiro, em ano bissexto. Não só março começou mais cedo como ficou maior. O processo de deterioração vai ter mais tempo para mostrar seus efeitos. Aí vem a manifestação geral contra o impeachment, dia 13. E novos desdobramentos no Lava Jato vão ampliar o buraco em que se enfiou o governo.
  6. Olimpíadas da Zika. As Olimpíadas se aproximam e o país vai sentir a necessidade de se apresentar em ordem perante o mundo. Marcar a copa e as Olimpíadas foi de uma temeridade que só a inconsequência lulopetista poderia justificar. Mas como o evento está às portas, é preciso um mínimo de bom senso. Chegar com uma presidente em processo de impeachment, com a corrupção fazendo escândalos diários, com o país encurralado por um mosquito e outras coisas mais, realmente é dose.
  7. Que enfiem no c#.” As ameaças de exacerbação da ordem por parte dos lulopetistas vem deixando claro que o país se encaminha para o confronto, a confusão e o caos. O quadro político pode se deteriorar de forma a escapar do controle e os políticos podem ser levados de roldão. Lula não deixa barato: “Que enfiem no c… todo o processo!”, foi o que disse Lula a Dilma em vídeo feito por sua aliada Jandira Feghali e gravado na sede do PT após a condição coercitiva do ex-presidente e postado no Youtube (https://www.youtube.com/watch?v=HcIjceETqiU) Diante destes fatos, os políticos vão por as barbas de molho e preferir perder os anéis para salvar os dedos.
  8. Dilma está pendurada no pincel. Até o empresariado e os banqueiros, forças que vinham tentando segurar a escada de Dilma, já estão desistindo. A tese era “ruim com ela, pior sem ela”. Agora, concluem que não adianta querer ajudar quem não que ser ajudada. A combinação de arrogância, ignorância e incompetência tem um poder destrutivo ilimitado e pode levar o país a um retrocesso desastroso.
  9. As ruas estão falando. Os panelaços estão cada vez mais estridentes. É melhor ouvir.
  10. O Impeachment é legal. Os embasamentos legais apresentados no processo de impeachment, por parte dos juristas Miguel Reale Junior, Hélio Bicudo e Janaína Conceição Paschoal, adicionados à delação premiada do Senador Delcídio do Amaral, são inescapáveis.

Por tudo isto, prever que a Dilma cai logo é como prever vitória do Corinthians. Você pode errar em um ou outro jogo, mas no final, vais acertar mais do que errar.

Ceska – O digitaleiro