
Existia uma cigarra barbuda que passava a vida passeando e saracoteando, se achando muito esperta por ter conseguido engambelar o povo formiga de um país que trabalhava dia e noite para conseguir comida e, quando sobrava, pagar as contas, que vinham cada vez mais altas. Um belo dia, o elefante astuto que chefiava um país poderoso, país que a cigarra ofendia dia sim, e outro também, se cansou das futricas mal-educadas da cigarra e seus amigos gafanhotos do BRICS. O elefante, então, sapecou uma alíquota de 50% nos produtos que o país da cigarra exportava para o país poderoso. Aí a cigarra barbuda, vendo que sua malandragem ia pegar mal com as formigas que já trabalhavam cinco meses por ano só para sustentar seu governo perdulário, e que sua conversa mole não colava mais, nem usando seu chapéu de espantalho, resolveu ameaçar o elefante dizendo que ia retaliar com a tal “reciprocidade”. O elefante se enroscou na tromba de tanto rir. Certo, ele respeitava as formigas trabalhadeiras, que eram amigas de seu país, mas aquela cigarra barbuda passava da conta. Seu desplante em subir nas tamancas de sua insignificância e sair vociferando ameaças cheias de bazófia era uma coisa ridícula. O elefante, por seu lado, estava se divertindo muito, mas, pelo sim, pelo não, encheu a tromba d’água e preparou o esguicho. Se aquela cigarra barbuda passasse dos limites ia levar uma esguichada de tromba histórica. Tão potente que ela iria parar do outro lado do mundo, direto nos braços do seu querido Rasputin. E ouviria o elefante dizer: olha aqui, sua cigarra barbuda sem noção, você foi arroz de festa mundo afora, gastou milhões posando de presidente meia boca e rebolando feito porta bandeira da escola de samba do BRICS, pois se descabele agora!