As ruas falam

Avenida Paulista - São Paulo - 2015
Avenida Paulista – São Paulo – 2015

Segundo preconizava Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), no “O Contrato Social”, a questão central para a justificativa moral do Estado seria preservar a liberdade natural do homem e, ao mesmo tempo, garantir a segurança e o bem-estar da vida em sociedade.

Rousseau entendia que isso seria possível através de um “Contrato Social”. Este contrato definiria a soberania da sociedade, a soberania política da vontade coletiva. Rosseau percebeu que a busca pelo bem-estar era o motivo das ações humanas. Assim como percebeu que alcançar este bem estar não seria possível sem uns contarem com a ajuda dos outros. Daí a necessidade de serem estabelecidas regras para que a sociedade se organizasse como um “Estado”.

Neste processo de organizar a vida no interior do Estado, segundo entendia, prevaleceria o interesse comum da coletividade. Todos os “cidadãos” pertenceriam ao “Estado” em igualdade de condições, todos contribuindo e todos usufruindo.

Certamente, em determinados momentos, o individuo se valeria da assistência de seus semelhantes, enquanto em outros caberia a ele dar esta assistência a membros do grupo social.

Por outro lado, advertia Rosseau, haveriam momentos em que a concorrência faria com que todos desconfiassem de todos. Dessa forma, nesse contrato social, seria preciso definir a questão da igualdade entre todos, estabelecer como se daria o mútuo comprometimento entre todos.

Se, por um lado, o interesse individual diria respeito à vontade particular – perfeitamente legítima, dentro das regras do jogo do Estado democrático – ela deveria ser modulada pelo interesse do indivíduo enquanto “cidadão”, que vem a ser aquele indivíduo culto e prestante, que vive em sociedade e tem consciência disso.

Uma constituição equilibrada, então, deve, de um lado, garantir as liberdades cidadãs e de outro assegurar uma adequada coesão social. Com equilíbrio entre direitos e deveres, deve estabelecer as regras do jogo e não se tornar um anteparo na proteção de privilégios e favorecimentos dos eleitos.

Ocorre que a aplicação desta constituição vigente, com contas que não fecham, somada ao projeto petista de poder, que dispende alucinadamente na compra e manutenção do poder, criou um desastre anunciado. Desarmar esta constituição em vigor é a única saída. Prolongar o descontrole nas contas públicas e a agonia das pedaladas e será flertar com o caos. E a avalanche desagregadora está assustando o país.

As manifestações de rua, de 2013 a 2015, são um reflexo da angústia em que está mergulhado o país e tem mostrado que a sociedade quer dar um basta na descalabro.

A multidão na rua e a assombrosa disposição dos jovens brasileiros, independentes e idealistas, surpreenderam. A mobilização por iniciativa própria, sem passar pelos canais convencionais, ganharam respeito nacional e conseguiram a adesão maciça.

E embora o motivo mais mencionado para o movimento tenha sido o impeachment da Presidente Dilma Rousseff e o repúdio ao PT, o sentimento generalizado que se percebia no ar é que é preciso reinventar o país. O espetáculo cívico mostrou multidões que acreditam no país. E esta gente verde e amarela, especialmente formada pela classe média, está deixando de ser inerte porque não gosta do rumo que as coisas estão tomando. E resolveu ter esperança e não ter medo.

Agora só falta o lampejo de uma ideia e um rumo que una todos.

E uma ideia vem se desenhando de forma natural e aflorando avassaladora, impulsionada pela própria dinâmica dos novos tempos e das novas tecnologias: Uma guinada de 180 graus, rumo a um Brasil Digital.

O amálgama digital irrompe em todas as frentes. A força que vai moldar o futuro nasce do irresistível impulso que se manifesta renovado em cada uma das gerações humanas e que anseia por marcar seu tempo. Esta força no rumo do progresso surge espontânea e pode ser percebida em todo o país.

Os jovens se sentem, por um lado, sufocados em suas aspirações e, por outro, inspirados pelos sonhos, visões, crenças e vontades que fluem na direção de um Brasil mais compartilhado, mais leve, mais humano. Contagiados em seu fervor de abraçar uma cruzada contra os males que afligem seu país se erguem conta o atraso e a corrupção. Na visão desta geração, o país que anteveem terá contornos mais democráticos, mas não de uma democracia enlatada com molho petista, mas em uma concepção de democracia online, dinâmica, viva, em constante evolução e aperfeiçoamento. Uma democracia que não terá amarras inúteis, nem se deixará prender por um congresso impermeável ao espírito dos novos tempos. A nova democracia terá como marca ser uma democracia de resultados e uma democracia feita de missões e tarefas. Neste sentido irá romper com o exoesqueleto burocrático que jugula as liberdades das novas gerações.

A força transformadora das novas tecnologias, associada à uma geração desapegada de convenções anacrônicas e inúteis, será como uma cunha hidráulica que irá quebrar resistências por dentro da carcaça burocrática e facilitar a mudança do curso da história. O país quer mudar. Está escrito nas estrelas e no coração dos brasileiros que é chegada a hora de mudar. Tudo está pronto para mudar e o país apenas aguarda o chamado. E agora, a crise é a senha: chegou o momento de converter o Brasil em um país digital.

Ceska – O Digitaleiro


 

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