A mobilização nacional e as ruas lotadas de povo

 

Avenida Paulista, em São Paulo. 16 deagosto de 2015
Avenida Paulista, em São Paulo. 16 de agosto de 2015

Para mudar “tudo isto que está aí” o pessoal precisar sair para a rua. Cada um deve pegar na mão do outro e todo mundo junto fazer valer a força da opinião pública. Um movimento de mobilização nacional pode – e deve – levar à redescoberta de nosso potencial como nação. Abrir passagem, escancarar as portas da história, e deixar nosso destino passar.

Chega a ser repetitivo, mas vezes sem conta, reiteradamente, temos sido a tal “nação do futuro”. Mas desta vez, pode ser que as coisas mudem. Os ventos sopram a favor e parece que, na américa latina toda, estamos entrando no século XXI. Atrasados, mas ainda com ímpeto e vontade de não perder o trem da história.

Com as ruas lotadas de povo, contamos com contingentes mobilizados em número recorde. Agora é o momento de botar “prá jambrar”: a Geração Digital está mais bem preparada, mais sintonizada e mais conectada do que quaisquer outras anteriores. Digos isto até com certa nostalgia. Mas está todo mundo na base do mote do Adhemar de Barros: para a frente e para o alto. E isto faz toda a diferença.

O momento de redefinições que vivemos é uma oportunidade fantástica para uma juventude que sabe o que fazer e como fazer para colocar o país nos trilhos com as novas tecnologias. Esta geração que está aí pode redefinir o futuro do Brasil e surpreender o mundo.

Particularmente caso este movimento digital seja tomado da mesma da espontaneidade e do mesmo entusiasmo dos protestos que tomaram as ruas do país.

A percepção, a criatividade e o espírito inovador vão fazer surgir respostas e caminhos. Certamente existem potenciais prontos para serem encontrados e descobertos. E a dinâmica do processo de criação compartilhada online irá ampliar seu escopo e abrangência

O melhor modelo tenderá a emergir de forma natural, como acontecia com as esculturas de Michelangelo, que dizia respeitar a escultura que estava escondida na “pietra serena”, o bloco de mármore cinza de estatuária em que esculpia.

Pode-se prever que, em meio à turbulência das mudanças e ao brilho dos novos espaços digitais, apareçam resistências.

Mas todas as grandes revoluções são assim: sabemos como começam, mas não como acabam. E o motivo das grande revoluções é sempre o mesmo: o esgotamento, a falência e o colapso de um sistema.

Então, quando ninguém aguenta mais, quando não dá mais para continuar, quando se esgotam as alternativas, os fatos escancaram a dimensão da crise e desencadeiam as forças da mudança.

Daí a importância histórica e política dos movimentos que tomaram às ruas. Sua vocação liberal – e até libertária – representa um sopro de vitalidade no debate político nacional.

E agora que as condições para a mudança estão postas é preciso avançar rapidamente. Menos por temer que as velhas raposas do jogo político tentem dividir e cooptar o espírito de liberdade que anima as ruas. Claro que tentarão fazê-lo, que não vão querer entrega o osso. Mas serão irrelevantes. A pressa é mais para aproveitar a energia que a sociedade irá liberar, é para empolgar e galvanizar as gerações digitais e os corações e mentes que, seguramente, vão emergir aos milhões Brasil afora.

Uma nova constituição que seja “moldura” para a nova realidade do mundo digital e não “regulamento” para proteger privilégios, como recomendaria Roberto Campos. E, detalhe: para repactuar o pacto social não é preciso promover um festival de egos como foi, de certa forma, a última constituinte.

Vamos guardar a pompa e circunstância para os resultados alcançados, quando alcançados. Vamos festejar a conquista dos campeonatos de crescimento, quando crescermos, vamos celebrar o progresso, quando progredirmos, vamos celebrar as melhorias, quando melhorarmos, ao invés de festejarmos o vazio e o nada das promessas ocas ou, pior, a autocomplacência dos “cartolas” do governo e do congresso.

Ceska – O digitaleiro

A constituição de 1988 é um fiasco

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Uma Constituição é um meio e não um fim em si mesma.

Esta constituição de 1988 veio com lautas celebrações e muita fanfarra. Mas é um fiasco. E é preciso que alguém diga que o “Rei está nu”.

Simplesmente remendar esta constituição, ou até modificá-la, mas mantendo o clima de escaramuças que mantém com a lógica, sob a batuta interesseira dos políticos de plantão, só nos remeterá de volta ao ponto de partida.

O que precisamos, antes de mais nada, é uma nova visão do país que desejamos ser no novo milênio. Um futuro que mobilize os corações e mentes da sociedade brasileira, particularmente das novas gerações, e traga todos para um mutirão de reorganização do Brasil.

Com este objetivo em mente, a sociedade tem ao seu alcance os meios oferecidos pela internet e pelas mídias sociais. Agora é unirmos esforços e iniciarmos a luta.

De uma coisa, porém, podemos ter certeza: o Brasil não terá conserto repetindo o que tem sido feito até agora.

Parafrasendo o estadista Francês Georges Clemenceau, para quem “A guerra é um negócio muito importante para ser deixada para os soldados”, podemos dizer que a “Constituição é um negócio muito importante para ser deixada para os políticos”.

De fato, uma Constituição pode até se pretender alinhada com as melhores práticas sociais, políticas e econômicas, mas não haverá sinceridade neste propósito enquanto ela for mais uma trincheira para proteger poderes, privilégios e benefícios dos poderosos do que uma carta para a nação ter garantida a prosperidade sustentada.

Uma constituição feita sob encomenda dos pregoeiros políticos, que não tem apego à realidade do país, tende a promover a fadiga das expectativas. Simplesmente não dá para implantar no país o Estado de bem estar social como está proposto na atual carta, que é incompatível com o estágio de desenvolvimento do país. Mais ainda que tivéssemos uma constituição realista, esta é condição necessária, mas não suficiente.

A saída que o país precisa é de natureza diferente. E não reside em mais papelório, mais blá-blá-blá legal e burocrático ou em mais gastos obrigatórios ou, ainda, em mais privilégios, mais espertezas, mais mandraqueadas.

A constituição de 1988 foi uma esperança frustrada. Veio em um momento politicamente turbulento e foi redigida sob o impulso voluntarioso da esquerda ignara. Estufada de arrogância e inconsequência, foi um juntado de equívocos de alquimistas da lei que se pensavam magos produzindo a “pedra filosofal”. Infelizmente, a Constituição de 1988 foi incapaz de transformar qualquer coisa em ouro, ainda que transformasse tudo em crise.

Esta carta em vigor é a oitava em pouco mais de um século de república. E já recebeu 93 emendas, sendo 87 emendas constitucionais e seis emendas de revisão. E o país continua preso em uma camisa de força de viés ideológico e de lógica enviesada.

O que conseguiram os constituintes, na verdade, foi fazer uma mágica besta que amarra o país numa camisa de força de vínculos orçamentários, fatias carimbadas do orçamento que impedem a flexibilidade na gestão e medidas várias que tornam o país ingovernável.

Cantada e louvada como um avanço, não cumpriu as promessas que fez, nem atendeu as expectativas que provocou.

A Constituição de 1988 poderia ter sido uma plataforma de progresso, prosperidade e avanço social, mas se tornou um obstáculo por ter falhado em estabelecer um equilíbrio entre os desejos e aspirações com as possiblidades reais da nação.

Falhou por priorizar as minúcias e esquecer o contexto, por ser “regulamentadora” e por ser “uma tartaruga casca grossa”, inflexível e dogmática.

Uma carta magna incapaz de acolher as limitações do mundo real, prometendo uma vasta coleção de direitos e benesses sem pensar em quem vai pagar a conta. Obra típica de bacharéis em dia do “pendura”. Como uma alegoria de escola de samba, desfila uma fantasia coruscante de Estado onipotente. Um Estado provedor, cornucópia do Olimpo, presumidamente ilimitado em seus recursos.

E, dado que quem briga com a realidade sempre perde, a constituinte terminou por organizar no Brasil um Estado em que as contas não fecham. O Brasil ficou inviável, posto que perdulário, disforme, amorfo e irresponsável. Um Estado condenado a inchar por desarranjo genético, condenado a uma obesidade perpétua.

O Brasil já atingiu o estágio da obesidade morbidade máxima. Deixar que o Estado parasita continue a se agigantar, a sorver a seiva vital da sociedade é suicídio certo. Não é preciso ser economista para ver que não dá mais. Nem é preciso ser engenheiro e fazer cálculos de análise estrutural para saber que o peso do Estado está maior do que aquele que a sociedade pode sustentar. Aliás, cada brasileiro sente o peso no próprio costado.

E se fosse pouco, esta constituição em desequilíbrio, do tipo “regulamentadora”, que promete benefícios que não pode entregar é profundamente nefasta. Ela corrói os próprios fundamentos da ordem social ao por em descrédito as possibilidades uma estrutura solvente do Estado.

O faz de conta legal virou um “me engana que eu gosto”. O governo finge que faz, mas não faz. Finge que atende, mas não atende. Basta ver o que acontece com o SUS: uma ficção de “Sistema Único de Saúde”, tão único como o “Rei Momo”, que promete saúde para todos, mas aplica uma tabela irrealista nos preços que paga. O efeito é debilitar todo o sistema de atenção à saúde do país. E obrigar o cidadão a pagar duas vezes pela atenção à saúde.

A hipertrofia do Estado reduz tudo ao modo precário: enquanto arrecada sofregamente, devolve serviços sofríveis. Para o Estado brasileiro, o cidadão é apenas uma unidade contribuinte. No mais puro padrão tecnocrático latino-americano.

O governador Geraldo Alckmin define a crise fiscal brasileira em poucas palavras: “Nós temos no Brasil governo demais e PIB de menos. Não Cabe.” [1]

De modo que, sob as distorções desta constituição somos um Estado Frankstein.

Passados quarenta anos, continuamos ainda uma “Belíndia”, como definiu em 1974, o economista Edmar Bacha em sua “Fábula para Tecnocratas.” No artigo, chamava a atenção para a desigualdade da distribuição de renda no Brasil.[2]

Explicava que, em nosso país, enquanto uma parte seria comparável a rica Bélgica, a maioria do país seria como uma imensa Índia, pobre e carente. E ao que podemos ver, quarenta anos depois, parece que, se avançamos, foi muito pouco.

E antes que os bacharéis venham para o debate com seu jargão do formalismo do direito e suas reticencias, é bom lembrar que, como consagra o parágrafo único do artigo primeiro da Constituição: “Todo o poder emana do povo”. De modo que, filigranas à parte, um movimento que venha do povo, ou que seja respaldado pelo povo, é legítimo.

O que importa é que um movimento de mobilização de todos os brasileiros, mas especialmente das novas gerações, alimentado pela energia e desprendimento dos jovens, pode e, a julgar pelo que dizem as ruas, vai colocar na pauta do Brasil as mudanças digitais e a renovação paradigmática a que tem direito.

Afinal, o Brasil tem jeito, e o jeito é digital.

Ceska – O digitaleiro.


 

[1] Alckmin, Geraldo – http://exame.abril.com.br/economia/noticias/agronegocio-cerra-fileiras-contra-volta-da-cpmf – postado 21/09/2015

[2] Bacha, Edmar – http://iepecdg.com.br/Arquivos/ArtigosBacha/Bel%EDndia.pdf – Internet – 15/11/3015

Em busca de um novo futuro

O futuro será digital

A prosperidade é simples: basta criar e fazer funcionar empresas e negócios. E no século XXI, todo mundo sabe que prosperidade é digital. Hoje, até quem planta tomates precisa do computador para ganhar dinheiro.

E talento para criar e fazer empresas digitais o Brasil tem. Temos exemplos fantásticos de como criar empreendimentos bem sucedidos. Mas o governo brasileiro é uma pedra no caminho. Uma máquina de dificultar, perseguir, achacar e demolir empresas.

Qualquer projeto de prosperidade para o país vai precisar escantear os parasitas que se nutrem das tetas do governo. E que já tem seus tentáculos online prontos para abater você.

Mas, para combater o mal, mais inteligente do que confrontar a máquina de fazer pobreza que temos aboletada no governo é circunscrevendo seus agentes e deixando-os falando sozinhos. Bypassando suas estruturas e escolhendo caminhos em que eles ainda não tenham colocado pedágio. Escapar destes pegajosos donos de “agências”, “vigilâncias” e vilões em geral requer uma contra-artimanha: neutralizar suas garras pela força da opinião pública.

A escolha da saída digital, criando plataformas para fazer as coisas acontecerem, teriam o condão de mostrar quão inúteis são estas agencias paternalistas. O povo não precisa de babás, de burocratas arrogantes que exibem zelo aparente enquanto mercadejam suas consciências.

A reação precisa brotar da sociedade. Chega de tomadas de três pinos, extintores inúteis (estes já fora do circuito) e coisas do gênero. Agora é preciso exigir desempenho. Cobrar prazos. Exigir bom-senso e colocar na berlinda quem se meter a atrapalhar o progresso. E inverter o ônus da confiança: o governo precisa ser obrigado a respeitar o cidadão. Extingam-se as “licenças”, criem-se os “comunicados”. Você quer abrir uma empresa? Comunique via internet ou na agencia de correio e abra. Produza, crie riquezas, crie empregos e gere prosperidade. Acabemos com esta burocracia medieval. Chega de pedir favor a empregados do povo. Vamos criar vergonha.

E a hora é agora. A revolução digital está em curso. Muito do que vem acontecendo no país ainda ocorre nas camadas invisíveis da sociedade. Mas a mudança está avançando e só não vê quem não quer.

Felizmente, no Brasil, esta revolução não será feita com armas ou guilhotinas. A sociedade digital conta com meios mais eficazes de fazer valer sua vontade. Melhor do que exércitos em passo de ganso são esquadrões de computadores. Mais democráticos serão os computadores, os tablets, os smartphones, os dispositivos, aplicativos e a internet. Mais efetivos que os “paredons” cubanos de Fidel Castro serão os golpes de mouse.

Nas ruas, as multidões se mostram prontas para o grande chamado transformador, para a grande mudança modernizadora. O Brasil está pronto para o mutirão digital.

O problema, como sabem todos os brasileiros minimamente informados, não reside em nossa potencialidade futura, mas no peso que temos amarrado nos pés.

Como o Estado no Brasil cresceu para muito além do que o país pode sustentar, as novas gerações perceberam que só terão futuro se lutarem e conseguirem mudar este estado de coisas.

E mudar, no atual momento brasileiro, significa escapar do passado e galgar as escarpas das novas tecnologias. O desenho final do novo modelo ainda não está pronto. Ele será moldado pela sociedade na lógica de que é caminhando que se faz o caminho. E não pela dificuldade em reunir boas soluções, mas porque uma mobilização nacional em volta da tecnologia digital promete despertar o espírito inovador e criativo, oferecendo novas ideias e soluções. Mas não há dúvida que tecnologia digital é o caminho. Fora dela não existe opção lógica. Portanto, é transformar o Brasil ou condená-lo ao retrocesso, à mediocridade, à crise crônica, à pobreza. E flertar com um mergulho no inglório lodaçal comunista e bolivariano. Felizmente em extinção como o Dodô, das ilhas Maurício.

Os bolivarianos estão em extinção como o Dodô, das ilhas Maurício. A razão é a mesma: a incapacidade de lidar com a realidade do mundo. (O Dodô também tinha papo vermelho e não sabia voar.)

A força da mudança é formada pela crescente indignação com o que “está aí”. Com o que as novas gerações percebem à sua volta. E esta indignação, represada e alimentada pela continuidade dos desmandos, está prestes a forçar a erupção do vulcão da mudança.

O cenário de todo dia é feito de dificuldades de toda a ordem. Tudo no Brasil é complicado. As dificuldades são plantadas todo o dia por multidões de gafanhotos e parasitas, tecnocratas, burocratas e outros chupins que vão se apossando de todo e tomando qualquer espaço. E depois se colocam como “guardiões do templo”, donos e senhores do que é de todos, criando pedágios, tributando sem medidas, se arrogando direitos e ditando regras. O Brasil anda parecendo um jardim de urtigas.

Acontece que os membros desta Geração Digital vivem acometidos de “cretinofobia”: não gostam de políticos cretinos e nem de governos cretinos. Detestam a ideia de que viver em um país atravancado de barreiras parasitas e que é uma corrida de obstáculos. Um país entulhado de dificuldades, obstáculos, exigências e burocracia burra. E bota burra nisso!

Por viverem em um mundo global, as novas gerações estão imersas num mundo muito diferente daquele a que são obrigados a enfrentar na realidade de seu dia a dia no Brasil. Uma coisa é enfrentar o atraso: é desagradável. Outra é sofrer na pele o boicote e as dificuldades ostentosamente criadas por burocratas e parasitas que querem vender facilidades.

Para mudar isto tudo é preciso demolir o arcabouço medieval do Estado brasileiro. Temos que começar de novo. Mudar a lógica. Sair do casulo analógico e libertar as asas do mundo digital.

Com as novas gerações mobilizadas e de posse do sonho digital, logo o Brasil vai sair em busca do seu novo futuro. E vai surpreender o mundo.

O gene digital transformador está presente no DNA do Brasil jovem. Sua influência será decisiva para impulsionar uma nova e promissora geração de jovens que compreendem que existe um novo universo além do horizonte analógico. Elas sabem o que desejam, elas se sentem chamadas, elas vão lá, buscar o futuro.

Chegou a hora de abrir as portas para o Século XXI!

Celso Skrabe – O Digitaleiro


 

As ruas falam

Avenida Paulista - São Paulo - 2015
Avenida Paulista – São Paulo – 2015

Segundo preconizava Jean-Jacques Rousseau (1712-1778), no “O Contrato Social”, a questão central para a justificativa moral do Estado seria preservar a liberdade natural do homem e, ao mesmo tempo, garantir a segurança e o bem-estar da vida em sociedade.

Rousseau entendia que isso seria possível através de um “Contrato Social”. Este contrato definiria a soberania da sociedade, a soberania política da vontade coletiva. Rosseau percebeu que a busca pelo bem-estar era o motivo das ações humanas. Assim como percebeu que alcançar este bem estar não seria possível sem uns contarem com a ajuda dos outros. Daí a necessidade de serem estabelecidas regras para que a sociedade se organizasse como um “Estado”.

Neste processo de organizar a vida no interior do Estado, segundo entendia, prevaleceria o interesse comum da coletividade. Todos os “cidadãos” pertenceriam ao “Estado” em igualdade de condições, todos contribuindo e todos usufruindo.

Certamente, em determinados momentos, o individuo se valeria da assistência de seus semelhantes, enquanto em outros caberia a ele dar esta assistência a membros do grupo social.

Por outro lado, advertia Rosseau, haveriam momentos em que a concorrência faria com que todos desconfiassem de todos. Dessa forma, nesse contrato social, seria preciso definir a questão da igualdade entre todos, estabelecer como se daria o mútuo comprometimento entre todos.

Se, por um lado, o interesse individual diria respeito à vontade particular – perfeitamente legítima, dentro das regras do jogo do Estado democrático – ela deveria ser modulada pelo interesse do indivíduo enquanto “cidadão”, que vem a ser aquele indivíduo culto e prestante, que vive em sociedade e tem consciência disso.

Uma constituição equilibrada, então, deve, de um lado, garantir as liberdades cidadãs e de outro assegurar uma adequada coesão social. Com equilíbrio entre direitos e deveres, deve estabelecer as regras do jogo e não se tornar um anteparo na proteção de privilégios e favorecimentos dos eleitos.

Ocorre que a aplicação desta constituição vigente, com contas que não fecham, somada ao projeto petista de poder, que dispende alucinadamente na compra e manutenção do poder, criou um desastre anunciado. Desarmar esta constituição em vigor é a única saída. Prolongar o descontrole nas contas públicas e a agonia das pedaladas e será flertar com o caos. E a avalanche desagregadora está assustando o país.

As manifestações de rua, de 2013 a 2015, são um reflexo da angústia em que está mergulhado o país e tem mostrado que a sociedade quer dar um basta na descalabro.

A multidão na rua e a assombrosa disposição dos jovens brasileiros, independentes e idealistas, surpreenderam. A mobilização por iniciativa própria, sem passar pelos canais convencionais, ganharam respeito nacional e conseguiram a adesão maciça.

E embora o motivo mais mencionado para o movimento tenha sido o impeachment da Presidente Dilma Rousseff e o repúdio ao PT, o sentimento generalizado que se percebia no ar é que é preciso reinventar o país. O espetáculo cívico mostrou multidões que acreditam no país. E esta gente verde e amarela, especialmente formada pela classe média, está deixando de ser inerte porque não gosta do rumo que as coisas estão tomando. E resolveu ter esperança e não ter medo.

Agora só falta o lampejo de uma ideia e um rumo que una todos.

E uma ideia vem se desenhando de forma natural e aflorando avassaladora, impulsionada pela própria dinâmica dos novos tempos e das novas tecnologias: Uma guinada de 180 graus, rumo a um Brasil Digital.

O amálgama digital irrompe em todas as frentes. A força que vai moldar o futuro nasce do irresistível impulso que se manifesta renovado em cada uma das gerações humanas e que anseia por marcar seu tempo. Esta força no rumo do progresso surge espontânea e pode ser percebida em todo o país.

Os jovens se sentem, por um lado, sufocados em suas aspirações e, por outro, inspirados pelos sonhos, visões, crenças e vontades que fluem na direção de um Brasil mais compartilhado, mais leve, mais humano. Contagiados em seu fervor de abraçar uma cruzada contra os males que afligem seu país se erguem conta o atraso e a corrupção. Na visão desta geração, o país que anteveem terá contornos mais democráticos, mas não de uma democracia enlatada com molho petista, mas em uma concepção de democracia online, dinâmica, viva, em constante evolução e aperfeiçoamento. Uma democracia que não terá amarras inúteis, nem se deixará prender por um congresso impermeável ao espírito dos novos tempos. A nova democracia terá como marca ser uma democracia de resultados e uma democracia feita de missões e tarefas. Neste sentido irá romper com o exoesqueleto burocrático que jugula as liberdades das novas gerações.

A força transformadora das novas tecnologias, associada à uma geração desapegada de convenções anacrônicas e inúteis, será como uma cunha hidráulica que irá quebrar resistências por dentro da carcaça burocrática e facilitar a mudança do curso da história. O país quer mudar. Está escrito nas estrelas e no coração dos brasileiros que é chegada a hora de mudar. Tudo está pronto para mudar e o país apenas aguarda o chamado. E agora, a crise é a senha: chegou o momento de converter o Brasil em um país digital.

Ceska – O Digitaleiro