Estado de Direito não é Estado de Proveito

O que podemos ter como certo é que retomar dos burocratas e do governo a autonomia para escolherem os caminhos que lhes convém sem intermediários vai requerer muita disposição de luta. Grupos de interesse vão espernear.

Burocratas que perderão poder tentarão retaliar. Será a grita geral do balcões de venda de facilidades, agentes de propinas, fiscais marotos, corruptos de todos os tipos. Todos os atingidos juntarão forças. Haverá de existir, portanto, aquela pedra no meio do caminho. Mais que uma pedra, uma pedreira.Seria impensável não haver. Ou, então, o que poderia dizer o poeta? Que os caminhos da vida no Brasil são sendas planas, alamedas sombreadas, passagens livres? Definitivamente, não. No Brasil real, cada burocrata é uma pedra no meio do caminho. Daí que, para remodelar o país, será preciso disposição para quebrar pedras e enfrentar pedreiras.

O Brasil tem demasiados privilégios penduricados no Estado. O instinto burocrata está sempre vivo e sempre alerta. Os profissionais do parasitismo mantem-se vigilantes. Qualquer descuido, qualquer “bobeada”, e já os espertos espetam mais um benefício, mais um privilégio, mais um custo. O sonho do petismo socialista é todo membro do partido com direito a emprego público. A dificuldade é que não cabem todos no Estado. E tem um agravante: cada emprego público criado gera, em média, uma despesa mensal compromissada por mais de cinquenta anos.

Sejamos realistas: Custear um Estado é inescapável. Um povo, uma nação, precisa de um território e de uma organização social, e portanto, deve se organizar como um Estado. O Estado deve contar com instituições destinadas a prover sua defesa e proporcionar serviços ao povo do Estado. As instituições do Estado devem prover estes serviços pesando o mínimo possível ao povo da nação. Não tem cabimento o povo brasileiro precisar trabalhar cinco meses só para pagar impostos. Segundo o IBPT (Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação), o brasileiro gasta uma média de 150 dias por ano trabalhando só para pagar impostos. Em 2013, os tributos comprometeram cerca de 41% da renda do trabalhador. Tudo isto precisa ser revisto. Os governos, nas três esferas, precisam entender que existem para servir à nação e não servir-se dela.

Agora, uma coisa é o ideal e outra o mundo real. Dado que os impostos são impostos, os burocratas tratam de dividi-los entre si e se organizam de modo a se assenhorarem do maior quinhão possível.

Criam e incham as “Instituições”, apregoadas como sacrossantas. E, nos países de tradição ibérica, as equipam com palácios suntuosos e as cercam de pompa litúrgica.

Conselhos, academias e congêneres reúnem-se corporativamente. Guardiões de privilégios postam-se em defesa dos grupos que não querem largar o osso. Muitos pateticamente aferradas a regras de privilégios por eles mesmos criadas, segundo as quais “privilégios são intocáveis”. Normal. Não dá para esperar nada diferente.

Seria mais sensato se eles pudessem entender que existem limites para o razoável. Que privilégios fora de propósito são um acinte para uma sociedade que precisa recursos para alocar na saúde e educação.

Mas a história mostra que não adianta perder tempo com os predadores. As mudanças impõe rearranjos e os cidadãos tem o direito de decidir os limites. Não se pode confundir Estado de Direito com Estado de proveito.

O melhor a fazer é fazer o que deve ser feito. É deixar que os sátrapas esperneiem. Quando se derem conta, estarão isolados e alienados pela dinâmica do processo de mudança.

O novo mata o velho. O superado vira passado. É assim desde que o mundo é mundo. Sempre foi assim e continuará a ser. Trágico, mas inevitável.

A questão central, é preciso insistir, não está só na corrupção destampada pela Operação Lava Jato e que detonou a “crise pixuleco” e nem nos erros da condução econômica. A situação da crise e, pior, de seu aprofundamento, é um reflexo das opções políticas tomadas pelo Brasil nas últimas décadas e que vem desde a Constituição de 1988. Temos um Orçamento 90% engessado. Quem pode mudar isto – que pressupõe uma aliança entre Executivo e Legislativo, já deixou claro que não quer. E não quer porque implica perda de poder e de influência. Nenhum político, neste Brasil fisiológico, vai abrir mão do poder sem espernear.

A mudança, no entanto, vai acontecer por imposição da realidade. A água já está entrando no barco.

Contudo, convém lembrar que o Brasil é muito grande, com muita inércia, e sua reação tende a ser lenta. Mesmo contando com toda a infraestrutura de telecomunicações e tendo milhões de jovens das gerações digitais antenadas com o mundo, boa parte do país ainda não despertou para a gravidade e complexidade da crise.

E, por isto, ainda não está atenta para as alternativas fantásticas do futuro digital que nos aguarda, e que pode ser melhor, muito melhor do presente analógico que nos limita. Se quisermos.

Ceska – O digitaleiro


 

Se esperarmos pelo governo, vamos voltar à idade da pedra.

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Homem de Neandertal no museu de Mettmann, na Alemanha.

(AP Photo/Heinz Ducklau, File)

Na idade da pedra, o homem era um predador. Um selvagem que, como definia Montesquieu, é o homem que derruba a macieira para comer uma maçã.

Quando o governo é desacoplado da sociedade sua presença é selvagem e predadora. Ao invés de ser parte da solução, acaba virando parte do problema.

Um exemplo desta distorção burra do governo analógico brasileiro é o caso do agronegócio. Como sabe qualquer pessoa medianamente informada, o agronegócio está salvando o país. Deveria ser louvado, celebrado, reconhecido.  Mas é tratado pelo governo petista com como se fosse arte do Belzebú.

O setor do agronegócio tem adotado tecnologias avançadas e investido na busca de alta produtividade. Para crescer, o setor se desenvolveu ao largo do Estado. O governo e suas “tropas” do MST tem feito o possível para criar obstáculos e só não impediram a modernização do campo porque não conseguiram. Tentar, bem que tentaram, mas a modernização do agronegócio se tornou um fato consumado antes do governo se dar conta.

Dado que os burocratas e seus aliados da esquerda predadora são, em sua maioria, pragas urbanas, sair das cidades para enveredar pelo interior para ver o que acontece no campo é coisa que não fazem. Com isto, o agronegócio tem conseguido ficar sempre abaixo da linha de radar dos burocratas de Brasília.

O MST tem feito incursões em áreas produtivas e agido com o discernimento do Homem de Neandertal. Suas pretenções são de tal modo estapafúrdias que derrubam as macieiras e nem conseguem comer a maçã. No melhor estilo “gentalha, gentalha, gentalha…”

As evidências comprovam que o Brasil possui o melhor conjunto de recursos do planeta para incrementar a produção agrícola: terra agriculturável abundante, água, luz, calor, tecnologia e empreendedores capacitados. E o setor é um dos mais conscientes das possibilidades digitais.

A história da Soja no Brasil é um exemplo.

Hoje soja é a cultura agrícola brasileira que mais cresceu nas últimas três décadas e corresponde a cêrca de 49% da área plantada em grãos do país.

O aumento da produtividade está associado aos avanços tecnológicos, com participação decisiva da tecnologia digital, mas a mola mestra é a eficiência dos produtores.

No cerrado, o cultivo da soja tornou-se possível graças aos resultados obtidos pelas pesquisas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em parceria com produtores, industriais e centros privados de pesquisa. Os avanços nessa área possibilitaram também o incremento da produtividade média por hectare, atingindo os maiores índices mundiais.

Além disto, o cultivo do soja no Brasil se orienta por um padrão ambientalmente responsável, com práticas de agricultura sustentável, à exemplo do sistema integração-lavoura-pecuária e da utilização do plantio direto.

São técnicas inteligentes que permitem o uso intensivo da terra e reduzem o impacto ambiental, o que significa menor pressão pela abertura de novas áreas de cultivo e contribui para a preservação do meio ambiente.

Mas esta cultura é uma sobrevivente dos maus governos e dos burocratas.

Durante decênios a soja era apenas uma curiosidade agrícola. Existem registros de que algumas sementes teriam vindo dos Estados Unidos para à Escola de Agronomia da Bahia em 1882. Também se sabe que foram realizados estudos com a planta em 1891, no Instituto Agronômico de Campinas, no Estado de São Paulo. Ao que consta, a entidade, distribuiu sementes a alguns produtores. Mas nada de prático resultou destas iniciativas.

A primeira região em que a cultura perdurou fica no Estado do Rio Grande do Sul. Foi em 1914 que as sementes chegaram à região da cidade de Santa Rosa, no Rio Grande do Sul.

O pastor luterano de origem norte-americana, Albert Lehenbauer, que viveu na região, trouxe sementes de soja dos Estados Unidos e as distribuiu a meia dúzia de famílias da comunidade luterana. Cada agricultor tinha de fazer o mesmo com os vizinhos. Três anos depois, a cultura da soja havia se alastrado, e não houve mais volta.

O grão ajudou no combate à pobreza e a impulsionar a suinocultura na região, uma vez que galinhas e porcos engordavam bem mais com a forrageira do que os alimentados com abóbora ou mandioca.

Ainda assim, durante muito tempo a expansão da soja ficou restrita à região. Foi só a partir de 1960 que se criou um mercado para o produto e a cultura expandiu.

Um episódio interessante desta história é relatado pelo site da Corretora Granos – especializada em commodities agrícolas, e tem como personagem o ex-ministro Delfim Neto:

“A ditadura militar ainda estava em seu início quando o então presidente do Banco do Brasil, Nestor Jost, apresentou ao ministro Delfim Netto uma “espécie” de feijão que começava a ganhar terreno no Rio Grande do Sul. Era um tal de “o soja”, cuja colheita somava menos de 1 milhão de toneladas em meados da década de 1960.

Naqueles idos, o café era o carro-chefe da agricultura brasileira e um dos principais responsáveis por trazer divisas externas para a economia nacional. Em 1965, as exportações de café renderam ao país US$ 706,5 milhões, o equivalente a 44,6% de todas as exportações do Brasil, conforme os dados da publicação “Estatísticas do Século XX”, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“Um dia, o doutor Nestor Jost chegou e disse: Delfim, lá no Rio Grande do Sul apareceu um tal de o soja. Temos sucesso e já produzimos 300 mil toneladas”, conta Delfim. Começava ali uma revolução na agricultura nacional que faria do café mero coadjuvante.

A partir da criação da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em 1973, houve um salto tecnológico que adaptou a produção de soja ao Centro-Oeste do país. “Partindo do nada, o Brasil descobriu a soja e produziu, em cinco ou seis anos, seis milhões de toneladas”, afirma o ex-ministro.

De fato, a colheita nacional de soja teve um expressivo aumento, passando de 1,056 milhão de toneladas em 1969 para 7,8 milhões de toneladas em 1974, conforme os dados do IBGE. Com o avanço da colonização agrícola do Centro-Oeste esse número só fez aumentar, chegando a 15,1 milhões de toneladas em 1980.

“Era um outro momento, um outro instante. O país estava investindo para burro, construindo portos, estradas, permitindo que as pessoas invadissem, vendessem um pedaço de terra no Rio Grande do Sul e fossem comprar um grande pedaço de terra em Mato Grosso. O país estava ‘importando’ a gauchada para produzir”, lembra Delfim.

A bem-sucedida incursão da agricultura no Centro-Oeste brasileiro ajudou a soja a ‘desbancar’ o café do posto de carro-chefe do agronegócio. Conforme a mais recente estimativa da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a soja será responsável por R$ 83,2 bilhões, ou quase 20% dos R$ 422,7 bilhões do Valor Bruto da Produção Agropecuária em 2013.

Dos anos 1960 para cá, a produção de soja cresceu mais de 80 vezes. Na safra 2012/13, cuja colheita se encerrou oficialmente em junho, a produção totalizou 81,4 milhões de toneladas, segundo projeção da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).”

Mas todas as vezes que pode, o governo tem feito tudo ao seu alcance para atrapalhar.

Esta sanha vem nas vísceras de qualquer governo que pense só em engordar o erário. Tanto na direita como na esquerda.

Este episódio da história da soja no Brasil aconteceu em 1980. Já que os agricultores estavam ganhando dinheiro com a soja, o governo encheu os olhos.

E no Brasil, arrecadar é sempre prioridade. No afã de, como sempre, arrancar tudo o que podia, o então ministro Delfim Neto criou um “confisco cambial” de 30% sobre a exportação de soja em grão.

Mas não combinou com o Russos, no caso com os gaúchos. O fato é que a revolta foi imediata. Os gaúchos tem um ponto fraco: não gostam de ser tomados com tolos e não gostam de ser passados para trás. Em poucos dias, mais de 700 mil produtores de soja saíram às ruas e paralisaram o sul do país.

A ameaça foi a paralização, pura e simples, da colheita da soja. E para provar que a ameaça era para valer, os tratores e colheitadeiras foram para as praças públicas das cidades da região produtora. A mensagem era óbvia: colheitadeira na praça era igual a colheitadeira parada. E colheitadeira parada era soja deixada no campo para apodrecer.

O governo levou um susto. Não estava acostumado a ver povo trabalhador disposto à brigar. Era comum, na época, arruaceiros da esquerda irem para a rua criar confusão, mas agricultores em época de colheita, não.

O próprio ministro Delfim foi a Porto Alegre, tentar algum acordo, mas não teve boa acolhida e chegou a ser hostilizado. Moral da história: o governo engoliu em seco e recuou. Isto durante o regime militar, convem lembrar.

Um outro exemplo, mais recente, que também tem a ver com o soja, mas inclui outros cultivares, é o dos transgênicos.

O Brasil ocupa hoje o segundo lugar entre os países que mais cultivam variedades geneticamente modificadas de grãos e fibras do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos. Isto conforme o Serviço Internacional para Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia (ISAAA, na sigla em inglês).

Em 2013, os produtores brasileiros cultivaram 40,3 milhões de hectares com soja, milho e algodão transgênicos, enquanto os Estados Unidos, país líder no plantio de transgênicos, semearam 70,2 milhões de hectares.

O começo da história dos transgênicos no Brasil, no entanto, foi tumultuado. No começo dos anos 90, produtores do sul do País iniciaram o cultivo de soja geneticamente modificada vinda da Argentina. Era uma opção de cultivo mais competitiva e ninguém ainda havia visto propriedades, digamos, mefistofélicas, nestas sementes.

Também ninguém ainda tinha se dado conta do alto potencial ongístico (bandeira de alta visibilidade e rentabilidade para ONGs) dos transgênicos. Todavia, isto não demorou nadinha, já que nossos concorrentes internacionais da oleaginosa trataram de arregimentar “especialistas” e ONGs “especializadas” em um esforço para bloquear a elevação da produção brasileira pelo uso de sementes mais produtivas e resistentes.

O ataque aos transgênicos era um objetivo estratégico das esquerdas, notadamente dos lulopetistas anti empresas multinacionais, bem como de outros interessados em atrasar o Brasil. Assim, não parecia ser uma tarefa complicada, já que o Brasil sempre teve um multidão de ambientalistas e agrobiólogos de bar prontos a opinar, entre um chope e outro, em questões ligadas a biocatástrofes e ao fim dos tempos de modo geral.

De toda forma, como o assunto demorou para no radar da imprensa e do governo, a produção se expandiu. Quando, finalmente, a gritaria patrocinada dos anti-transgênicos, encontrou eco, em 1998, a venda dos transgênicos foi proibida por uma ação judicial.

Por pouco o Brasil não perdeu sua competitividade no mercado internacional do soja. Até que, em 2003, com a edição de uma MP (Medida Provisória), foi para autorizada a comercialização.

Finalmente a Lei da Biosegurança, de 2005, criou regras que disciplinaram a pesquisa e o uso das sementes transgênicas. Como resultado, houve significativo incremento da produtividade, ajudando a competitividade do agronegócio brasileiro.

Estes exemplos mostram duas coisas:

  • É perigoso deixar os políticos soltos quando o interesse nacional está em jogo. Político solto é perigo em dobro. A sociedade brasileira, para obter o espaço e a liberdade que precisa para se desenvolver, vai precisar recuperar a capacidade de decidir sem intermediários. Vai precisar desenvolver e estabelecer os meios para participar diretamente da definição de seus interesses. E a saída digital vai nesta direção.
  • Se formos esperar pelo governo, vamos voltar à idade da pedra.

Ceska – O digitaleiro


 

Abrindo caminho a golpes de mouse

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O grande trunfo desta geração digital é que sabe abrir caminho a golpes de mouse.

Felizmente, são mais hábeis, rápidos, mais criativos e mais ágeis no manejo da internet e da rede mundial do que os burocratas profissionais e oportunistas de plantão. Estes se esforçam, mas não conseguem criar obstáculos e dificuldades na mesma velocidade. Os criadores de dificuldades profissionais tem ampliado sua performance no disparo de normas, restrições e exigências. O testemunho é dos Diários Oficiais, que tem engrossado com o ritmo das metralhadoras normatedeiras. Contudo, o mundo digital é mais ágil. Quando os burocratas chegam com suas garras, o alvo já não está mais lá. O jogo de esconde-esconde seria hilário se não fosse tão caro.

Mas como é que estes coveiros do progresso iriam acompanhar e deter os avanços do mundo virtual se seus tridentes ficam enredados em suas capas de vampiros analógicos?

A força do Século Digital está na velocidade, na resolubilidade, na capacidade de armazenar e consultar informações, na capacidade de simular cenários e fazer escolhas, enfim, na capacidade de pular na frente. As soluções, sistemas e aplicativos vem de todos os lugares e voam em volta dos políticos e burocratas com a precisão de morcegos em sua caverna. Os políticos e burocratas ficam zonzos, atordoados, aparvalhados. Os vultos digitais zunem velozes e os circundam e os envolvem e eles vão ficando cada vez mais ilhados, cada vez mais presos nas teias digitais, cada vez mais tontos e patéticos.

As coisas acontecem em velocidade alucinante. Todo dia novos dispositivos, novos aplicativos, novos espaços, novas soluções se apresentam ao mundo.

A automação, o big data, a computação em nuvem, as mídias sociais, a conectividade, a “internet das coisas”. A lista não tem fim. E cresce sem parar. Em todos os campos, uma miríade de novas tecnologias vem mudando o mundo de modo implacável. E estas tecnologias vem em avalanche e com força avassaladora. Quem ficar em seu caminho será atropelado.

O mais importante, para o Brasil, é que este futuro está pronto para ser usado. Novos modos de entender e lidar com a realidade estão ao alcance e à disposição das mentes mais iluminadas e mais capazes para sua adoção.

Tecnologias que podem ajudar o homem a inspirar-se, a viver melhor, a ganhar qualidade de vida, a se livrar da pobreza, da escassez e das carências que o acompanham desde sempre. E, particularmente importante no caso do Brasil, a se livrar dos burocratas, parasitas e criadores de dificuldades interessados em vender facilidades.

E a vantagem relativa do Brasil, fator que favorece a saída da “crise pixuleco” pela porta da tecnologia digital, é que o Brasil reúne uma das maiores, mais criativas e mais ativas comunidades com know-how das tecnologias digitais do planeta.

Seis em cada dez brasileiros se conectam diariamente à internet. E o fazem para cortar etapas. Os smartphones, os tablets, os notebook e dispositivos móveis dispensam a infraestrutura mais dispendiosa das redes baseadas em cabos. Esta facilidade de conexão, que em princípio seria uma desvantagem dado nosso extenso território e nossas limitações econômicas, acaba se revelando um benefício ao criar condições ideais para a adoção da estratégia digital como caminho para a recuperação do país.

Ao invés de lamentarmos as mazelas que nos trouxeram a esta crise sem precedentes, podemos transformar o limão em uma limonada e converter nossa atitude de lamentação e crítica em um vigoroso impulso para o ressurgimento. Sobretudo porque estamos preparados.

Outro ponto a favor da saída pela tecnologia digital é que a nova geração tem pressa. Os jovens, nativos da era digital, sabem que as soluções do mundo digital são rápidas e podem apresentar resultados “para ontem”.

Enquanto os burocratas pensam em termos de “amarrar seu burro na sombra”, os jovens da geração digital pensam em termos de alcançar as nuvens. Sua aspiração está centrada em objetivos que possam ser alcançados em um mundo mais amplo, que conhecem pela janela online. Todos buscam o sentimento de realização pessoal que vêm em seus contemporâneos de outros lugares do mundo; desejam viver de modo saudável, obter sucesso, alcançar a prosperidade e ter segurança, como eles. Desejam fazer amigos entre as pessoas com que convivem, mas também cultivar amigos com quem possam compartilhar sonhos e interesses pelas mídias sociais. Desejam, ainda, dedicar esforços na realização de seus projetos, viver em harmonia com sua família e sua comunidade e desejam um futuro melhor. É isto o que querem. É por isto que lutam. São desejos simples, mas que só podem ser alcançados em um contexto pleno de liberdade.

Para as novas gerações, focadas em seus objetivos, bem preparadas e ambiciosas, protelar, enrolar e empurrar com a barriga não faz parte de seu dicionário.

Para elas o momento é agora. Reconhecer que o Brasil foi colocado pelo destino diante de uma encruzilhada que permite decidir e avançar é um estímulo para a união de esforços e de empenho criativo. Horácio, o poeta Romano, o dizia: “A adversidade tem o efeito de despertar talentos que em circunstâncias mais prósperas ficariam dormentes”.

Assim, se o Brasil souber mobilizar suas forças criativas e inovadores, tomando o rumo certo, irá não apenas dar a volta por cima. Poderá revelar seus potenciais ocultos e transformar-se na nação líder na adoção de um novo jeito de fazer um país.

Com a coragem e o descortino de sua gente mobilizada, o Brasil pode tornar-se a primeira nação digital do mundo. As condições materiais e humanas existem. O conhecimento existe. A vontade política já maturou em grande parte da sociedade brasileira e, pelo que indicam as tendências, o futuro virá no bojo de um debate franco e aberto por todo o país.

A ideia é que o debate sobre o Brasil Digital aborde os problemas do mundo real com objetividade. O debate deve se propor a identificar os equívocos, os abusos, os desvirtuamentos, as dificuldades criadas para vender facilidades e os desvios de conduta com o intuito de apontar as falhas e tirar do caminho o entulho burocrático e o lixo parasita que “está aí”.

De fato, para esta geração da mudança chega de o país dar tiro no pé e depois reclamar que está difícil caminhar. E chega do Estado tratar o cidadão com suspicácia e desrespeito.

A era digital chegou e o Brasil vai mudar a golpes de mouse. Rapidinho. Antes que muita gente imagina.

Ceska – O digitaleiro


 

A metamorfose do Brasil

Lao Tzu, o grande estrategista chinês, dizia: “Se você não mudar de direção, vai acabar lá para onde você está indo.”

Esta é uma ameaça arrepiante quando se vê para onde levam os caminhos que este governo corrupto e incompetente que temos no Brasil tem escolhido.

A questão é que não adianta fingir que não é conosco. Não adianta olhar para o outro lado. Antes que seja tarde demais, mudar de rumo é preciso. Portanto, pode-se dar como certo que a mudança é necessária, está acontecendo e vai continuar seu curso inexorável.

Neste sentido, a crise cria um momento propício para ampliar o escopo da mudança. aproveitando o vento que sopra a favor.

Aliás, esta crise extrapola tudo o que país já viveu neste terreno, que é fértil em farsas, comédias e operas bufas. Basta lembrar do Baile da Ilha Fiscal, a maior festa da monarquia brasileira e que tinha, como um dos objetivos, reforçar a posição do império. Reforçou tanto que seis dias depois se dava a Proclamação da República. Depois, na Revolução de 1930, tivemos a Batalha de Itararé, que acabou entrando para a história como a “Batalha Que Não Houve”. (Deste episódio nasceu a figura do “Barão de Itararé”, personagem de Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly, um dos grandes humoristas políticos brasileiros, que se elegeu vereador no Rio, em 1947, com o slogan: “mais leite, mais água e menos água no leite”). Também Torelly foi autor de outra memorável exortação ao povo brasileiro: “Nunca desista de seu sonho. Se acabou numa padaria, procure em outra”.

Outro episódio das lendas revolucionárias foi a fuga de Leonel Brizola – o novo “herói do povo brasileiro” da esquerda brasileira – vestido de mulher.

O que vemos hoje, com personagens como Dilma, Lula, Eduardo Cunha e Renan Calheiros é mais do que uma crise; é uma autêntica opera bufa ambientada nos trópicos.

Dilma, no papel da Rainha de Copas de Alice no País das Maravilhas, que quer decapitar todo mundo; Lula, que se imagina um Hércules tropical, mas está mais para o Quasimodo, Eduardo Cunha o bufão da república, Renan Calheiros, o chupa-cabras da Dilma. E mais um elenco de coadjuvantes trapalhões.

Mas nem por assistirmos um governo em frangalhos, caindo de maduro, autor de uma crise no melhor estilo esquerdista, podemos imaginar que mudar seja tarefa simples. A resistência dos parasita e potentados que desfrutam dos privilégios do Estado será tremenda.

Ainda assim, a mudança virá. O casulo pode não gostar, mas a borboleta o deixará para trás ao metamorfosear-se para cumprir o curso de seu destino. Chegou a hora da metamorfose do Brasil.

Muitas mudanças morrem na praia porque chegaram cedo demais, ou por terem sido mal encaminhadas. Mas mudanças institucionais se assemelham à revoluções: as que morrem o fazem por chegarem fora do tempo certo. Ou por estarem no rumo errado e não contarem com a adesão popular, especialmente da classe média e dos jovens.

A questão chave, assim, nem é saber se vai mudar. A mudança vai ocorrer por força dos fatos. O governo não cabe no orçamento e está falido. Existe um déficit fora do controle. A presidente está perdida, aturdida, entontecida, atuando na base da raiva e do revanche. Então mudar vai, de qualquer jeito. Ou muda ou muda!.

A questão é saber o quanto vai mudar, quando vai mudar e como vai mudar. Se será uma mudança apenas para manter a cabeça fora d’agua ou se será profunda o suficiente para mudar a direção para a qual estamos indo por inércia. O mais relevante é saber se vamos sair vivos desta mudança.

O problema é que, na medida em que adotamos soluções paliativas, tipo “meia boca”, o grande problema de fundo não se resolve. Nossa história econômica é uma gangorra feita de crise sim, crise não. Ora ficamos sóbrios e adotamos políticas econômicas consistentes, como em parte do governo militar e no governo Fernando Henrique Cardoso, ora caímos no porre e vamos para a sarjeta econômica, como nos governos petistas de Lula e Dilma.

Agora, nesta “crise pixuleco”, estamos no vale e ainda afundando. Nossa moral está ao nível do rés do chão.

Em algum ponto, no futuro, vamos chegar ao fundo do poço. Até lá, se não tomarmos cuidado, a tendência nacional de acreditar em soluções mágicas pode se manifestar e parte do povo pode se encantar com algum novo menestrel de feira livre. Neste caso existe o risco de se deixar engabelar pelos especialistas no “conto da felicidade”.

E, sendo que temos uma inesgotável abundância de demagogos, tudo o que é construído com esforço pode voltar a ser destruído pelo primeiro pilantra que sai à cata de votos fáceis.

Na sequência, podemos entrar em um novo ciclo recorrente da miséria.

E seguirmos mais uma vez pela conhecida trilha do desgoverno. Saques ao Estado, privilégios sem medida e descontrole no ritmo do samba do “Crioulo Doido”.

Sem governo, as estradas voltam a ser sucateadas, hidroelétricas ficam pela metade, a transposição do São Francisco continua incompleta, a Ferrovia Norte-sul, paralisada. É paralisia passando pelo “Minha Casa Minha Vida”. É menos atendimentos no “Mais Médicos”. É a “Pátria Corruptora” substituindo o “Pátria Educadora”.

Diante do descalabro, se parecemos um país em guerra é porque, de fato, estamos em guerra. Em guerra contra o bom senso. Em guerra contra o futuro. E perdendo.

A questão da desvalorização da vida também faz parte desta equação. O noticiário policial mostra uma guerra civil não declarada. Uma guerra que vem sendo travada no dia a dia e que leva angústia à periferia abandonada de nossas cidades. Uma guerra que, antes de ser do tráfico e das milícias, é da falta de oportunidades e de perspectivas. Mas nem por isto menos mortal ou destrutiva. As baixas se contam aos milhares. O fato de ocorrerem nas franjas da sociedade não as tornam menos brutais ou menos cruéis.

As mortes no cotidiano das periferias do Brasil tem histórico diferente das mortes em combate no Oriente Médio, na África e outras regiões de conflito armado. Mas são mortes também.

Neste sentido deveriam preocupar a sociedade. O desperdício de vidas ocorre pela ausência do Estado, pelos equívocos de políticas que se pretendem “sociais”, pela falta de líderes verdadeiramente preocupados em buscar soluções baseadas em evidências, que comprovadamente funcionam, e não naquelas mais falaciosas, enganadoras e falsas.

O estrago é grande. Mas tudo pode mudar da noite para o dia. O Brasil tem  jeito, e o jeito é digital. Crie seu Grupo de Ação Online e ajude a fazer a metamorfose do Brasil. Com inovação e colaboração chegaremos lá.

Ceska – O digitaleiro


 

Big Data: arma do cidadão

Big Data quer significar “os grandes dados” e se refere a captura e interpretação das informações digitais obtidas por meio da rede mundial de computadores à partir dos cadastros de redes sociais, e-commerce, pesquisa em sites, buscadores como o Google e outras fontes que contenham dados pessoais, preferências, interesses, hábitos de consumo, etc.

Esta nova fronteira do processamento massivo permite saber em tempo real o que se passa no âmbito da sociedade e do mercado. Reunindo e organizando bilhões de dados que circulam online, os computadores que processam o Big Data permitem identificar quais os temas que atraem a atenção do grande público, quais as opiniões e tendências que predominam sobre os mais variados assuntos e, até rastrear interesses pessoais como modelo de carro, destinos turísticos de interesse e outros. Também é possível usar o Big Data para rastrear problemas de saúde pública como epidemias ou surtos localizados de doenças, por exemplo.

O uso do Big Data permite que empresas e instituições conheçam o mercado com grande intimidade e possam tomar decisões estratégicas mais acertadas. Isso pode significar mais rapidez na tomada de decisões, melhor eficiência no uso dos recursos, menores riscos e custos e melhor desempenho da organização, seja uma empresa ou um governo. No caso do governo, saber o que desejam os cidadãos pode permitir melhorar a gestão, antever necessidades, atender expectativas.

A crítica mais comum ao uso do Big Data é o de invasão da privacidade. O problema é que hoje a privacidade já virou ficção para o usuário convencional da internet. Existem maneiras de criar espaços razoavelmente protegidos e que podem ser gerenciados pelo usuário, mas que não oferecem segurança absoluta. E, depois, uma invisibilidade para o Big Data pode ser mais perigosa do que a presença administrada por uma boa arquitetura de gestão dos dados. Por exemplo, câmaras de vigilância podem identificar ameaças potenciais. Imaginemos o caso de uma mulher sob ameaça de feminicídio por um ex marido ou namorado. – O Mapa da Violência Contra a Mulher apontou que, em 2013, 13 mulheres foram assassinadas POR DIA no Brasil – Sob autorização de um juiz, câmaras de vigilância públicas, ou localizadas em seu edifício ou local de trabalho, podem ser programadas para o reconhecimento da pessoa em risco e identificar se o antigo parceiro se encontra nas proximidades em atitude suspeita. Em caso positivo o aplicativo pode emitir um alarme via celular. Ou, ainda, via “Internet das Coisas”, bloquear acessos para o suspeito e ativar a segurança.

O fato é que o Big Data já é um realidade. Trata-se de uma arma poderosa. E perigosa em mãos inescrupulosas. Se utilizada de forma inteligente, pode servir aos cidadãos e contribuir para melhorar a gestão pública e a qualidade de vida. Se o governo não se preparar para reconhecer seus riscos, pode se transformar num instrumento de intromissão e de uso inescrupuloso.

O ponto chave é que a sociedade precisa compreender o Big Data e usá-lo a seu favor. Grupos de Ação Online, como propostos por este blog para a participação da cidadania na governança online, poderiam atuar de modo a aproveitar seu potencial modernizador.

O Brasil tem jeito. E o jeito é digital.

Ceska – O digitaleiro